Atacada pela imprensa, suplente de Dino já é senadora há um ano

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Posta como privilegiada, a mulher que já atuava como senadora desde o início do ano também foi criticada por ser discreta

Com Flávio Dino no Supremo Tribunal Federal (STF), a cadeira deixada por ele no Senado ficará fixa com a suplente Ana Paula Lobato (PSB). Mesmo cumprindo o papel há um ano, uma vez que Dino foi nomeado ministro de governo, a imprensa decidiu agora inflamá-la, com intensas críticas.

A política discreta, também do Maranhão, teve o seu currículo escavado nesta quinta-feira (30) pelos jornais. Posta como privilegiada, “que herdará oito anos de mandato” de Dino, a mulher que já atuava como senadora desde o início do ano também foi criticada por ser discreta.

“Ana Paula não figura entre os parlamentares mais influentes e que delimitam o debate no Senado”, escreveu Felipe Pereira, em publicação do Uol.

O colunista do mesmo jornal, Tales Faria, também apelou para a sua discrição, elevando a algo negativo: “ela não foi notada”, “infelizmente, ela não mostrou a que veio” e “não valia a pena existir como suplente”.

De currículo mais extenso do que o exposto por estes jornais, a Agência Estado conseguiu encontrar um episódio negativo irrelevante da parlamentar para destacar, disparando para os parceiros da grande imprensa: uma “gafe” na qual ela leu o nome do ditador Geisel trocando por Jeisel.

Ao contrário do que estamparam os jornais de que, ao assumir o cargo do parlamentar, o suplente estaria gozando de um prêmio ou privilégio, a decisão é regulamentada por lei e o candidato que se elege a um cargo legislativo o faz em conjunto com o suplente – assim como é a figura do vice nas candidaturas de presidente, governador, prefeito.

Também não passou de forma menor na imprensa o fato de que Ana Paula votou a favor do governo em votações importantes do Senado este ano. Votos estes que não mudariam caso Flávio Dino ainda fosse senador, e o esperado para qualquer parlamentar governista, seja na Câmara ou no Senado.

Ainda foi alvo de críticas o esposo da política, o deputado estadual Othelino Neto (PCdoB-MA), aliado de Dino no Maranhão. Na disputa pelo governo do Estado, Othelino apoiou o ex-governador, recebendo depois uma pasta do sucessor, o governador Carlos Brandão (PSB), no Estado. O noticiário diz que tornar Ana Paula suplente foi também consequência desse apoio, rotulado -mais uma vez de forma pejorativa- como articulação de compra de apoio.

Com extensa atuação no seu estado, Maranhão, o mesmo de Dino, Ana Paula também já foi vice-prefeita de Pinheiro (foto abaixo, ao lado de Flávio Dino e da também senadora Eliziane Gama, do Cidadania).

No Senado, com desempenho similar a outros colegas, Ana Paula Lobato (PSB) participou das principais votações – a favor da reforma tributária, do arcabouço fiscal e contra o marco temporal – e propôs 6 projetos de lei, ainda não colocados em pauta.

Um dos projetos de lei da senadora pede para incluir na Lei Maria da Penha o apoio psicológico às mulheres vítimas de violência.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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