No Vox, Dilma se distancia mais ainda de Serra

Nassif, a colega Márcia Aranha acima foi mais rápida no gatilho, mas deixa eu dar mais detalhes e meu comentário.

Saiu o primeiro resultado do rastreamento diário da Vox:

Dilma 51%, Serra 25%, Marina 9%, outros 1%, brancos e nulos 4%, indecisos 11%, na estimulada.

Na espontânea, Dilma 41%, Serra 19%, Marina 6%, Lula 2%, brancos e nulos 4%, NS/NR 11% (isso só soma 83%, os demais devem ser respostas espúrias e indecisos).

E outras palavras:

i. Esse bloco cobre todo o período de repercussão da primeira onda do factóide dos vazamentos das delegacias da Receita em São Paulo, o que significa que o impacto foi praticamente nulo (ou melhor, Serra oscilou um pouco para baixo).

ii. Ainda não captou, ou captou parcialmente, a nova quizumba em torno da filha do Serra, tampouco as inserções marotas curtas com o nome da coalizão serrista quase evanescente e fazendo terrorismo com um suposto loteamento de cargos do futuro governo com “a turma do Sarney e do Collor” antes mesmo da eleição (que eu suspeito ter mais chance de influenciar os indecisos do que o factóide). Como ainda haverá a capa da inominável e a manchete dos jornais de fim de semana, não deveremos saber a magnitude completa da repercussão dessas artimanhas até pelo menos o rastreamento de terça-feira. Ou seja, realmente o sete de setembro será o início do canto do cisne para Serra, como se vem prevendo (Sérgio Guerra disse que o horário eleitoral teria que funcionar até a semana da pátria), a não ser que se observe tendência de reversão. Para mim, isso é vã esperança da coalizão oposicionista, e a única virada desta campanha ocorreu em maio, quando Vox e Sensus acusaram ultrapassagem de Dilma.

iii. Se dividirmos a espontânea pela estimulada, podemos obter um índice mais ou menos confiável de consolidação do voto (afinal, se o eleitor nomeia um candidato antes mesmo de ver a lista, pode-se presumir que ele está razoavelmente convicto de sua escolha). Para Serra, três quartos dos que votam nele já o fazem na espontânea (19%/25%=76%). Só que, para Dilma, esse valor é de quatro quintos (41%/51%=80%). Em outras palavras, o eleitor de Dilma está mais decidido que o de Serra.

iv. De pouca importância estatística, mas grande importância simbólica: a diferença de Dilma para Serra, pela primeira vez, é maior do que a intenção de voto por Serra (26% a 25%), e maior do que qualquer vantagem que Serra teve sobre Dilma desde abril de 2009; mesmo que usemos a medição mais conservadora de rejeição do tucano (a do Datafolha, de 29%, enquanto a Sensus afirma que dois quintos do eleitorado o rejeitam), ainda assim Serra perde para a própria rejeição; e Dilma atingiu 60% dos válidos, valor obtido por Lula apenas no segundo turno das eleições que venceu.

v. Dilma pode perder até mais de dez pontos percentuais no sufrágio em vista de problemas de documentação, e ainda assim ganha no primeiro turno se as coisas continuarem assim.

vi. Pela primeira vez, os balões de ensaio segundo os quais Dilma teria chegado ao teto podem ser verdade (embora ainda haja onze por cento de indecisos); mas Serra ainda parece não ter chegado ao piso, pois ainda não acusou estabilidade em pesquisas consecutivas, como Dilma.

Bom, sexta sai um IBOPE e sábado, uma Datafolha caduca ao nascer. Aguardemos. 

Luis Nassif

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