Da Folha
Homicídios mantêm queda em São Paulo
Enquanto assassinatos intencionais continuam caindo desde o início do ano, roubos seguidos de morte crescem
Número de mortes ocorridas durante assaltos no interior chama a atenção de autoridades paulistas
AFONSO BENITES
JOSÉ BENEDITO DA SILVA
DE SÃO PAULO
Enquanto a capital paulista se deparou com uma queda vigorosa na quantidade de homicídios intencionais no primeiro semestre deste ano, o interior do Estado teve um aumento na mesma proporção nos latrocínios, quando há roubo seguido de morte.
Os dados divulgados pela Secretaria da Segurança Pública ontem mostram que de janeiro a junho os homicídios caíram 12% no Estado, sendo 28% na capital, em comparação ao mesmo período de 2010. Em seis meses, houve 2.109 vítimas de assassinatos nos 2.000 casos registrados (às vezes um caso de homicídio tem mais de uma vítima).
O total de homicídios no Estado segue em queda desde o início do ano, após um aumento no ano passado.
Escalados pela gestão Geraldo Alckmin (PSDB) para comentar os dados, o delegado-geral da Polícia Civil, Marcos Carneiro, e o comandante-geral da PM, coronel Álvaro Camilo, disseram que a queda de homicídios era esperada por conta do aumento do policiamento e do fortalecimento das investigações.
“Desde 1999, quando começou o combate efetivo ao homicídio, o número de policiais é o mesmo. O que mudou foi a gestão. Temos mais homens na rua ou desempenhando funções essenciais do que tínhamos antes”, afirmou o coronel Camilo.
Agora, a meta dos policiais é conseguir que os crimes contra o patrimônio (furto e roubo) tenham resultados positivos. Neste semestre, roubo ficou praticamente estável, com 525 casos a menos do que no primeiro semestre do ano passado. Já furto registrou um aumento de 9%.
As autoridades dizem estar “bastante” preocupadas com o aumento dos assassinatos resultantes de roubos.
No semestre, os latrocínios cresceram 20% no Estado (12% na capital, 30% na Grande SP e 21% no interior).
O número de vítimas chama a atenção no interior, onde ocorreram 86 dos 167 assassinatos durante roubos.
As regiões de Ribeirão Preto e de Piracicaba são as que mais preocupam a polícia. Tiveram, respectivamente, 19 e 21 vítimas de latrocínio.
“Foram casos pontuais que nos deixaram em alerta e precisaremos analisar com os delegados desses locais”, afirmou o delegado-geral.
“[O aumento] nos preocupa muito, mas estatisticamente é um ponto fora da curva”, completou Carneiro.
Para Camilo, o aumento da violência dos criminosos pode ter influenciado na alta dos latrocínios no interior.
“Temos mais policiais na capital do que no interior, o que explica a redução do homicídio ser maior aqui. Por outro lado, os ladrões estão cada vez mais violentos. Eles têm acesso a armamentos cada vez mais cedo. Precisamos combater isso para reduzir as mortes”, disse o PM.
ENTREVISTA
Latrocínio não indica tendência, diz especialista
DE SÃO PAULO
A alta dos casos de latrocínio este ano não é suficiente para dizer que há uma retomada desse tipo de crime, diz José dos Reis Santos Filho, coordenador do Núcleo de Estudos sobre Violência e Políticas Alternativas da Unesp.
Folha – O aumento de casos de latrocínio preocupa?
José dos Reis Santos Filho – Não há diferença significativa em relação a dois anos atrás. É um movimento que não consegue anunciar uma tendência. Mantidas as condições existentes, é um tipo de crime que pode continuar a dar dor de cabeça.
Por que os homicídios caem e os latrocínios não?
No caso dos homicídios, há tendência clara de queda, demonstrada a partir de uma série mínima de anos. Houve um trabalho mais efetivo da polícia e da Justiça, além da ação de desarmamento, a mediação das ONGs… Há um conjunto de elementos.
Como agir com latrocínio?
É preciso analisar com extremo cuidado, principalmente o perfil dos envolvidos. Qual é o perfil do criminoso? E o da vítima?
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