A solução para o capitalismo é o seu fim?

Por douglas da mata

Krugman chega perto do âmago do problema, mas não quer, ou não pode falar tudo o que sabe!

Não se trata apenas de uma luta ideológica no seio capitalista, embora esta luta seja um ingrediente importante.

Depois do fim do padrão-ouro, onde a ideia de acumulação de riqueza/dívida estava vinculada a uma grandeza física (metal), cominada ao fim das restrições ao setor financeiro, onde bancos de investimento, bancos de vaerjo, e tantas outras instituições, como corretoras, etc, puderam fazer tudo ao mesmo tempoo agora, os fluxos de capitais tornaram os aspectos ditos reais das economias totalmente descartáveis.

O importante não são as condições eocnômicas que gerem riqueza, e depois, prosperidade para o conjunto das sociedades, mas sim o quão rápido e livres estes fluxos circulam de lá para cá, deixando gordas taxas de arbitragem para seus interemediários, e montanhas de dinheiro para seus proprietários.

São as moedas (dinheiro e outras moedas: como o crédito ou as dívidas, como os cartões de crédito, e todas as sofisticadas formas de criação de ativos sem uma causa econômica real) que se fundem em fim em si mesmas, e não como referência de troca e valor.

Neste sistema, pouco importa o nível de empredo ou arrocho pelos quais passam as pessoas. Pessoas, neste sistema são efeitos colaterais.

Pelo contrário: neste sistema, o aviltamento do valor da mão-de-obra permite mais acumulação a quem detém o capital, e o problema da retração de demanda da demanda é resolvido pela criação de outras moedas fictícias (novas dívidas do consumidor).

Por óbvio, de tempos em tempos, temos cataclismas (crises cíclicas) onde mais um monte de gente fica á beira da estrada, enquanto os donos da banca recolhem o dinheiro que colocaram a disposíção dos incautos: Estados e pessoas.

O modelo pós Bretton-Woods é uma resposta ao perigo do empoderamento das classes trabalhadoras, e do assédio destas classes antagônicas ao capital nos eventos clássicos de crise de acumulação capitalista nos tempos onde tal concentração se dava pelo esquema da mais-valia/expropriação do trabalho.

Nestes tempo, os mercados financeiros eram um assessório(importante, é verdade), mas não tinham o papel central de hoje.

O mito do deus-mercado (o neoliberalismo) é a etapa superior da evolução histórica capitalista, um mutação inteligente, que retira o poder do trabalho, e da própria economia real, a dinâmica dialética que impunham as contradições capitalistas, resumindo países e pessoas a uma questão moral: quem pode e quem não pode se endividar, ou, você vai se endividar para quê?

O poder político decorrente destas escolhas é o que restou aos Estados Nacionais, acuados por regras e tratados de desregulamentação que lhes subtraíram o poder que decorre diretamente de sua ideia de soberania: o poder tributário! 

Ao invés de tributar o fluxo, os estados funcionam como leões de chácara, colocando nos eixos as conjunturas internas, para que este fluxo não se interrompa, pouco importando se pessoas comem ou trabalham.

Geram as crises sociais e ditam aos governos os limites dos recursos disponíveis para cuidar dos efeitos destas crises!

O custo político, ironicamente, recai sobre o Estado e a política e seus sistemas representativos. Quando tudo está bem, é o mercado e a liberdade destes fluxos que gera bem estar. Quando tudo está mal, a culpa é da política.

Mais ou menos quando perguntamos aos gnósticos por que deus, que tudo sabe, tudo pode, e está em tudo, deixa que nasçam e vinguem Hitler ou assassinos em série, como o de Newtow, nos EEUU? Livre arbítrio, dizem. Ué, mas como o arbítrio é livre se quem lhe deu sabe antes o que você vai escolher? Ou seja: quando tudo está bem, graças a deus, quando vai mal, graças a nós e nossas escolhas! Um milagre do oportunismo, não?

Porque nos tempos de frouxidão, propositalmente confundida com prosperidade, todos se esquecem do que passaram, e não raro esquecem de procurar as causas de sofrimentos pretéritos.

A tese dos austerianos serve a nada menos que justifcar ideologicamente, e culpar os Estados e pessoas por terem feito parte deste sistema, algo como: perdoa-me por me traíres.

Talvez chegue a hora de entendermos que a solução para o capitalismo é o seu fim!

Mais ou menos como é sempre chegada a hora de, simbolicamente, matarmos nossos pais, papai-noel e por fim, deus!

Luis Nassif

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