Para entender o GPL e o BSD

Enviado por: Rogerio Acquadro
BliG: http://www.pc2consultoria.com.blig.ig.com.br
Nassif,

Parabéns pela sua iniciativa de tocar em assuntos como esse. Licenciamento de softwares é um assunto quase nunca debatido.

Gostaria de deixar meu comentário sobre o texto publicado em seu blog, em especial, sobre o comentário do texto em que diz que a GPL impede a terceirização de serviços. É um engano, uma vez que nenhuma cláusula da GPL proíbe tal atividade.

Dizer que a GPL só serve para licenciamento dualizado também é um grande equívoco. É verdade que algumas empresas optaram por esse caminho, como o banco de dados MySQL. Entretanto, existe uma imensa variedade de softwares licenciados exclusivamente sob GPL. O kernel do Linux é um exemplo. Os ambientes gráficos KDE e GNOME (ambos para Linux) são outro bom exemplo. Jogos, como o Open Transport Tycoon (que foi um grande sucesso na década de 90), hoje é GPL. O Quake é licenciado sob a GPL.

A principal briga entre GPL e BSD se dá no seguinte sentido: a GPL tem um caráter viral, no bom sentido. Ela obriga que qualquer trabalho derivado de um original licenciado sob a GPL deverá ser, necessariamente, licenciado sob a GPL também. Mais do que isso: obriga que a distribuição de um binário (o programa compilado propriamente dito) deve sempre ser acompanhado de seu código fonte (ou o código fonte deve estar disponível facilmente).

Já a licença BSD não exige qualquer tipo de contrapartida pelos seus desenvolvedores. Pelo contrário, permite que códigos abertos sob BSD sejam apropriados em softwares proprietários. É o caso da pilha TCP (procotolo responsável pela comunicação de qualquer computador na Internet) que foi utilizada no código Windows, sem qualquer tipo de violação de licença.

Se a o código da pilha TCP fosse licenciado sob GPL, teríamos dois cenários possíveis:

a) todo o restante do código de rede do Windows também deveria ser licenciado sob GPL e, portanto, com o código fonte disponível para todos;

b) a Microsoft deveria desenvolver seu próprio código de pilha TCP a partir do zero.

Para encerrar este comentário, deixo alguns links sobre licenças livres:

GPL (inglês): http://www.gnu.org/licenses/gpl.html
LGPL (inglês): http://www.gnu.org/copyleft/lesser.html
FreeBSD (inglês): http://www.freebsd.org/copyright/freebsd-license.html
Creative Commons: http://creativecommons.org/

Seria interessante que o assunto continuasse a ser discutido. É muito importante que todos saibam exatamente sob quais termos estão sujeitos quando utilizam este ou aquele software livre.

Rogerio Acquadro

Luis Nassif

18 Comentários

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  1. Bem explicado!
    Faltou apenas
    Bem explicado!
    Faltou apenas explicar o LGPL (Lesser GPL), que aceita que os softwares construídos a partir de um software livre não seja também livre. O LGPL é mais indicado quando o software livre desenvolvido é uma linguagem de programação (como o caso do GNU C, ou do SimPy para simulação de eventos discretos). Nesse caso, evita-se que todo software proprietário feito a partir do GNU C ou no Simpy, por exemplo, obrigatoriamente tenham de ser livres e entregues com seus respectivos códigos fonte – o que, obviamente, reduziria a sua aplicabilidade.
    Em um mundo perfeito, só existiria a GPL. 🙂

  2. Nassif e comentaristas, um
    Nassif e comentaristas, um ponto obscuro pra mim e, creio, para muitos, é a validade e compatibilidade dessas licenças com as leis brasileiras. Alguém se habilita a nos explicar?

  3. Para enteder melhor a
    Para enteder melhor a GPL
    ————————————

    Eis aqui porque a GPL não serve para o Brasil atuar na área de terceirização de serviços de desenvolvimento de software com esta licença:

    http://www.gnu.org/licenses/gpl-faq.html#DoesTheGPLAllowNDA

    “A GPL me permite distribuir uma versão modificada ou beta sob um acordo de segredo industrial (NDA)?

