Desastre social teria sido menor sem espetáculo para a TV, por J. Carlos de Assis

Desastre social teria sido menor sem espetáculo para a televisão

por J. Carlos de Assis

As investigações da Lava Jato revelaram, por trás da corrupção real, a corrupção de caráter de seus próprios autores que, por vaidade ou presunção, atropelam com prisões ilegais princípios mais elementares de Justiça e direitos consagrados dos cidadãos, como habeas corpus, presunção de inocência e julgamento com o devido processo legal. Estamos na mais aberrante situação de ditadura do Judiciário, tão detestável quanto a ditadura militar, e pior que ela pois fica sob o véu da legalidade.

Não é legítimo o poder invocado pelo Judiciário do Paraná, sob cobertura do Supremo, para criar legislação tópica no lugar de seguir a lei geral. Seus executores se superpõem ao Legislativo e ao Executivo quando, por exemplo, usam de subterfúgios para justificar prisões por tempo indeterminado com óbvio propósito de arrancar dos moralmente torturados alguma forma de delação. Isso não é Justiça. É arbítrio. Em qualquer país civilizado chama-se ditadura. Ou justiça do Cádi, como ensinou Max Weber.

Já escrevi que quem decreta prisão em flagrante de suspeito por ter apontado em declarações gravadas ilegalmente sua intenção de corromper quatro ministros do Supremo teria de tê-lo tratado ou como louco fanfarrão sem crédito, ou como potencial colaborador numa delação premiada. Por caminhos tortuosos, os ministros suspeitos deram crédito apenas à parte da gravação que falava numa fuga rocambolesca, cobrindo a si mesmos como a toga dos novos intocáveis e se escondendo por trás da situação de autoridade.

Justiça do Cádi, segundo Weber, “não conhece qualquer julgamento racional”. É a matriz do direito consuetudinário anglo-saxônico, diferente de nossa matriz romana, racional. Atende apenas ao arbítrio do juiz, não raro sob influência da opinião pública. Isso é particularmente assustador numa democracia de massas. Nesta, “a opinião pública é a conduta social nascida de ´sentimentos´ irracionais. Normalmente, ela é encenada, ou dirigida, pelos líderes partidários e pela imprensa”. No nosso caso, podemos dizer pela imprensa, a serviço de uma certa ala do poder político.

Deixo muito claro que aplaudo a parte criminal legal da Operação Lava Jato. Mas não posso concordar com a virtual paralisação da Petrobrás e da cadeia de petróleo, com a destruição de grandes construtoras brasileiras e de centenas de milhares de empregos, e com o comprometimento de toda a economia brasileira, lançada numa contração este ano que pode chegar a 5%. Se tivesse sido feita com maior discrição, sem a conotação de investigação-espetáculo, a operação poderia chegar aos mesmos resultados criminais, sem prejudicar a economia e sem atropelar a legalidade.

J. Carlos de Assis – Jornalista e economista, doutor pela Coppe/UFRJ, autor de “Os Sete Mandamentos do Jornalismo Investigativo”, Ed. Textonovo, SP.

                

Redação

10 Comentários

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  1. Prurido irresistível.

    Chega a ser impressionante como aparentemente todos que se atrevem a levantar a voz contra as aberrações, arbitrariedades e consequencias catastróficas das famigeradas e intermináveis operações VAZA A JATO, sem exceção parecem sofrer de um prurido irresistível em relação à necessidade de ressalvar uma suposta utilidade que tivessem tais ações permeadas de ilegalidades e desrespeito aos direitos sagrados dos cidadãos, na direção de coibir, mitigar, ou, mesmo que fosse, reduzir a prática de desvios e atos de corrupção de quem quer que seja. O exagero das ressalvas, em alguns casos chega a ofuscar o tom crítico iicialmente ensaiado. Não será com espetáculos de elegancia e etiquetas que poderemos enfrentar a gangue que se instalou em todo o país com a alegada e messianica pretensão de “limpar o país” da corrupção, como deixou MUITO CLARO aquela senhora aparentemente atormentada e amargurada, acidentalmente nomeada Ministra do STF (entre tantos outros acidentes), a tal da Dona Carmem Lúcia. Não há o que amenizar ou atenuar na luta que se trava. Ao contrário, “hay que endurecer”, como dizia aquele difamado líder revolucionário. Ao final o autor supera-se na sua aparente condição de desconforto em confronter os deuses erigidos pelas manipulações globais afirmando:

     

    “Se tivesse sido feita com maior discrição, sem a conotação de investigação-espetáculo, a operação poderia chegar aos mesmos resultados criminais, sem prejudicar a economia e sem atropelar a legalidade.”

