“Agora sim a Comissão de Direitos Humanos vai se preocupar com cidadãos”, diz Telhada

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – Coronel Telhada, deputado estadual do PSDB indicado pela bancada tucana para compor a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de São Paulo (ALESP), disse, em sua página oficial do Facebook, que “agora sim teremos uma Comissão de Direitos Humanos que realmente se preocupará com os direitos de todos os cidadãos.” 

Ex-comandante da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), Coronel Telhada escreveu, na manhã desta sexta-feira (8), que os “policiais militares são os verdadeiros defensores dos Direitos Humanos pois diariamente arriscam suas vidas por outros humanos e juraram sacrificar as próprias vidas, se preciso for, pela vida dos outros humanos.” “Quer mais do que isso?”, indagou aos insatisfeitos com sua indicação para a Comissão.

Em outubro de 2014, Telhada foi alvo da mesma Comissão de Direitos Humanos por ter feito manifestações duras contra a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT). Também no Facebook, ele postou: “Devemos nos submeter a esse governo escolhido pelo Norte e Nordeste? Eles que paguem o preço sozinhos.”

“Direitos Humanos é para bandido”

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Em entrevista publicada pelo canal “Focas no Foco”, em setembro de 2013, Telhada, então vereador de São Paulo (o quarto mais bem votado em todo o Brasil), disparou contra os militantes dos Direitos Humanos.

“Direitos Humanos, para mim, é para bandido. No Brasil não existe direitos humanos. Direitos humanos é uma piada aqui. (…) Agora, quando você vê notícia de que a Polícia executou o coitadinho do bandido, só porque ele estava com um fuzil, ou do Amarildo, que desapareceu no Rio de Janeiro, que nem sei quem é esse cara, é muito interessante ver como os Direitos Humanos (atuam).”

“Nessa hora”, continuou”, “todo mundo quer se promover. Mas quando o guarda toma um tiro na barriga, ou fica aleijado com um tiro na espinha, e passa o resto da vida cagando em frauda, ninguém [dos Direitos Humanos] vai dar nem frauda para esse cara.”

Na mesma entrevista, Telhada afirmou que nunca pensou em entrar para a política, pois via o ofício como coisa de corrupto, até que foi convencido por colegas policiais a buscar um mandato para defender os interesses da categoria. “Estou no PSDB porque me chamaram, mas não morro de amores por ninguém. Meu partido se chama Polícia Militar do Estado de São Paulo”, pontuou. 

Em outro momento da mesma entrevista, ele admitiu que tem porte de arma em tempo integral. “Só não ando com pistola no Plenário (da Assembleia) porque a lei não permite. Fora do plenário, sempre.”

Já em vídeo publicado em abril de 2014, Telhada afirmou que optou pelo PSDB porque se identifica com a legenda em termos de “ética e honestidade”, mas advertiu que quando o assunto é “segurança pública”, o desempenho de seu partido é “desastroso”.

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Vítima de preconceito

Com 22 deputados na Assembleia, o PSDB escolheu Coronel Telhada e os deputados Carlos Bezerra e Hélio Nishimoto para ocuparem três vagas da sigla na Comissão que, até o final do ano passado, era comandada pelo ex-deputado Adriano Diogo (PT). A nomeação dos tucanos deve ser efetivada no final de abril.

A indicação de Telhada provocou críticas por parte de grupos ligados à agenda dos Direitos Humanos. O deputado Carlão Pignatari, líder do PSDB na ALESP,  reagiu aos comentários afirmando que o ex-PM é alvo de preconceitos. 

“Vivemos em uma democracia e o deputado Telhada foi eleito legitimamente como representante da população. Por que, então, esse preconceito? A sociedade quer segurança, quer ter seus direitos humanos respeitados bem como os policiais de todo o Estado. A prerrogativa é que por um deputado ser policial ou médico ou dentista ou educador ou qualquer outra formação profissional ele estaria alijado de participar de comissão não correlata? E a liberdade de expressão e participação?”, escreveu Pignatari, em nota divulgada à imprensa.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

22 Comentários

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  1. Acredito que o PSDB está nos

    Acredito que o PSDB está nos seus últimos anos de governo.

