A esperança está numa rebelião dos honestos do Congresso, por J. Carlos de Assis

Aliança pelo Brasil

A esperança está numa rebelião dos honestos do Congresso

por J. Carlos de Assis

Só uma rebelião do núcleo honesto do Congresso Nacional, liberado por parlamentares que se opõem ao esquema corrupto de Eduardo Cunha, pode resgatar a República do derretimento que atinge todas as nossas principais instituições, Executivo, Judiciário e o próprio Legislativo. Quando menciono isso, a reação mais frequente é: como?, se o Congresso está todo povoado de corruptos! Minha resposta tem sido: num universo de mais de 500, não se consegue corromper todos. Aliás, não é preciso. Quem maneja o cofre sabe atacar os pontos mais vulneráveis.

Façamos as contas. Estima-se em cerca de 80 os deputados envolvidos pessoalmente no esquema nebuloso de Cunha. Isso, claro, não é o Congresso. O próprio Cunha, para desviar as atenções de si mesmo, mencionou 120 parlamentares que estariam sendo processados ou investigados por motivos diversos, inclusive corrupção. Bem, para não haver dupla contagem, vamos considerar os dois grupos como totalizando 150. Isso é muito pouco para um número total de parlamentares acima de 500, dos quais a maioria está fora de suspeita, e justificadamente indignada por ver-se misturada com a lama da política de Cunha.

O truque de Cunha para controlar, com seu grupo de corruptos, a maioria da Câmara é simples: ele joga também com forças políticas oposicionistas que, sem serem corruptas, se opõem a Dilma econômica e politicamente, e veem nesse grupo corrupto um instrumento de debilitação do Governo. Essas forças, contudo, não estão irremediavelmente perdidas para uma articulação de resgate do Parlamento e, através dele, do Brasil. Não estão nem mesmo a favor do impeachment, pois sabem as consequências devastadoras que poderia ter para o que resta das instituições republicanas, com o risco de rebeliões e uma possível ditadura militar no fim.

Há saída, e não é o aeroporto. O movimento que estamos lançando, Aliança pelo Brasil, se apoia basicamente na convicção de que há no Parlamento uma maioria focada em dois objetivos básicos: impedir o impeachment, para evitar a desordem completa na República, e mudar a política econômica numa direção progressista, que é o único caminho para evitar que a crise econômica desemboque numa crise social e política ainda mais desastrosa. Gramsci escreveu que se deve trazer o outro para uma posição da qual ele só pode recuar com desonra. A Aliança aposta na possibilidade de trazer uma parte significativa do Congresso para uma posição de honra, acima de querelas partidárias.  É nossa esperança que seja construído, em torno dela, um grupo parlamentar que ajude efetivamente a tirar o Brasil da crise generalizada em que se encontra.

J. Carlos de Assis – Economista, doutor pela Coppe/UFRJ, autor de mais de 20 livros sobre economia política brasileira.

                  

Redação

6 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Cunha é o cara direta ou

    Cunha é o cara direta ou inderetamente atende aos interesses que estão eleitos e que elegeream seus lobistas, você acha que é pouca gente, já parou para pessar quanto custa você eleger um deputado federal, quanto tempo toma isso, acha que o cara cai lá de paraquedas, muita igenuidade, de um jeito ou de outro a maioria depende de Cunha, fato.

  2. EXÉRCITO DE BRANCALEONE

    Só se o POVO se juntar a esse exército de meia dúzia de parlamentares do bem.

    O quê não é impossível diante de uma convocação de todos os PARTIDOS de ESQUERDA, da sociedade, e dos intelectuas,  de todos os cidadãos de bem desse país.

    Se a voz vier do povo, sem doação empresarial de campanha,  geral vira a casaca.

    POVÃO APOSTOS!!!

  3. DOIS PESOS, DUAS MEDIDAS…

    Mas, se os honestos se unirem no Congresso, como ficaria a relação desse, o Legislativo, com o Executivo? Só restaria o caminho do IMPEACHMENT, acredito… ou a opção de uma saída honrosa da crise só valeira para o Legislativo? Para o Executivo serviria a máxima de que todos roubaram ou ainda roubam, assim não se poderia condenar ninguém pela corrupção? Que saia Eduardo Cunha… mas, e Dilma e seus MInistros? Como ficariam nesse embróglio?

    Quem sabe deveríamos incluir Renam Calheiros e seus aliados no rol dos honestos , assim as relações entre o Legislativo e Executivo ficariam resolvidas…

    Mas isso é asunto para outro post. A mídia golpista iria adorar essa associação, não é mesmo? Afinal, as contas na Suíça de Cunha nada tem a ver com o Petrolão, Lava-jato, financiamento ilegal de campanhas, Mensaláo…

    Enfim, o buraco é sempre mais fundo do que se imagina…

  4. Cunha foi eleito com mais do

    Cunha foi eleito com mais do que 250 votos. Quem votou em Cunha foi conivente com os antecedentes dele, bem conhecidos, portanto são todos cúmplices.

  5. Estatística

    Nassif: ouvi dizer que “honesto” no Congresso (há que, por sonegação, omite o “h”) tem um número tão pequeno que corre o risco de ficar negativo, como a economia do Japão. Será isso mesmo possível?

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador