A gestão das universidades públicas brasileiras

Programa discute os desafios financeiros e o papel das instituições superiores na produção científica
 
Segundo artigo divulgado pela Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura (Unesco, 2008) o mundo assiste a emergência de um novo paradigma econômico e produtivo onde o fator mais importante deixa de ser a disponibilidade do capital, trabalho, matéria-prima ou energia, passado a ser o uso intensivo do conhecimento e informação. Essa é a “sociedade do conhecimento” que impacta também em mudanças dos propósitos sociais das universidades.
 
A nova sociedade coloca o conhecimento e as inovações tecnológicas como vantagens competitivas entre os países, por outro lado essa centralidade do conhecimento como um pilar da riqueza e do poder das nações, “encoraja a tendência a tratá-lo meramente como mercadoria sujeita às leis do mercado e aberta à apropriação privada”, conclui a organização.
 
Para debater os problemas relacionados a gestão das universidades brasileiras bem como o desafio dessas instituições em se moldarem às mudanças sociais internas e externas ao país, o apresentador Luis Nassif receberá na próxima edição do programa Brasilianas.org, na TV Brasil, Vahan Agopyan, vice-reitor da Universidade de São Paulo (USP), Ivan Camargo, reitor da Universidade de Brasília (UnB), Carlos Levi, reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Carlos Vogt, presidente da Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp).
 
Não perca! Próxima segunda-feira (14), às 20h, na TV Brasil.
 
Onde sintonizar a TV Brasil:
 
UHF Analógico Canal 62 (SP)
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Redação

13 Comentários

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  1.  Esse progama eu irei

     Esse progama eu irei assistir com certeza.

      O que eu gostaria de saber não é que ou quais levaram a U S P  no fundo do poço tornando-a insolvente.

             Isso é o de menos.

               Eu quero saber o que precisa ser feito pra recupera-la .E não apenas com palavras, mas sim cobrando com empenho diário,incessante mesmo, a quem de direito, pra termos a nossa U S P gloriosa como foi durante muito tempo.

                   E sem essa de politicagem. Porque se foi o governo estadual, ele ataca o federal com a Petro ,Eletro etc.

                           O foco e nem o programa é esse.

                  Como recuperar a USP ?

  2. Em Defesa da Universidade Pública

    Em defesa da universidade pública

    julho 10th, 2014 bymariafro

    O texto abaixo é a integra da intervenção do professor Sidney Challoub, do IFCH/Departamento de História, no debate “SOS Universidade: em defesa da universidade pública”, ocorrido na Praça da Paz, na Unicamp, em 25 de junho, dentro das atividades de mobilização da greve.

    Em Defesa da Universidade Pública

    Sidney Chalhoub*, SOS Universidade
    Sidney_IFCH
    1.

    Agradeço o convite para participar desta conversa sobre a universidade pública. Esclareço que a minha intervenção parte de um lugar preciso de observação, que é o de um professor e pesquisador na área de Ciências Humanas.

    O momento é especialmente difícil para uma discussão serena sobre o tema, diante da enxurrada de ataques contra a universidade pública na mídia e a calculada indiferença do governo do Estado diante da situação, crônica já há vários anos, de subfinanciamento das universidades públicas paulistas.

    Ao ler algumas coisas para organizar o pensamento para hoje, deparei-me com uma observação de Marilena Chauí, em texto no qual refletia precisamente sobre o sentido das humanidades e das ciências sociais na virada do século. Ao acompanhar um debate sobre o tema, disse ela,

    “veio-me à lembrança uma cena do filme de Spielberg, A lista de Schindler”.

    Para evitar o isolamento e o encarceramento total no gueto, primeiro, e a morte no campo de concentração, depois, um judeu poderia salvar-se se considerado um trabalhador essencial para o esforço de guerra nazista. A sorte de cada um era decidida pela inclusão ou exclusão na lista de Schindler, isto é, na lista dos operários para a indústria de panelas, destinadas ao exército.