    Não. A GPL diz que qualquer um que receber uma cópia de sua versão tem o direito de redistribuir cópias (modificadas ou não) daquela versão. Ela não lhe dá permissão de redistribuir o trabalho em bases mais restritivas.”

    O que isso significa
    ————————–

    Imaginemos o seguinte cenário: uma empresa pega código-fonte licenciado pela GPL e modifica-o “in-house” para as suas necessidades (isso é permitido pela GPL), seguindo a filosofia de aproveitamento de código. Esse código é beta e tem a intenção de ser usado unicamente nas premissas e computadores da companhia, não se destinando a ser compartilhado (a GPL permite isso, nesssas condições). Tal empresa decide terceirizar a manutenção, digamos, com programadores brasileiros. No momento que ela fizer isso (distribuição de código beta ou modificado fora das premissas legais ou extensões físicas ou de rede da companhia), ao exigir acordos de sigilo, ela incorrerá automaticamente em violação da licença. Caso ela não exija sigilo na companhia prestadora de serviço, não há impedimento legal para que ela, a prestadora, se _aproprie)_ do código. Um pega-ratão da GPL. resultado: nada de terceirizar (offshore programming, como a Índia vem fazendo com softwares proprietários).

    Mesmo cenário licença BSD: companhia pega o código, modifica-o para suas necessidades específicas, empacota-o como seu (apenas cita que o software tem partes do código BSD), contrata outra companhia, no Brasil, para a manutenção. A comunidade foi roubada? Não. Nada foi subtraído. Para efeitos práticos, foi um não-evento. Para efeitos práticos, trabalhadores de outros países foram contratados (offshore programmers). É a globalização.

    Case comerciais de GPL
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    Linux – é só um kernel, não um sistema completo (suas partes devem ser juntadas para o sistema ser funcional). Empresas que investem no kernel vendem _hardware_ (IBM, HP), commoditizando seus complementos, aumentando o preço de seus produtos (hardware). I

    MySQL (Banco de Dados) – licença dupla

    JBOSS – licença dupla.

    RedHat – licenças “per seat” (por usuário único, igual a Microsoft)

    Qt (usado no KDE) – licença dupla.

    E por aí vai…

    Projetos grandes se software livre que perimitem a mistura com código proprietário: a vasta maioria.

    Apache (servidores), Perl (linguagem de programação), GNOME (arcabouço de desenvolvimento), bibliotecas KDE (LGPL), Firefox (MPL), etc, etc. etc.

    Outro fato quue você errou
    ————————————

    A Microsoft já re-escreveu a pilha TCP do seu jeito.
    Durante muito tempo, utlizou a pilha TCP derviada de BSDs. Um Coisa Boa, na nossa opinião. Significa que código de boa qualidade contribuiu para uma internet melhor e mais segura, para todos os usuários.

    A estratégia Apple + FreeBSD funciona da seguinte maneira: a Apple pega código de projetos licenciados coma BSDL e contribui código para o projeto FreeBSD (VM, SMP, trilha de auditoria para eventos de segurança, numerosos patches – quem fala que a Apple não contribui não conhece os fatos) e para o microkernel Darwin. A Apple contratou desenvolvedores FreeBSD. O FreeBSD tem parte de seu código incorporado na Apple. Para o FreeBSD, a Apple age como o fabricante de hardware (correlato da HP e da IBM). Portanto, ela “fecha” o código BSD, de acordo com seu hardware (o inverso acontece com o Linux – o código pode ser aberto, mas em alguns casos sua relevânciea é de limitado interesse, pois visava apenas um certo tipo de hardware). O projeto FreeBSD não se importa, pois além da licença permitir, teve numerosos ganhos indiretos.
    Você compra um Apple, e é feliz. Tem boa qualidade de software, sistema bem-feito e robusto. Além disso, tendo servidores FreeBSD sob sua responsabilidade, um círuclo virtuosos se fecha. É um jogo +/+ e não um jogo +/-. Mesmo se a Apple não contribuísse, seria apenas um jogo +/0.