    Não é possível uma partido sobreviver depois que tudo que vem fazendo, mesmo tendo o apoio incondicional do PIG.

    As pessoas governadas pelo PSDB irão abrir os olhos.

    Não é possível permanecer na burrice durante todo o tempo.

  2. Telhada é coalhada…

    Como crer que defende os seres humanos um deputado que não acredita na humanidade de grupos humanos? Para entender o que o coronel Coalhada faz, basta ver seu discurso reacionário de que “agora o cidadão vai ter seus direitos humanos respeitados”. Ocorre que a efetividade desses direitos é que todos os exerçam, sem exceção. Quando ele separa a sociedade em cidadãos e não cidadãos (para ele, os que cometem crimes deixam de ser cidadãos), ele já toma o direito como privilégio, que ele garantirá só par os seus. 

    Nem lógica o discurso tem, podemos cobrar-lhe realidade?

  3. é só perguntar,…

     

     

    aos professores do Paraná, …  aos pobres da periferia de Sampa, ….  a qualquer um que cobre os seus direitos de um governo tucano, ….   são esses os alvos da preocupação desse tipo de político…

  4. O Telhada seja o retrato

    O Telhada seja o retrato irrepreensível hoje da face e personificação do PSDB, assim como Beto Richa. E em tempos passados tivessem o Mário Covas, Franco Montoro, que não são exemplos de todo acabado, mas mostravam uma civilidade irrepreensível. 

  5. Na lógica desse brucutu não

    Na lógica desse brucutu não há diferença entre bandido e polícia. Por isso é que ele clama pela proteção dos DHs para policiais e vítimas.

     

    – “Ora, se até bandido os DHs protegem, porque não protegem os policiais?”, diz a lógica torta desse cara.

  6. infelizmente : Telhada

    Para início de conversa: ROTA não é pelotão da PM. ROTA é grupo de extermínio. São PMs que se dedicam a exterminar os inimigos do estado. É um grupo criado na ditadura militar , que visava atacar os chamados subversivos e que permanece até hoje para extorquir bandidos e dar proteção a outras facções. Eles protegem quem paga mais, ou atacam quem ataca seus negócios ( escusos, claro). Este infeliz que é um milico nojento. É uma excreção que poderia muito bem ter sido enforcado pelo cordão umblical. Ou deveriam ter castrado seus pais ( pelo menos a mãe, pois ele não deve saber que é o seu pai verdadeiro). Direitos humanos é para qualquer ser humano e devem ser respeitados dentro das condições de gozo de cada um. Não é só para rico, nem só para pobre, nem só para detento, nem só para homem livre, nem só para policiais ( que  são seres humanos e merecem ter direitos) e nem só para bandido, que também têm seus direitos. Um deles é ser julgado e se condenado , cumprir a sua pena dentro daquilo que a Lei estipula.

    1. Não sei qual a tua idade,

      Não sei qual a tua idade, prezado, mas com certeza não és mais um jovenzinho inexperiente. Então, será que pega bem fazer afirmações tão mentirosas como essa de que “a Esquerda defende bandido de forma incondicional”? Que coisa mais feia! 

      A Esquerda não defende bandidos, mas seres humanos que podem, sim, ser bandidos, mas que por essa condição não perdem sua humanidade. Seria bom rever a Declaração Universal dos Direitos do Homem e a Constituição Federal. Tal pecha para cima dos que muitas vezes doam a própria vida é de uma infâmia sem tamanho. 

      Um dos viés que mais me faz desprezar a Direita e o Conservadorismo político é essa visão tosca, mesquinha e intelectualmente desonesta da espécie humana de só reconhecer como entidade ontológica básica o INDIVÍDUO, ignorando, abominando, a sua natureza também eminentemente social, e a partir daí promover sem mais nem menos uma partição na qual de um lado estarão os bons, os cidadãos, os meritocráticos, e do outros os fracassados, os maus, que passar a ser sub-humanos. 

      Sim, não são excludentes segurança pública, a imputação e punição de crimes de qualquer lavra e o resguardo dos direitos humanos básicos. Para isso, entretanto, temos que nos nos despir das armaduras ideológicas, do egoísmo e dos discursos falaciosos. 