    Chegando à mesa de inscrição, uma das personagens apresenta-se, dizendo altaneira: ‘Sou um trabalhador essencial’. Indagação do soldado nazista: ‘Qual a sua profissão?’. Resposta: ‘Professor de história e literatura’. Risos do soldado, que indica ao professor o caminho dos excluídos rumo ao encarceramento dos inessenciais. Perplexo, o professor reage: ‘Mas, o que pode ser mais essencial do que a história e a literatura?’” (Escritos sobre a universidade, p. 160).

    A ingenuidade tragicômica do professor metaforiza de modo denso a nossa situação atual: apesar da forte pressão das forças políticas e da mídia de direita, há na ingenuidade do professor um fundo de coerência e dignidade que é importante não perder de vista nesta hora. Afinal, a universidade pública existe, talvez em primeiro lugar, para confrontar o tempo nervoso pertinente ao cotidiano da política e o tempo acelerado e produtivista do mercado. Contra essas notações do tempo, o nosso é lento, tempo de reflexão.

    2.

    A universidade é plural por definição, por isso há em qualquer momento uma diversidade grande de ideias e projetos em disputa sobre o que ela pode ou deve ser. Todavia, quero crer que possamos cerrar fileiras em torno da ideia de que o princípio ou o valor fundamental da universidade pública é a busca do conhecimento, incluída aí a formação de pesquisadores em todos os níveis e áreas de investigação.

    É curioso talvez que seja necessário começar por aí, pela afirmação de que a universidade não é um microcosmo da sociedade, não tem como objetivo zelar pela felicidade geral, mas é, sim, uma instituição voltada para a produção de conhecimento num ambiente de independência e autonomia, no qual seja possível arriscar, acertar e errar, recomeçar, e assim até perder tempo, talvez o mais precioso dos direitos que deve caber a um pesquisador.

    Ao dizer isto, firmar este princípio geral, duas coisas parecem claras. Primeiro, a sociedade sabe que as universidades públicas paulistas são fiéis ao seu objetivo geral e têm cumprido bem a sua missão. Não tenho qualquer ilusão a respeito da única trincheira de defesa realmente eficaz da universidade pública neste país. Ela produz conhecimento, as universidades privadas não o fazem. Este é o argumento irrespondível, ao qual as forças políticas de direita e a mídia conservadora, ou abertamente fascista, se dobram sem remédio. Neste país, no que diz respeito ao ensino superior, onde há mercado não há conhecimento. Com raríssimas exceções, que provam a regra, como de praxe.

    O segundo ponto fica evidente na minha afirmação, deliberadamente para provocar, de que o primeiro direito do pesquisador é perder tempo – bem entendido, a pesquisa é atividade arriscada, na qual se erra e acerta. Se deve às vezes mudar de rumo é algo que se faz pensando devagar e convivendo com incertezas. Nada mais difícil de sustentar no contexto atual de produção de conhecimento nas universidades. Isto, de fato, coloca a universidade pública em risco: quer dizer, a privatização branca que nela acontece, quando o conhecimento que deveria estar em sintonia com os impasses e necessidades da sociedade se transforma em conhecimento destinado a atender às necessidades do mercado.

    Esconjura, vade retro Satanás, atender às expectativas do mercado? Não, de jeito algum; mas sim produzir conhecimento em sintonia com os impasses e necessidades da sociedade, o que é completamente outra coisa: precisamos de ciências humanas capazes de destrinchar e expor à sociedade os seus pressupostos racistas, sexistas, brutalmente hierárquicos e excludentes; precisamos de engenheiros interessados em pensar alternativas às fontes de energia e tecnologias que estão prestes a comprometer a vida no planeta; precisamos de médicos determinados a trabalhar pela saúde da maioria da população, não devotados às aplicações estéticas e cosméticas do ofício; precisamos de advogados empenhados na garantia de direitos sociais, não agentes da precarização e da exploração desumana do trabalho, pois voltamos até às práticas de escravização, outra grande façanha do neoliberalismo.