  4. O que eu acho incoerente é
    O que eu acho incoerente é que a Apple sempre pregou uma filosofia do “think different” quando, no fundo, não penso que ela seja assim tão diferente da MS. Outra questão é: Ela faz sistemas melhores que a MS? Faz, quanto à usabilidade. Mas não são superiores absolutos e existe um grande grupo de usuários dos Macs que prega ferozmente a superioridade de tudo o que a Apple faz, como se fosse lei. Eu, quando usei, tive a oportunidade de provar isso, para infelicidade minha até, que estava tão empolgado ao começar a usar um G4. No laboratório belga em que eu fazia meu pós-doc, na Alemanha, após eu mostrar que com um PC usado e linux eu fazia as coisas mais rápido e melhor que no Mac que eles compraram para mim, a maioria dos pesquisadores mudaram de Mac para PC e descobri que só não haviam feito isso antes porque o administrador era um tão furioso defensor dos Macs que ninguém tinha coragem de enfrentá-lo. Macs são mais caros também na Europa, não só no Brasil. Na época eu pude mostrar que para realizar as tarefas de cálculo que fazíamos rotineiramente, a relação de custo entre um Mac e um PC equivalentes era de 3 para um. Novamente digo que é bem possível que o Mac OSX tenha resolvido muitas das questões de performance que acometiam os sistemas da Apple até o OS9 mas para mim, ficar atado a um conjunto de hardware e software muito mais caro e a limitado e ainda por cima completamente proprietário é descabido. Quem quiser que o faça.

  5. Prezado Sr. Furioso,
    Então
    Prezado Sr. Furioso,
    Então porque a Apple contribui para o kernel de seu próprio sistema (o Darwin) ele contribui com a comunidade de software livre (SL)??? O Mac OSX beneficiou-se da fácil adaptação para ele da maioria dos softwares livres, inclusive os feitos sob GPL, mas escolhe apenas contribuir para BSD’s… O senhor acha que isso é por acaso? Ou será que tem mais a ver com o fato de a própria Microsoft também pregar a licença BSD como melhor que a GPL? A resposta, na minha humilde opinião é até simples e o senhor mesmo ajudou a prová-la. Porque a GPL é nociva ao modelo de negócios baseado na cobrança do direto de uso de um software. Antes de tachar as pessoas de “trolls” o senhor deveria imaginar que as pessoas defendem caminhos diferentes para se fazer as coisas e têm o direito a isso. Eu, pessoalmente, sou contra os modelos de negócios citados acima. E o senhor há de convir que não é a única forma de se gerar dinheiro com software. O que eu entendo é que não só não é a melhor como gera custos à economia como um todo desnecessários. Ou a MS é multibilionária vendendo softwares de segunda linha por acaso?

  6. Sobre a MS e o resto do
    Sobre a MS e o resto do mundo, o link abaixo é bem interessante:

    http://www.informit.com/articles/article.asp?p=681407&rl=1


    According to an old saying, the military always fights the last war. In World War I, both sides were relying on tactics that were obsoleted by the invention of the machine gun. In World War II, the French didn’t factor in the development of the bomber. In Vietnam, the American military tried to apply blitzkrieg-like tactics to a guerilla war.

    The Free Software community has a similar problem. Recent years have all begun with people asking, “Is this the year of the open source desktop?” (Or sometimes the Linux desktop if the journalist in question doesn’t actually know what Linux is.) The correct answer to this question is “who cares?”

    Microsoft Won. Get Over It.
    The war for the desktop PC is over. It was over in the ’90s. Microsoft won. Apple made a better desktop OS, and Microsoft gained the bigger market share. Currently, you can build a Free Software desktop PC that is better than Microsoft’s offering and has a smaller market share than Apple.

    Producing a desktop PC that’s better than Apple’s is a difficult task for the Free Software community, but far from an impossible one. Producing one with a greater market share than Microsoft is much harder and probably not worth the effort.

    The good news is that it doesn’t matter.

  7. Caro Nassif:

    Os leitores do
    Caro Nassif:

    Os leitores do seu blog devem estar se perguntando: por que um programador teria o trabalho de desenvolver algum aplicativo em GPL? A resposta é simples: para se tornar conhecido e poder faturar mais, muito mais do que fosse um ‘joão-ninguém’.

    Vamos falar em números. Um excelente ‘anônimo’ pode ganhar alguns milhares de dólares por ano, mas sempre vai ver os seus chefes ganhando milhões em bônus por IPO em conseqüência dos programas que desenvolveu.

