Contradições em depoimentos de Costa e Youssef permanecem

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Depois de 14 fases da Operação Lava Jato, delatores ficam frente a frente e não solucionam divergências em informações
 
 
Jornal GGN – Já passadas 14 fases da Operação Lava Jato, em mais de sete meses desde as primeiras prisões preventivas de réus apontados no esquema de corrupção da Petrobras, os indícios que sustentam a investigação ainda são frágeis. A base de todos os processos são os depoimentos do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef, algumas vezes complementares, mas com informações contraditórias e divergentes. 
 
Nesta segunda-feira (22), a Polícia Federal de Curitiba colocou Costa e Youssef frente a frente, durante oito horas, pela primeira vez em um depoimento. Mas não foi suficiente. As principais divergências permanecem. 
 
Entre elas, a de Costa que afirmou que o doleiro autorizou, em 2010, o repasse de “contribuições” para as campanhas da então governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), e do senador Humberto Costa (PT). O doleiro, por outro lado, afirmou que não entregou dinheiro a eles e que é possível que o ex-diretor “tenha se confundido” ou que a entrega, fruto de caixa 2 com dinheiro da Petrobras, teria sido feita por outros operadores do esquema de corrupção. Roseana e Humberto Costa negam as acusações.
 
Outro ponto ainda não esclarecido foi a divergência sobre a campanha da presidente Dilma Rousseff, também em 2010. Costa disse ter autorizado Youssef a repassar R$ 2 milhões ao caixa petista a pedido do ex-ministro Antonio Palocci, na época deputado federal e coordenador da campanha. O doleiro, entretando, disse que não fez pagamentos para a eleição da presidente e nega ter tratado deste assunto com Palocci.
 
Como não houve instalação de inquérito sobre essa parte dos depoimentos, os delegados e procuradores da Força Tarefa decidiram adiar o tema para outra acareação. O advogado Tracy Reinaldet, um dos que defendem Youssef na Lava Jato, disse, porém, que não trataram da campanha de Dilma “porque todos já estavam muito cansados”. A acareção levou cerca de 8 horas.
 
De acordo com os advogados dos dois delatores, não houve tensão nos momentos em que ficaram frente a frente, apesar de terem “trocado farpas”, em determinado momento, um apontando que o outro “não se lembrava direito”.
 
Com informações da Folha e Valor
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

16 Comentários

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  1. também, pudera…

    dois pilantras forjaram escudos impenetráveis e juiz acredita que a delação não é apenas para se livrarem de outras práticas nada convincentes ou legais

  2. Pois então as duas delações

    Pois então as duas delações devem ser anuladas e os benefícios a eles concedidos devem ser suspensos.

    Desde o começo deste caso eu tenho dito aqui que a forma como estão se utilizando da delação está equivocada.

    Ou a lei é mal feita ou estão se utilizando dela de maneira equivocada.

    Delação deveria ser de fatos concretos e pontuais, sempre seguida de provas cabais. É normal que criminosos gravem fatos e guardem documentos para se precaver. Pois bem, era só diserem os fatos concretos e pontuais e apresentarem as provas concretas.

    Da forma como estão fazendo é um verdadeiro absurdo. Falam qualquer coisa, de ouvir dizer, incriminam pessoas sem prova alguma, sem mesmo indícios. E pior, o juiz está prendendo sem que as pessoas tenham sido condenadas.

     Se o que está ocorrendo na Lava Jato for ser utilizado em todo o páis, em todas as investigações, o País estaria completamente inviabilizado. A maioria das pessoas conhece atos ilíticos de maior ou menos grau de ouvir falar ou de presenciar, obviamente que não tendo provas. Se todos fossem delatar, acabaria o País.

     

     

     

  3. Sensacional será o próximo capítulo….

    Não percam o proximo caítulo da farra do Moro. Dizem que no próximo os dois delatores vão se confrontar com trajes apropriados e serão autorizados a utilização de golpes de artes marciais curitibanas.

     

    Eu acho que, na verdade, esse Moro está precisando de um convite para ir procurar servir-se daquele expediente recomendado pelo Boechat ao malazartes.

  4. Não fosse a covardia do STJ,

    Não fosse a covardia do STJ, do STF, do CNJ e do MPF (com seu CNMP) e tudo isso teria acabado há tempos. Só sobrevive por conta da mídia que acovarda essa “otoridades”. Ou, pior, pelo conluio entre eles a fim de cassar o PT de qualquer maneira. Golpe dos golpes: branco, midiático, judiciário e parlamentar. Quem perdeu no voto não se acostuma: a democracia, sabemos todos, é o governo dos perdedores, pois, aos ganhadores cabe (caberia) exercitar suas políticas. Mas, o país virou essa barafunda de merda. Se pelo menos o governo tivesse bancada parlamentar ou a Dilma fosse diuturnamente à mídia…

  5. São réus confessos. E um dos

    São réus confessos. E um dos dois está mentindo. Se mentiram acaba o acordo delação premiada.

    Cadeia neles, simples assim. E mal sabem eles o que X9 passa no xilindró.

  6. Essa acareação é de

    Essa acareação é de FORTÍSSIMO interesse público. Por que o midiático juiz não convocou as emissoras de rádio e tv, assim como os jornais, para acompanharem? No farsesco e midiático julgamento da AP-470, figuras como Gilmar Mendes, Luiz Fux, Ayres Brito, Marco Aurélio Mello, faziam prosopopéia e encenações (pois estavam num palco, representando uma farsa, como hoje bem sabemos), para chamar a atenção e confundir, além de oprimir os réus, sobretudo aqueles do Partido dos Trabalhadores. Agora vemos a Justiça Federal da república do paraná, liderada por esse juizeco vaidoso e prepotente (Sérgio Moro), convocar dois delatores que se contradizem, na vã tentativa de conciliar o inconciável. É impossível, sob qualquer lógica com validade científica, histórica ou jurídica, conciliar contradições. Se os procuradores do MPF, os policiais federais e os magistradados estudarem um pouquinho de Matemática, Filosofia, História e Lógica perceberão que NÃO há base de sustentação para essa operação lava jato. Se os tribunais superiores aplicarem corretamente a Lei, repeitando a Constituição Federal, toda investigação DEVE SER ANULADA, por vício de origem. Ademais, foram usadas provas obtidas de forma ilícita. O precedente da Operação Castelo de Areia está aí, para não nos esquecermos. A batata do juizeco da república do paraná, dos procuradores fanfarrões e dos delegados aecistas foi colocada no forno.

  7. Com tantas contradições, está

    Com tantas contradições, está claro que ou os dois delatores estão mentindo ou pelo menos um deles está. Como pode um juiz mandar prender pessoas, e manter por tanto tempo presas, sem provas e sem trânsito em julgado, simplesmente porque criminosos delatores fizeram-lhes acusações?

     

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