    Enfim, chegamos a uma primeira característica da universidade que queremos: produtora de conhecimento segundo o princípio político geral de expor e criticar os modos de reprodução da desigualdade social, da precarização e destruição da vida em todas as suas formas; produtora de conhecimento destinado a lidar com as necessidades da sociedade, não fadado a atender as tais necessidades do mercado.

    3.

    Firmado este princípio geral – não custa repetir, a produção lenta de conhecimento como o valor fundamental da universidade pública –, menciono em seguida alguns aspectos pertinentes à prática dele, assim como problemas que o comprometem ou ameaçam.

    3.1.

    Há um modo de fazer pertinente ao conhecimento lento e crítico: ele é atividade criativa, que combina dedicação e prazer; não pode ser experiência de trabalho alienado, não pode se organizar por meio da divisão do trabalho, entendido como hierarquia, exclusão, separação radical entre os detentores do saber e seus dependentes. A diferença entre professores e alunos é circunstancial, temporal; a naturalização da diferença –quer dizer, o apego à hierarquia e seus rituais – aniquila a possibilidade do conhecimento enquanto prática crítica e transformadora.

    Além do apego à hierarquia e à naturalização das diferenças, a produção lenta do conhecimento como valor sofre há muitos anos o ataque sem tréguas do produtivismo ou quantitativismo, que consiste na forma ideológica da privatização do trabalho intelectual na universidade pública.

    Sem que cheguemos à caricatura capitalista do ensino pago nas universidades públicas, constituindo-se assim o conhecimento como mercadoria e os estudantes como consumidores dela (já se vê que desse conúbio não virá conhecimento científico), a ideologia privatista contaminou a universidade por meio das avaliações quantitativistas delirantes.

    Como sabemos, até emergiu no Brasil uma nova espécie, nossa contribuição sui generisà diversidade da vida em nosso planeta: o chamado homo lattes, indivíduo sisudo mas cortês, que dá bom dia para você no corredor e em seguida registra tal colóquio em seu currículo lattes, como participação em evento. E o cara prospera, vive da esperança de ganhar o prêmio Zeferino Vaz.

    O produtivismo realiza duas grandes inversões ideológicas, tão toscas que causarão grande hilaridade nos historiadores do futuro: primeiro, substitui a lógica da produção pela da circulação, ou seja, circular, aparecer, vale mais do que escrever qualquer coisa que preste; segundo, substitui a lógica do trabalho pela da mercadoria: a quantidade vale mais do que a qualidade.

    O resultado disso parece repertório para piadas feitas: em Ciências Humanas, é frequente que pesquisadores e programas de pós-graduação sejam avaliados a partir do pressuposto de que nada se deve ler do que foi produzido por esses indivíduos ou nesses espaços institucionais; analisam-se várias tabelas, mas ninguém lê duas dezenas de páginas de fato escritas pelo pesquisador.

    Ainda assim, em Ciências Humanas, por mais que tenham crescido incrivelmente nos últimos anos, os números de qualquer exemplar do homo lattes empalidecem diante de seus similares nas ciências duras. Nelas, há gente que publica tantas dezenas de artigos por ano, todos com grande índice de impacto, que é impossível acreditar que o sujeito sequer tenha lido tudo o que publicou. E há também o IMITO (Índice de Medida da Irrelevância Total), destinado a medir a grande capacidade de pesquisadores que conseguem, num determinado ano, ter mais artigos publicados do que citações de seu trabalho. Este assunto seria apenas divertido, se não fosse trágico.

    Passo ao seguinte.

    3.2.

    Diante da pressão conservadora, uma reação defensiva comum na universidade pública é a eterna autoflagelação a respeito de sua suposta pouca relação com a sociedade, de existir numa torre de marfim etc. Para fugir do lugar comum, que tal reclamar do inverso? O problema da universidade não é a falta de maior presença dela na sociedade, mas a ausência da sociedade dentro dela.

    Melhor dizendo, a diversidade social, étnica, de gênero, etc., não está suficientemente presente na universidade. É claro que a solução ideal para tal problema seria ampliar vagas nas instituições públicas até que elas pudessem receber toda a população interessada em cursar o ensino superior. Chegaremos lá algum dia, decerto não com nossos atuais governantes.

