Após almoçar na minha mãe, peguei um ônibus para ir fazer compras num supermercado antes de voltar para minha residência. No interior dele observei uma aula de auto-confiança, gentileza e respeito pela vida digna de ser registada.
Sentei-me na última fileira de bancos do ônibus. Ao meu lado mãe e filha, ambas vestidas de forma modesta. Uma borboleta sobrevoa o fundo do veículo e pousa no vidro próximo a elas. A adolescente se assusta com um inseto. Fico esperando uma reação bolsonariana, ou seja, o esmagamento da borboleta.
A mãe abre a bolsa. Ela vai pegar algo para matar o inoportuno inseto… Não. O que ela pegou foi um cartão de visitas.
Com gentileza ela aproxima o cartão da borboleta. O inseto pousa no cartão e voa. A mulher repete o movimento, o inseto se afasta recusando a nova oferta. Na terceira tentativa o cartão é colocado a uma pequena distância da borboleta. Alguns segundos depois ela pousa no cartão, a mulher ergue o objeto até a abertura da janela e o inseto voa para fora do ônibus.
Essa cena educativa não durou mais do que alguns minutos. Enquanto agia, a mãe não proferiu uma palavra. A filha apenas observou o que estava sendo feito.
Educação pelo bom exemplo, não pela violência. Educação com gentileza e sem preconceito em razão da natureza do outro. Educação com respeito pela vida e não com a destruição dela. Educação através da tolerância e não para a exclusão e destruição do que é diferente.
Nem tudo está perdido. A pedagogia popular anti-bolsonariana já faz parte do cotidiano brasileiro. Se estivesse vivo Paulo Freire certamente a aplaudiria. Bolsonaro pode torcer o nariz. O projeto dele nasceu morto.
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