    Se o ‘joão-ninguém’ não for ousado e resolver divulgar seu trabalho de qualidade, essa situação vai se perpetuar. Qual é a alternativa, então? Desenvolver um programa reconhecidamente útil e disponibilizá-lo para todos em GPL. Os usuários comuns terão uma necessidade atendida e o público especializado poderá avaliar a capacidade técnica do ‘joão-ninguém’.

    Os investidores se baseam em relatórios feitos por especialistas para tomar decisões sobre a alocação de $$$. Exemplos práticos ( http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=414ASP008 ):

    ‘De acordo com a National Venture Capital Association Group, desde o início de 2004, investidores colocaram quase US$ 350 milhões em pelo menos 79 novas empresas lançadas, que tinham alguma coisa a ver com buscas na internet. (…)

    A Powerset recentemente recebeu um financiamento de US$ 12,5 milhões. O Hakia, que da mesma forma que o Powerset tenta criar um mecanismo de busca com ‘linguagem natural’, conseguiu US$ 16 milhões.

    Outros US$ 16 milhões foram para o Snap, que se concentra na apresentação dos resultados de busca de um modo mais atrativo e está fazendo experiências com um novo modelo de publicidade. E o ChaCha, que utiliza pesquisadores pagos que atuam como bibliotecários virtuais para fornecer respostas às dúvidas dos usuários, obteve US$ 6,1 milhões. (…)

    Acumular uma grande audiência tem sido o desafio para aquelas empresas que já têm antecedentes na área e recursos. É o caso do A9, mecanismo de busca da Amazon.com, que recebeu críticas positivas quando começou em 2004 e era operada por Udi Manber, um especialista em buscas famoso.

    Apesar de atividades inovadora e sucessos iniciais, o A9 conquistou só uma pequena fatia do mercado. Manber agora trabalha para o Google, como vice-presidente de engenharia.’

    Perguntas: Alguém já tinha ouvido falar de Udi Manber? Os ganhos dele se multiplicaram por quanto?

  8. A GPL, por causa de ativistas
    A GPL, por causa de ativistas do PT, passou a ter valor legal. Fizeram o favor de ignorar a comunidade BSD. Grato.

    É provável que existam alguns aspectos que se choquem com a legislação brasileira.

    (Aguarde o Eduardo Azeredo. Ele vem por aí. Ele tornará tudo pior ainda.)

    No entanto, todas a licenças que são certificadamente open source (OSI) são provavelmente passíveis de defesa legal com base em direito internacional. Mas eu não saberia dizer, com certeza. (Aí está outra vantagem legal da licença BSD – você vende como proprietário e tem as garantias).

  9. A Apple pegou um microkernel
    A Apple pegou um microkernel que estava estagnado (e ainda está) por parte do projeto GNU, que sequer teve a competência de fazer um kernel “comum” (i.e., sem quebra paradigmática, como um microkernel). A Apple explicou e documentou o que fez. A Apple enviou patches para o projetos original. E eu já falei as várias contribuições para o FreeBSD. Querer, agora, que a Apple ceda de graça para a concorrência o fruto de seu trabalho intelectual – para ser bem claro: pegar um projeto que orbitava havia anos em círculos acadêmicos e torná-lo um produto comercial, industrial e útil – é querer demais. Eu penso assim.

    O fato é que usuários defensores da filosofia do projeto GNU têm visão diferente. Do nosso ponto de vista, é perfeitamente bom e legítimo que o código-livre sob a licença BSD seja incorporada em software propretário. Não parece ser apenas nossa visão. O próprio Google tem liberado seu código sob licença BSD. Como eu já disse, os principais cases de sucesso e uso amplo de software livre têm licenças permissivas, que permitem incorporação em ambientes proprietários. Isso porque interessa essa difusão.

    Stallman, ao contrário, sonha contaminar “viralmente” tudo. Realidade: não está conseguindo.