      1. A esquerda defende bandido.

        Essa esquerda que governa São Paulo defende bandido mesmo! Defende tanto que o PCC , governo de fato, não é citado nos noticiários da midia paulista, eles se referem a ele como “organização criminosa que age dentro e fora dos presídios”. Ficou famosa aquela reunião do governador com o PCC (Ops, desculpe, organização criminosa que age dentro e fora dos presídios) para cessar os atentados na capital.Então ficamos assim: para bandidos organizados e poderosos tolerância e acordos, para bandidos avulsos e mesquinhos todo castigo é pouco.

        Essa esquerda… 

  7. Que momento sombrio o país

    Que momento sombrio o país está passando: Alckmin Governador e Coronel Telhado na Comissão de Direitos Humanos em SP; Eduardo Cunha Presidente da Câmara; Jair Bolsonaro e filho, Carlos Sampaio, Aloísio Nunes e José Serra, todos no Congresso, Pezão no Rio de Janeiro, Richa e Francischini no Paraná, Sérgio Moro de justiceiro-mor do país. Triste. 

  8. Um cretino desse deveria

    Um cretino desse deveria lavar a bôca com ácido antes de falar mal do norte e do nordeste.

    Esse coronelzinho é uma típica produção do reacionarismo e do recalque paulista.

  9. O que o Sul/Sudeste tem a ensinar ao Norte/Nordeste?

    Em SP (Sudeste) elegeram este traste para deputado. No RS elegeram um político tosco que não serve nem pra vereador. No Paraná elegeram NO PRIMEIRO TURNO um politicozinho que já conheciam pela sua mediocridade na prefeitura de Curitiba e em seu 1º mandato de desgovernador. Com certeza nos estados do Norte/Nordeste esses dois jamais seriam governadores.

  10. A esquerda tem uma grande parte de culpa nesta mentalidade.

    Todos sabemos que a polícia no Brasil é o primeiro bastião de defesa do status quo da sociedade injusta e escravocrata que mantemos no nosso país. Sabemos que há séculos utilizamos as forças policiais para reprimir os movimentos sociais travestindo-os de delinquentes e arruaceiros. Sabemos que a casa de um pobre é invadida por qualquer batida policial onde em nome de investigar um provável crime estas pessoas tem que provar que não são bandidos.

    Ficamos horrorizados quando grandes empresários ficarem presos sem julgamento e sem uma denúncia concreta de crimes que poderiam ter cometidos, agora as nossas cadeias estão cheias de PPPs exatamente na mesma condição, porém mesmo os governos mais de esquerda não fazem um esforço claro e inequívoco de combater isto.

    Realmente os policiais são humanos e quando há um evento como o do Paraná onde os policiais ficaram de plantão durante dias esperando um embate e sendo permanentemente condicionados a ver na figura de qualquer manifestante um black-bloc em potencial se procura criminalizar tanto os mandantes como os executantes da mesma forma, não se dando conta que é montado todo um esquema para os policiais reagirem com brutalidade.

    Mas as manifestações é um evento extraordinário na vida dos policiais, no dia a dia os mesmos são utilizados para perseguir traficantes armados para a segurança dos usuários destes entorpecentes. Não se procura punir ou simplesmente evitar que os receptadores de cargas roubadas ou os compradores de peças de automóveis desmanchados com o mesmo rigor do que seus fornecedores.

    Com todo esta farsa de democracia defende-se a sociedade de elementos indesejáveis porém necessários para azeitar o funcionamento da mesma.

    Sempre os policiais são os culpados de sua truculência, e não há nenhuma reportagem que não seja as que dignificam a ação da polícia contra os intermediários do consumo de ilícitos, sem dar ênfase que há uma sociedade ávida por estes ilícitos. Agora quando um desses agentes de “nossas leis” ultrapassam o limite de civilidade tênue entre a repressão e a truculência, saímos primeiro a gritar contra as polícias militares, e pior contra os policiais militares denominando-os com os piores desaforos possíveis.

    Isto tudo é um tremendo cinismo, pois estes policiais que estão agindo em nome de uma sociedade de classes onde eles defendem exatamente a classe que não lhes pertence, quando chega um imbecil como este Coronel, esquecemos que ele representa exatamente uma grande parte da sociedade brasileira, uma sociedade que não entende porque alguém que foi colocado para manter a sua ordem (ou mesmo a sua pseudo-ordem), não tem o direito de fazer o que é desejo de muitos, linchar e matar quem teoricamente são seus inimigos.

