Programa de voluntariado para Copa FIFA de 2014

Há poucos tive uma discussão sobre a razão de ser do voluntariado em eventos esportivos organizados por entidades multimilionárias como FIFA (Copa do Mundo), COI (Olimpíadas), FIA (Corridas de Fórmula 1).

Sei que minha opinião não é influente e que ela em momento algum vai fazer com que esses órgãos mudem seu “modus operandus” com relação a isso. Mas ainda estamos num país livre e ainda tenho o direito de me expressar, dando a cara a tapa para comentários e/ou ridicularizações. Sendo assim, lá vai!

 Quanto movimenta de dinheiro um evento como este? Não entrando no mérito da exatidão, temos a certeza de que milhões de dólares. Quanto fatura um órgão deste? Da mesma forma, outros milhões. Quanto fatura um dirigente como a CBF num evento como este? Melhor nem comentarmos, certo?

Se fizermos uma conta bem simples, veremos que são esperados 15 mil voluntários para a Copa de 2014 no Brasil. Se cada um recebesse R$1mil, isso daria um custo de R$15MI. Sabem o que é isso? O custo total (oficial) da copa no Brasil, pode chegar a R$30 Bilhões. Isto mesmo, 30 pontes (superfaturadas) sobre o Rio Negro. Com isso vê-se que R$15 milhões representa 0,05% de tudo que será gasto de dinheiro público para sediarmos o maior evento esportivo do planeta. Isso também é 30% do que João Havelange e Ricardo teixeira teriam recebido de propina na FIFA e CBF respectivamente. Isso só do que está em investigação. Quanto foi gasto apenas no evento de lançamento do programa de voluntariado em Salvador, num hotel de 1a, com a presneça de Bebeto e Ronaldo Fenômeno? Pensa!

Os números não mentem. É uma miséria remunerar os voluntários.

E por que não o fazem? Sei que na copa da Alemanha, do Japão, da África do Sul, nas Olimpíadas de Londres e em todos os outros eventos é assim. Mas por que é assim? Será que nunca se questionou isso? Nào sei, só sei que sempre foi assim.

O que vem a ser trabalho voluntário? Pegando emprestada a definição da Wikipedia, para não entramos muito no mérito sociológico da coisa, temos:

                      “O voluntariado é o conjunto de ações de interesse social e comunitário em que toda a atividade desempenhada reverte a favor do serviço e do trabalho. É feito sem recebimento de qualquer remuneração ou lucro. É uma profissão de prestígio, visto que o voluntário ajuda quem precisa, contribuindo para um mundo mais justo e mais solidário.”

Desta definição, qual parte se encaixa perfeitamente no que acontece nos eventos esportivos? Para mim, apenas a parte do: “É feito sem recebimento de qualquer remuneração…”. Lucro todos sabemos que há e muito e trabalho também, visto que vão trabalhar cerca de 10h por dia apenas pela merenda.

 Veja bem que não quero aqui reinvindicar R$ 1mil para melhorar a vida de um ou outro brasileiro ou quiçá estrangeiro voluntário. Falo da cara de pau de empresas querendo faturar cada vez mais com isso e em cima dos outros , a famosa mais valia de Karl Marx.

Repetindo, não quero com isso, criar um movimento que irá mudar esta forma de contratação nos jogos. Mas queria deixar pelo menos uma mensagem de que isso pode ser diferente. Quer ser voluntário de verdade? Procure um hospital do câncer, vá até um abrigo de crianças abandonadas, um asilo, vá pras ruas ajudar no trânsito, doe sangue, ponha um nariz de palhaço e faça uma criança doente sorrir em um hospital qualquer, ajude um velhinho a atravessar a rua, vá ser escoteiro, vá passear com o cachorro do seu vizinho que está doente, vá pentear macaco em extinção, ou então chegue para a FIFA e diga que você aceita trabalhar por 22 dias, 10h por dia em troca de que R$ 1mil seja doado a uma instituição de caridade, para uma escola, uma creche. Isso tudo sim é ser voluntário. Isso tudo sim vai pesar no seu currículo vitae. Isso tudo sim vai te tornar uma pessoa um pouquinho melhor e com toda certeza, isso tudo vai transformar a vida de muito mais gente do que apenas o seu ego vestido com uma camiseta da FIFA com a frase: “May I help you?” Nas costas.

Redação

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