    Imaginar que milhares de profissionais de software vão desenvolver código que pode ser copiado pela concorrência é sonhar. Imaginar isso num país como o Brasil, em que a política de software tem sido misturada com política _partidária_, como todos os que trabalham com software sabem – e eu participei de perto de muita coisa, acreditem – é ser simplesmente tolo. Como eu disse no post que o Nassif apagou (pode apagar issto se quiser, Nassif), há assunto para jornalismo investigativo, se quiserem…

    Numa comparação Linux X Microsoft, a verdade é que a plataforma Microsoft tem oferecido um grau de integração imenso de seus produtos para quaisquer vendedores independentes que estiverem interessados em vender para esse mar criado por práticas monopolistas. Até mesmo do ponto de vista técnico, a plataforma Windows oferece mais integração do que as livres (mas não me estendo aqui…) O problema é que muitos programadores de Linux são: programadores de sistema; administradores de redes; acadêmicos. Ainda há pouca gente no Mondo Linux que saiba o que é um escritório com perfeita integração de softwares para escritórios, organizando, abraçando e arquivando todo o fluxo de documentos. Ademais, conforme eu disse em outro post, desenvolver para Linux (comprar uma licença QT) pode custar mais caro do que ter uma licença de ambientes Microsoft (a Apple, ao contrário, oferece _toneladas_ para desenvolvedores, de graça). É necessário tornar as plataformas livres algo tão interessante para se desenvolver softwares quanto a da Microsoft. Não adianta o Linux entrar em empresas se não tiver os softwares de suporte. Pense, por exemplo, nas pessoas que trabalham na área de finanças e naquela profiusão de telas (embora o servidor rodando aquilo tudo UNIX Solaris). Acho que é uma boa imagem.

    Voltando ao licenciamento, os únicos casos de sucesso de GPL são: companhias que ganham dinheiro sob licenças-duplas; companhias que ganham dinheiro vendendo licenças por usuário (RedHat, SUSE); companhias que vendem serviços de instalação/manutenção; companhias que vendem hardware e comoditizaram o sistema operacional Linux para aumentar seus ganhos (ler Joel Spolsky); softwares para construir softwares (softwares de sistema – kernel, compiladores). Na verdade, são muitos casos de sucesso, mas sucesso mesmo – tipo livre – só o último.

    Há vantagens na licença GNU e há vantagens na licença BSD (algo que o próprio Stallman reconhece). O Stallman diz: quando se quer que uma tecnologia seja amplamente difundida, a licença BSD pode ser melhor. Foi o que aconteceu com a pilha TCP, por um tempo, conforme já se discutiu.

    O que eu desprezo sobremaneira são reações patelares de gente que não sopesou todas as conseqüências de uma opção. Não bastasse isso, hostilizam empresas que coperam com projetos de software livre. Só que, tais projetos e tais empresas não se subescrevendo à visão de mundo de Stallman, são religiosamente declaradas como culpadas de apostasia. Creio que demonstrei, comm base na própria seção de Perguntas e Respostas do projeto GNU, o porque da licença não ser adequada para o Brasil criar uma estratégia de serviços offshore. Não fui desmentido. Apenas, respondeu-se: aaaaah, eu _acredito_ em outra coisa. O PT vai insistir nisto e o PT tem ativistas pró-GPL. Contudo, eles não parecem ter tentado deduzir os corolários daquelas escolhas.

    A licença GPL tem sido usada para, como indicou corretamente um outro senhor, para introduzir “tecnologia disruptiva”, deslocando antigos colocados (exemplo: UNIXes proprietários – _embora_ alguns deles sejam mais sofisticados do que Linuxes – por exemplo, o Solaris – aliás, o próprio hardware da Sun era melhor), empurrando seu preço para baixo. Subseqüentemente, desloca-se a estratégia para: fechamento e obsolecência de código (“fork”, deixando o velho código deprecado e sem manutenção); licença dual, sendo uma GPL e a outra liceça proprietária; venda de manuteção e instalação de software GPLizado com licenças por-usuário.

    Ademais, desejo lembrar que quem colabora com um projeto GPLizado deverá _ceder_ seus direitos (copyright) do código. Todos os grandes projetos fazem isso. Para o OpenOffice, preenche-se um formulário. o Projeto GNU exige documentação por escrita (papel memso, etc.). Programadores do kernel do Linux, igualmente, assumem termo de compromisso de cedência do código e de boa-fé na confecção do código (isto é, que não copiaram código alheio). Os grandes e sérios projetos fazem isso porque, em última análise, o copyright é do autor. Portanto, ele deve cedê-lo.

