As cotas sociais e o senso comum

 

Qual deveria ser  a diferença entre um jornal e um comentário de rede social? A profundidade da análise, é evidente. Supõe-se que, com mais capacidade financeira do que meros comentaristas de redes ou blogs, os jornais desenvolveriam capacidade maior de análise, sobrepondo-se ao festival de lugares comuns que invade as redes sociais.

Mas não é assim.

Desde que surgiu a Internet e os âncoras de TV e rádio ganharam expressão,  a maneira dos jornais se diferenciarem foram… imitando-os. As matérias passaram a ser bem curtas e o chamado colunismo fast-food a emular o senso comum. E tudo isso sem os recursos dos links e dos ALT TABS.

É o caso da coluna de hoje na página 2 da Folha sobre as cotas na USP.

Hoje em dia há um mundo de literatura sobre o tema. A começar dos estudos da Unicamp mostrando que o aluno de escola pública que entra na Universidade já passou por uma seleção natural no seu meio. Chega com um nível um pouco abaixo dos colegas de escolas privadas. Mas em pouco tempo supera a diferença, porque a Universidade não é apenas um meio de obtenção de diploma, mas a saída para superar a miséria ancestral da sua família.

Entendido isso, vamos à jóia do pensamento kameliano (de Ali Kamel, da Globo) inserida na página 2 da Folha.

“A primeira é qual a forma mais eficiente de uma universidade pública promover justiça. A questão não é retórica, principalmente no caso da USP, sustentada por um dos impostos mais regressivos do país, o ICMS.

Se na origem da iniquidade está a falta de desenvolvimento econômico e institucional –e não a seleção universitária–, a melhor forma de construir bem-estar talvez seja amplificar a produção de tecnologia, inovação, processos, reflexão, política pública e profissionais de qualidade”.

Trocar o balde sob a goteira deixa o chão seco, mas o furo permanece”.

Sofisma 1 – se é o imposto mais regressivo, significa que é  preponderantemente bancado pelos mais pobres. Portanto não procede o argumento de que, ao ampliar as cotas para os mais pobres, a USP esteja afrontando os princípios de equidade fiscal.

Sofisma 2 – Cria um falso dilema entre aumentar as cotas ou amplificar a produção de tecnologia, inovação etc. As duas iniciativas são excludentes apenas para reforçar o argumento da colunista. Provavelmente se os cursos de jornalismo fossem mais exigentes, o raciocínio dos formandos não seria tão simplificadamente binário.

“Outra incógnita é se é justo, de fato, o novo modelo de seleção. Sabemos quem vai perder sua vaga para negros, índios e estudantes de escola pública? E se forem desbotados pobres cuja família se sacrificou anos para pagar uma escola particular?”

Sofisma 3 – É fantástico! Segundo a lógica, estudam nas escolas públicas apenas os desbotados pobres cujas famílias não se sacrificaram para pagar escola particular. A atual geração de jornalistas formou-se passando pela USP antes do advento das cotas. Será que sua formação amplificou “a produção de tecnologia, inovação, processos, reflexão, política pública e profissionais de qualidade”? Será que sofisticou sua capacidade de análise? Será que conseguiram entender o mundo de forma mais complexa, a ponto de conseguir avançar além do raciocínio binário?

“Premiar a origem sobre o desempenho, ainda que de forma parcial, desvaloriza o empenho. Está claro o impacto dessa mensagem?”

Sofisma 4 – está claro o impacto da mensagem: completa ignorância sobre os componentes da desigualdade. Qualquer pensador consistente – seja liberal, populista, marxista – sabe que a base da desigualdade está no acesso às oportunidades do ensino. Eles podem discordar em vários pontos (imposto sobre heranças, tributação do capital, políticas de transferência de renda) mas são unânimes em considerar a igualdade de oportunidades na educação como pilar de uma sociedade menos desigual. Além da obviedade de que o aluno de escola pública que conseguiu chegar à Universidade – ainda que à custa de cotas – disputou a vaga com milhares de outros alunos e passou, graças ao seu empenho. Está clara a mensagem?

“Mais um ponto: se a universidade hoje já não é capaz de facilitar o progresso dos menos ricos com cursos noturnos, moradia, livros e refeições suficientes, como vai apoiar e fortalecer os novos ingressantes?”

Sofisma 5 – através de artigos mais elaborados e críticos analisando a razão desse apoio não funcionar e exigindo melhorias no atendimento. É assim que as políticas são aprimoradas. Veja o caso da inclusão de crianças com deficiência na rede pública. Pensadores binários diziam: se a escola pública não consegue atender os sem deficiência, como atenderá os com deficiência? Aí veio o Ministério Público Federal e passou a exigir que as escolas se preparassem. Hoje em dia existem 800 mil crianças com deficiência sendo atendidas. Se a lógica binária prevalecesse, estariam ao léu.

“Por fim –já que, entre tantas reformas importantes, resolveu-se mexer na seleção–: manter critérios do século 19 (que nem sempre avaliam o raciocínio, mas a memória) é a forma correta de atrair os alunos com maior potencial de melhorar o país?”

Sofisma 6 – Mas uma vez o pensamento binário, “ou”, “ou”, para uma lógica que evidentemente, obviamente, é “e” “e”. Não há nenhuma relação de causalidade entre o modelo de prova e as cotas. É um argumento tão irrelevante quanto dizer que “se o prédio da reitoria está mal cuidado, não pode haver cotas sociais”.

“Não há dúvida de que a USP tem boas intenções. Mas o inferno, dizem, está cheio delas –e o uso populista e inadequado de recursos escassos é uma das vias mais rápidas até lá”.

Sofisma 7  – Os recursos aplicados serão os mesmos, apenas alguns alunos serão diferentes. Os melhores alunos cotistas, os que mais se esforçaram, os mais promissores, tirarão as vagas dos piores alunos não cotistas, e se juntarão aos melhores alunos não cotistas. Tenho certeza de que um aluno de favela, se cursasse a Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, na qual me formei, traria uma experiência de vida que lhe permitiria desenvolver raciocínios muito mais consistentes do que alunos que entraram sem se esforçar, formaram-se sem fazer força, e escrevem sem pensar. De más intenções reforçadas por pensamentos binários, o jornalismo está cheio.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/226144-a-usp-no-rumo-do-inferno.shtml

Luis Nassif

65 Comentários

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  1. Ótimo texto, Nassif!

    Há muito tempo não vejo um texto como esse. Excelente, Nassif. Um grande abraço a você – que disse tanto, com tão poucas palavras.

  2. entender a vida

    Além do mais a inclusão de alunos carentes na Universidade eleva a autoestima de toda a sua família, trás p/ o dentro do núcleo familiar uma nova relação de orgulho e estimulo por progredir. Esses jornalistas mauricinhos tem que enter que a vida não se resume em puxar o saco do patrão e usar dois neurônios.

  3. De uma pesquisadora

    De uma pesquisadora americana, Kathryn Patricia Cross:

    Em última análise, a tarefa do professor excelente é estimular as pessoas “aparentemente comuns”  a fazer um esforço incomum. Em quê os relatórios sobre a reforma da escola tem contribuido para esse objetivo? Em primeiro lugar,  surpreendentemente se dá pouca atenção às “pessoas comuns” nos relatórios de reforma escolar. A conclusão direta que deles sai é que a crescente onda de mediocridade é produzida por um número embaraçoso de pessoas comuns. Professores das faculdades são aconselhados a selecionar os melhores candidatos, faculdades são incentivadas a subir o padrão exigido para ingresso e o governo federal é convidado a oferecer bolsas de estudos para atrair para o ensino aqueles que se formam no nível superior. Não se fala muito nos relatórios sobre como estimular o esforço incomum de pessoas comuns com as quais,  parece, estamos nos confrontando nas escolas e na maioria das faculdades. O difícil problema não é o de  identificar os vencedores; é o de tornar vencedores as pessoas comuns. Este é, afinal, é o grande objetivo da educação. Ainda assim, historicamente, na maioria das épocs em que se enfatiza a excelência, a educação foi convertida na atividade de selecionar vencedores, ao invés de de criá-los.

