Conheça o agente infiltrado do FBI na FIFA

Jornal GGN – Desde 2011 o norte-americano Chuck Blazer colabora com o FBI nas investigações sobre o esquema de corrupção na FIFA. Ele trabalhou durante 17 anos no Comitê Executivo da federação internacional. Ganhou o apelido de “Sr 10%” por essa ser a porcentagem que ganhava em cada contrato que conseguia fechar para Jack Warner, presidente da Confederação da América do Norte, Central e Caraíbas (CONCACAF) de quem foi amigo e conselheiro. 

Do Diário de Notícias de Lisboa

O senhor 10% é o garganta funda

Chuck blazer esteve 17 anos no Comité Executivo da FIFA. “Apanhado” em 2011, norte-americano passou a ajudar o FBI na investigação. Era o “Sr. 10%”

Charles Gordon Blazer nunca foi alguém que passasse despercebido. A figura corpulenta, de uma obesidade mórbida que o fez chegar aos 200 kg, e as longas barbas à Pai Natal seriam até as mais discretas facetas da personalidade deste norte-americano que podia resumir em si mesmo quase todos os pecados apontados à FIFA ao longo de décadas de atividades promíscuas. E que agora foram postas a descoberto pelo FBI, numa investigação que teve Chuck Blazer como agente infiltrado.

O que verdadeiramente captava as atenções neste nova-iorquino – cujo primeiro contacto com o futebol foi a treinar a equipa do filho, em 1976 – era o estilo de vida excêntrico e desregrado que cultivou desde que chegou aos gabinetes de poder do futebol mundial, primeiro na CONCACAF (1990-2011), a confederação da América do Norte, Central e Caraíbas, e depois no Comité Executivo da FIFA, entre 1996 e 2013 (17 anos).

Com ele, ficou famoso também o papagaio Max, que Chuck gostava de passear ao ombro. E ainda festas e gastos sumptuosos, viagens em jatos privados, apartamentos de luxo de Nova Iorque às Bahamas e a convivência com figuras como Vladimir Putin, Nelson Mandela ou Hillary Clinton, encontros que foi expondo no seu blogue Travels with Chuck Blazer and his Friends [Viagens com Chuck Blazer e os seus Amigos]”.

Mas o topo das excentricidades esteve no 49.º andar da Trump Tower, em Manhattan, no coração de Nova Iorque, onde, conta o New York Daily News, o antigo secretário-geral da CONCACAF teria dois apartamentos: um para ele, com uma renda de 16 500 euros mensais, e outro apenas para os seus gatos, de 5 500 euros/mês.

De desempregado a “Sr. 10%”

A fortuna de Chuck Blazer começou a construir-se em 1989. Então desempregado, o norte-americano convenceu o tobaguenho Jack Warner (um dos detidos nesta investigação à FIFA), que conhecera no seio da CONCACAF aquando de uma passagem anterior pela federação norte-americana de futebol, a candidatar-se à presidência daquela confederação. Com a vitória de Warner, Blazer foi nomeado secretário-geral, com um contrato que lhe valeu a alcunha: “Senhor 10 por cento” – percentagem a que teria direito por cada contrato.

Fundamental para impulsionar o futebol na América, viu o mérito reconhecido e recompensado com um lugar no Comité Executivo da FIFA. Mas usou também dos seus lugares de poder para amealhar comissões ilegais em negócios vários, dezenas de milhões de dólares espalhados por paraísos fiscais, segundo a investigação norte-americana, com a qual o próprio Chuck passou a colaborar no outono de 2011.

Em novembro desse ano, enquanto descia a 5.ª Avenida em Nova Iorque numa das suas cadeiras de rodas motorizadas (que usava para se deslocar, fruto da obesidade), rumo ao luxuoso restaurante Elaine, onde tinha a habitual mesa 4 reservada, Chuck Blazer foi intercetado por dois investigadores, um do FBI e outro da polícia tributária (Blazer “esquecia-se” há vários anos de pagar impostos). Deram-lhe duas opções: “Ou sais daqui já algemado ou passas a colaborar.”

Foi assim que Chuck Blazer passou a funcionar como um agente infiltrado do FBI na investigação à FIFA, usando um microfone escondido no porta-chaves para gravar várias reuniões com dirigentes do futebol. Em 2013, demitiu-se do Comité Executivo da FIFA e deu-se como culpado perante a Justiça dos EUA de dez acusações, entre elas fraude, lavagem de dinheiro e evasão fiscal, pagando 1,75 milhões de euros. Aos 70 anos, internado num hospital a combater um cancro do cólon, Charles Gordon Blazer ainda incorre em prisão até 15 anos. Mas foi ele a “garganta funda” que pode levar à regeneração do futebol mundial.

Redação

19 Comentários

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  1. Esse todo mundo sabe. Mas

    Esse todo mundo sabe. Mas existe outro:

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    O que se espreme da entrevista coletiva do presidente da CBF

    25

    PVC

    29/05/2015 12:40Compartilhe Imprimir Comunicar erro

    Quem conhece Marco Polo Del Nero de perto costuma notar que ele não mexe as sobrancelhas. Isso torna seus pensamentos muitas vezes indecifráveis. Quem assistiu à entrevista coletiva do final desta manhã pode ter ficado exatamente com essa impressão.

    O presidente da CBF diz estar perplexo, mas sua expressão facial não muda.

    A rigor, só três questões são fundamentais para extrair do presidente da CBF, Marco Polo Del Nero. A principal é entender como os contratos da CBF investigados pelo FBI podem ser divulgados. Sobre isso, Marco Polo respondeu que a CBF é uma entidade privada, que seus sócios pedem sigilo e ela mantém porque a lei lhe garante este direito. Não está errado nem certo. Como a CBF tem caráter público, é justo que se peça para conhecer tudo o que se assina.

    A segunda questão relevante é como a CBF tratará seu vice-presidente, preso em Zurique. Marco Polo foi correto, preparado, na resposta. Diz que está chateado com a situação do amigo, perplexo, mas como presidente da CBF deve cuidar do interesse da entidade. É a lógica para retirar o nome de José Maria Marin da fachada do edifício na Barra da Tijuca. Quem pode se incomodar com tal decisão é Marin. A imagem da CBF não precisa estar ligada ao nome de alguém acusado de corrupção — diga-se, o prédio nunca deveria ter recebido o nome de Marin.

    Nesta resposta, a única acusação possível é de cinismo.

    A terceira questão é a principal. De acordo com os documentos do FBI, há um cooperador número 12, não identificado, mas cujo perfil indica ter sido dirigente da CBF, da Conmebol e da Fifa. A pergunta foi feita pelo Uol, mas de maneira direta. “É o senhor?” A que Marco Polo respondeu: “Eu não sou!” A questão fundamental é como ele avalia o fato de ter o perfil semelhante à descrição dos documentos do FBI e se julga haver mais alguém na mesma condição. A essa pergunta, é verdade, só cabe uma resposta: o tempo.

    ********************************

    O benefício da dúvida

     

    8

    Juca Kfouri

     

    30/05/2015 08:27

     
    Conceder a Marco Polo Del Nero o benefício da dúvida não é um ato cristão,  nem de justiça , nem cínico, nem hipócrita: é pura má-fé ou mera ingenuidade.

    E o mundo está repleto de gente dos dois tipos.

    Ao dizer que “não tem nada com isso” e ao negar que possa ser o cooperador número 12, Nero revela como está mal assessorado.

    Melhor teria sido aceitar que o “12” só pode ser ele e desafiar o FBI a prová-lo.

     

    1. Foi através de delação

      Foi através de delação premiada que o promotor de Nova Iorque Rudolph Guiliani destruiu a infrraestrutura e botou toda a cúpula das Cinco Famílias da máfia novaiorquina na cadeia. Celebridade, tornou-se prefeito e limpou a cidade com o famoso Tolerâmcia Zero, revitalizando a decadente capital do mundo dos anos 70s.

      Se os delatores se deram bem a sociadade se deu muito melhor. 

       

  2. Discreto?

    Estranho o cara!

    Não possui aparência muito discreta ou confiável. Pode ser preconceito, mas eu não daria 10% nem do meu cocô!.

  3. Quanta semelhança com a

    Quanta semelhança com a história do Youssef. Será que o Sr Chuck também coordenava e comandava as ações que hoje delata como crime dos outros? Foi a primeira ou como Youssef, segunda vez? Não fossem as armações as relações de confiança seriam melhores. Campeão em armações de todos os tipos, os bandidos unidos, se apresentam para – a semelhança do PIG e o tucanato – dizer ao mundo: La garantia soy yo.  

  4. Coincidência?

     

    Não deve ser, será?

     

    Em dezembro de 2010 a FIFA, que tem que ser investigada, escolhe Russia e Qatar, e menos de um ano depois em outubro de 2011 oFBI, Cia e Tributária dos EUA e a Geopolítica descobrem irregularidades e escalam um americano pilantra para dedurar os cartolas.

    Parecido com a república do Paraná? 

     

  5. Sei não. Pra mim o objetivo

    Sei não. Pra mim o objetivo final é outro, apesar de poder encarcerar gente que devia estar tomando café de canequinha há muito tempo.

  6. Que bonitinho. Papai noel

    Que bonitinho. Papai noel trabalha para o FBI. Além de distribuir presentes para as crianças pobres no natal ainda sobra tempo para salvar o futebol mundial. Papai Noel, FBI, CIA e Obama estão muito preocupados com a corrupção na FIFA. Eu acredito em papai noel, no FBI, na CIA, no Obama e que um dia verei um tucano algemado.

    1. Não entendi sua piada mas

      Não entendi sua piada mas ainda assim não gostei.

      Sou ateu desde sempre mas tenho profundo respeito e admiração  pelo ser humano e filósofo Leonardo Boff. 

      Gringo

  7. QUEM PODENOS GARANTIR que  a

    QUEM PODENOS GARANTIR que  a colaboraçao  dele  nao seria  exatamente  a  de  corromper   os  lideres da  FIFA  ou melhor dizendo   foi ele  que  preparou  toda a corrupçao na  FIFA  depois  de tudo pronto  passou a  gravar   para justamente  incriminar  os   que se corromperam. A chantagem  que usaram contra ele  pode  ser  uma faca  de  2gomos, e passo a  acreditar que  ele  foi o carro chefe  de toda a corrupçao  agora  muitos  se  deixaram levar   pela  infuencia  de chucks e  acabaram corruptos  tambem.Ha  muito  tempo os  EUA  vem  tentando minar   a  FIFA  e  ele foi o homem   para  esse fim. 

  8. JC POMPEU …

    De vez em quando bem cedinho aqui na Pompeia vejo uma carinhas passeando com o au-au. Nada de saquinhos para pegar a merda do cachorrinho Ja fico de olho e penso: o cara vai deixar a merda na calçada e sair correndo, Qq coisa: isso não é o cocô do meu pet, não!  Vc pega uma foto do Boff e mistura com futebol. Joga, não explica porra nenhuma e sai correndo como os donos de au-au. Ou seja, se a conversa espichar, polemizar, aí a gente vê no que vai dar! penso como o Gringo: respeito às vezes é bão, não???

     

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