    Isso introduz ainda outro pega-ratão com a licença GPL: ao ceder o copyrght do seu código para uma empresa ou projeto, você corre o risco de que _eles_ licenciem o _seu_ código sob licença dupla. Isso significa que _eles_ ganharão dinheiro com o _seu_ código, embalando-a numa venda com licenciamento proprietário. Que tal essa para quem queria um mundo de software GPLizado.

    Neste último caso, novamente há que se sopesar os prós e os contras. Pode ser que contribuir código para uma companhia que o terá liberado para você sob GPL seja vantajoso. No entanto, nada impede que esse código simplesmente desapareça. A imprensa de TI tem comentado o caso do software médico OpenVista e a empresa Medsphere. A Medsphere removeu sua bas de côdigo da SourceForge. Qualquer um detentor de copyright pode fazer isso. Portanto, espero ter demonstrado que o fato de um código estar sob a licença GPL não significa que ele não vá virar código proprietário. ã llicença BSD, ao contrário, esta possiblidade de fechamento está admitida desde o iniício. Uma parte não pode ser excluída. A GPL pode perimir um jogo +/-. A BSD, no máximo, um jogo +/0.

    Quanto a um outro senhor que perguntou “quem já tinha ouvido falar de Udi Manber?” A resposta é: qualquer um que goste de livros sobre algoritmos. Udi Manber escreveu um conhecido livro introdutório, bem famoso. Ele está “na praça” há décadas, não é um novato aventureiro mas um expert. Não é à toa que ele foi fazer o A9 da Amazon. Antes disso, era cientista chefe da Yahoo!

  10. Caro Guido Furioso:

    Se um
    Caro Guido Furioso:

    Se um empregado da Microsoft está satisfeito com o salário que ganha enquanto vê seus patrões ficarem estupidamente ricos com bônus, é uma escolha pessoal dele.

    O erro é querer generalizar o raciocínio. Existem desenvolvedores bastante competentes que desejam ganhar um pedaço maior desse bolo também, e é necessário que sejam reconhecidos pelo mercado – tanto pelos usuários comuns quanto pelo público especializado.

    O GPL é o caminho mais rápido para isso. Permite verificações, separar joio do trigo, estabeler reputações e poder batalhar – com maiores chances de sucesso – por investimentos. Para quem quer realmente ganhar dinheiro, sugiro uma visita ao National Venture Capital Association Group.

    Nos outros casos, comprar jornais com classificados de emprego. Como eu já disse, é uma escolha pessoal.

  11. Trabalhar com Linux não
    Trabalhar com Linux não qualifica ninguém para ganhar dinheiro com a Microsoft. Se um programador quer trabalhar na Microsoft, ele tem opção, se não estouu ennganado, de participação acionária. Portanto, se você estava sendo irônico, querendo dizer que eram explorados os coitadinhos (e querendo dizer que quem trabalha com GPL trabalha “para si mesmo”), acho que se enganou…

    Uma estratégia que eu acho inteligente é se tornar acionista de uma firma distribuidora de Linux se você é desenvolvedor (ou usuário). Pelo menos, se você trabalhar mandando patches, pode lucrar com isso (evidentemente, há ganhos indiretos – já mencionei isso antes).

    Aqui no Brasiil, tínhamos a paranaense Conectiva Linux, que depois foi consolidada com a fusão coma francesa Mandrake, tornando-se Mandriva.

    Pelo espírito anticapitalista e pela visão míope do PT, a Conectiva não foi escolhida para muitas instalações governamentais, tendo havido preferência por firmas estrangeiras (RedHat) ou Debian (totalmente gratuita, mas escolhida porque havia muitos militantes do PT simpáticos a esta distribuição, por motivos “religiosos.”).

    Um pouco mais de nacionalismo teria sido melhor…Tal como na Alemanha, onde o Linux dominante é da empresa SuSE.

  12. NASSIF

    Estive ontem com
    NASSIF

    Estive ontem com uma cartomante, mulher de um conhecimento cibernético espantoso, inclusive, está prevendo a compra do império da MICROSOFT pelo Brasil, ainda este ano, que me disse que Guido, o Furioso, o nosso Átila da WEB, é a reencarnação, ainda em vida, de BILL GATES. Assim sendo e sendo assim, sigamos em paz…

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