  4. Artigo para ficar na memória

    Artigo para ficar na memória e nos arquivos. É desse tipo de embate/debate que precisamos. Além da desconstrução dos frágeis argumentos publicados pelo “articulista” do jornal, Luís Nassif poderia lembrar que, além do carácter regressivo do ICMS (que financia a USP), tem havido um corte contínuo das verbas destinadas ao financiamento das universidades públicas paulistas; a tucanagem alterou a legislação de modo que onde se lia “devem ser aplicados no mínimo X%” agora tem a redação “devem ser aplicados no máximo X%”, ou seja, o que era piso virou teto. Essa é a política educacional defendida pelos veículos da imprensa e pelo articulista criticado por Nassif. Essa é política educacional defendida pelos tucanos, pelos neoliberais-conservadores e pelos reacionários.

  5. Egoísmo

    Quem frequentou um curso na USP – como eu, que ingressei em 1970, na História -, sabe o que isso significa para toda a vida. Toda argumentação de Kamel é em torno da “desvalorização” da USP. Mas, pergunto, “desvalorização” pra quem? Para aqueles privilegiados que sempre a frequentaram? Para o único negro da minha turma de 130 alunos?

    Mudou, Kamel, não tem mais volta.

     

  6. A nova articulista da Folha

    Ao ler hoje a coluna da nova articulista da Folha, tive confirmada a pobreza de conhecimentos e o primarismo servil de boa parte do atuais colunistas do jornal. Ia escrever à ombudsman comentando a falsidade dos argumentos apresentados,  mas, ultimamente, parece que ela trocou tal posto pela  posição de “defensodoria” da redação. Felizmente o Nassif, de maneira simples e inteligente, desfaz as falácias que desperdiçaram um espaço supostamente nobre.

    josé maria

    (Para que não haja dúvida: sou professor aposentado da USP) 

  7. Excelente texto, mas vamos convir:

    o texto original é tão boçal debaixo de uma camada muito fina de verniz pseudo cultural, que não deveria merecer tanto tempo do LN e nosso lendo.

    Mas não deixa de ser um bom exemplo do manual de transformação para o HOMO BOÇALUS tão esperado pelos donos da mi(r)dia “brasileira”.

    E se a tal Ana Estela de Sousa Pinto estudou na USP, ela é mais uma prova cabal da decadência terminal desta que foi a melhor universidade do Brasil.

  8. Gastos excessivos

    Faltou dizer  sobre os gastos excessivos da USP com os salários e aposentadorias de professores e servidores. Segundo a Folha divulgou (depois o assunto esmoreceu), tem intelectual ganhando 40 mil por mês entre perudicalhos e aposentadorias. A USP gasta mais de 100% de seu orçamento em salários e aposentaodrias. Gente que ganha mais que o governador. FHC (Aquele sociologo que inventou o fator previdenciário para os aposentados do povo) recebe cerca de 22 mil como aposentado. A articulista nem tratou desse assunto relevante, dessa falta de transparência dos gastos das universidades públicas. A Folha só publicou porque entrou na Justiça e conseguiu as informações. Caso contrários os”mestres” permaneceriam sem ser incomodados com esses ganhos talvez legais mas, inegável, são imorais .

  9. O justo e o racional

    Com certeza muita retórica pode ainda ser gasta para provar que cotas são boas ou ruins. Afirma-se que a meritocracia não é justa. E de fato não é. Mas se esquecem que a meritocracia não é um princípio, mas um método de gestão. Seu propósito não é fazer justiça, mas obter um resultado.

    Contudo, a meritocracia não é justa, ela é racional. Se os cursos superiores são distribuídos entre aqueles indivíduos com melhor capacidade para cursa-los, eles formarão melhores profissionais, e melhores profissionais trabalham melhor e fomentam mais progresso, beneficiando a todos, inclusive aqueles que jamais passaram pelos bancos de uma universidade. Não se subverte impunemente aquilo que é racional e cientificamente comprovado: se uma vaga for retirada de um aluno com melhor desempenho acadêmico e dada a outro aluno com pior desempenho acadêmico, em algum nível o ensino decairá naquela instituição. Os profissionais formados serão piores, seu trabalho será menos eficiente, gerará menos progresso para o país e isso prejudicará a todos, inclusive aqueles que jamais passaram pelos bancos de uma universidade. Não há como escapar disso. O que pode acontecer é que essa queda de nível não seja perceptível: afinal, o funil que conduz ao ensino superior no Brasil já é tão estreito, que penso que o nível acadêmico, e mesmo o nível social de cotistas não é muito diferente dos não-cotistas. Se for assim, a política de cotas pode cumprir seu papel de peça de propaganda sem danificar irremediavelmente o ensino superior público.

    Mas se forem criadas cotas e mais cotas, penso que todos aqui sabem muito bem o que vai acontecer: o ensino superior público no Brasil ficará tão ruim quanto é atualmente o ensino médio público. No dia em que isso acontecer, ter dinheiro para cursar uma boa faculdade privada será o único meio para quem quiser obter um emprego decente. 

  10. Bem desmontado o argumento de

    Bem desmontado o argumento de Kamel, Nassif! E não imagina-se que Kamel possa ter opinião diferente. Kamel é privatista, elitista e exclusivista.

  11. Uma observação.

    Uma observação.

    Nassif!

    Meu Professor de Licenciatura na Faculdade de Educação da USP alertava a gente sobre um detalhe: a diferença entre igualdade de oportunidades e igualdade de condições.

    Igualdade de oportunidades hoje nós podemos dizer que há. Todos podemos prestar o vestibular da USP, bem, mais ou menos ou mal  formados quase todos os jovens estão terminando o segundo grau.

    É saudável diferenciar estes dois termos:

    Falemos de igualdade de condições e não igualdade de oportunidades. 

    Se nós tivéssemos em todo lugar colégios como o Bandeirantes e cursinhos como o Poliedro não significaria que teríamos dado a igualdade de condições para todos. 

    Quando um/uma jovem da periferia precisa acordar até 5 horas antes do horário de aula para chegar na USP ele(a) não tem a mesma condição do aluno que vai de carro, acorda e sai de casa próximo do horário da aula. 

    Uma lembrança:

    (Lembro de uma amiga da USP que morava no meio da Serra do Mar, naqueles bairros periféricos perdidos na Rodovia Anchieta. Imagina acordar por volta das 3 horas da manhã e fazer uma verdadeira Romaria para chegar na USP?)

    Quando o aluno de Medicina pobre não tem condições de comprar o último manual de Anatomia ele não tem a mesma condição do aluno rico, apesar da igualdade de oportunidade de estudar na Medicina – USP.

    Igualdade de condições é essencial. E passa desde o período de gestação de uma pessoa no ventre da mãe,  da alimentação e exames pré-natais da Mãe, da amamentação e alimentação adequadas, das condições de moradia do estudante, da qualidade da escola que uma pessoa frequenta, do ambiente familiar/ intelectual que está inserido, e assim por diante. 

    Quando se camufla o discurso para a suposta “igualdade de oportunidades” se escamoteia as realidades distintas entre os mesmos concorrentes para um curso ou concurso. Se dá por aceita uma Tese Neoliberal e meritocrática por excelência sem notar. 

    Porém, fique claro, nada tem de verdadeiro o melhor aproveitamento e vocação de um estudante de classe A em detrimento de um da classe D numa Universidade Pública pelo fato dele ter uma condição financeira melhor.

    Numa Universidade o que conta é a entrega ao curso, o interesse em aprender, gostar do que está estudando, participar dos debates e das reflexões, e a superação. 

    1. Tem toda razão, mas ai

      Tem toda razão, mas ai entra-se em um paradoxo pois igualdade de condições nunca haverá.

      Serve para avaliação e ponderação de cada caso.

      Ou então o melhor a se falar é em tentativa de se igualar as oportunidades para as condições que são notoriamente adversas.

      1. Com certeza Daniel não

        Com certeza Daniel não existirá igualdade de condições perfeita.

        Possibilitando amenizar as diferenças/desigualdades sociais damos uma passo para uma disputa mais justa no vestibular da USP e demais universidades públicas. 

        Hoje é menor o fosso entre o aluno da classe A e B e os da C e D (a classe E, talvez, só em raríssimos casos – numa excepcionalidade de um superdotado, talvez, chegasse a estudar lá). Há maior penetração de alunos de classe C e D sem cotas lá. No meu tempo era pouca a chance de se estudar na USP sem ser da Elite (excetuando os cursos de inclinação para a Licenciatura/magistério – com grandes chances de ser Professor). 