    No momento, o que resta é lidar com as formas de exclusão praticadas pela universidade, de modo a obrigá-la a abrir as portas à sociedade ao menos no sentido de que a diversidade social e étnica dela esteja presente entre estudantes, funcionários e professores. O vestibular é uma besta morta pendurada no bico dos abutres. Do jeito que é feito, não pode continuar. O pressuposto abstrato da meritocracia é talvez o modo mais rotineiro e cruel de reprodução das desigualdades raciais e sociais que constituem a sociedade brasileira. É a reprodução acrítica da ideologia competitiva e excludente que está no centro da barbárie capitalista à brasileira.

    As universidades públicas paulistas precisam urgentemente de quotas raciais e sociais para ingresso em todos os seus cursos. Precisamos de médicos negros, que tenham crescido em favelas ou outras comunidades não-afluentes; precisamos da experiência de vida e do conhecimento de gente que vê o mundo de perspectivas diversas em todas as áreas de conhecimento. Precisamos garantir a diversidade no corpo de funcionários e promovê-la no corpo docente.

    Entre os funcionários, segundo dados obtidos junto ao DGRH, desde que a Unicamp iniciou a prática de concursos públicos darwinistas, não entraram mais negros em seu quadro de funcionários. É urgente, portanto, estabelecer quotas raciais em concursos para funcionários. E devemos estudar também iniciativas destinadas a garantir a diversidade do corpo docente.

    3.3.

    Há também a questão difícil da democracia. O problema precisa ser enfrentado. Talvez esta possa ser uma consequência positiva de nossa difícil conjuntura atual. Chegamos ao ponto incrível de o atual reitor da USP, pró-reitor na administração anterior, portanto membro ativo dela, dizer com a maior cara de pau que nada sabia, e não podia saber, do descalabro financeiro que agora acusa ter caracterizado a administração anterior.

    Como assim? De que modo as decisões de política financeira foram tomadas?

    Quem já teve a sorte, ou o azar, de participar, ou simplesmente observar, reuniões do conselho universitário ou de outras instâncias colegiadas da Unicamp, deve ter notado um certo clima de rolo compressor muitas vezes reinante. Na administração anterior da Unicamp, a prática do rolo compressor chegava às raias da caricatura.

    Ao apresentar um tema qualquer de seu interesse, que queria ver aprovado no conselho, o reitor falava 30, 40 minutos, sem interrupção, apresentando o seu ponto de vista sobre a matéria. Depois passava a palavra ao pró-reitor mais vinculado ao tema, que ocupava o microfone por outra meia hora, talvez viesse ainda outro pró-reitor, ou alguém mais. Finalmente, abria-se a palavra ao plenário. Cada intervenção tinha de ser feita em poucos minutos, cronometrados. A mesa ameaçava cortar a palavra, em especial de seus desafetos.

    Isto rolou por quatro anos, uso abusivo do poder, garantido pelo monopólio da palavra. O resultado se vê pelo campus inteiro, obras e mais obras, nunca acabadas, algumas sem que se saiba a que vieram.

    A questão da democracia na universidade é séria. Não é possível adiar mais a discussão a respeito de formas de tornar mais forte a participação de estudantes e funcionários nos processos decisórios da universidade. Há várias decisões que poderiam ser tomadas de forma paritária. Há colegiados que, mesmo que mais adstritos a assuntos acadêmicos, portanto nos quais a composição paritária seria difícil, poderiam dar mais poder de influência e voz a funcionários e estudantes. No mínimo, isto aumentaria a diversidade de pontos de vista e a capacidade crítica da universidade em seus processos de tomada de decisão.

    3.4.

    O meu tempo se esgota, por isso me limito a algumas palavras finais sobre terceirização e injustiça nas relações de trabalho no interior da universidade.

