Luciano Hortencio
Música e literatura fazem parte do meu dia a dia.
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Ora, direis, ouvir estrelas!!!

OUVIR ESTRELAS

“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto…

E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”

E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”

(Poesias, Via-Láctea, 1888.)

Olavo Bilac

Luciano Hortencio

Música e literatura fazem parte do meu dia a dia.

31 Comentários

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  1. Nosso amor de ontem

    “Como um dia numa festa / Realçavas a manhã”

    ouvíamos com atenção o jovem baiano

    ainda acometido pelo lirismo

    inestirpável da juventude.

     

    Não dançamos, ouvimos: naqueles tempos

    dançar era uma atitude conformista

    como se um casal enlaçado conspirasse

    contra a revolução que não viria.

     

    Nesse dia nos apaixonamos às escondidas

    na clandestinidade de nossos desejos

    os revólveres apontavam para nossos

    corações eternamente comprometidos.

     

    O planeta desde então tem girado:

    nosso mundo se enriqueceu de supérfluos

    nossa intimidade corroída pelas contas

    da viagem no último verão.

     

    O velho poeta baiano, que cantava

    “Luz de sol, janela aberta / festa e verde o teu olhar”

    às vezes toca entre milhares de gravações

    no pen drive que soterra nossos sentidos.

     

    As memórias transformaram nossos eternos amores

    no amor de ontem, de um dia, naquela festa

    deluídos em nossos corpos de músculos

    flácidos, mentes entorpecidas pelo trânsito.

     

    Vejo as imagens disformes de um domingo

    corrompido pelas más ilusões, pela torpeza

    e a lembrança corta todo mal pela raiz:

    ainda aqui sou eu, estamos juntos, o pior

    não virá.

    1. Amigo Jair!

      Tendo em vista a importância dessa composição do George Israel e Paula Toller em cima de OUVIR ESTRELAS, do grande Olavo Bilac, bem como esse vídeo carecer de maiores informações tanto no título quanto em sua descrição, resolvi fazer uma edição com a poesia publicada pela Academia Brasileira de Letras. Espero que gostes!

      Abraço do luciano

       

      [video:https://www.youtube.com/watch?v=iodP0pDz-k%5D

      1. Valeu demais, Luciano! Custei

        Valeu demais, Luciano! Custei pra achar um vídeo menos kitsch pra trazer pra cá! Agora a moçada que estuda literatura brasileira dos colégios e faculdades tem uma opção boa de pesquisa, com sua contribuição!

  2. Pra não dizer que não falei

    Pra não dizer que não falei de… ESTRELAS (pedindo licença a Vandré) trago belo soneto do Espírito Bocage que, pela psicografia de Chico Xavier, do livro Volta Bocage, editado em 1947 pela Federação Espírita Brasileira, nos traz

    Soneto XII:

    “Estro frágil, sem louros, jamais tente

    Engrandecer em míseros cantares,

    Os imensos impérios estelares

    Do Teu Reino de Luz Resplandecente.

     

    Louvem-te a glória excelsa, eternamente

    Cánopus, Altair, Sírius, Antares

    Paraísos suspensos,  almos lares,

    Que balançam na abóbada luzente!

     

    Quem dirá dos mistérios que proclamas

    Em turbilhões de sóis, uno e disperso,

    Dos Teus castelos de sagradas chamas?

     

    Emudeçam as notas de meu verso!

    Glorifique-te o amor com que nos amas,

    Nas mais remotas plagas do Universo!

     

     

  3. O verme e a estrela

    Pedro Kilkerry foi um poeta simbolista baiano, redescoberto e republicado pelo poeta nosso contemporâneo Augusto de Campos. Seu filho Cid Campos musicou “O verme e a estrela”, cantado por Adriana Calcanhoto e falado por Augusto. Segue também a versão de Cid com seu pai.

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=iIPC5WpzbwU%5D

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=UkpRDScXdYM%5D

    Agora sabes que sou verme.
    agora sei da tua luz.
    se não notei minha epiderme…
    é nunca estrela eu te supus.
    Mas se cantar pudesse um verme,
    eu cantaria a tua luz

    E eras assim…por que não deste
    um raio brando ao teu viver?
    Não te lembrava azul celeste
    o céu, talvez, não pôde ser…
    mas ora enfim, por que nao deste
    somente um raio ao teu viver?

    Olho examino-me a epiderme
    olho e nao vejo a tua luz
    Vamos que sou talvez um verme
    estrela nunca eu te supus
    Olho examino-me a epiderme
    Ceguei! ceguei da tua luz.
     

     

  4. viajante estelar

     

                       LUA              

                       p * l  * e * n * a

                       ESTRELA    

                       g * u * i * a

                       TERRA         

                       p * a * r * a

                       NÓIA

    Rainbow by Lincoln Harrison on 500px

    Milky River From Pyramid to other ! by jamil ghanayem on 500px

    Wagon Decay by Aaron J. Groen on 500px

    Photograph International Milky Way by Aaron J. Groen on 500px

    Night Train by Aaron J. Groen on 500px

    Stars in Dead Vlei by Patrick Galibert on 500px

    Digital Photography School

        1. Não agrida nosso GURU!

          A versão não é dele e sim anônima… Conhecida por muita gente e como Dom JNS é muito sabidim, tive medo que ele a colocasse aqui….

          Nosso Guru es´ta inocente nessa… Por enquanto!!!

        2. A língua

                     A língua lambe as pétalas vermelhas
                     da rosa pluriaberta; a língua lavra
                     certo oculto botão, e vai tecendo
                     lépidas variações de leves ritmos.

                     E lambe, lambilonga, lambilenta,
                     a licorina gruta cabeluda,
                     e, quanto mais lambente, mais ativa,
                     atinge o céu do céu, entre gemidos,

                     entre gritos, balidos e rugidos
                     de leões na floresta, enfurecidos.

                     Drummond

        1. Maria Luisa!

          Carminha Mascarenhas interpreta três lindas composições de Tom Jobim, em um disco que tem a denominação EM CADA ESTRELA UMA CANÇÃO… tsc tsc tsc…

          1. Em cada canção uma estrela

            Lindo nome para um disco. Essas canções ja estão sacralizadas no tempo. O dia ontem não foi dos melhores, cheio de papéis e burocracia para resolver. Compromissos. As vezes lembro da fadinha Clara-Luz e que vontade de ir para outro mundo. Mas não fujo às responsabilidades. E estou mais para a bruxinha atrapalhada que para fadinha! 

             

             

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