Não há linhas no Nordeste e no Sudeste chove pouco – VALOR ECONÔMICO

 

Enquanto o país volta a ser castigado neste mês por uma oferta de água inferior à média histórica na região Sudeste, onde estão as principais hidrelétricas, vários parques eólicos estão ociosos no Nordeste devido aos atrasos na construção das linhas de transmissão.

As chuvas mais fracas que as usuais, aliadas a um consumo de energia recorde na última semana em razão das altas temperaturas, obrigaram o Operador Nacional do Sistema (ONS) a ligar mais térmicas. Essas usinas são movidas a gás natural, diesel, óleo combustível e carvão, o que faz com que o Brasil fique mais dependente de energias não renováveis e mais poluentes.

A situação de abastecimento agravou-se na semana passada, quando o preço do megawatt-hora no mercado de curto prazo subiu 18%, para R$ 483, considerado um patamar crítico. Em janeiro de 2013, o preço da energia superou a barreira de R$ 500 por MWh, elevando os riscos de racionamento.

Estão previstos para entrar em funcionamento neste ano parques eólicos com uma capacidade instalada de 3,4 mil MW, cujos contratos foram vendidos nos leilões realizados há cinco anos. Mas, deste total, 422 MW não poderão injetar energia na rede elétrica nacional, ou 14% do volume planejado, devido à falta de linhas de transmissão, segundo a comercializadora de energia Comerc.

Segundo a empresa, se somadas as usinas eólicas, pequenas centrais hidrelétricas e térmicas movidas a biomassa (como bagaço e cavaco de madeira), estão previstos para entrar em operação neste ano 4,6 mil MW de capacidade instalada, conforme informações fornecidas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). No entanto, deste total, 721 MW, ou cerca de 15%, enfrentam algum tipo de restrição, como a falta de conexões com a rede elétrica (Sistema Interligado Nacional – SIN).

Segundo a presidente da Associação Brasileira de Energia (Abeeólica), Elbia Melo, os atrasos na entrada em operação dos parques eólicos prejudicam o país, mas não podem ser responsabilizados pelo acionamento das usinas térmicas. Essas usinas teriam de ser acionadas de qualquer forma para garantir o abastecimento, mesmo se as eólicas estivessem prontas. O volume gerado pelos parques ainda não seria suficiente para compensar a escassez na oferta de energia hidráulica neste mês.

O Operador Nacional do Sistema (ONS) precisou despachar cerca de 11,5 mil MW de energia térmica. Pelos cálculos da Abeeólica, os parques que estão atrasados somam uma capacidade instalada de 1,264 mil MW, ou apenas 10% do volume que está sendo gerado pelas termelétricas neste momento.

Metade das eólicas atrasadas também já começou a entrar em operação, disse Elbia. Cerca de 644 MW devem ser conectados à rede elétrica até meados deste ano. Portanto, pelas contas da entidade, o total de eólicas em atraso cairá para 620,8 MW até o fim de 2014.

A partir de 2015, esse problema deve estar resolvido, porque o governo só permitiu que fossem leiloados parques que já tivessem conexão com a rede elétrica a partir do ano passado. A falta de linhas de transmissão afeta os parques eólicos que venderam contratos nos leilões de energia realizados entre 2009 e 2011.

Redação

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