    A situação se tornou insustentável. Há setores da sociedade que só entram na universidade por meio da exploração de seu trabalho num contexto de precarização de direitos. São mulheres, negras, pobres, algumas idosas, as pessoas que fazem a faxina no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, contratadas por meio da prática da terceirização.

    Esta situação contradiz de modo flagrante o princípio da universidade comprometida com o conhecimento lento como valor, logo voltada para as necessidades da sociedade, para a luta contra todas as formas de precarização provocadas pelo mercado.

    Muito obrigado.

    Professor do IFCH/Departamento de História

     

  3. Governo de Minas Gerais e

    Governo de Minas Gerais e reitoria se calam diante da crise na Unimontes

    Docentes reivindicam a realização imediata de concurso público e a garantia dos direitos, e se mobilizam a fim de obter respostas e esclarecimentos

    Cerca de 600 docentes da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes-MG), efetivados a partir da Lei Complementar 100, sancionada pelo governo de Minas Gerais em 2007, estão sendo prejudicados após a norma ter sido considerada inconstitucional por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), em abril deste ano. Estes professores representam cerca de 60% do quadro atual da universidade.

    No julgamento de Ação Direta de Inconstitucionalidade, o STF entendeu que todos que não prestaram concurso público, e foram efetivados pela Lei, devem deixar os cargos. A previsão é que os trabalhadores efetivados pela LC 100/2007 – 98 mil no total, sendo a maior parte da educação -, deixem de compor o quadro de servidores a partir de abril de 2015. A medida também afeta todo o setor da educação de Minas Gerais, do ensino básico ao superior, incluindo a Universidade Estadual de Minas Gerais (Uemg). 

    De acordo com a integrante da Comissão de Mobilização da Adunimontes – Seção Sindical do ANDES-SN, Isabel Cristina Barbosa de Brito, a reitoria e o governo ainda não prestaram esclarecimentos e sequer apresentaram uma proposta, apesar da crise instalada da universidade. Ainda segundo a professora, a Unimontes não realiza concurso público há 12 anos, o que agrava ainda mais a situação da universidade, que tem 15% do quadro composto por contratos temporários.

    “Durante todo este período, sempre fomos informados de que não teríamos problema com a efetivação. E, até agora, com a divulgação da decisão do STF, nenhuma declaração foi divulgada pelo governo. A reitoria mandou um comunicado geral falando sobre a inconstitucionalidade da lei, mas de forma muito genérica, sem esclarecer como ficará a situação dos professores”.

    De acordo com Isabel, a decisão do STF concede prazo de 12 meses para que os servidores deixem os cargos, “tempo hábil para a realização de concurso público, a nomeação e a posse de novos servidores, evitando-se, assim, prejuízo aos serviços essenciais prestados à população”, de acordo com o Supremo. “No julgamento, foi dado um ano para modulação, ou seja, a inconstitucionalidade só teria efeito a partir de um ano da data do julgamento. No entanto, a medida não está sendo respeitada, e os professores já estão sendo prejudicados, com a restrição de direitos adquiridos e alteração nos contracheques, inclusive com redução de salários. Ou seja, o prazo está sendo desrespeitado”, diz.

    Entre as reivindicações dos docentes, segundo a professora, estão a realização imediata do concurso público, e que o prazo estabelecido pelo Supremo seja respeitado. “No entanto, fomos informados que o governo só pretende realizar concurso a partir de 2015”.

    Mobilização

    Após tomarem conhecimento da decisão do STF, a Adunimontes realizou algumas assembleias para informar a situação aos professores. No dia 18 de junho, uma carta assinada pela Seção Sindical e pela Comissão de Mobilização, que denuncia a crise institucional e acadêmica da Unimontes, além de ressaltar os prejuízos diretos às atividades da universidade e à vida profissional dos professores, funcionários e estudantes da instituição, foi divulgada à comunidade acadêmica. “O governo do estado de Minas se desonera da lei inconstitucional que criou e das garantias que deu colocando toda a conta nas costas dos professores da instituição, e a gestão atual da universidade, lenta, repete, cala, consente e negligencia, ao invés de se posicionar ao lado da instituição e de seus professores”, diz um trecho do documento.

