O marketing dos sabonetes bactericídas

Comentários do post “As capas médicas da revista Veja

Do UOL 11/04/2012

Protex e outros sabonetes não protegem contra bactérias, diz Proteste

Sabonetes bactericidas prometem acabar com as bactérias e germes presentes no corpo, mas, segundo teste da Proteste, nem todos eles cumpre a promessa. Protex (em barra e líquido) e Lifebuoy líquido não eliminaram nenhuma das quatro bactérias testadas, apesar de se autointitularem bactericidas. O Dove hidratante também não eliminou bactérias.

Foram analisados dez produtos bactericidas, sendo três líquidos e sete na versão em barra, entre eles dois sabonetes hidratantes – Dove e Granado Tradicional – eleitos o melhor do teste e a escolha certa pela Proteste no ano passado.

Os três produtos mais bem avaliados são em barra. E esses produtos devem ser usados com frequência apenas nas mãos.

Oito sabonetes eliminaram a bactéria Escherichia coli, presente no intestino grosso e nas fezes humanas. “A constatação mais surpreendente foi quanto ao Protex. O sabonete, líder nesse segmento, garante acabar com 99,9% das bactérias presentes na pele. Porém, não eliminou, nem sequer reduziu, qualquer micro-organismo usado no teste”, diz a publicação do instituto de proteção ao consumidor.

Dos cinco sabonetes que anunciavam proteger a pele contra o S. aures, somente o Dettol em barra confirmou sua ação. Protex e Lifebuoy, nas versões sólidas, ainda garantem eliminar a S. marcescens, o que só o Lifebuoy conseguiu. Vale ressaltar que Granado Antisséptico, Ypê, Racco e Protex não indicam em seus rótulos para quais bactérias devem agir. No entanto, fora o Protex, esses produtos demonstraram ação bactericida.

Para fazer o teste de eficácia bactericida, foi utilizada uma solução padrão, composta de sujeira “criada em laboratório” e quatro bactérias específicas. A solução foi colocada em diferentes placas e, em cada uma delas, foi aplicada uma quantidade de sabonete. Foram bem avaliados aqueles produtos que conseguiram eliminar, em um período de cinco minutos, a 20oC, a maior quantidade de bactérias.

Outro lado

A Colgate, companhia da linha Protex informa que ainda não tem um posicionamento sobre os resultados do teste. A Unilever, detentora da marca Lifebuoy, esclarece que o produto fabricado pela empresa atende a todas as normas vigentes no Brasil, tanto com relação aos processos de fabricação, quanto aos ingredientes presentes. “A empresa não recebeu da Proteste o laudo de análise do produto citado, portanto desconhece os critérios e metodologias utilizadas para se posicionar sobre tais resultados”. Já sobre o Dove, a assessoria da marca afirma que o produto não divulga ter propriedades bactericidas.

Por José Carlos Lima

O advogado e blogueiro Túlio Viana escreveu este post sobre o caso Lifebuoy/Unilever, é de 2010. Não sei ao certo se a Veja fez marketing para este produto, de qualquer forma é sobre charlatanismo, assunto relacionado a esta postagem:  

A Unilever trouxe há pouco a marca Lifebuoy pra estas paragens, entrando no mercado em que praticamente apenas a Protex da Colgate-Palmolive se fazia presente (havia – e há – outras marcas menores, com pouco peso em anúncios publicitários): a dos sabonetes antibacterianos.

O slogan promete: “100% melhor proteção contra bactérias*” – com a observação em letras minúsculas: “comparado com sabonetes sem ingredientes antibacterianos”.

O que quer dizer ser “100% melhor”? Eles não esclarecem nas peças publicitárias em que anunciam a vantagem. Há dois modos de se interpretar: 1) o total de bactérias removidas é o dobro do das removidas por sabonetes comuns; 2) o total de bactérias restantes é 100% menor. O segundo caso implica que há uma remoção *total* de bactérias.

No vídeo da campanha aparece imagem comparativa representando a pele com o uso de sabonete comum e do produto. A figura abaixo reproduz dois fotogramas: o antes e o depois.


No caso do sabonete comum, segundo a peça, há eliminação de poucas bactérias. Claramente, é sugerido que “100% melhor” deve ser interepretado como o caso 2.

Mas aí vemos no Código Penal a definição de charlatanismo:
“Charlatanismo
Art. 283 – Inculcar ou anunciar cura por meio secreto ou infalível:
Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa.”

Só escapam por não anunciar cura, mas prevenção – embora não seja um meio secreto (mas vá lá saber o que é fórmula Active5), claramente se propõe como infalível.

O site australiano é mais modesto. Diz que mata 99,9% das bactérias em 10 segundos.

De todo modo, a peça publicitária do Lifebuoy é uma boia furada. O produto deve funcionar, mas esse “100% melhor” está ilustrado de modo altamente enganoso. Sabonetes comuns removem até98% dos germes da pele em uma lavagem adequada.

Conar e Procon deveriam ter uma conversinha com a Unilever. http://neveraskedquestions.blogspot.com.br/2010/12/lifebuoy-na-linha-charlatanismo.html

 

Luis Nassif

1 Comentário

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  1. São uma bosta

    Olha primeiramente o triclosan( bacteriostático fraco) e o triclocarban, encontrado no lifebuoy, protex(bacteriostático fraco), são muito parecidos com relação à proteção contra bactérias, são bacteriostáticos( não matam bactérias, só impedem sua proliferação) fracos, mesmo em concentrações altas, cerca de 1%, e outra, eles possuem fórmula estrutural muito semelhante aos hormônios T3 e T4, tireoidianos, há muitos estudos científicos relacionando o uso de triclosan e triclocarban a possíves danos à saúde, sem contar que são bioacumuáveis, se aglomeram em tecido adiposo, há estudos que comprovam que essas substâncias foram encontradas até em peixes e outros animais de vida marinha, e ao longo da cadeia alimentar essa concentração tente a aumentar. Abraços!

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