Com delações da Odebrecht fechadas, Lava Jato terá como interferir na eleição de 2018

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – “Não vai ser o fim do mundo, mas são informações suficientes para colocar o sistema político em xeque — resume um dos envolvidos nas tratativas entre investigados, advogados e força-tarefa”, diz reportagem de O Globo, desta terça (25), sobre a Lava Jato ter fechado, há duas semanas, o acordo de delação premiada de Marcelo Odebrecht e mais 50 executivos da maior empreiteira do País, após oito meses de negociações.

Segundo o jornal, os procuradores da Lava Jato não ficaram “satisfeitos” com os depoimentos de Marcelo Odebrecht, mas acreditam que conseguiram, ao menos, “ampliar democraticamente” o leque de atingidos pelos depoimentos. Há algumas semanas, a imprensa tem noticiado que o ex-presidente da companhia vinha sendo pressionado para citar Lula e ex-ministros petistas em seu depoimento.

“No começo das negociações, os executivos da Odebrecht queriam delatar Palocci, Guido e Cunha, e encerrar o caso. A proposta foi considerada irrisória pela força-tarefa. Os três já estavam sendo alvos de investigações. Em rodadas posteriores, os executivos decidiram abrir o leque de políticos a serem delatados”, anotou.

Pelas contas da força-tarefa, com base nessa pré-delação, Marcelo e outros executivos mencionaram 130 deputados, senadores e ministros e 20 governadores e ex-governadores. “Entre os nomes citados estão o do presidente Michel Temer, e dos ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), José Serra (Relações Exteriores) e Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo)”, além de Guido Mantega, Antonio Palocci e Eduardo Cunha, destacou O Globo.

O calendário dos trabalhos da Lava Jato em cima da delação da Odebrecht deve calhar com as eleições presidenciais de 2018. Isso porque para 2017, o que está previsto é concluir as oitivas, aguardar as homologações e instaurar os inquéritos.

Segundo o jornal, com a negociação com a Odebrecht fechada, a força-tarefa agora deve convocar novamente os delatores para detalhar cada um dos depoimentos, sendo que são 10 procuradores para mais de 50 entrevistados – que, pelo que vem sendo feito até aqui com outros delatores, não serão ouvidos menos do que 10 vezes.

Depois que os depoimentos estiverem prontos, será necessário aguardar a fase de homologação pela Justiça. Os casos com foro privilegiado devem ser enviados à Procuradoria Geral da República, sob Rodrigo Janot, que tem um ritmo muito menos acelerado dos que os trabalhos conduzidos pelo juiz Sergio Moro, do Paraná.

Segundo O Globo, “na falta de mão de obra”, para otimizar o tempo, “os delatores (…) serão ouvidos conforme sua relevância na hierarquia da propina. Ocupantes de cargos importantes deverão ser interrogados primeiro. Os interrogatórios serão feitos em Curitiba, onde Marcelo Odebrecht está preso, e também em Brasília, São Paulo e Salvador.”

Somente após a homologação é que as delações devem ser usadas em pedidos de inquéritos. 

Se o modus operandi da Lava Jato for mantido, entretanto, o que se verá nesse meio tempo é o vazamento das delações para a grande mídia, que pode usá-las para atingir figuras políticos, sejam os depoimentos úteis para processar alguém ou não. 

Na eleição de 2014, um episódio marcante foi o uso de supostas falas de Alberto Youssef para atingir Dilma Rousseff às vésperas da votação. A revista Veja, por exemplo, chegou a publicar em chamada de capa que Dilma e Lula “sabiam” de tudo, em referência aos esquemas na Petrobras.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

14 Comentários

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  1. “Se o modus operandi da Lava
    “Se o modus operandi da Lava Jato for mantido, entretanto, o que se verá nesse meio tempo é o vazamento das delações para a grande mídia…”:

    E a LavaBunda EH corrupta. Foi desde o comeco e vai ser ate o fim.

    1. Será o Benedito?
      Ô Benedito, será o Benedito? É falta do que fazer é? ACABOU a mentira, a armação da Lava Jato, isto sim, mais e mais pessoas estão sabendo o que é a tal operação e pra que serve, aqui não é lugar de fascista, aqui é o lugar da verdade, portanto não é o seu lugar. Só ACABOU se a DITADURA vier sem máscaras ou inverdades, aí não tem jeito mesmo, já passamos por uma e sabemos como é, você sabe como foi? Você sabe o que é estado de exceção?

  2. Não é a Lava Jato que irá
    Não é a Lava Jato que irá interferir.
    Nada disso.

    Será a primeira vez ( 2018) que teremos MENOS bandidos concorrendo.

    É uma hemorragia que atingirá muitos e muitos pilantras.
    E concordem: Essa assepsia demorou demais.

    Outros pilantras virão? Provável.

    Mesmo assim mais temerosos que antes.

    Não dava pra ficar como estava.

    1. Os Bandidos Tucano-Demínacos não terão concorrentes em 2018
      Em 2018 não haverá concorrência com os Pilantras Tucano-Demoníacos. Se depender da Lava Jato, eles monopolizarão a Presidência.

  3. Os Bandidos Tucano-Demoníacos não terão concorrentes em 2018
    Se depender da Lava a Jato, os Bandidos Tucano-Demoníacos concorrerão sozinhos em 2018. O Poder Executivo será monopolizado pelos Bandidos da Privataria. Os Vampiros vão administrar despreocupadamente o banco de sangue.

  4. Com a Lavajato, a lei está acima de todos e de tudo
    Com o Sérgio Mouro e Dallagnol e Comandita, finalmente a lei no Brasil está acima de tudo e de todos, exceto acima do investigador munido de provas ilícitas obtidas de boa-fé e acima do Moro que interpreta a lei tendo por limite apenas os seus interesses e conveniências, e, não satisfeito, quer liberdade irrestrita para interpretar a lei, inclusive a norma penal, como lhe der na teia, sem qualquer responsabilidade, como fez com o instituto da condução coercitiva, dando-lhe uma interpretação buceta e aplicando-a com interesses políticos-eleitoreiros.
    Só falta esses canalhas ladrões limparem a bunda com as folhas dos Códigos, sob os aplausos da Coxinhada Midiotizada.

  5. será que eu entendi errado?
    “…os procuradores da Lava Jato não ficaram “satisfeitos” com os depoimentos de Marcelo Odebrecht, mas acreditam que conseguiram, ao menos, “ampliar democraticamente” o leque de atingidos pelos depoimentos…” ou seja, NAO conseguiram incriminar o LULA nas delacoes da Odebrecht? BRINCADEIRA??? sei nao, depois de todas jogadas, a lava jato nao conseguiu a cereja do bolo.(por enquanto)

  6. Olha o Japonês na Foto!
    Nassif: você acredita mesmo nessas prisões? Tudo bem em Papai Noel, Duendes. Até em Fada do Dente e Saci Pererê. Mas, dessa “delação”? Hum… O que deve pintar de “canguru” só Deus sabe!

    Dizem, a expectativa é do dobro de 130 deputados, mais 2/3 do resultado. Matemática é ciência incômoda e exata. Diferente do Direito. E da chamada Justiça (atual). Além do que, fala-se de mais 20 governadores. E senadores e ministros.

    Prisões, que não sejam do Lula e da oposição, tá brincando? Talvez uns peixinhos, que a grande mídia transformara em “tubarões” vorazes. Uma piaba, um mandi-xinga, até um tucunaré. Mas dos grandes, Atum de 3 metros e mais de meia tonelada de peso, nem que a vaca tussa?

    Será por isso que o pessoal do exército foi “convocado” pelos do Alto? Pra prender os da oposição e garantir o governo atual? E mesmo que o Sanovarola dos Pinhais, em surto total de demência, admita expedir os Mandados, o pessoal dos Pampas barra os que não sejam da oposição. E os que forem para a AGU estes já estão soltinhos. Tão até botando mais gavetas para armazenar, como sempre, os inquéritos. Vão esperar até as Calendas Gregas chegarem.

    Tão dizendo, também, que 64 começou assim. Uns meninos ocupando escolas. Uns Sindicatos falando em greve geral. O pessoal da paulista querendo beliscar mais uma fatiazinha do bolo. A grande mídia esperando dindim a fundo perdido. Alguns estrangeiros querendo terras, grandes obras e a Petrobras.

    Mas, tô preocupado mesmo é com você e os outros blogueiros sujos. Naquele tempo, dizem, foram uns dos primeiros a se ralarem.

    Pensando bem, tô preocupado com nós todos, que, em tempo de internet e celular, devemos estar grampeados faz tempo.

  7. Jogando o Jogo
    É incrível com esta Lava Jato se transformou num verdadeiro balcão de negócios. Não compram bagres africanos porque devoram as piabas e os peixes ornamentais… enquanto isso nosso barquinho vai sendo bordoado nas tempestades…

  8. Juiz ou Promotor? Pode?
    Até a reportagem se confunde quando trata da persecução penal e tasca que o Moro é quem conduz a apuração da lava jato em Curitiba, quando este papel é do MP:
    ” Os casos com foro privilegiado devem ser enviados à Procuradoria Geral da República, sob Rodrigo Janot, que tem um ritmo muito menos acelerado dos que os trabalhos conduzidos pelo juiz Sergio Moro, do Paraná.”
    Estamos diante de um grave quadro de inconstitucionalidades sistêmicas, com um juiz conduzindo a persecução penal quando deveria ter reservado para sí a função de árbitro imparcial da aplicação da lei.
    De fato, nada acontece na lava jato sem passar pelo crivo do Moro. Ai a inconstitucionalidade, ninguém pode ser o autor da investigação, autor da ação e juiz ao mesmo tempo. Moro coordena e determina o que deve ou não ser investigado pela PF, o que deve ou não ser denunciado pelo MP e é ele quem julga.
    Desde os primórdios da lava jato, quando ainda não tinha esse nome, a busca de protagonismo por Moro desde que o Banestado foi lhe tirado das mãos não parava. Tentou pegar para delator para condenar políticos o doleiro Rubens Catenacci que junto com a irmã de Youssef, Olga, foram condenados pela 2ª Vara de Curitiba: http://www.fabiocampana.com.br/2008/12/olga-youssef-e-rubens-catenacci-condenados-pelo-caso-banestado/ .
    Não conseguindo que o Catenacci aceitasse delatar pegou o Youssef por acaso quando seguia sua irmã Olga, doleira que atuava no lado paraguaio e que iniciou o Alberto no negócio.
    Da época do Catenacci é que se inicia as peripécias do Moro para gerar “prevenção” processual e tornar-se o juiz de todas as causas. É um verdadeiro malabarismo o que ele faz para trazer o processo de Catenacci que estava em outra jurisdição (Londrina) para a sua.
    Desde lá do processo do Catenacci, Moro já era repreendido pelo STF: “Para Celso de Mello, a conduta do juiz gerou sua inabilitação para atuar na causa, atraindo a nulidade dos atos por ele praticados. Além de monitorar o deslocamento dos advogados do doleiro, a defesa alega que o juiz retardou o cumprimento de uma ordem do TRF da 4ª região porque estava redigindo uma nova ordem de prisão. Para o ministro, a conduta do magistrado fugiu “à ortodoxia dos meios que o ordenamento positivo coloca a seu dispor”, transformando-o em investigador.”. http://www.migalhas.com.br/Quentes/17,MI179509,91041-STF+rejeita+HC+de+doleiro+envolvido+no+caso+Banestado e http://www.tijolaco.com.br/blog/mendes-sobre-moro-em-2010-irroga-se-de-autoridade-impar-absolutista-acima-da-propria-justica/
    Com um doleiro para chamar de “seu”, o Youssef, e seguindo um grampo colocado neste, chegou a um posto de gasolina em Goiânia e a políticos do PP. A partir daí a história é conhecida.
    Ou seja, de uma vendetta por ter perdido a condução do Banestado, resolveu seguir o dinheiro (os doleiros) dos políticos e que todas as fases das ações seguintes seriam por ele coordenadas, reconhecidamente mestre em processo penal, de forma a não dar chance a nulidades. Só que ele não admite, o MP e Tribunais Superiores não reconhecem, a grande mídia faz de conta que não sabe e as inconstitucionalidades seguem.

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