Parente é Serpente: golpe ataca Petrobras e Pré-sal (2)

Por Romulus

– O planos das serpentes foi mais detalhado hoje, com a confirmação do ataque ao modelo de exploração do pré-sal, do uso do rombo inflado de 170 bi como álibi para privatizar barato e o anúncio de que também atacarão a política de conteúdo local.

– Não sobra nada do sonho de desenvolvimento autóctone de uma indústria naval com escala para voos internacionais, de uma siderurgia mais sofisticada, da robótica, da petroquímica e mesmo da indústria petroleira nacional, com ganhos de escala da Petrobras também para voos maiores.

– Novamente: como que uma empresa cuja emissão de títulos tem mais procura do que aquilo que ofertou recentemente “precisa de capitalização pelo tesouro nacional”? Puro sofisma. Caso a vontade fosse não dispor levianamente do patrimônio da empresa, bastaria, como no passado, lançar mão de uma operação de cessão onerosa.

– A novidade de hoje é que Pedro Parente (Serpente) é apenas meio maquiavélico: os fins justificam os meios sim, mas a maldade não é feita nem rapidamente nem de uma vez só.

– Ironia das ironias, sobrou até para os donos do pato amarelo inflável da Paulista. Desta vez vão sim pagar o pato.

* * *

Ao que parece, Pedro “Parente Serpente” é apenas meio maquiavélico: os fins justificam os meios sim, mas a maldade não é feita nem rapidamente nem de uma vez só. Pelo contrário, ele anuncia até prazo certo no futuro para sacramentar parte dessa maldade.

Será mais uma oportunidade em que o “Golpe usa tática de provocação orquestrada?”

Sim, porque dessa vez ele provoca não apenas os petroleiros, a esquerda e os nacionalistas, mas também a parcela majoritária do povo. Isso porque a população brasileira deseja a presença firme do Estado na exploração do Pré-sal e assim se manifesta seguidamente. Inclusive de maneira solene: em duas eleições presidenciais seguidas, essa pauta teve peso crucial no segundo turno, decidido entre dois projetos antagônicos – inclusive no que tange ao Pré-sal e à Petrobras.

É pouco?

Hoje temos a notícia de que com a liminar do Min. Toffoli, o presidente legítimo e legal da EBC retorna ao cargo para tentar reverter o desmonte da empresa de comunicação do Brasil. Toffoli certamente estava muito atarefado e, assim, impedido de conceder essa liminar antes, mesmo em caso com direito líquido e certo tão claro e com evidente perigo da demora (periculum in mora), com grave repercussão na política e na sociedade. Por certo, não pesou em nada nessa demora do Ministro o tempo que Temer acabou ganhando para tentar um “se colar, colou” na EBC. Nem tampouco o Ministro chuta – agora – cachorro (quase) morto depois do desgaste inédito em apenas três (!) semanas de governo. Em absoluto… o Ministro Toffoli apenas mais uma vez ateve-se ao célebre “tempo da Justiça”.

Esse tempo da Justiça também obriga o Min. Barroso a redobrar os cuidados na ação que move o PDT contra a radical reforma administrativa que promoveu Temer no primeiro dia (!) de interinato (!), secundado pelo aparelhamento 360° do Estado logo na sequência. Como adverte o Nassif em seu último post, “há um conjunto de instituições cuja cultura vem se desenvolvendo no tempo, independentemente do presidente de plantão. É o caso da EBC, IBGE, IPEA, Secretarias de direitos humanos, CGU. A horda bárbara não está deixando uma instituição sequer de pé”.

A Petrobras obviamente não tem uma direção e uma atuação alheias à administração de turno em Brasília. Nem por isso deixam de ser evidentemente temerárias uma intervenção e uma guinada de 180° no seu plano de negócios – num interinato que não completou sequer um mês!

Pois vejam que Pedro Parente Parente (Serpente) não se abateu nem com a liminar de Toffoli, nem com a ação em mãos de Barroso, nem tampouco com o revés atual do golpe no Senado, reconhecido até por um dos seus maiores operadores, o Ministro Eliseu Padilha.

Que interino que nada! Parente mostra que assimilou o trocadilho “sagaz” do marqueteiro do golpe: Presidente interino não… Presidente inteirinho!

Opa!

Mostrando claramente suas ressalvas – parciais! – a Maquiavel, Pedro Serpente dividiu os petardos entre seus dois discursos de posse, o primeiro em Brasília ontem e o segundo hoje no salão nobre da sede da Petrobras no Rio de Janeiro (reportagem reproduzida abaixo). Não satisfeito, anuncia a cristalização desses petardos em um novo plano de negócios para a empresa, a ser apresentado em – apenas! – 120 dias.

Nesta rodada de maldades, ataca não apenas o modelo de partilha e a participação da Petrobras na Exploração do Pré-sal, mas também a política de conteúdo local. Pelo menos desta vez quem pagará o pato serão efetivamente os donos do pato amarelo inflável da Paulista.

E Maquiavel balança na tumba…

E os votos no Senado também…

Realmente Pedro Parente é um técnico. Anos e anos no primeiro escalão da Administração Pública não o contaminaram com preocupações políticas – coisa menor. Centra o seu discurso no seu público:

(i) investidores das bolsas de valores;

(ii) abutres esperando a carcaça ser colocada a céu aberto para se deleitarem;

(iii) “operadores” que fazem as vezes de intermediário entre abutre e carcaça, azeitando esse encontro “fortuito”;

(iv) consultores para a venda dos ativos – consultorias, bancos de investimento, auditores e escritórios de advocacia*; e

(v) prestadoras de serviço e fornecedores da indústria do petróleo estrangeiros, doidos pelo fim do conteúdo local.

