Grevistas da USP Leste exigem acesso a documentação

Jornal GGN – Professores, funcionários e alunos da USP (Universidade de São Paulo) Leste, em greve há quase uma semana em protesto ao risco a que foram expostos por conta da contaminação do solo onde foi construída a EACH (Escola de Artes, Ciências e Humanidades) divulgaram pauta unificada de reivindicações nesta quinta-feira (19).  O texto é uma sugestão de carta que será encaminhada ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e ao reitor da USP, João Grandino Rodas, conforme decisão aprovada em assembleia deliberativa realizada pela manhã. 
 
O grupo exige “acesso irrestrito a toda a documentação associada às questões ambientais da EACH”, além do afastamento imediato do diretor-geral da instituição, José Boueri Filho e do vice-diretor, Edson Leite. No texto, os manifestantes também responsabilizam o governador Geraldo Alckmin por não colaborar “para que as alternativas ambientais desenvolvidas para a EACH possam beneficiar a comunidade da região que eventualmente sofra desafios similares”, em referência aos moradores de bairros atingidos por acidente ambientais. 
 
A região leste da cidade de São Paulo era ocupada por empresas do setor industrial, acusadas de contaminação do solo, dentre elas a extinta cerâmica Keralux S.A e a Bann Química. Segundo dados do Mapa de Conflitos Envolvendo a Injustiça Ambiental e Saúde no Brasil, o solo da região está contaminado principalmente com HCH, um pesticida proibido no Brasil desde 1985. 

Assembleia aprova por unanimidade afastamento de diretor da USP Leste

 
A USP Leste também foi construída entre a várzea do rio Tietê e o bairro Ermelino Matarazzo, onde, há algumas décadas indústrias da região despejavam resíduos químicos.  O local servia como depósito de terras tiradas nos processos de desassoreamento do rio Tietê. Em junho de 2011, o diretor-geral do Parque Ecológico do Tietê, protocolou na Secretaria de Recursos Hídricos do estado de São Paulo uma notificação pedindo para que o diretor do Campos USP Leste parasse de tirar terra e entulho da área de concessão do parque, localizado na várzea do rio Tietê, portanto com alto nível de fatores contaminantes. 
 
A greve foi desencadeada após a notícia de autuação da universidade pela Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) por ter descumprido exigências de controle e despoluição do solo – dentre elas está a instalação de um sistema de extração de gases inflamáveis em todos os prédios.  A Cetesb deu 60 dias, a partir de 6 de setembro, para a USP atender às exigências de segurança. Enquanto isso, parte da instituição permanecerá interditada.
 
Leia abaixo a mensagem, enviada por Thomás Haddad:
 
 
Conforme deliberado na Assembleia de hoje segue sugestão de mensagem para ser enviada ao
 
Reitor ([email protected]) e ao Governador ([email protected]). É importante que seja mandada em massa. 
 
Bete e eu 
 
Título do e-mail: CUIDADO – USP Leste
 
Corpo da mensagem:
 
Exmo. Sr.
 
Dr. Geraldo Alckmin
 
DD. Governador do Estado de São Paulo, 
 
Exmo. Sr.
 
Prof. Dr. João Grandino Rodas
 
Magnífico Reitor da Universidade de São Paulo, 
 
Os funcionários docentes e não docentes e alunos de graduação e de pós-graduação da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da Universidade de São Paulo estão em greve. A pauta unificada de reivindicações destas categorias, definida e confirmada em suas assembleias, é a seguinte: 
 
1) Tornar seguro o nosso local de trabalho e estudo. Esta segurança deve ser garantida por todas as autoridades que sinalizaram os problemas ambientais da Unidade. Demandamos ainda acesso irrestrito a toda a documentação associada às questões ambientais da EACH de posse da USP (incluindo a Superintendência do Espaço Físico – SEF e a própria EACH), CETESB e demais órgãos. 
 
2) Afastamento imediato da Direção da EACH (diretor e vice-diretor) em respeito à decisão da Congregação Aberta realizada em 11 de setembro de 2013, ratificada nas assembleias das categorias, e instauração de processo administrativo para apuração das responsabilidades do diretor e do vice-diretor da EACH, do superintendente da SEF e do prefeito do Campus Capital da USP. 
 
A USP tem uma enorme dívida para com toda a comunidade da EACH, que jamais foi devidamente esclarecida sobre a verdadeira situação ambiental do local. Esse descaso é reconhecido até mesmo pela CETESB, que encerra nota à imprensa datada de 17 de setembro (em que lamentavelmente cancela a reunião de esclarecimentos que teria com esta comunidade) dizendo que “aguarda uma posição oficial da reitoria da Universidade São Paulo, da Superintendência do Espaço Físico – SEF e da própria direção da USP Leste, quanto ao cumprimento das 11 exigências técnicas formuladas no Auto de Infração de Advertência lavrado no dia 02/08/2013, relativas à apresentação de diagnósticos complementares de passivo de contaminação da área”. 
 
Insistentemente cobrada sobre o assunto, a direção nunca foi capaz nem mesmo de apresentar documentação sobre as terras que fez depositar na EACH em 2011. A SEF, por sua vez, chega a admitir textualmente que a licença ambiental de operação da EACH (já desrespeitada, ocasionando a autuação) foi obtida por “pressão superior”, para depois informar, laconicamente, que o documento em que apresenta essa confissão era apenas uma minuta. 
 
Ao Governo do Estado de São Paulo, também corresponsável por saldar essa dívida, cabe, ainda, colaborar para que as alternativas ambientais desenvolvidas para a EACH possam beneficiar a comunidade da região que eventuamente sofra desafios similares. 
 
Diante do exposto, solicitamos imediatas providências para resolução das questões que aqui se apresentam, para que a palavra CUIDADO não signifique risco, e sim atenção, dignidade e direitos para a comunidade que trabalha e estuda no campus.

Fonte: https://www.facebook.com/groups/413664395400449/permalink/416212871812268/

Redação

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