O PSD e o PMDB

Por Paulo Gustavo

Do CMI

O PSD como a forma desenvolvida da política do PMDB

A criação do PSD, pelo ex-prefeito Gilberto Kassab, tem como intuito aprofundar a política implementada pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), que tem como principal característica histórica ser da base governista independente da “ideologia” que o partido (governo) possui. O Lulismo já aponta para a adequação à política implementada pelo PMDB, na medida em que proprôs uma conciliação de classes que convergisse os interesse dos empresários e dos trabalhadores (veja a carta ao brasileiros momentos antes da eleição para presidente de 2002).

O PSD como a forma desenvolvida da política do PMDB tem como intuito realizar essa síntese histórica da conciliação de classes, iniciada pelo PMDB e desenvolvida pelo governo Lula. A ideia que funda o PSD consiste então no fato de que o Partido possui uma diretriz de centro, isto é, o partido consegue ser sempre governista, na medida em que permite se aliar a qualquer partido que esteja no governo (por exemplo, permite-se apoiar o governo do PSDB em São Paulo e o Governo Petista no âmbito nacional).

Segundo as palavras de Kassab no programa Roda Viva da TV Cultura de São Paulo, “o Partido busca conciliar as ideias sociais-liberais com ideias socialistas, ou seja, é preciso que haja um Estado forte em relação à educação e saúde, ao passo que se garanta os direitos individuais como a liberdade de imprensa”. A ironia instaurada pela criação do PSD consiste no fato de que o Partido de centro acaba por criar um Partido sem Partido, pode-se então apoiar a todos sem se comprometer com nenhum. A lógica deste evento parece residir na própria perversão do modelo, na medida em que se reproduzi acaba por eliminar as bases do seu fundamento, deste modo, permanece apenas o seu simulacro, logo, a sua realização só acontece sob a pena de perverção do modelo original.

Portanto, a política implementada pelo PMDB após a “democratização”, assim como o seu desenvolvimento através do governo Lula, se realiza na criação do PSD, que busca reunir diversos setores sociais (claramente opostos) com o intuito de ser um partido que está em todas as esferas do poder institucional. Entretanto, essa política de não possuir uma clara linha política acabará por ser o limite para o seu crescimento, ou seja, este partido já nasce morto. Assim como anuncia a morte desse modo de se fazer política, na medida em que a crise econômica agrava as contradições sociais, a política centrista acaba sendo engessada pelas forças que se contrapõem. Assim sendo, manter-se “neutro” no período de crise prepara o terreno para uma saída revolucionária ou fascista.

Luis Nassif

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