* * *

*Nesse tocante falo apenas do que vi de perto: o enorme número de novos sócios, todos feitos milionários, na onda de privatização dos anos 90. Pois agora, uma nova geração espera afoita a sua vez nesta nova rodada.

Bem… tentando olhar o copo meio cheio, assim pelo menos parte da riqueza surrupiada do Estado fica em território nacional, não é mesmo?

Quer dizer… até as novas fortunas serem investidas em apartamentos em Miami beach. No Brasil a gente reescreve até ditado francês: nouvelle richesse et pas de noblesse oblige! Algo que traduzo livremente como: novo rico sem nenhum verniz de refinamento tem sim que ter seu apê em Miami, ora bolas!

* * *

Muito bem, Pedro “Parente Serpente”!

Ficas bem na foto com os camaradas e com o seu credo econômico, não é isso?

Mesmo que politicamente seus anúncios beirem o haraquiri…

Note, contudo, que da última vez que alguém de perfil técnico menosprezou a política – a grande e a pequena – acabou sumariamente afastada do seu cargo, atropelando-se para tanto qualquer obstáculo legal ou moral.

Outra advertência:

Abutre come a tudo e a todos. Até mesmo serpentes – e parentes!

Veneno para o abutre é só um temperinho para deixar a carne picante.

Abutre não tem amigo.

Quando sente cheiro de carniça…

* * *

Abaixo a análise do primeiro discurso de posse de Parente (1/6/2016):

Parente é Serpente: golpe ataca Petrobras e Pré-sal (1)

Por Romulus

– A escandalosa fraude político-jurídico-administrativa, em que um governo – ainda em seu interinato! – arvora-se o direito, já que o STF e a PGR assim permitem, de praticar atos da maior relevância programática e de difícil (impossível?) reparação.

– Mesmo que Parente acredite que a desestatização seja benigna, como pessoa pública aceita usar uma fraude fiscal como álibi para vender o patrimônio da União.

– Tal venda – num momento de depressão de preços na indústria do petróleo em nível mundial e de depreciação dos ativos nacionais pela conjuntura política e econômica e pela desvalorização do Real – constitui uma lesa ao Estado brasileiro sem precedentes.

– Como que uma empresa cuja emissão de títulos tem mais procura do que aquilo que ofertou precisa de capitalização pelo tesouro nacional? Caso a vontade fosse não dispor levianamente do patrimônio da empresa, bastaria, como no passado, lançar mão de uma operação de cessão onerosa.

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Do Infomoney

Parente quer mudar lei do pré-sal, “alfineta” euforia dos últimos anos e discorda de capitalização

Novo CEO da Petrobras discursou em cerimônia de transmissão de posse na sede da estatal, nesta quinta-feira

Por Lara Rizério

02 jun, 2016 10h35 – Atualizada em 11h28

SÃO PAULO – Pedro Parente participou nesta quinta-feira (2) de cerimônia de transferência de cargo de presidente da Petrobras, no Salão Nobre do Edifício Sede da companhia, no Rio de Janeiro.  Ontem, Parente tomou posse como presidente da estatal durante cerimônia realizada no Palácio do Planalto, em Brasília.

Hoje, o presidente do Conselho de Administração Nelson Carvalho iniciou as suas considerações destacando a relação que tem há diversas décadas com Pedro Parente. Ele também elogiou o CEO anterior Aldemir Bendine que, segundo ele, entrega a Parente uma companhia muito melhor do que recebeu. Ele afirmou que houve uma promoção da reestrutura organizacional e revisão significativa de gastos e com investimentos de capital.

No início de seu discurso, Parente afirmou que a Petrobras é uma companhia que não pode se negar a enfrentar os problemas que têm pela frente. Os preços do petróleo, embora tenham oscilado, caíram mais de 50%; a recuperação econômica não é uma realidade. Romper barreiras técnicas e fazer a um custo compatível com a empresa e competitividade para o mundo.

“Entendemos que uma política de conteúdo nacional é necessária. Mas, para isso, deve incentivar a inovação”, destacou, afirmando que prevaleça pela competência que passe pelo teste ácido da concorrência.

A empresa aprova a mudança na lei de regulação do pré-sal, afirmou, destacando que a lei atual não atende nem os interesses da empresa como do País. Isso por duas razões: se a exigência não for revista, pode retardar a exploração e, em segundo lugar, por motivo estrutural, uma vez que retira a liberdade da empresa de escolher os seus projetos, o que é imperdoável para uma empresa listada em Bolsa.

Ele ainda afirmou que a ” euforia e o triunfalismo dos anos recentes não servem mais para esconder a situação da companhia”. Parente ainda destacou que a Petrobras foi vítima de uma quadrilha organizada e que tem a responsabilidade de recuperar a imagem, destacando que a petroleira tem que enfrentar os problemas com transparência e é uma das principais interessadas em buscar a verdade.

O executivo falou que não gosta da visão de que é necessária uma capitalização pela União. Isso porque coloca nas costas do contribuinte brasileiro um ônus e que também seria um desconhecimento do grave quadro fiscal, além de haver dificuldades práticas. O CEO afirmou que a Petrobras vai encontrar uma saída além da capitalização. Parente destacou que a redução da dívida segue como obsessão e que o novo plano estratégico da empresa será revisado em 120 dias. Ele voltou a defender a importância da venda de ativos e destacou que lista de desafios da Petrobras é longa, mas que quer conversar com o Ministério de Minas e Energia e com os institutos ligados ao setor de energia. Parente ainda pediu aos funcionários que mantenham a dedicação e o empenho pela empresa, para que ela volte a ser a companhia “dos sonhos dos jovens” e símbolo de orgulho de todos os brasileiros.

 

Redação

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