A firmeza da presidenta, por Juca Kfouri

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Enviado por Gilberto Cruvinel

da Folha

A firmeza da presidenta, por Juca Kfouri

Em primeiro lugar, para acalmar os furiosos, explico que acho presidente mais elegante que presidenta, mas que o tratamento no feminino está registrado em todos os dicionários ainda antes de Dilma Rousseff nascer, razão pela qual, aqui, o termo foi usado pela primeira vez quando Patrícia Amorim foi eleita no Flamengo.

Não significa, portanto, nenhum alinhamento automático a quem quer que seja, a não ser ao atendimento da legítima preferência de quem foi democraticamente eleita e reeleita. Dito isso, vamos ao que importa.

A presidenta cujo governo tem levado justas bordoadas de todos os lados, à esquerda e à direita, agiu de maneira impecável em relação à medida provisória do esporte.

Se há uma falha na MP está em não ter obrigado os clubes que aderirem a se transformar em sociedades empresariais.

De resto, não há nenhuma intervenção indevida do Estado no esporte, apenas há os cuidados obrigatórios do credor a quem lhe deve, há décadas, quase R$ 4 bilhões.

Quer pagar no generoso prazo de 20 anos com uma série de incentivos para saldar a dívida? Pois que se sujeite às condições do credor. O resto é choro de mau pagador.

Estive com a presidenta na terça seguinte ao primeiro panelaço, ato odiento de quem não quer ouvir.

Suspeitei que o encontro agendado na semana anterior nem aconteceria, porque na manhã daquele dia Dilma Rousseff fora hostilizada em São Paulo.

Mas não só o encontro foi mantido como estendeu-se por mais tempo do que o previsto, curiosamente por exatos 90 minutos.

Em seu gabinete no Palácio do Planalto, estavam também o ministro Thomas Traumann e o ex-deputado Edinho Silva, competente articulador da MP.

Ela queria ouvir alguém, como este que vos escreve, sem nenhum interesse específico na medida, a não ser aquilo que considera melhor para o país.

Surpreendi-me com sua serenidade e firmeza num dia tão turbulento. Ela disse e repetiu, ao anotar diversas ponderações, que seu compromisso com o Bom Senso F.C. seria mantido e que resolveria as naturais resistências do Ministério da Fazenda.

Já escrevi aqui e repito que o artigo 217 da Constituição, que trata da autonomia das entidades esportivas, analisado pelo STF, foi objeto de uma decisão unânime da mais alta corte do Brasil, seguindo o relatório do então ministro Cezar Peluso, no sentido de que autonomia não significa soberania, argumento dos que defendem a terra de ninguém em que se transformou nosso futebol.

Saí otimista do encontro, convencido de que o governo estava prestes a fazer um golaço. A última quinta confirmou a sensação.

O que não significa a resolução de todos os problemas nem que se deva baixar a guarda, ao contrário, porque será dura a batalha no Congresso Nacional para evitar que o texto seja estuprado como foram a Lei Pelé e, em certa medida, o Estatuto do Torcedor.

Por enquanto, está 7 a 2. Ou a 6?

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

7 Comentários

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  1. O PIG chamou de “Intervenção

    O PIG chamou de “Intervenção Federal no Esporte”!

    Mulher no esporte, só de calcinha – de calção é coisa de macho!

    Adere quem quiser…

    O clube que não quer se sujeitar e tiver grana, não assina!

    Eles estão acostumados a pegar empréstimos e NÃO PAGAR…

  2. Neste caso específico a Dilma

    Neste caso específico a Dilma está mais que certa.

    Todo mundo quer tirar uma lasca do din din dos impostos suados.

    Não dá! O Brasil não aguenta mais!

    Tudo é muito fácil. O sujeito entra lá, na direção de um time qualquer, faz daquilo o seu brinquedo, afaga a vaidade, arrebenta com o patrimônio de milhões e não é responsabilizado por nada!

    Já basta!

     

  3. O futebol brasileiro tem

    O futebol brasileiro tem jeito. É questão de administração. Tem muita gente ganhando dinheiro com ele. Então o porque do choro?

  4. A Dilma é mulher sem medo.

    A Dilma é mulher sem medo. Ela está enfrentando esta arruaça, que existe há trezentos anos e vai entregar o pais, em 2018, dez vezes melhor do que quando o Lula o recebeu das mãos do maior BUNDA MOLE da historia. O PIG está apostando em alguma fraqueza dela, mas não vai encontrar. Enquanto isto, estão dando tiro atras de tiro, no proprio pé. A La Santé!! 

    1. A tortura que já experimentou

      A tortura que já experimentou na mocidade se repete hoje recebidas pela mídia e oposição, só que hoje ela as recebe indiretamente dentro de um palácio. Força Dilma.

  5. Aumentar presença no estádio e ajudar os de baixa renda

     

    Aumentar presença no estádio e ajudar os de baixa renda:

     

    por que não incluir como clausula no pagamento da dívida dos clubes, a inclusão de um ponto em que, para melhorar as condições de pagamento, durante certo prazo, determinada porcentagem do estádio fosse vendida a preços populares?

     

    Os clubes seriam obrigados e fazer um cadastro comprobatório de baixa renda, onde os ingressos seriam comercializados a preços mais baixos.

     

    Isso ajudaria os clubes a melhorar as condições de pagamento, aumentar o caixa médio com bilheteria e aumentar a presença de torcedores nos estádios.

     

    Imaginem aí um jogo sem nenhum atrativo, como são paulo x marília no morumbi ou flamengo x friburguense no maracana, com uma carga de 10% para a população de baixa renda… já garantiria 10mil num jogo de baixo apelo.

     

     

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