Itamaraty pede respeito à democracia sobre eleição legislativa venezuelana

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
[email protected]

Diosdado Cabello, ex-presidente da Assembleia Nacional e número 2 do chavismo, cumprimenta o novo líder da casa legislativa, Henry Ramos Allup.
 
Jornal GGN – “Não há lugar, na América do Sul do século XXI, para soluções políticas fora da institucionalidade e do mais absoluto respeito à democracia e ao Estado de Direito”, publicou o Itamaraty sobre o resultado da eleição legislativa na Venezuela. O comunicado oficial do Ministério das Relações Exteriores, divulgado nesta terça (05), ocorre após a impugnação por irregularidades eleitorais de três deputados da oposição.
 
Ainda assim, a nova Assembleia Nacional venezuelana tomou posse com maioria formada por opositores eleitos. Dos 167 parlamentares da Casa, 112 são membros da oposição. “Como afirmou em outras ocasiões, o Governo brasileiro confia que será plenamente respeitada a vontade soberana do povo venezuelano, expressada de forma livre e democrática nas urnas”, disse a nota do Ministério brasileiro. “Confia, igualmente, que serão preservadas e respeitadas as atribuições e prerrogativas constitucionais da nova Assembleia Nacional venezuelana e de seus membros, eleitos naquele pleito”, completou.
 
Os pedidos de impugnação foram impetrados pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), sigla de Hugo Chávez. A nova Assembleia tomou posse com atraso e sob tumulto de manifestantes concentrados no local. 
 
“O Governo brasileiro acompanha com atenção e interesse os desdobramentos das eleições legislativas venezuelanas realizadas no último dia 6 de dezembro, saúda a instalação da nova Assembleia Nacional venezuelana e insta todos os atores políticos venezuelanos a manter e aprimorar o diálogo e a boa convivência, que devem ser a marca por excelência das sociedades democráticas”, publicou o Itamaraty.
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

10 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Boca fechada

    Se o Itamaraty não tem o que dizer, é de se esperar que fique calado!

    A menos que o seu objetivo seja “ficar de bem” com la derecha e produzir manchetes contra Nicolás Maduro no PIG de amanhã.

    1.  O itamaraty tinha o que

       O itamaraty tinha o que dizer e disse! Muito bem dito! Defendeu o cumprimento das regras do jogo. Defendeu a democracia.

      1. Incoerência e casuísmo

        O Itamaraty se calou diante de tanta barbárie e perseguição feita pelo chavismo aos seus oposicionitas ao longo de 16 anos. Agora, por casuísmo (está enfrentando um processo de impedimento), e por total incoerência (sempre se calou diante dos desmandos e tirania do chavismo) o Itamaraty resolve falar. um pouco tarde, não acha?

  2. 1caboclo 1/2 Pútin e 1/2 H.Chavez, Aí eu ia ver..

    Ai…ai..ai… Esse povo da Venezuela vai comer pao que o capeta amassou e isso será só o princípio das dores. Na Argentina  o angú já começou a empelotar em praça pública e a tendência é piorar. No Brasil a coisa só nao está pior porque sempre pode piorar mais um pouquinho, graças aos maus políticos de sempre e as nossas instituiçoes da justiça que, de tao parciais e partidárias, só me enchem de vergonha. Quem diria que o brejo do mundo ia voltar a ser a América Latina? Se eu pudesse inventava uns caboclos metade Pútin e metade H.Chavez e plantava aqui na AL só prá ver se mudava alguma coisa nessa bagaça.

  3. O Brasil tem a

    O Brasil tem a responsabilidade de atuar diplomaticamente para a situação interna da Venezuela não descambar para uma guerra civil – que, além de tirar vidas, afetaria economicamente toda a região e mais ainda o Brasil . Provavelmente se o presidente da Colômbia fosse Uribe, Venezuela e Colômbia já estariam entrando em guerra, pois essa é a saída que o governante de um país rachado politicamente e destruído economicamente procura para amenizar as tensões internas ( vide o ditador Galtieri entrando em guerra com a Inglaterra pelas Malvinas, em 82 ). 

  4. Os derrotados, tanto aqui

    Os derrotados, tanto aqui como na Venezuela, estão inconformados com a derrota e querem o golpe. Itamaraty está correto em exigir obediência às regras do jogo. COERÊNCIA, tanto aqui como lá, as regras da democracia têm que ser respeitadas. Maduro está antevendo o fim e está jogando pesado, na tentativa  se sobrepor ao Estado de Direito. Inadmissível, aqui e lá. Ganhou, levou. 
     

  5. Com quem manda

       A manifestação publica do governo brasileiro, através do Itamaraty, mostra uma escalada, nos publicos conselhos, que tanto Dilma ( em carta particular a N. Maduro ), e a UNASUL , gestionaram, antes, durante e agora após as eleições venezuelanas, a de hoje apenas reforça as recomendações anteriores, mais enfaticamente, uma vez que, as manifestações de N. Maduro, após o pleito, perigosamente estão derivando para um caos institucional, para começar com “posse”, uma recuperação de uma legislação nunca utilizada anteriormente,  do tal ” Parlamento Comunal”.

        Esta manifestação publica, aberta, da Presidência brasileira, através do Itamaraty, dura mas protocolar, não inibe uma ação de bastidores, ainda possivel, não com Nicolas Maduro ( uma tentativa de “clone” de Hugo Chavez ), mas com Cilia Flores ( esposa de Maduro, ex- procuradora geral, atualmente congressista ) e Diosdado Cabello, ambos as pessoas que “mandam” no PSUV e partidos a ele associados.

         Quanto a MUD, a ascensão ao poder de controle do legislativo, pelo quase aposentado “social democrata” Henry Allup, foi um erro dos vencedores,  até burrice, que somente aumenta e acerela o rompimento, exacerbando as tensões, Caprilles e os “novos rostos” da direita liberal venezuelana, perderam, e podem ser levados a uma confrontação não planejada.

  6. http://salafehrio.blogspot.com.br

    Essa carta é estapafúrdia e Dilma não deveria subscrevê-la. O PSUV tem direito para pedir impugnação de candidatos, como qualquer outro partido teria. A justiça venezuelana é competente e tem autonomia suficiente para analisar cada caso. O Brasil se rege, nas relações internacionais, pela não intervenção e respeito à soberania. Foi uma bola fora feia. Dizer que os juízes foram nomeados por Chávez ou Maduro não lhes tira o direito de exercer seu papel e não impugna automaticamente sua atuação. Aqui, os magistrados dos tribunais superiores também são nomeados pelos presidentes de turno. Bola fora. 

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador