A taxa de juros de equilíbrio

Chamo a atenção para essa entrevista do professor Márcio Holland, que saiu na coluna da Sonia Racy (clique aqui) sobre a tal taxa de juros de equilíbrio.

Já tinha ouvido falar dela, e até mencionei em alguma coluna. A Sonia avança em uma esclarecedora entrevista com Holland.

Diz ele:

“Qual seria a taxa de juro real de equilíbrio no Brasil? Diversos estudos empíricos, inclusive alguns que realizamos na EESP-FGV/SP, indicam que a taxa real de juros deveria estar cerca de 2 p.p. abaixo dos níveis atuais. Observando as taxas reais de juros médias de países com speculative grade como o Brasil, a taxa real de juros deveria estar em algo como 5% a.a., e não 9% ou 10%. Na média, a taxa real de juros das economias mundiais é da ordem de 3,5% a.a. Se estimarmos uma equação da taxa real de juros para as economias mundiais, conforme um conjunto de determinantes possíveis, encontramos que a taxa real de juros no Brasil, mais uma vez, deveria estar bem abaixo dos níveis atuais. Ou seja, sob qualquer comparação ou parâmetro, o Brasil tem hoje uma taxa real de juros maior do que deveria ou precisaria, dadas as condições macroeconômicas internas e externas”.

Luis Nassif

9 Comentários

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  1. Caro Nassif:

    Trabalho com
    Caro Nassif:

    Trabalho com esses números, inclusive para calcular arbitragens. Sem dúvida, os melhores existentes no Brasil.

    Para completar a planilha, uso dados divulgados, entre outros, pelo Ignacio Ramonet (editor do “Le Monde Diplomatique”). O Emir Sader publicou a tradução de um texto dele para o português ( http://agenciacartamaior.uol.com.br/templates/postMostrar.cfm?blog_id=1&post_id=93 ):

    “As pessoas que detêm fortunas se encontram, para mutliplicar seu capital, diante da seguinte alternativa: seja investir seu dinheiro na Bolsa (não importa em que Bolsa do mundo, pois os capitais circulam sem entraves), seja investi-lo em um projeto industrial (criação de uma empresa de fabricação de produtos de consumo). Neste caso, a rentabilidade média é de entre 6 e 8% na Europa. Em compensação, no caso de um investimento na Bolsa, a rentabilidade pode chegar a níveis muito mais altos (na França, em 2006, os mercados bursateis conheceram uma alta de 17,5%, na Alemanha de 22% e na Espanha de 33,6%!)

    Diante de diferenças tão grandes, os proprietários de capitais só aceitam investir na indústria (onde são criados empregos) com a condição de que isso lhes renda cerca de 15% ao ano. Mas vimos como a rentabiliade média para esse tipo de investimento na Europa é de entre 6 e 8%. O que fazer? Pois bem, investir na China ou na Tailândia, por exemplo, países nos quais, em razão dos custos muito baixos da mão de obra, o retorno sobre o investimento pode chegar e até superar os 15%. É por isso que tantos investimentos são feitos atualmente, principalmente na China.

    E como a finalidade do exercício consiste em fabricar com baixos custos nos países pobres para vender a preços muito altos nos Estados ricos, isso leva a uma avalanche de produtos importador dos países-fábricas e vendidos, por exemplo, na Europa.”

    Quem fizer as contas vai verificar que o comportamento dos dados europeus seguem os padrões dos livros-textos de economia. No caso dos EUA, os cálculos só fazem sentido se forem ajustados pelo que chamo de “fator Pentágono”.

    Eu pensei que usar esse fator de ajuste iria invalidar as minhas contas, mas até agora isso não aconteceu. Antes que algum leitor de seu blog pense que isso significa alguma crítica em relação aquele país, vou mencionar uma fonte insuspeita, a BBC ( http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2007/01/070125_lucasmendes.shtml ):

    “Jim Webb voltou da guerra [do Vietnã] com cinco medalhas, quatro delas por bravura. É o único senador que tem um filho servindo no Iraque. (…)

    O discurso do senador durou oito minutos. Além de criticar a invasão e a conduta da guerra no Iraque, o senador enfiou a pena, as botas e a baioneta dele na economia de Bush que favorece os ricos.