    A carta ressalta ainda o fato de a instituição ter mais de 70% do quadro não permanente. “Não bastasse todos os prejuízos à universidade a aos docentes causados pela má gestão estadual e da Reitoria, que protelaram por 12 anos a realização de concurso público para professores na Unimontes e resolveram realizar concurso em ano eleitoral num formato não adequado a uma instituição universitária de nosso porte, o que resultou no cancelamento (vexatório) do mesmo por incompetência do seu edital”, acrescenta.

    Isabel conta que os docentes pretendem entrar com um mandado de segurança, tanto em Minas Gerais quanto em Brasília, para garantir o direito dos professores durante o prazo de modulação. A decisão foi tomada em assembleia do último dia 25, que contou com a participação da Regional Leste do ANDES-SN. Também está marcada uma nova assembleia para o dia 6 de agosto, que tem como pautas o indicativo de greve e fazer uma avaliação da mobilização no período.

    Está prevista ainda a realização de algumas reuniões nos departamentos da Unimontes para prestar esclarecimento aos professores. “A universidade é bem dispersa, então vamos nos encontrar com os outros docentes para esclarecer boatos que surgem a partir da falta de informações”, afirma Isabel.

    “Sabemos que o quadro é bastante complexo. O pior é que não existe indicativo de nada, ninguém sabe o que vai acontecer. Isso é muito ruim para os professores e uma falta de respeito em relação ao trabalho docente e à carreira. Todos são professores que têm projetos, desenvolvem suas atividades, e toda esta crise desmobilizou muito a universidade por não saber do que vai acontecer. Não há nenhuma seriedade no trato da questão. Somos trabalhadores e precisamos saber o que vai acontecer”, desabafa.

    O 2º vice-presidente da Regional Leste do ANDES-SN, Antônio Libério de Borba, ressalta o apoio dado pelo Sindicato Nacional aos docentes e à Adunimontes. “Quando o ANDES-SN tomou conhecimento das dificuldades que os professores estavam enfrentando, dois diretores se deslocaram imediatamente e participaram de reuniões da comissão de mobilização e da assembleia de professores, colocando o ANDES-SN e a direção nacional à disposição”.

    O diretor acrescenta que a Assessoria Jurídica do ANDES-SN também foi colocada à disposição dos docentes. “Fizemos uma fala conclamando os companheiros à luta e reforçando a nossa solidariedade”, ressalta.

  4. Greve nas universidades estaduais paulistas continua

    Greve nas universidades estaduais paulistas continua

    Em reunião realizada nesta terça-feira (8), o Fórum das Seis – representação de docentes e funcionários e estudantes da USP, Unesp, Unicamp e do Centro Paula Souza – decidiu continuar e fortalecer a greve nas três universidades estaduais paulistas, iniciada em 27 de maio.

    No começo desta semana, os docentes das três universidades, representados pelas Seções Sindicais do ANDES-SN Adusp, Adunicamp e Adunesp, deliberaram em assembleias e plenárias estaduais pela manutenção da greve, após reunião entre o Fórum das Seis e o Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp), realizada na última quinta-feira (3). Mais uma vez, não houve avanço nas negociações salariais, com a reafirmação do 0% de reajuste salarial.

    Por insistência do Fórum das Seis, uma nova reunião foi agendada para a próxima quarta-feira (16). No entanto, O Cruesp determinou que na reunião só serão tratados os itens da pauta que não se referem à questão salarial, o que reforça ainda mais a intransigência do Conselho em relação às reivindicações das três universidades. Apesar da imposição, o Fórum das Seis continuará pautando a questão salarial. Em assembleia realizada na segunda-feira (7), a Adusp aprovou uma moção de repúdio à postura do Cruesp, considerada pela seção sindical como um desrespeito.

