Nome de confiança do governo Bolsonaro, Corregedora da Abin promovida já defendeu “serviço sujo”

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Nova Corregedora por 2 anos, Lidiane Souza dos Santos alçou um salto relevante, após suprir expectativas de Bolsonaro

Foto: Divulgação

De um cargo irrelevante a corregedora da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), Lidiane Souza dos Santos alçou um voo relevante, atendendo às expectativas de Jair Bolsonaro em relação ao órgão.

De perfil agressivo e punitivista, e-mails obtidos pelo GGN mostram que Lidiane já defendeu “invadir a privacidade de alguém por meses”, “chantagear para conseguir dados importantes”, “sabotagem e ‘otras cositas más'” como “técnicas operacionais” para investigações.

Escolhida por Ramagem

A primeira nomeação de destaque de Lidiane foi feita em agosto de 2020, pelo pupilo do mandatário no órgão, o então diretor-geral Alexandre Ramagem. Enquanto comandava a Abin, Ramagem esteve envolvido no direcionamento e uso da agência a favor de Flávio Bolsonaro, na investigação das rachadinhas.

Sob o governo Bolsonaro, a Abin foi usada para atender os interesses do presidente, aliados e família. No caso das rachadinhas, a Abin de Ramagem forneceu informações sigilosas à defesa de Flávio, investigado de esquema de emprego de funcionários-fantasmas.

À época, após mais de 10 anos em cargos base na Abin, Lidiane recebeu de Ramagem a primeira nomeação de destaque : como Ouvidora do órgão, tendo como função, entre outras, a de atender e dar respostas aos pedidos de transparência e de Acesso à Informação.

Promovida pelo general Heleno

Em maio de 2022, a Abin era comandada por Victor Carneiro, ex-capitão do Exército, que assumiu o posto após Ramagem abandonar o cargo para disputar as eleições este ano. Lidiane foi promovida a Assessora de Gabinete. Três meses depois, foi nomeada Corregedora do órgão.

As duas promoções da servidora foram assinadas pelo general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional de Jair Bolsonaro.

“Seviço sujo”

Em comunicações internas entre funcionários da Abin, datadas de janeiro de 2011, ao comentar sobre técnicas de investigação da Polícia Federal, como as interceptações telefônicas, Lidiane Santos disse que o “serviço sujo” competia a eles.

Santos respondeu a uma funcionária, que disse que a Abin estava em uma “zona cinzenta entre a legalidade e a ilegalidade”, ao mencionar que ao realizar espionagens, o órgão obtinha informações secretas sobre governos ou organizações, sem autorização, para alcançar “vantagem militar, política, econômica”.

E também a outro funcionário, que havia defendido que “atividade de inteligência é suja” e que não se deveria depender de aval judicial para acessar tais informações sigilosas.

“Não há como ter esse controle judicial rígido das técnicas operacionais. Como explicar ao juiz que você esteve invandindo a privacidade de alguém por meses? Que você chantageou uma pessoa para conseguir dados importantes à nação? Ele autorizaria a chantagem, a sabotagem e ‘otras cositas más’?”, comentou Lidiane.

Ainda, no e-amail, ela afirmou que “a diplomacia é a face bonita” da Abin, mas que “nós”, ao se referir ao trabalho da agência, “queiramos ou não” são “quem faria[m] o serviço sujo”.

Nomeação de confiança por 2 anos

Segundo informações internas, Lidiane Souza dos Santos estava de licença desde o dia 17 de agosto deste ano, mas a Direção da Abin manobrou regulamentos internas para garantir a nomeação dela à Corregedoria.

O cargo de Corregedora da Abin tem um mandato de 2 anos. Assim, mesmo com a derrota de Jair Bolsonaro, o nome de confiança do atual do governo permanecerá no controle de investigações da Agência Brasileira de Inteligência.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

10 Comentários

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  1. O Fernando Collor era caçador de marajá, o Roberto Jefférson é caçador de policial federal.
    Onde aquele troço nojento achou aquelas granadas? Quero conseguir duas prá me defender contra as hordas bozofascistas.

  2. A vagabundagem que rola na internet contra o Ministro Gilmar Mendes (vídeo fajuto dele com o filho de Lula) só pode ter sido inventada pelos “agentes secretos” de Bolsonaro. O mesmo pode ser dito da invasão e monitoramento do meu telefone, caso relatado aqui no GGN https://jornalggn.com.br/opiniao/o-que-podemos-fazer-contra-a-ditadura-miliciana-reclamar-reclamar-reclamar-por-fabio-de-oliveira-ribeiro/amp/ . Até A presente data o STF não tomou nenhuma providência. O meu processo está parado nas mãos do relator.

  3. A matéria mente, distorce e descontextualiza os fatos de formas tão múltiplas e diversas que merece constar de qq futuro almanaque sobre Fake News… E o pior, transforma a Lidiane em bolsonarista… Coitada, ela não merece tantas agressões gratuitas assim. A ela, minha solidariedade.

  4. Ao cidadão de bem e patriota do post abaixo: a matéria citou todas as fontes utilizadas. É você que quer defender o indefensável. Não dá para admitir “trabalho sujo” de qualquer instituição, principalmente se for mantida com o dinheiro público. A Abin precisa ser enquadrado e que se punam essas aberracoes. A população paga imposto para que as instituições trabalhem para o bem do cidadão, não para político de estimação!

  5. Já passou – e muito – da hora de fechar a ABIN, dejeto autoritário de um SNI que nunca deixou de existir. As mensagens deixam bem nítido o absoluto desrespeito ao estado de direito – pior ainda porque vêm da pessoa supostamente designada para investigar os desvios de colegas. Alô Ministro Alexandre de Moraes, aí está uma caixa preta que DEVE ser aberta

  6. Essa moça é um Moro de saia, Deus me livre:

    “Não há como ter esse controle judicial rígido das técnicas operacionais. Como explicar ao juiz que você esteve invandindo a privacidade de alguém por meses? Que você chantageou uma pessoa para conseguir dados importantes à nação? Ele autorizaria a chantagem, a sabotagem e ‘otras cositas más’?”, comentou Lidiane.

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