Desenvolvimento urbano sustentável na Holanda

Do IPEA

Iniciativas de desenvolvimento urbano sustentável em cidades holandesas

Meine Pieter Van Dijk

As mudanças climáticas tem forçado as cidades a desenvolver atividades mitigadoras e políticas de adaptação ao clima. Houve muitas iniciativas destinadas a alcançar o desenvolvimento sustentável, em geral mal coordenadas. Defendemos a seguinte abordagem para a sustentabilidade urbana: 1. Fechar o ciclo da água, a ligação entre os recursos hídricos, o uso de água potável e a reutilização da água tratada; 2. Gestão energética, reduzindo os gases de efeito estufa; 3. Minimização dos resíduos e gestão integrada do lixo; 4. Políticas integradas de transporte; 5. Objetivos referentes à justiça e equidade; 6. Envolvimento de todos os atores; 7. Integração do arcabouço de gestão urbana.

Como Rotterdam enfrenta essas questões em seu plano ‘Rotterdam à prova do Clima‘? A maioria das iniciativas são tomadas em nível de cidade, como a promoção de bairros ecológicos e esquemas inovadores de habitação. Frequentemente, essas iniciativas são apoiadas a nível nacional. As iniciativas a nível do domicílio dependem da urgência da questão e da conscientização das pessoas afetadas. Hoje, Rotterdam tenta ser uma cidade mais ecológica. Participa da iniciativa Clinton Climate e estuda a possibilidade de estocar CO2 na área portuária. Rotterdam quer ser à prova de clima em 2020 e tem políticas para evitar inundações pelo mar e pelos rios que a cortam. Dentro da iniciativa climática, Rotterdam pretende produzir 25 % a menos de CO2 e tentará estocar CO2 no subsolo. O uso de veículos movidos a bio-etanol e a construção de tetos verdes são estimulados.

Toda cidade precisa de água suficiente para a população e as indústrias e de instituições que assegurem o bom uso da água. A atual configuração na Holanda é complicada e a fragmentação das instituições torna difícil a gestão integrada da água a nível de cidade. Dada a necessidade de Rotterdam ter que lidar com os riscos ligados às mudanças climáticas, sugerimos uma abordagem de gestão integrada da água. O termo cidade ecológica pode ser usado para uma abordagem de gestão urbana que combine políticas hídricas e ambientais, com foco na sustentabilidade urbana de longo prazo. Essa perspectiva é mais ampla do que apenas tratar dos problemas ambientais ligados à água.

No website Rotterdam.nl, 3temas se destacam no link “vivendo em Rotterdam”, relationados ao meio ambiente: “verde”, “coletando resíduos sólidos” e “água”. Em “verde”, estão as medidas para tornar Rotterdam uma cidade verde e as atividades para tornar os espaços abertos das escolas mais verdes. Em “coletando resíduos sólidos” e “água” encontram-se informações sobre esses serviços urbanos. Nas cidades holandesas, o lixo é separado na fonte. A maioria dos domicílios faz sua própria compostagem e o município coleta separadamente papéis, vidros, produtos químicos, plásticos e resíduos dos jardins. Isso diminuiu a carga a ser coletada para incineração, abrindo portas para uma maior recuperação de matéria prima.

O que podemos aprender dessas experiências para construir a cidade ecológica do futuro? Como não existe uma definição do que seja uma cidade ecológica, precisamos chegar ao consenso sobre quais são os critérios importantes para a sustentabilidade urbana e eu enfatizaria o papel da participação social para assegurar que os parceiros trabalhem juntos para um futuro comum para a cidade. As cidades ecológicas do futuro exigem uma abordagem integrada e são mais do que sistemas hídricos urbanos fechados geridos ecologicamente. A gestão sustentável das águas urbanas é apenas o começo. Serão necessárias mudanças no comportamento dos consumidores e uma melhor gestão da água, da coleta e do tratamento de resíduos sólidos. A gestão da demanda da água (reduzir o consumo) pode ser um bom começo a nível de domicílio, assim como a separação na fonte e a compostagem doméstica são um bom começo para a gestão de resíduos sólidos ambientalmente amigável.

O desenvolvimento urbano significa forjar novas parcerias entre atores que em geral não trabalham juntos: funcionários do governo, ONGs e setor privado. Isso exige ‘capacidade de organização’ e habilidade para desenvolver uma abordagem integrada para as questões-chave enfrentadas pela cidade. Os problemas de poluição, resíduos sólidos e esgoto, agravados pelas mudanças climáticas demandam uma abordagem diferente de gestão urbana, se desejarmos construir a cidade ecológica do futuro.

As cidades ecológicas implicam na integração de diferentes abordagens e setores. Assim, as melhores praticas identificadas podem tornar-se políticas adaptadas e ser implementadas onde necessário. As autoridades locais são importantes para enfrentar os problemas globais e só conseguirão ter êxito se as comunidades locais forem envolvidas.

Luis Nassif

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