        Vou contar uma pequena passagem do meu tempo. Primeiro ano de Geografia em 1990. Para falar um pouco das desigualdades de condição no aprendizado, um caso real em nível superior.

        Chegaram na sala de aula algum tempo depois do início do primeiro semestre dois rapazes um pouco mais velhos.

        Vieram até a Secretaria da Faculdade para perguntar sobre o ingresso na Pós-Graduação. Tinham feito faculdade de Geografia num curso noturno em Guarulhos de 3 anos e meio. Juro para você! A resposta da secretaria para eles: – se vocês quiserem podem começar a Graduação novamente, temos vagas no curso de Graduação em Geografia, creio que por desistência de alunos, porém, o currículo de vocês não valem de nada, nenhuma das matérias vocês poderão pedir equiparação e/ou deixar de cursar.

        O quanto ainda não temos esta realidade, não é verdade?

        Abraço,

        Alexandre!

  12. Nenhuma cota é boa pois

    Nenhuma cota é boa pois indica a falencia do ensino da nação que opta por ela.

    agora se deve haver cota, o unico caminho aceitavel é o criterio social

    A razão é simples e pratica, se negros são os mais pobres, logo serão cobertos por ela.

    O que não agrada na cota social junto a esquerda, é que não da para fazer média e criar guetos eleitorais.

    O acordo da esquerda com o movimento negro é simples, ela encampa o discurso abjeto dele de pertencimento racial e eles funcionam como cabos eleitorais dela.

    O Jean do PSOL coitado já sentiu na pele o tamanho do radicalismo e da demencia desses grupos.

    Foi massacrado em um tal de evento da “mulher negra ” e nos acontecimentos sobre o debate da menoridade foi afrontado por uma porta voz deles ( ao tentar conseguir a entrada deles na galeria!!!!!!!!!!!! ) como sendo alguem ” suspeito e não apropriado ” para apoia-los devido ser um (pasmem!!!!! ) racista…kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

    Cota social é o unico caminho, o resto é demagogia , bem intencionada quero crêr mas de boas intençoes o inferno esta repleto… 

    1. Concordo plenamente

      O critério econômico é muito mais objetivo que o racial. Num país mestiço, corre-se o risco de criarmos comitês de avaliação para saber quem é merecedor do benefício e quem não é. O que seria um contrasenso: uma medida para desmontarmos o discurso racial, acabar por acirrá-lo.

      Afinal, o benefício deve ser para todos os que necessitam: negros, brancos, índios. O objetivo não é uma Pátria Educadora num País de Todos? Ou vamos manter o discurso “nós” e “eles”.

  13. Parabéns por desmistificar sacripantas

    Nassif,

     

    Seu texto claro e brilhante lavou nossa alma da poluição pseudo intelectual de sacripantas (hipócritas) da mídia. Comparo os textos desses sacripantas com um texto de um palpiteiro que escreve coisas a esmo usando o fígado e não o cérebro.

  14. Cotas

    Srs

    Sou contra todas as cotas sejam socias, racias, etc… A meritocracia é que deve imperar. Além do mais se quisessem mesmo melhorar o nível educional da população de menor nível social melhoravam a escola pública.

    Além do mais não existe clausula pétrea que diz que : Todas são iguais perante a lei sem distinção de sexo, raça, religião, classe social , etc. Ou isso foi revogado ? Alguns vão argumentar as cotas são justas. Eu pergunto : Há justiça num país que não se respeitam as leis ?  Acho que não.

    O resto é mera  consequencia.

    1. Você não passaria em nenhum

      Você não passaria em nenhum teste méritocratico de comentarista. Só consegue comentar porque não tem vestibular para comentaristas. 

  15. Igualdade Inútil.

    Educação Infantil, Ensino Fundamental no máximo, é onde deve começar a igualdade de oportunidade e de condições, como alguém já comentou. Na Universidade infelizmente já é tarde demais. Qualquer bom professor ou pedagogo sabe disso, a neurociência esta comprovando isso. Qualquer debate sobre “cotas” em Universidades serve apenas para tirar o foco do problema verdadeiro, que é a péssima qualidade do ensino no Brasil desde (e principalmente) a infância. O resto é exceção, exceções não são exemplos e não resolvem problema algum.

    1. Fala sério. O menino que

      Fala sério. O menino que passou pela escola pública, enfrentou todas as vicissitudes, disputou as cotas do vestibular e conseguiu passar tem o cérebro comprometido? Você é que tem. 

    2. Inútil é escrever um

      Inútil é escrever um comentário tão sem fundamento como esse. Utilizar como argumento contra as cotas o fato de que o ensino público básico é deficiente mostra um desvio do foco. Ao contrário do que você afirma, qualquer um, em qualquer idade, é capaz de aprender e superar deficiências. Semprei freqüentei escola pública e por ter de trabalhar desde os 15 anos, sempre estive defasado (em termos etários) desde a 5ª série; essa defasagem etária (que era de 5 anos na 5ª série e que chegou a 8 quando entrei na faculdade, aos 26) jamais me tornou um aluno inferior aos demais. Meu desempenho sempre esteve acima da média. Já flertei com esse raciocínio raso contra as cotas, mas ele é enganoso. Se as cotas não são a solução definitiva, elas a solução imediata viável e dão mais oportunidades àqueles que foram excluídos e marginalizados (por razões sócio-econômicas), de freqüentar uma faculdade pública de qualidade. Em tempo: sou profissional na área de ciências exatas.

    3. Todos sabemos que a educação

      Todos sabemos que a educação no Brasil sempre foi tocada de maneira perversa. A saber: antes, quem entrava nas faculdades públicas era que tinha estudado nas melhores escolas particulares. Com as novas políticas, permite-se que quem não teve essa oportunidade, tivesse pelo menos o acesso à essas faculdades. Daí pra frente, passaria a depender do próprio esforço.

      Também se sabe que o ensino médio e o fundamental são extremamente deficientes, mas para resolver todo o problema, tería-se que eleger prioridades. Foi o que aconteceu.

      A propósito, o ensino fundamental e o médio, até onde eu sei, é atribuição dos governos estaduais.

  16. Sobre opinião e apuração jornalística

    Dr. Geraldo Bonadio, jornalista e advogado, escreveu-me em 2009 (e me autorizou a divulgar isso):

     “Há no ensino de Jornalismo problemas sérios que precisam ser enfrentados. Temos escolas de jornalismo funcionando em cidades nas quais não há mercado para profissionais do ramo. Não existe no Brasil, ao contrário do que ocorria e, creio eu, ainda ocorre nos Estados Unidos um diálogo constante entre escolas e empresas para definir qual o número de profissionais a ser formado num determinado período, consideradas as perspectivas do mercado de absorvê-los. Há professores da área com excelente titulação acadêmica e pouca ou nenhuma vivência de redação. Não temos jornais laboratórios que funcionem como deve funcionar um jornal: circulação periódica, numa cidade determinada ou ao menos numa parte dela, com leitores que os recebam periodicamente e possam interagir com que os produz.

     Não são problemas específicos da área de comunicação social, afetando em maior ou menor grau o ensino universitário como um todo. Mas enquanto não forem sistematicamente enfrentados, o diploma, por si só, não ajuda muito.

     Segunda feira no Roda Viva, o jornalista Gay Talese lembra a importância de o jornalista ir ao local em que certo fato ocorreu e conversar com as pessoas afetadas. Não só a autoridade engravatada que vai jurar que tudo está normal, mas as pessoas que estão sofrendo com falta de segurança, de transporte, de medicamentos. Isso exige tino (as pessoas do povo não estão habituadas a conceder entrevistas e é preciso muito jeito para conseguir que elas contem a história que se deseja ouvir), paciência, paixão na busca pela verdade e, depois, talento para se organizar esse material numa narrativa de boa qualidade. No caso do Talese, a reportagem tem um acabamento de nível literário.

    São características que a pessoa deve empenhar-se em desenvolver, com ou sem ajuda de um curso de jornalismo, para exercitar com fidelidade e competência as missões de informar corretamente e opinar com consistência. “

  17. Inferno na redação

    Obrigado, Nacif, pela caridade, sobretudo paciência, de dizer algo sobre o que está muito abaixo da crítica. E, embora não mereça uma atenção sequer, irrita e ofende profundamente pela desqualificação onde se espera exatamente o oposto.

