Crônica: Coxinha da Silva, por Carlos Castelo

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Por Carlos Castelo

Coxinha da Silva

No Estadão


Não se sabe ao certo como encontraram Coxinha da Silva. Muito provavelmente foram os motores de busca, que escarafuncham a vida de qualquer um hoje em dia. Alguém deu um google para saber qual era o significado da palavra “coxinha” e chegou naquele perfil no Facebook. Acabaram descobrindo que o cidadão era o maior coxinha de São Paulo – e, por conseguinte, do mundo.

Ainda não fez 40 anos. E não sai mais de casa desde que implantou-se, segundo ele, um governo marxista no país. Desde então, como sempre diz, prefere “não interagir muito”.

Como tem recursos, comprou o que é básico na vida de um coxinha: uma academia de ginástica doméstica onde passa grande parte do dia se rasgando diante de espelhos e pesos. Graças à internet também pode adquirir roupas, calçados e perfumes, sem sair de casa. Usa o figurino importado, muito bem engomadinho, nas baladas que promove no salão de festas do seu open space na Vila Nova Conceição.

Coxinha da Silva logo ganhou notoriedade na mídia. Hoje tem mais de três milhões de seguidores no twitter e seu instagram é tão visitado que, em horários de pico, dá pau na sede da empresa em São Francisco.

Vários diretores de cinema vêm tentando convencê-lo a atuar num longa metragem, mas ele é tão individualista que não consegue falar com os diretores, quanto mais com atores (“todos uns petralhas ateus”).

O isolamento radicalizou-se ainda mais depois que foi obrigado, um dia, a se misturar socialmente. Estava voltando de uma visita ao personal trainer quando o carro pifou em plena avenida Paulista. Vendo-se naquela enorme via pública, em meio a todo tipo de gente, desmaiou. Apavorado, seu motorista o acudiu e tentou chamar um táxi. Chovia a cântaros e ninguém parava. Com a ajuda de alguns motoboys, levaram Coxinha da Silva para uma estação do metrô. Quando acordou estava naquele túnel horroroso, sujo e rodeado de pobres: o esgotamento nervoso consumiu oito meses de tratamento psiquiátrico.

Por causa de sua posição fundamentalista, Coxinha da Silva virou uma espécie de  referência do politicamente correto global. Personalidades, artistas e políticos de partidos conservadores buscam um diálogo com sua pessoa e veem em suas opiniões um bálsamo à nova direita.

Dia desses, Marine Le Pen, presidente da Frente Nacional francesa, lhe telefonou.

– Peçam pra esperar, estou na outra linha com o Lobão – ordenou ele.

Depois de 15 minutos, finalmente a atendeu.

– Como vai, monsieur Coxinhá? Satisfação saber que existe alguém como você num país tão importante como o Brasil – elogiou Marine, animada.

– Só porque é francesa, pensa que eu lhe pago pau? –exasperou-se Coxinha.

O tradutor juramentado tentava explicar o que era “pagar pau” à maior representante da extrema direita da França.

– Quê é isso, Coxinhá? Nós é que pagamos pau para você, mon cher! – respondeu a francesa.

– Pode ser, Marine. Mas, pra mim, o Berlusconi é bem mais top.
 

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

10 Comentários

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  1. ecelente caricatura do dito

    ecelente caricatura do dito coxinha….

    sempre citado, nunca explicitada a sua aagonia

    em relação às transformações  do mundo.

    uma caricatural criatura, um pupilo do pig e da direita histérica…

      1. se eu disser que foi um erro

        se eu disser que foi um erro de digitação voce não acreditará.

        simplesmente porque um cara que se preocupa com isso

        tem merda na cabeça.

        excelente a sua dica.

        achar erros no texto dos outros é muito fácil.

        quando vejo esse tipo  de erro nem ligo.

        geralmente, preocupo-me com o conteúdo, saber se o cara tem ideias. 

        pelo jeito, não é o seu caso.

        nem liguei muito, mas fiquei puto mesmo porque  mandar ler o estadão

        é de uma estupidez recorrente nos idiotas que desconhecem

        a lingua e se preocupam com detalhes bobos ….

  2. Esse é um coxinha suspeito…

    …e o autor mais ainda. Afinal demonstrou ser um ignorantão de quatro costados.

    Para ser um autêntico coxinha o telefonema jamais poderia ser de madame Le Pen, afinal qual coxinha é contra a União Européia, o Euro e a supremacia do sistema financeiro na economia? Existe coxinha nacionalista? Nem os que se dizem de direita e muito menos os de esquerda.

    A conversa deveria ser com Rajoy ou Cameron… no mínimo. Nunca uma aliada de Vladimir Putin, que para o coxinha quer ressucitar o comunismo soviético e engolir os europeus bonzinhos. Afinal não dizem que ele é o sucessor do Dr. Evil…

     

     

     

  3. Penso

    que a faixa etária precisa ser mais elástica, pois conheço dezenas de quarentões e cinquentões que se enquadram perfeitamente na descrição do “Coxinha da Silva” lobotomizado pela mírdia!

  4. Obrigada por acc ou não meu comentário

    Conheci um coxinha gente boa,mas ele falava meio como “second life” e me assustou bastante[talvez eu seja esquerda pao com ovo} mas o cara era tão ligado na rede,que ficou preso nela,acho que até hoje

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