    ‘A bolsa bate recordes, as empresas lucram como nunca, mas seus presidentes e chairmen ganham 400 vezes mais do que um empregado. Quando eu me formei na faculdade, esta proporção era de 20 para um. Hoje um empregado precisa trabalhar um ano para ganhar o que o patrão ganha num dia. Parece que estamos vivendo em dois países diferentes’, disse o senador.”

  2. Teoricamente, essa tal “taxa
    Teoricamente, essa tal “taxa de juros de equilíbrio” seria a taxa que colocaria os investimentos em um determinado país em pé de igualdade com o resto do mundo. Como hoje o mercado financeiro está evoluído ao ponto de que é possível calcular percepção de risco de um país emergente e ter inflação prevista, dá para calcular o juro de equilíbrio como a soma em juro composto de 5,25% (juros norte-americanos), 1,9% (risco-país) e 4,1% (inflação prevista), o que dá 11,6%, 1,4 pontos percentuais abaixo da situação atual. O problema todo é que todo diretor de banco central, monetarista ou desenvolvimentista, gosta de decisões graduais, para evitar sacodir o mercado.

  3. Já obrigou os bravos
    Já obrigou os bravos diretores do BC a assinar um abaixo-assinado de protesto, quando descobri que seu currículo tinha sido maquiado.

  4. Não é isso, Marcos. Com
    Não é isso, Marcos. Com abertura comercial ampla, fator deflacionário China, superávit nas contas externas e internas, o ambiente interno define apenas o custo de produção, não a variação de preços. Se o ambiente é ruim, o custo de produção é alto (e deveria ser compensado pelo câmbio); se o ambiente melhora, o custo de produção diminui. Mas inflação é variação de preços, não é o nível dos preços em si. O país mudou fundamentalmente de 1999 para cá, mas o modelito do Ilan continua levando em conta uma economia fechada, deficitária. Existem centenas de países, alguns muito mais eficientes que o Brasil, outros menos eficientes, alguns poucos semelhantes. Como explicar que só o Brasil ostente essas taxas de juros? Não há teoria que explique.

  5. Não é possível, caro Marco. É
    Não é possível, caro Marco. É pior do que os países africanos, do que os países da América Central? É pior do que a Bolívia conflagrada, o Paraguai em crise, a Colômbia com um terço do território dominado pela guerrilha? Pense bem. Será que não é mais factível supor que o BC possa estar errado?

  6. Marco, e como explica as
    Marco, e como explica as taxas estratosféricas, que chegaram a 45%, quando a relação dívida/PIB era inferior a 30%? Você parte de uma certeza férrea: em qualquer hipótese a taxa Selic corresponde à taxa de equilíbrio. Como pode assegurar isso?

  7. Caro Luis Nassif,
    1) O Franco
    Caro Luis Nassif,
    1) O Franco é um economista brilhante. Mas não sei se as condições da época, ou teimosia mesmo, levaram-no a sustentar um câmbio fixo irreal e artificial. Isto foi virando uma bola de neve e explodiu no câmbio flutuante adotado no peito. A taxa de 45% durou apenas 20 dias (de 05/03/99 a 25/03/99). Foi um período de crise (nas crises apela-se para tudo).
    2) Mais do que eu você sabe que o Bacen teve períodos nebulosos (ninguém entendia nada e nem tinha tempo para entender, era uma correria danada).
    3) Até aceito as dúvidas sobre as vendas de títulos pelo Bacen (antigamente) e pelo TN mais recentemente. Se as vendas dos títulos de longo prazo são mal feitas a taxa natural está fixada artificialmente (mas agora a culpa é do TN, pois é ele que vende).

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