  18. Difícil dizer em que

    Difícil dizer em que Sanatório a Folha tem sido produzida e rodada e a qual Sanatório aquele jornal se destina.

    Felizmente não frequento nem um nem outro.

    Ser leitor da Folha já se tornou algo equivalente a um atestado de insanidade mental.

    Não preciso disto, tampouco leio a Folha para dizer que estou informado.

    Quando os malucos difundem informações loucas a desinformação se torna a Pedra-filosofal da sapiência curativa. 

  19. Esta você foi brilhante.

    A grande ilusão professada por todos os políticos e seus partidos até hoje é de que a educação é uma prioridade para eles. Esta ilusão se torna macabra quando governos sucessivos se limitam a deixar cair migalhas de suas administrações dando toques de crueldade na condução deste quesito que, ao meu ver, seria junto com a saúde e a segurança, o tripé fundamental de qualquer sociedade. O maior exemplo que podemos citar é o caso da Coréia do Sul que na década de 1950 era uma país pobre muito abaixo do nosso e hoje, após investimento maciço em educação, tornou-se um gigante da tecnologia de ponta. Se disserem que são um país pequeno, digo sim, mas nós somos gigantes em tudo, inclusive nos recursos, por isso somos a oitava economia do mundo, mas não dispensamos o devido apoio ao desenvolvimento educacional. Aqui se falou da USP que já é a ponta da pirâmede, mas o fato é que o maior investimento que deveria ser feito pelos governos seria na base, do jardim ao colegial e assim todos chegariam nas “USPs” altamente preparados. Em minha opinião o ensino deveria ser Federalizado, mas isso é outro assunto. Nassif, esta você foi brilhante.

  20. Nassif, eu e muitos outros estudamos na USP na década de 70

    Tive muitos colegas que vinham de famílias pobres, trabalhávamos de dia e cursávamos faculdade à noite, ou estudando de manhã, trabalhávamos à tarde e à noite. 

    Alunos do interior de SP ainda mandavam dinheiro para os pais, ajudando na criação dos irmãos menores etc.

    A população cresceu muito. Uma parcela muito maior de jovens quis continuar os estudos: direito deles

    O vestibular da FUVEST elitizou-se num tanto, impedindo o acesso,  que deixou de pretender alunos de nível médio para peneirar alunos de escolas privadas de elite de SP (e de alguns outros estados) que visam tão somente à USP (FUVEST). Assim, elas adestram , em conluio com os Anglos, Poliedros, e outros cursinhos aos quais não farei referência para não divulgá-los ainda mais- para mim são excrescências do sistema educacional no Brasil. Servem a uma elite que “merece” entrar na USP.

    O que fazer com os conhecimentos exigidos para áreas de humanas que são fundamentais mas não para humanas? O que fazer?

    E assim por diante.

    Há alunos excelentes, em seu todo, no aspecto global do conhecimento, e que JAMAIS conseguiriam entrar na USP com esse vestibular FUVEST, por exemplo.

    Repensar a porta de entrada na USP.

    Repensar o currículo do ensino médio .

    E mais ainda: repensar o currículo de muitos cursos das faculdades da USP, já obsoletos, estagnados didaticamente etc;. etc. que acabam expulsando da universidade os que, mesmo conseguindo entrar ali, não dão conta de segui-los hoje. Muitos desses cursos não acompanham avanços que já vêm ocorrendo em muitas universidades no mundo inteiro.

    Cotas, cotas, oportunidades… a educação tem que ser mais que isso.

    Sou a favor de cotas sim  De todas.

  21. Excelente Nassif

    Some-se a tudo isso uma imprensa partidarizada que distorce  qualquer materia, mesmo aquelas produzidas pelos mais bem formados jornalistas. 

  22. Erro de visão sobre o problema.

    Minha humilde e massacrada opinião: o estudo só leva a uma vantagem real no processo de melhora do padrão de vida se a ele vier atrelado oportunidade de emprego na profissão alcançada, todos sabem que está cheio de pessoas com nível superior por aí vendendo cacchorro quente ao invés de exercer sua profissão, está cheio de gente por aí que termina o nível superior e sequer consegue interpretar um artigo simples ou dominar parcialmente a língua portuguesa. O que se tem que fazer é dar oportunidade de emprego com salários dignos para todos, só isso levará a uma real redução de desigualdade, só uma economia forte e bem estruturada dará ao povo um IDH alto, essa balela de pátria educadora é além de tudo uma falácia populista, só propaganda eleitoreira, esse papo de cotas é só manipulação de grupos com fins eleitoreiros, duvido que os governantes se preocupem com o destino final dos cotistas após se formarem; essa mania de dar tudo para todos: saúde, moradia, comida, estudo,…………. já é conduta antiga na Europa e vejam no que resultou== crise; hoje em dia as pessoas acham que o governo tem que dar tudo e o governo estimula isso dando migalhas para em troca ser venerado e “reeleito”; POBRE BRASIL POBRE POVO BRASILEIRO.

  23. Meritocracia

      1. Os que zurram e relincham afirmações baseadas nesta palavra, cometem um erro de origem, pois classificar o “possivel mérito ” de alguem, apenas no final ,é ridiculo, pois o mérito é resultado de uma escalada, portanto a lógica CAPITALISTA, minha, é clara : Possue muito mais mérito, o estudante que em condiçoes de escola publica, economicamente e/ou etnicamente marginalizado, que com todos estes obstaculos, consegue atingir indices de cotas – que são bem elevados, em relação a poder cursar as estaduais e federais – NÃO apenas tem Mérito, trata-se de um Herói.

       1.1. É certeza estatistica, de que ao contratar um “cotista” – e já participei de varios processos de contratação, atualmente de demissão, mas, fazer o que ? – este cidadão da um tremendo retorno, agrega a cultura da empresa outras experiências de vida, é fiel – não tem papai ou herança, ELE/ELA “é o CARA” da familia, um exemplo para os outros ( pentelhos sociólogos provavelmente os classificariam como “multiplicadores educacionais” ), não pensem que contrata-los é “função social”, é por que eles são bons no que fazem e se propõe, alem de possuirem uma capacidade bem procurada: adaptação – afinal se adaptaram desde crianças a situações de dificuldade.

        2. A função do Estado, como disse Delfin Netto, é proporcionar igualdade de competição a todos seus cidadãos, como ocorre em paises desenvolvidos, incluindo os Estados Unidos, onde em um Seminário em Los Angeles, com o Gen. Colin Powell – um republicano – contou sua história e de sua familia, originarios do Harlem ( Brooklin County – NYC ), ele é geologo de formação, sua irmã médica, ambos pobres – de “projects” –  ( os cingapuras americanos ), e cotistas – assim como a atual Procuradora – geral dos Estados Unidos, outra cotista ( Columbia e Harvard ).

        3. Experiências: Um cotista formado em medicina, com consciência de onde veio – e eles a tem, a maioria,  disto se orgulham, possuem MÉRITO REAL; como médico de familia, ou um clinico geral, atuando em “comunidade”, alem de entende-la melhor, tambem será um multiplicador educacional, um “espelho” para a comunidade, de que é possivel – isto é CAPITALISMO – assim como um engenheiro ou arquiteto urbanista, com semelhante histórico e MÉRITO, poderá se comunicar e elaborar projetos, que atendam esta comunidade, pois eles viveram lá, ou em semelhante situação – entendem a “lingua”, conhecem os desejos, compreendem o quadro geral.

          Ao contrario do que afirmam os retrogrados paraninfos, desta suposta “elite”, uma casta pré- abolição, o CAPITALISMO real, busca freneticamente a expansão do mercado consumidor, pouco importa etnia, origem, pois quanto mais pessoas e familias, subirem na escala social, mais criticamente informadas forem, maior será a “base” de expansão do PIB, por consequencia, maior consumo, maior investimento externo, maior poupança interna.

          Nossos jornalistas da midia tradicional, emulam as preocupações de nossa elite patrimonialista, tipo do século XIX , demonstram medo de qualquer ascenção social, pois não querem ser ameaçados em seu poder já estratificado, portanto quando possiveis fissuras, ou ataques a esta condição, reagem bovinamente, sem perceber o obvio, a ascenção educacional e social de uma sociedade é extremamente lucrativa a médio e longo prazo. Ou ainda estão na fase: A Educação Liberta – portanto é perigosa.