    Adusp

    Na assembleia do dia 7, além de deliberarem pela manutenção da greve, os docentes da USP aprovaram a não entrega das notas, reafirmando decisão da assembleia anterior; a discussão das pautas específicas apenas após a conclusão da negociação salarial; convidar os membros das congregações para discutir os documentos aprovados pelas congregações das unidades, analisar as concepções da reitoria sobre a universidade pública, avaliar a situação orçamentária das universidades estaduais paulistas.

    Também foi aprovado pelos docentes propor ao Fórum das Seis a organização de uma ampla frente política em defesa da universidade pública, gratuita e de qualidade; cobrar dos membros da Comissão de Orçamento e Patrimônio (COP) resposta ao convite da Adusp para um debate sobre a situação orçamentária da USP; e encaminhar ao Fórum das Seis proposta de audiência com o governador para tratar das questões das universidades estaduais paulistas.

    Para o próximo dia 15, terça-feira, estão marcadas assembleias setoriais e assembleia geral permanente.

    Adunesp

    Entre as deliberações da plenária estadual da Adunesp, realizada em Franca na segunda-feira (7), está o reforço do indicativo de greve. Segundo o presidente da Seção Sindical, João Da Costa Chaves Junior, os docentes estão em greve em 15 campi.

    A Adunesp também participou de uma reunião com a Reitoria nesta terça (8), a convite da reitora, juntamente com o Sintunesp. Na ocasião, foram apresentados os indicativos definidos na plenária do dia 7. “Na reunião, informamos que a proposta apresentada pela Reitoria será levada para a próxima assembleia, mas que não estamos dispostos a discutir a pauta específica, que só será discutida após avançarmos na pauta unificada. A estratégia tem sido esta: empurrar a pauta salarial para setembro e outubro, e propor a discussão das pautas específicas”, afirmou.

    A plenária também propôs a autoconvocação do Conselho Universitário da Unesp para a próxima quinta-feira (17).

    Adunicamp

    Também na segunda-feira (7), os docentes da Unicamp decidiram em assembleia geral pela manutenção da greve, além de abrir negociações com a Reitoria da universidade mediante algumas condições.

    A abertura da negociação foi discutida na assembleia a partir de um comunicado emitido no domingo (5) pela Reitoria, no qual se propõe discutir apenas as pautas específicas e não o reajuste salarial. Por decisão da assembleia, a negociação será aceita a partir do momento em que a Reitoria reconhecer formalmente que houve perdas salariais e que elas serão repostas, entre outras condições, como o reconhecimento formal de que a greve em curso necessariamente tem impacto sobre o calendário escolar, havendo necessidade de adequá-lo quando terminar a greve.

    Os docentes aprovaram ainda levar ao Fórum das Seis proposta da Faculdade de Educação, de negociar o índice de reajuste salarial com o Cruesp a ser implementado de acordo com a disponibilidade financeira de cada universidade.

    A próxima assembleia geral será realizada no dia 17 de julho, às 14h.

    Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)

    Na madrugada de sexta-feira (4), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) foi aprovada na Assembleia Legislativa sem nenhuma alteração do texto que diz respeito às universidades, mantendo a mesma formulação desde 1995. Em dado momento da discussão plenária, o deputado João Paulo Rillo, líder do PT, propôs publicamente a negociação das emendas defendidas pelas estaduais paulistas, e o líder da situação, deputado Barros Munhoz, do PSDB, declarou que estava ciente da situação e das demandas das universidades, mas que não poderia atendê-las por orientação explícita do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.

    * Com informações da Adusp e da Adunicamp e foto de Adunesp

  5. Para mim, uma das piores

    Para mim, uma das piores coisas do PSDB foi o ataque às universidades públicas brasileiras. O MEC de FHC jogou a UFRJ na pior crise de toda a sua história. Nos anos 1990, falava-se muito em sucateamento. Era a estratégia de desacreditar para depois privatizar. Que, a bem da verdade, começou a ser montada e executada no governo de Collor de Mello, e seguiu nos dois governos do PSDB. As universidades federais ficaram em frangalhos, sob diversos aspectos. Houve momentos em que a conta do fornecimento de energia elétrica precisou ser negociada e renegociada diversas vezes, para não ser cortada, no caso da UFRJ. Foi mesmo dramático. Faltava inclusive papel de prova, que os alunos traziam de casa. Não havia nenhum tostão para investimento, o próprio custeio vivia em risco. Os salários, então, nem se fala: predominava o mais vergonhoso arrocho. Para os que dizem que os governos do PT são idênticos aos governos do PSDB, vale a reflexão.