    Coronel Telhada representa muito bem a sociedade endemicamente doente que vivemos, e devemos simplesmente procurar entender porque nas forças militares aparecem estas figuras, e não simplesmente diagnosticar somente nele a patologia que nela existe, pois a pergunta básica que deveríamos fazer é se estamos fazendo tudo para acabar com a patologia generalizada e não só na patologia de um só indivíduo.

  11. Culpa daquela filósofa que

    Culpa daquela filósofa que descreveu o que somos e não que pensamos ser. Com as consequentes abominações. Quando o fenômeno se repete e pode ser detectado em todo e qualquer segmento social, esfera ou poder, até em escolas, igrejas e uma mídia tão ou mais violenta ainda, o que podemos esperar de nós mesmos? Barrosos? Ronie Vons? Madres Terezas?

    O PSDB, partido da intelectualidade e da concórdia continua oferecendo uma coisa e nos entregando rancores e práticas incivilizadas. Louve-se a sinceridade do coronel quanto ao diagnóstico da segurança pública dos governos tucanos: Um desastre. Se lhe fosse perguntado sobre a econômica, certamente diria o mesmo.

    RDMaestri e JB Costa analisam muito bem essa questão. E no MP, PF e Judiciário, teria alguém ainda mais enfático digamos assim do que o coronel? No parlamento sei que tem alguns…

  12. Quer saber se o coronel é
    Quer saber se o coronel é honesto e fala a verdade .? Some todos os vencimentos e vantagens recebidas durante sua carreira militar…e compare com o seu patrimônio atual. A mesma coisa pra o Bolsonaro e outros. Se for incompatível. ..rendimentos X patrimônio. ..saberá, até que provém ao contrário, a resposta. Os maiores negócios do mundo em rentabilidade. ..só alguns políticos tem o “mapa da mina”…

  13. Direita “pensa” com telhada na cabeça!

    As academias de polícia ensinam que se deve chegar ao criminoso através do crime, pois o contrário pode implicar em tortura, a fim de obrigar o criminoso a produzir provas contra si, haja vista que a polícia, sem estrutura, não possui tempo hábil para elaborar adequadamente o inquérito policial por conta de limites constitucionais para o tempo de detenção. Por manter os efetivos policiais em cerca de um quarto daquele que prescreve a Interpol da ONU para regiões adensadas e sem as mínimas condições de trabalho, como os recursos de polícia científica, temos, então, a prática policial: chegar do criminoso ao crime, produzindo o risco do profissionalismo descambar para o voluntarismo criminoso ao pressionar ilegalmente o indiciado, como recurso para a eficiência dos esclarecimentos dos “BO’s”, de tal forma que esse inquérito incompleto não volte como cota do MP para um Distrito Policial já atolado de trabalho, prejudicando a sociedade. Esse dilema produtividade ou impunidade é explorado partidariamente pelos caluniadores dos Direitos Humanos e da esquerda; essa direita cafetina os esforços desesperados da polícia, ao legitimar-se com teses medievais de que bandido bom é bandido morto, ou direitos humanos para humanos direitos, como brada o Telhada à lá Fred Flintstone, recurso usado pela direita, para esconder a falta de investimentos na Segurança Pública que está no DNA neoliberal do PSDB e deu estado “Guarda Noturno” que prospera ante o grau de despolitização da população pela mídia e por parte da idiossincrasia das instituições policiais forjadas sob a égide da Segurança Nacional do golpe de 64, aonde a organização e consciência dos trabalhadores de dedo no gatilho era perigosa subversão, como no movimento dos sargentos de 64, e não uma saudável contribuição à construção da sociedade inclusiva pelo diálogo. O coronel Telhada pode estudar a vida inteira graças à sociedade que o bancou, por isso está errado em desenvolver argumentações tão rasas, chegando a confundir a obrigação funcional do policial com a prodigalidade de defender a sociedade: policial não é o amigo prevaricador, é o servo da lei e não do seu comandante. O Telhada deveria representar toda a sociedade e não setores partidarizados da PM.

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