           P.S.: Fui sempre de escola publica – anos 60/70 – colegial a noite, trabalho desde os 14 anos, de pai operário e mãe “dona de casa ” , vendedora de roupas nas horas vagas –  da periferia de São Paulo, cursei faculdade particular (PUC-SP) com bolsa, a noite, até persegui  créditos em monitoria, trabalhando em Banco durante o dia, acordando as 6:00 e dormindo ás 02:00, sempre de “busão” & “sanduiche” e coxinha – adorava o lanchinho do Banco – sempre falei que um dia iria morar em Perdizes e ter um carro, hj. moro proximo as Perdizes, melhor ainda, no Sumaré, e tenho motorista, as vezes, pois detesto dirigir , portanto creio, aliás tenho certeza, que as “cotas” para pobres, e/ou etnicas, representam, não apenas para a academia, mas tambem para a sociedade, um resgate extremamente importante, pois igualar oportunidades entre seus cidadãos, é uma função precipua do Estado, e só por que eu não a tive, não significa que eu deva ser contra ela, aliás muito pelo contrario, não quero que ninguem passe pelo que passei, e isto, os esquerdoides vão me crucificar, é CAPITALISMO.

          

  24. A grande loucura

    A grande loucura do negacionismo sempre foi que identificaram as iniciativas de cotas ditas raciais como “de esquerda”. Pronto, à partir desse preconceito passaram a atirar em tudo que se mexia.

    Na mais pura ignorância diante do fato de que o movimento negro não é nem de esquerda nem de direita desataram a atacar de todo jeito as iniciatívas. Mais: tanto esquerda como direita sempre “negaram” a relevância dessa questão. Uma por crer que reduzindo a “opresão de classe” eleiminaria o problema; e outra que sempre acreditou que o “desenvolvimento” eleiminaria o problema, mesmo duvidando que ele existisse…

    … No máximo “residual”, pensavem que fosse…

    Até a obra de Oliveiira Viana – que nunca foi “de esquerda”-  passou a ser disputada nesses termos…

    Enfim, e repetindo, a esquerda tradicional jamais identificou a questão “racial” como uma de suas bandeiras pelo simples motivo que só enxergavam “classes sociais”. Basta revisitar a história de Abdias do Nascimento e de seus colaboradores que ainda estão na ativa – eu recomendaria a quem interessar possa Carlos Alberto Medeiros….

    As Universidades no exercício de sua autonomia é que lideraram esse processo. Não foram os partidos nem os políticos. Esses chegaram depois.

    O papel da imprensa nas últimas décadas é só o de centralizar e rebaixar, rebaixar o nível do debate sobre qualquer, qualquer assunto da pauta nacional; inclusive este.

    Aliás, sobretudo esse, pois tudo que gira em torno da defesa de privilégios gera esse tipo de reação irracional e odiosa, até.

    1. … Acabei não mencionando

      … Acabei não mencionando que me parece o essencial.

      Por trás desses sofismas, portanto, há os pressupostos: além de rixas ideológcas vulgares e do negacionismo puro e simplório há uma percepção de que tais políticas “dividem” a sociedade.

      Ou seja, além de negarem que tais divisões já  existem, já existem e são escamoteadas para benefício de poucos, consideram que isso é “uma coisa boa”. Sim, consideram que isso é “uma coisa boa”.

      Já ocorreu de eu interpelar isso diretamente, na UFRJ, certa feita, para Ali Kamel e Yvone Maggie – que hoje escreve no G1. Praeles o Brasil tem uma “coisa boa” em termos de relações raciais porque não ocorre o conflito aberto: que “coisa boa” é essa? “Boa’ pra quem? E a quantidade de jovens negros que são mortos? Reduzir desigualdades não seria uma coisa boa, não? Por que tanta resistência?

      Lembro até que rememorei uma passagem de Hannah Arendt (“Sobre a Violência”) em que ela descreve como no auge dos conflitos nos EEUU na década de 60 uma liderança “branca” faz um mea culpa: “todos nós somos culpados”.

      Obviamente estava se referindo à toda sociedade. Mas algumas lideranças do movimento negro logo asseveraram: “viram? Eles admitem: todos os brancos são culpados!”

      Eu deixei claro: não é isso que as lideranças do movimento negro brasileiro querem!

      Mas os preconceituosos daqui os tratam como se fosse…

      … E ainda chamam os defensores de cotas como “importadores de ideologias americanas”… Logo eles…

      …Cansa…Essas inversões cansam…

      Acusam nos outros tudo o que eles próprios fazem e se acham muito espertos….

      1. desculpe colega mas a equerda

        desculpe colega mas a equerda adotou o racialismo sim

        talvez pq na falta do que oferecer devido a falencia do leste europeu e Russia só restou a elae reuniar gente com o  que tivesse à mao rs

        sobre divisão , bem ela ocorre automaticamente ao se fomentar a ideia de pertencimento racial, e veja afirmar isso é constatar um fato , nao é uma opinão…rs

        toda luta por diretos só pode haver e ser justa tendo como criterio a igualdade, raça é sinonimo de DIFERENÇA rs

        por fim é uma mentira deslavada dizer que cotista é aluno ruim, e condenar cota racial jamais passa por questionar o mérito de um aluno cotista, questinamos e condenamos o criterio racial apenas isso ok?

        Pessas devem ter direitos por serem IGUAIS nunca diferentes…

         

        1. Passa fora!

          Não venha com essa de “colega”!

          Nunca fizeste o menor esforço para ser razoável, então não puxe assunto comigo. Já cansei de te advertir que se você acha que tem algo pra acrescentar que desista de fazer malabarismo retórico e exercite chupar o próprio esfíncter anal.

          Quem “radicalizou” foi o “esquerdista” que te comeu quando você era criancinha; e ponto final!

          Maluco.

          1. Não seja tão merecido, e não

            Não seja tão merecido, e não veja nos outros seus fetiches rs

            Sobre a igualdade ser o unico criterio para lutar por justiça, lamento informa-lo mas isso é fato e não há nada que possa falar para mudar isso kkk.

             

  25. Para escrever na Foia ou na revistinha do Boimate

     

    Para escrever na Foia ou na revistinha do Boimate, tem que possuir coerência, raciocínio dedutivo, capacidade de análise jornalística, e saber elaborar frases de efeito, o que dificilmente encontramos em meros comentaristas de redes ou blogs, não é?

    Não é para qualquer um.

    fonte:https://www.facebook.com/182253441875906/photos/a.493108950790352.1073741826.182253441875906/673405546094024/?type=1

    1. É claro que não, ele é um átrio.

      Sobre a frase do Reinaldo Azevedo “O Papa Francisco não me representa”, ele está certo, pois o Papa Francisco faz parte do átrio que deve ficar fora do templo.

    2. Nossa! Depois que o papa

      Nossa! Depois que o papa tomou conhecimento desse comentario nunca mais dormiu direito. Está com insonia até hoje.

    3. Não deviam ter apagado o

      Não deviam ter apagado o boimate reinaldesco de 150 milhões de morto pelo comunismo. A conta não chega nem a 1000

  26. Esse é o padrão “Hommer

    Esse é o padrão “Hommer Simpson” que a Globo está desenvolvendo no Brasil. Unicamente com o pensamento desse diretor de jornalismo. Por isso estamos vivendo um momento de tanta polarização de ideias, ou é comunismo ou é estado mínimo, não existem outras alternativas. 

  27. A praga

    Não é preciso ir longe para se compreender um dos dilemas mais profundos da Humanidade, pois este grandioso artigo do Nassif traz em suas bem traçadas linhas o contorno da casca da ferida que não cicatriza. De um lado, a visão consciente do óbvio, da verdade nua, crua e latente. A desigualdade social extremada é a doença que corrói a carne da Humanidade. Do outro lado, um dos provocadores da doença, que não são muitos, mas são fatais. Basta um único vírus para matar o organismo que infecta e nele se reproduz. Eis, então, um vírus brasileiro criado e disseminado pelo laboratório de produção denominado Rede Globo de Produções. A luta contra os vírus é inglória. Eles são microscópicos, bem menores do que uma ameba. Conforme a visão do Nassif, suas mentes são binárias. Mas eu diria que são binários em seu todo. Duas partes que se complementam. Uma parte, composta exclusivamente por ódio contra as vítimas da desigualdade social; a outra, que é a que age, penetra no cerne da sociedade e corrompe sua matéria vital, levando-a à decrepitude e a consequente imobilidade. 

