Pesquisa com participação brasileira impede reprodução do vírus da AIDS

Jornal GGN – Estudo feito por um grupo de cientistas, entre eles o professor Augusto Ducati Luchessi da FCA (Faculdade de Ciências Aplicadas) da Unicamp (Universidade Campinas), pode representar um novo caminho no combate ao vírus HIV. A pesquisa conseguiu, por meio de dois remédios, induzir de forma seletiva a morte programada das células infectadas, impedido a reprodução do vírus da Aids. O resultado do trabalho mostrou-se promissor e já conta com ampla repercussão na comunidade científica internacional.

Luchessi explica que o organismo humano dispõe de mecanismos de defesa contra as doenças. Um deles é a apoptose, também conhecida como morte celular programada ou “suicídio” celular. Quando um vírus ataca, o organismo recorre a esse processo para impedir que o invasor se replique, já que, com a morte da célula, o vírus não tem como se reproduzir, e a infecção é contida. Mas o HIV possui um mecanismo que impede a ocorrência da apoptose. Assim, ele mantém a célula viva para poder se replicar, fazendo com que a infecção avance.

“Os fármacos que usamos apresentaram a ação de desarticular o mecanismo antiapoptótico viral. Essa é uma rota nova no tratamento da Aids, que se mostrou muito promissora. O dado interessante que observamos em relação ao uso dos fármacos é que induzem a morte preferencial das células infectadas. Para que as pessoas entendam, tomemos como analogia o tratamento quimioterápico. Os compostos usados no combate ao câncer buscam matar as células tumorais e preservar as saudáveis. Nos testes que fizemos, nós conseguimos promover essa mesma morte seletiva, mas em relação às células infectadas pelo HIV”, compara o professor da Unicamp.

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O trabalho contou com a participação de pesquisadores norte-americanos, canadenses e um alemão, sob a coordenação do professor Michael B. Mathews, da Rutgers University, localizada em Nova Jersey, Estados Unidos. Além dos resultados obtidos, o cientista brasileiro destaca dois pontos relevantes em relação às pesquisas com os fármacos. O primeiro deles é que, como são de uso comercial, os medicamentos são amplamente conhecidos pela ciência, o que deverá facilitar o avanço da pesquisa. O segundo ponto é referente à continuidade dos estudos, o que vai indicar de que forma os medicamentos poderão ser usados.

Uso em coquetéis

Além disso, ainda há a possibilidade de incorporar os medicamentos aos coquetéis já disponíveis, para potencializar os resultados proporcionados por eles. “Isso sem falar que os dois fármacos também podem ser usados como protótipos para o desenvolvimento de novos fármacos. Por hipótese, pesquisadores da área de química orgânica podem se interessar pelo desenvolvimento de moléculas análogas”, exemplifica.

No Brasil, são 38 mil novos casos de Aids por ano, de acordo com dados do Ministério da Saúde. Desde os anos 1980, quando o vírus foi descoberto, foram notificados 656 mil casos. Estima-se que 700 mil pessoas vivam com Aids e HIV (têm a doença, mas não a desenvoveram) atualmente no país – sendo que pelo menos 150 mil não sabem sua condição sorológica. O SUS (Sistema Único de Saúde) disponibiliza medicamentos ARV (antirretrovirais) para 313 mil pacientes com a doença ou o vírus. No país são fabricados dez dos 20 remédios ARV usados no tratamento da síndrome.

Com informações da Unicamp

Redação

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