    1. Já não havia pouco, dado,

      Já não havia pouco, dado, docente de universidade pública foram radicalmente contra a ditadura. Essa demitia aos montes, fazia  seleção docente das mais rigorosa, inclusive tendo que fazer entrevista com general do sistema de informação prometendo fidellidade canina ao regime, e no primeiro dia de aula se revelava esquerdista deste de criancinha. E FHC apenas aumentou sucateando e criando coisas como FIES, ProUni. Eis que chega o governo Lula e esses até imploram que se investia mais nesses programas privados porque seria desperdício investir em públicas.

  6. Mais com esses convidados não haverá discussão de mudanças!

    Prezados,

     esses convidados foram colocados nessas posições na Universidade por fazerem parte de um sistema politico acadêmico que levou a gestão das Universidades, em particularmente as Paulista a essa situação de sucateamento que se encontram. Esses senhores são contrários a mundança na gestão pois senão seus grupos politicos são frutos desse modelo de gestão e certamente a mudança implicará na perda de espaço e poder. Então, nem vale a pena perder tempo escutando esse povo. Certamente vão dizer que a gestão Universitaria esta otima e os resultados dos ranks internacionais apontam o crescimento da importância …. Quando tem problemas eles irão não a gestão Univeristária mais algum outro culpado.

  7. sociedade do conhecimento no

    sociedade do conhecimento no capitalismo continuará sendo obivamente apropriado e dominado por poucos em detrimento de muitos…ou poucos manipulando muitos….

    1. Sem dúvida, enquanto esses

      Sem dúvida, enquanto esses tinham, desenvolvimento era explorar riquezas naturais, agora é conhecimento.Se o Brasil foi atrás disso, deixará , por exemplo, bilhões em árvores viar paú na Amazônia e tentará fazer o inútil: achar quem ensine o que preste e alguém que aprenda alguma coisa.

  8. O Vahan, Nassif?

    Ah, desculpe, agora, eu rio de você!

    O vahan é o zagueiro. É o cara da reitoria da usp (assim mesmo) que fala pela universidade (caixa baixa) onde o reitor zago (caixa baixa) não vai.

    Por exemplo, pra reiterar o zero de aumento no cruesp (caixa baixa) que, publicitariamente, foi dado posteriormente a uma aparente divergência entre a reitoria da Unicamp e da usp (jogo de cena?).

    Vahan (caixa alta apenas por causa do início de parágrafo) é aquele que “passou um pano” no nakao (caixa baixa) quando este disse que os alunos da each estavam sendo manipulados pela esquerda por causa da contaminação na unidade em que estudam. E os alunos sendo enrolados pela reitoria e pela direção da unidade.

    Gostei de algo que vi em um documentário: “De repente, todo mundo era nazista, do dia pra noite. Brotavam como batatas”. No caso da usp (caixa baixa), “de repente, todo mundo ficou reflexivo e ético; da noite pra outra noite de treva profunda, açúcar para os lábios e o terror do pâncreas”.

    Vahan era pró-reitor de pós-graduação na gestão rodas (caixa baixa). Mais uma peça da gestão anterior.

    De repente, a ética e a reflexão aportam nesta bandas. E antes, vahan, não tinha?

    O mesmo vale pro zago, outro que não engana.

    Será uma inteligente discussão numa barca no rio Pinheiros.

  9. Já se encontra no congresso

    Já se encontra no congresso para ser votada a PEC 39514, alex Canziani, que permite univesidade vender curso, como especialização, o que hoje permite essas arrecadas mais de R$ 10 bi ano, mas nada disto é para os confres da universidade,mas para apenas para bolso de uma turma esperta.

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