  28. Fácil falar e ser generoso

    Fácil falar e ser generoso com o mérito dos outros. Trocar o mérito estudantil por condição social para acesso em universidades publicas é a receita para o desastre: Criação de duas classes ( cotistas e não cotistas ) nas universidades que sempre foram os centros de excelência e agora, lamentavelmente neste governino corrupto, transformam-se em campo de batalha. Uma geração será perdida para remediar mais esta palhaçada petista.

    1. O que mesmo é o mérito?

      Falando em termos de Filosofia da Linguagem é muito difícil evitar a lógica do “ou” “ou” ou mesmo do “e” “e” e ir mais longe do que foi Nassif seria enfrentar o logocentrismo que reina no Ocidente, só valeria a pena falar de tema tão difícil se fosse para explanar o que já foi explicado extensamente em um livro ou tese, o que, mesmo assim, gastaria muito mais tinta que uma pequena página na internet ou o tipo de público em questão estaria pronto para assimilar. Falando em termos de oferecer estudos com mais dados estatísticos (Matemática) e datas, isso também exigiria mais espaço e talvez algumas competências que Nassif, inteligentemente, não quer precisar; tendo em vista que quer atingir aquele mesmo senso comum que se vê convencido por sofismas tão ridículos. Na verdade trata-se de atingir o senso comum dos jornalistas supostamente formados naqueles centros de excelência em época, infelizmente, anterior às cotas, mas coincidente com a ampliação do acesso à universaidade; pena mesmo é que o jornalismo ainda seja dominado pelos nomes de família, conta no banco e fama. Por que não convidar alguém que conhece os estudos mais recentes sobre cotas, mesmo sem sobrenome importante? Por que não convidar alguém que de fato tenha estudado toda sua vida em escola pública? Por que não convidar um jornalista cotista? Eles não têm família tradicional (nome de algum reacionário ou coronel), não têm contas gordas nos bancos (mesmo que fruto de todo o tipo de corrupção) ou são famosos (mesmo que seja graças ao big brother), de qualquer modo, os jornais têm vivido cada vez mais de um tipo de fofoca que se faz de ricos e famosos, em geral estúpidos e reacionários, para os pobres e os classe média, em geral ainda mais estúpidos e reacionários. Vejam só que argumentos: “(1a) Trocar o mérito estudantil por (1b) condição social para acesso em universidades publicas é (1c) a receita para o desastre: (2a) Criação de duas classes (cotistas e não cotistas ) nas universidades que (2b) sempre foram os centros de excelência e agora, lamentavelmente (3a) neste governino corrupto, transformam-se em campo de batalha. (4a) Uma geração será perdida para remediar mais esta (4b) palhaçada petista”.

      Vamos lá “(1a) Trocar o mérito estudantil”, os alunos cotistas chegam à universidade “pública” por méritos conquistados em escolas “públicas”, que, diga-se de passagem, se não dão condições de eles concorrerem igualmente é culpa do próprio governo e se as universidades públicas não recebem alunos de escolas públicas podemos falar de irresponsabilidade do público para com o público; portanto, são os governos que criam tal situação conflituosa e a criação de cotas foi a solução encontrada para fazê-los assumir sua responsabilidade. “(1b) condição social para acesso em universidades publicas é (1c) a receita para o desastre”; como você bem lembra ‘em universidades públicas’, mas o aluno formado em ‘escola pública’ é responsabilidade de quem? As duas classes mencionadas sempre existiram e se enfrentaram e se isso chega a ser catastrófico ou não é preciso avaliar os fatores históricos que determinam tal catástrofe; neste caso em específico, não temos notícia de enfrentamentos mais agressivos entre aquelas classes que sejam motivados de fato pelas cotas e não por algo que historicamente tenha a ver com o próprio fundamente da divisão pobres de um lado e não pobres (classe média ou ricos) de outro. Prossigamos, “nas universidades que (2b) sempre foram os centros de excelência”, mas como você avalia o mérito das universidades brasileiras? Quanto menos aluno pobre mais mérito? Imagine que uma figura como o Einstein poderia ver sua genialidade contamina pela influência de um aluno pobre? Mas o que dizer de cursos que recebiam dezenas de alunos e formavam às vezes apenas um? Essa era a situação de muitos cursos da USP, por exemplo, na virada da década de oitenta para a de noventa. Foi justamente o Governo de São Paulo (que partido e presidente mesmo?) que sabiamente questionou tal catástrofe; a coisa era pior do que a escola do Riquinho do cinema. A tal “universidade cheia de mérito” só formava um ou outro certamente rico ou de família que o valha. Mais um pouco, “lamentavelmente (3a) neste governin[h]o corrupto”, deveríamos saber que as universidades mais “meritórias” estão supostamente no Estado de São Paulo e se relacionam imediatamente com o Governo de São Paulo, quando o governo petista governou o “Estado” de São Paulo? Palhaçada petista? Por fim, “Uma geração será perdida”, creio que o estado mais recente de coisas estava mais para uma geração perdida, até o término da presidência do FHC apenas 56% crianças na escola, e é preciso admitir que antes era muito pior; é só perguntar pelo número de pais e avós dos cotistas que fizeram universidade, arrisco dizer que a maioria deles, além de ser pobre, beira o analfabetismo ou coisa não muito diferente disso. Esse é outro problema que deveria ser fator determinante quando falamos em mérito, um aluno que foi cercado de todas as piores condições inclusive culturais em sua própria família e chega à universidade não tem mais mérito que aquele que foi cercado de todas as boas condições inclusive culturais em sua própria família (e deixemos de lado o poder – inclusive simbólico – que essas famílias têm para protegê-lo de quaisquer problemas com a justiça e os traumas psicológicos) e não consegue se sair bem entre seus iguais? Essa é a primeira coisa que as cotas fizeram, selecionaram também o aluno classe média que estava da média pra baixo, o que nem mesmo pode ser chamado de medíocre; no fim das contas as cotas continuam mantendo o fundamento do mérito é que agora temos dois níveis, duas maneiras diferentes de avaliar classes que sempre foram diferentes. Veja que isso nem é muito revolucionário, bom mesmo seria garantir o acesso à universidade para todos que quisessem; inclusive o classe média vagabundo e sem mérito entre seus iguais deveria poder encontrar uma universidade sem mérito como ele onde ele pudesse tirar seu diploma sem mérito. No fim das contas, em geral, não é o mérito que decide onde ele trabalhará no futuro, mas sim o poder, simbólico ou não, das associações que sua família classe média é capaz de fazer e manter; exijam essas associações se meter em corrupção ou não. Trocando em miúdos, se o aluno pobre não for excelente mesmo depois de um diploma que exigiu excelência, ou seja, que foi muito mais difícil de conseguir do que o de seus “amigos” de outra classe, ele vai continuar trabalhando em lugares que o manterão à margem de salários que justificariam seu esforço; e é essa realidade brasileira que afasta o pobre e o classe média do esforço; cedo ou tarde o pobre se depara com a dura realidade que o diploma universitário não é garantia de mudança de classe, o que o aluno classe média sabe de saída! A única coisa que eu gostaria que acontecesse é que esses alunos não se corrompessem tão facilmente só para se transformarem nessa massa classe média burra e reacionária, a mesma que quer evitar que seus filhos de fato lutem para serem melhores; é preciso manter algum orgulho, certamente ingênuo e motivo de muito sofrimento, de ter conseguido tudo da maneira mais correta possível durante toda a vida; de modo semelhante diria aos mais pobres que sequer sonham em fazer universidade que se mantenham longe do crime e da corrupção, são principalmente eles que, quando a polícia deixa viver, aqueles jornalistas ricos ou classe média crucificam todos os dias em seus jornais sensacionalistas e imbecilizantes. Para todos eu diria que, no fim das contas, mérito mesmo é coisa que só dá para avaliar no fim da vida, assim, que ela seja a mais longa e correta possível.

