A história dos ciclos dos executivos

Comentário ao post “O negociador comedor de fígado

O ciclo do “”homem do terno cinza”, o executivo que ficava 30 anos na empresa começando como office boy e chegando a presidente acabou nos anos 50. Novos ciclos surgiram com as primeiras ondas de fusões nos anos 60 que acabaram com o executivo “estavel”, os anos 70 conheceram a Era dos Conglomerados, simbolizados pela ITT que em dois anos comprou 400 empresas, desde os hoteis Sheraton à locadora Avis, sendo originalmente uma empresa de telefones e telegrafos. A partir do criador dessa Era, Horold Geneen, CEO da ITT, um bom executivo pode dirigir qualquer empresa de qualquer ramo, uma falacia mas que virou um dogma dessa Era, nenhum executivo estava mais seguro no cargo, era continuamente avaliado, as lealdades e camaradagens desapareceram.

As avaliações eram por trimestre, dois semestres abaixo da meta significavam a porta da rua.

Surgiram os head hunters, um troca troca de executivos aliciados no concorrente ou no mercado a peso de ouro, no sistema de técnicos de futebol no Brasil, uma porta giratoria onde sobreviviam os mais espertos e melhor enganadores, a industria dos “”curriculos enfeitados” que até hoje existe.

De 1974 a 1977 participei dessas reuniões a cada dois meses de avaliação de executivos em uma multinacional sediada em St.Louis, que tinha 150 subsidiarias pelo mundo. Cada uma era avaliada por cerca de duas horas ou se fosse maior por meio dia por uma batalhão de cabeças de planilha para ver se o executivo cumpria as metas. Errar para cima tambem era um defeito, signigicava que o executiva não sabia prever. Vi nessas reuniões, feitas em um auditorio tipo bunker executivos serem demitidos na propria reunião, por descumprirem metas trimestrais. A empresa é hoje uma das 50 maiores dos EUA e o antigo Chairman é considerado um ícone do business americano. Alguns grandes conglomerados sobreviveram como a United Technologies (motores Pratt & Whitney para aviões e elevadores Otis), a Rockwell Collins, a Raytheon

Os anos 80 acabaram com a Era dos Conglomerados e surgiu uma nova era, a da Globalização, com empresas americanos sendo compradas por europeias e japonesas. Surgiu tambem um novo ramo com um novo tipo de empresas, as do Vale do Silicio, região perto de San Francisco onde criou-se o gigantescom setor de tecnologia de informação.

Nos anos 90 surgiram os fundos de “private equity” onde investidores ricos juntavam bilhões de dolares para comprar empresas cujo valor de ativos era maior que seu valor na bolsa, compravam para retalhar e vender pedaços, alguns fundos, como KKR e financistas como Carl Icahan ganharam bilhões de dolares com esses desmanches corporativos. O filme de Michael Douglas “Wall Street” retrata essa Era.

Os anos 2000 foram a Era dos Hedge Funds, fundos superespecutaivos que geraram a crise de 2008, ainda não saimos dessa fase que está sendo reciclada com o fracasso dos “”hedge funds” que geraram grandes perdas a partir de 2008 até hoje não recuperadas. Os fundos superespeculativos giravam apenas com papeis, fundos puramente financistas, sem tocar em ativos fisicos.

Não saimos ainda dessa Era e hoje os EUA estão numa curiosa situação, economia de baixo crescimento e ao mesmo tempo com uma gigantesca liquidez, as 500 maiores empresas americanas estão com  US$ 9 trilhões em caixa, onze fundos de investimentos americanos tem mais de US$1 trilhão de ativos cada um, dois (Black Rock e Fidelity) tem mais de US$3 trilhões cada um.

Essa massa de recursos procura onde investir, restam poucos lugares no mundo, esse passa a ser o novo problema, o Brasil poderia ser o polo numero um mas preferiu optar por outra via perdendo um oportunidade literalmente de ouro para receber mais de um trilhão de dolares de investimentos em grandes projetos.

Luis Nassif

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