  29. Nassif, parabéns, ótima

    Nassif, parabéns, ótima análise e desconstrução do mero chute do Ali Camel. Porém até pela justificativa no início do texto também não é baseada em estudos, pois são apenas  citados genericamente. O problema maior é quando as politicas são formuladas e revistas apenas por ideologia sem base nem acompanhamento sistemático estatistico. Nós não gostamos de matemática e vamos continuar amadores até aprender a gostar. O Ministério do Planejamento vem tentando formar gestores públicos profissionais, criou até uma carreira para isso, gostaria de ver o resultado.

  30. Sou favorável à todas cotas

    Sou favorável à todas cotas que democratizem o acesso ao ensino superior.

    Por experiência própria, sei que a maioria dos que se beneficiam desse mecanismo abraçam a oportunidade de tal forma que mesmo as dificuldades iniciais de adaptação são superadas.

    Ao ler alguns comentários, passa-se a impressão que as cotas benefeciariam pessoas incapazes de acompanhar uma faculdade com grau de dificuldade elevado. As cotas selecionam os melhores daquele segmento. Que, provavelmente, terão um desempenho acadêmico melhor do que muitos que passam em universidades públicas e que acabam evadindo por falta de dedicação.

    Fui bolsista do PROUNI em uma tradicional escola de negócios de SP. Convivi, de forma muito amistosa diga-se de passagem, com alunos oriundos de colégios tradicionais da capital como Bandeirantes, Dante Alighieri, Pentágono, Objetivo, dentre outros. Consegui acompanhar perfeitamente o curso, mesmo com o déficit negativo de conteúdos não aprendidos em minha época de escola pública na periferia de Guarulhos.

    A sociedade só tem a ganhar com a integração, através das cotas, de alunos de todos os espectros sociais.  

     

     

     

     

  31. Nassif aplicou um Ypon no

    Nassif aplicou um Ypon no Kamel, que alias é empregado da emissora que finge que os jogos Panamericanos não estão acontecendo.

    É isso, por trás desses caras, dos textos e dos editoriais, só existem interesses de classe, apenas isso. E não é da classe dos cotistas, claro

    PS: O que esperar de um sujeito que escreve um livro chamado “Não somos racistas”? Dizer que não “temos injustiça social”, claro. Para o dito cujo “empenho” é algo objetivo, caiu do céu, nada tem a ver com origem, em que meio social a criança nasceu. Incrível, o sujeito jogou séculos de sociologia no lixo

  32. Piketty neles!…

    Leiam as páginas 471 a 475, do O Capital no século XXI. Fica claro a extraordinária vantagem, com todas as falhas, corrigíveis, diga-se, da política educional brasileira.

  33. Coxinhas, o que se pode dizer a mais?

    Coxinhas, o que se pode dizer a mais?
    Esta gente está difundindo, associadas aos fascistas oportunistas de plantão ou alavancadas por estes últimos, uma onda de segregacionismo e diferenças que nosso país nunca tinha experimentado de forma tão explícita.
    Esta gente não aceita jamais que o velho e antigo “bolo do Delfim Netto” seja finalmente dividido em partes, ainda quie as partes sejam, AINDA, muito desiguais e desproporcionais. 
    Muitos são os privilegios preservados.
    Mas esta gente não aceita de modo algum um crescimento de uma classe que nunca teve direito a nada.
    Na verdade, eu até consigo entender, mesmo que não consiga acietar e compartilhar.
    Não há distribuição menos elitizada sem que alguns percam para que ouros possam ganhar. Parafraseando Lavoisier, “na natureza nada se crim nada se perde, tudo se transforma”. Assim é também na sociedade e na economia não seria diferente.
    Para que alguém ganhe, alguém, pelo menos em princípio, perde. Ainda que, com o passar do tempo, a economia e o mercado cresçam e todos possam ganhar!
    Porém, COXINHAS, O QUE SE PPODE DIZER A MAIS?

  34. O que mais se pode dizer?
    Coxinhas, o que se pode dizer a mais?Esta gente está difundindo, associadas aos fascistas oportunistas de plantão ou alavancadas por estes últimos, uma onda de segregacionismo e diferenças que nosso país nunca tinha experimentado de forma tão explícita.Esta gente não aceita jamais que o velho e antigo “bolo do Delfim Netto” seja finalmente dividido em partes, ainda que as partes sejam, AINDA, muito desiguais e desproporcionais. Muitos são os privilégios preservados.Mas esta gente não aceita de modo algum um crescimento de uma classe que nunca teve direito a nada.Na verdade, eu até consigo entender, mesmo que não consiga aceitar e compartilhar.Não há distribuição menos elitizada sem que alguns percam para que ouros possam ganhar. Parafraseando Lavoisier, “na natureza nada se cria nada se perde, tudo se transforma”. Assim é também na sociedade e na economia não seria diferente.Para que alguém ganhe, alguém, pelo menos em princípio, perde. Ainda que, com o passar do tempo, a economia e o mercado cresçam e todos possam ganhar!Porém, COXINHAS, O QUE SE PODE DIZER A MAIS?

  35. Cotas da USP

    Promover a inclusão social através da educação é a melhor maneira de garantir o direito a cidadania plena a pessoas esquecidas pelo Estado.  Transformar a vulgar sobrevivência servil em vida fértil e afirmativa na medida que esse indivíduo agora é capaz de participar ativamente da sociedade, reger seu próprio destino e explorar todas as suas potencialidades. Promover a liberdade é obrigação de qualquer Estado.

    Quanto a colunista fioFolha, existem pessoas que utilizam argumentos para manter o status quo, afinal quem conhece a USP sabe que a Faculdade de Medicina, a Poli, a Faculdade São Francisco e o Jornalismo na ECA são cursados por alunos da classe média e alta. A meritocracia tucana garante, as charges anexadas ao blog ilustra esse fato.  

  36. Sobre o quesito: “Premiar a

    Sobre o quesito: “Premiar a origem sobre o desempenho, ainda que de forma parcial, desvaloriza o empenho. Está claro o impacto dessa mensagem?”

    O sistema anterior às cotas é que premiava quase que exclusivamente a origem. A origem dos que vinham de famílias de alta renda, que podiam estudar nas melhores escolas e pelo tempo que quisessem, já que não tinham que trabalhar para ajudar no sustento da casa. Mesmo com as cotas, os que têm essa origem ainda levam vantagem.

  37. A resposta de alguem que viveu a situação, parte 1.

    Primeiro, me identificando. Tenho 33 anos. Sou filho de um casal de funcionários publicos. Moreu com meu pai a partir de 13 anos. Ele, letrado, era militar reformado. Tive ao mesmo tempo, grande acesso a cultura, o privilégio de crescer numa casa onde estava claro a importância do habitor de ler, de me informar, de estudar. E ao mesmo tempo, sou oriundo de escolas públicas_ sim, as maravilhosas escolas publicas paulistas. O ensino médio, cursei em uma escola técnica de minha cidade. A grande qualidade de ensino era o vetor para a maioria de meus colegas de sala: para mim, era tão importante como ter a profissão. Enquanto muitos de meus colegas de sala foram para a universidade estadual de campinas e nunca exerceram seu diploma técnico, me empreguei  e sempre trabalhei_ desde os 18 anos, já são 15. Prestei vestibular três vezes, sendo aprovado apenas na terceira: para economia na unicamp. Na ocisão, com 24 anos,já trabalhava e era recem casado. Não consegui concluir o curso: em virtude de não poder comparecer faltar as aulas por viagens. Juntando tudo no liquidificador, entendo pelo meu desempenho que seria capaz de fazê-lo se as condições fossem outras. Não foram. Detalhe: sou um cara de pele negra, cabelos lisos. Quase um tipo indiado. Me sinto sim no direito de opinar sobre cotas sociais: sou de origem pobre, negro, vim de escolas públicas, não falo portanto do que não vi e vivi. Vamos ao absurdo dos argumentos da folha: 

    1) Sobre o primeiro sofisma: me parece um abuso construído para pegar o leitor incauto, inculto ou ímpio da folha. Tributação regressiva quer dizer que temos um imposto cujo peso incide mais intensamente, de forma proporcional, nas camadas mais humildes da população. Então, para justificar não termos cotas sociais, que previlegiem os mais humildes,  o autor usa como justifica o fato de os mais humildes financieram com uma parcela maior de sua própria renda a universidade? Que diabo de raciocínio é esse? Quer dizer: é exatamente porque os mais pobres pagam a existência da universidade pública com uma parcela maior de sua renda, que eles não devem ter direito a ” ser previlegiados” por cotas socias? Enfim, de que faculdade saiu esse jornalista? Porque é uma de duas: ou ele não sabe o significado de tributação regressiva, ou julga que o leitor não o saiba: sendo ou desinformado ou desonesto. 

    2) Sobre o abusrdo dois: se o novo sistema de seleção é justo, e sobre quem vai perder sua vaga para negros e índios. 

    Bom, vamos lá. Vou acrescentar aqui a minha vivência. Passei por uma prova, a da unicamp. Essa prova tem um trunfo, que tem por exemplo o Enem: pede sim muito conteúdo, mas pede mais a capacidade de articular o conhecimento, a interdisciplinaridade, a capacidade de lidar com a informação_ o que é muito mais alinhado a uma sociedade moderna, onde a informa está disponível em todo o lugar, e com rapidez, para ser acessada. Não faz mais sentido previlegiar o acúmulo de informação: vale reforçar a capacidade do aluno de usar e interpretar informações. E a prova da USP? Sempre foi conteudista, sempre focou o acúmulo de informações: muito mais que seu uso. O que favorece o aluno que tem mais memória, e que recebeu mais informações: no cursinho, no colégio particular. Não necessariamente o mais apto, o mais capaz. Porque esse prólogo? Porque isso mostra que a prova da USP, com esse formato, já não era justa. Agora, sobre a questão racial e social envolvida, o que dizer?  Negros, índios, oriundos de escolas públicas: serão previlegiados?  Olha, enquanto eu trabalhava para pagar o meu próprio pré-vestibular, dormia 5 horas por noite, andava de onibus para chegar a meia noite em casa, engolia toneladas de café, eu sempre me senti previlegiado! Pensava: não, se eu não precisasse trabalhar, se pudesse ficar em casa, eu não estudaria! Se eu não trabalhasse para pagar meu pré-vestibular, eu não daria o valor que estou dando! Para que dormir! Apenas explico que é ironia: vai que o escritor do texto da folha está lendo isso! 

    3) Sobre ” Premiar a origem sobre o desempenho, e o que isso vai ensinar para nossa sociedade”. 

    Minha origem, como narrei acima, me premiou. Sou negro. Fui criado pelo meu pai, militar reformado. Minha avó criou sozinha 10 filhos, fazendo serviços como doméstica, merendeira: trabalhadora, mas muito pobre. Cresci em um bairro distante: tinhamos o essencial. Mas estudei em escola pública, não fiz inglês quando criança, kumon nem o diabo. Mas minha origem me premiou: doz dez filhos da minha avó, sou filho do único que tem um diploma superior. Não, eu não tive sempre acesso a uma boa educação: e sempre fui conscientizado do quanto ela era importante, do quanto estudar era importante. Tivesse eu nascido em outra família, nas mesmas condições, e não teria a buscado. A origem de meus vizinhos de infância, coleguinhas de classe do primeiro grau, os premiou também. Tiveram acesso a escolas ruins de primeiro e segundo graus, não tiveram acesso a cursos de inglês, ao Kumon, ao cursinho. A origem deles os premiou: com famílias que não tinham como acreditar numa educação pública em frangalhos, com famílias que precisavam que eles rápido trabalhassem para ajudar com os custos da casa. Enfim: a origem de milhões de brasileiros os premia com menos acesso a educação, com menos acesso a informação, com uma necessidade prematura de ir ao mercado de trabalho. E tudo isso é prêmio somente pela origem viu: não é prêmio de mérito não. É linda essa idéia de mérito da classe média:  uma corrida justa, onde todos tem iguais chances e vencem os mais preparados, pelo mérito. Desculpem lhes informar: a corrida do vestibular da USP é uma onde uma parcela bem nascida da população, essa que estudou nos melhores colégios, que não vai saber o que é certeira de trabalho até ter concluido a faculdade, essa vai de moto pra corrida. E a parcela mais pobre, vai a pé e sem tênis. Não pedimos que nos coloquem direto no ponto de chegada: pedimos que medidas compensatórias sejam tomadas, não para premiar a origem de ninguém: premiada foi até hoje, a origem da classe média alta, que com acesso melhor a tudo, encara com cinismo a idéia de que vence porque é mais capaz.

    4)    Sobre “a universidade já não é capaz de dar moradia, livros, etc. aos menos ricos, como vai fazê-lo pelos novos ingressantes”; 

    Não ser capaz se deve em parte a promessa não cumprida de aumento das verbas, feita pelo PSDB, para custear o auimento de vagas e cursos. O que se viu foi uma medida no governador que visa reduzir o repasse de ICMS para faculdades. Não vamos fazer porque não tem dinheiro? A obrigação do estado é fazer, é sim providenciar verbas, esse é seu papel. Nem mais o que comentar: lúcido seria questionar as diversas aberturas de campus novos, cursos novos USP, UNICAMP e UNESP, sem que o compromisso de aumentar as verbas para isso tudo fosse comprido. Culpar as cotas pela indigência do governo estadual no que se refere a educação é tudo, menos honesto. 

    5) Sobre a seleção” mexer na seleção e manter critérios do século XIX”

    Uma coisa nada tem a ver com a outra. Uma é a prova. A outra são critérios sociais de seleção. E sim: a prova realmente tem de ser mudada. Como o fez a unicamp, e como faz o enem. O que isso afeta a questão de cotas? Até a embasa: quando você elabora uma prova onde importa mais a quantidade de informações acumuladas que o aluno tem ao invés da sua capacidade de usar, você vai dar preferência aquelas que sairam das escolas particulares e dos bancos de cursinho. 

    6)Sobre  “não há dúvidas de que a  USP tem boas intensões, mas uso populista de recusos escassos…..” . O que dizer disto? Engraçado como a expressão populismo virou uma palavra de ouro para descrever tudo que a direita discorda nesse país. Dar bolsa para uma mãe pobre para garantir que ela mantenha seus filhos na escola, isso é populismo. Mas não vai aumentar os anos de educação de crianças que teriam grande chance de evasão escolar? Dar acesso a estudantes que, por sua origem, não tiveram acesso a melhor educação de base, mas terao sua capacidade avaliada, passarão por uma seleção, para ingressar em uma instituição que pode oferecer cursos que mudem sua condição social, isso é populismo mesmo? Quando eu estudei História eu entendi que populismo eram concessões marginais e vazias, que vizavam justamente não alterar o status-quo.  Dar acesso a educação de qualidade a quem não teria é tudo menos isso. Vamos ao início do texto: o sistema de seleção das universidades públicas tem sim que mudar. Primeiro, por um argumento infeliz colocado no texto: não é honesto, nem moral, que universidades financiadas pelo ICMS, um tributo altamente regressivo, sejam hoje reservadas principalmente aos mais abastados. É uma espécie de socialismo ao contrário: o mais pobres sofrem mais com o imposto que financia as univerdades públicas, para que seus filhos ainda paguem, quando adultos, por educação de baixa qualidade em faculdades particulares de mentirinha. Pode-se discutir a natureza, a forma das medidas compensatórios: o que não se pode, é continuar fingindo que vestibulares são uma corrida. São sim: mas uma corrida em que 3% de candidatos abastados entram com motos, e 97% oriundos de familias pobres e do ensino publico entram descalços ( muotos nem entram, sabendo que não tem nem o direito de sonhar). Precisamos sim parar de premiar o origem ao invés de  premiar o mérito: isso acontece hoje, no modelo atual.  

     

     

  38. igualdade e diferença

    Quando vejo essas discussões sobre preconceito, discriminação, raça, sexo, classe social, opção sexual,……. nunca me sentirei apto psiquicamente para dar uma opinião correta nesse mundo dicotomizado por ideologias, sectarismos e oportunismos; o motivo dessa minha incompetência nessa opinião é pelo fato de que não consigo ver diferença entre um, branco e um negro, entre um homem e uma mulher, entre um gay e um hétero, entre um pobre e um rico………… a existência de cotas de qualquer tipo é criar dicotomias e diferenças onde elas não existem, é destruir a meritocracia( combustível da evolução de sociedades avançadas); discussões sobre esses assuntos eram coisas raríssimas e hoje em dia se tornaram comuns esses papos de sou branco, sou preto, sou gay, sou mulher, sou rico, sou pobre….. pobres almas que mal percebem como estão sendo manipulados.

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