    Nem a premissa e nem a afirmação fazem o menos sentido. O espetáculo não existiria com maior discrição por que foi sonhado e planejado há mais de dez anos, em 2004, pelos “ator principal” da ópera bufa, o próprio Moro, conforme declarado em publicação revelada pelo olhar atento do jornalista Paulo Moreira Leite. A ação que se desenrola hoje sempre foi prevista como “Um escândalo pronto para servir”, em busca de um tema que lhe pudesse materializar. Por outro lado o objetivo éra, é e sempre foi, conforme declarado naquele artigo, “deslegitimar a política”, o que, de pronto, elimina qualquer possibilidade de discrição, totalmente incompatível com a finalidade pretendida. Por último: quais são os “…resultados criminais,….” que o nobre missivista enxergou que o banana aqui não consegue ver?

  2. Ainda com muita esperança, mas agora com medo

    Nassif, espero que ainda seja válido postar este texto. Não encontrei local melhor.

    Ainda com muita esperança, mas agora com medo

    “Houve um momento em que a maioria de nós brasileiros acreditou no mote de que a esperança tinha vencido o medo. Depois, nos deparamos com a ação penal 470 e descobrimos que o cinismo venceu a esperança. E agora parece se constatar que o escárnio venceu o cinismo”.

    Ministra Carmen Lúcia, essa sua sentença não tirou de mim a esperança, que parece insistir em fazer parte do meu jeito de ser.

    Digo mais.

    A minha esperança continua muito grande.

    Não há, entretanto, como negar, por paradoxal que pareça, que o medo que voltou a fazer parte da minha vida nesses últimos tempos, agora tomou proporções preocupantes.

    Houve um momento em que a maioria de nós brasileiros acreditou que as dificuldades afetivo-emocionais da antiga mulher brasileira tivessem se transformado em elevação espiritual e intelectual e que assim ela não precisasse se vingar do passado e traze-lo com a mesma roupa para o presente.

    Mas ao revermos a sua declaração

    “Outro dia eu falei com um juiz do trabalho, que disse: ministra, mas a senhora não acha… Primeiro, eu não acho, eu voto, eu decido. Ele disse: eu estava falando para florear, para a senhora não ficar de mandona. Não, meu filho, eu obedeci a Madre Superior, minha mãe, meu pai, namorado, professor, agora eu mando. Adoro mandar. Eu mandei, cumpra. Mulheres, depois que passa dos 50, a gente gosta mesmo é do sim senhora, não é do eu te amo. Se tiver o eu te amo junto, aí isso é um Deus. Sim senhora e eu te amo, aí é realização total”.

    Descobrimos que algumas mulheres não conseguiram avançar e alcançar a mulher atual, aquela que se põe ao lado do homem.

    Nem à sua frente nem atrás.

    Sem mandar ou obedecer.

    Simplesmente compartilhando emoções e decisões.

    E isso se deve ao fato de que não houve um momento, mas vários, em que alguns de nós brasileiros descobriram que algumas mulheres jamais alcançariam a “realização total” porque poderiam até ser obedecidas, jamais amadas.

    E em vários momentos a maioria de nós brasileiros descobriu que a ausência de amor pode ter consequências graves na vida de alguém.

    E é daí que vem o meu medo.

    “Adoro mandar. Eu mandei, cumpra… a gente gosta mesmo é do sim senhora, não é do eu te amo”.

    Essas palavras assustam, metem medo, quando vindas da mulher, mulher mãe, mulher companheira, mulher filha.

    Vindas de uma ministra do Supremo Tribunal Federal elas trazem uma profunda tristeza.

    E preocupação.

    Onde estão de fato o cinismo e o escárnio?

    Não serão encontrados no lado contrário para onde a senhora aponta?

    Houve um momento em que a maioria de nós brasileiros acreditou no mote de que a Justiça é cega.

    Houve um momento em que a maioria de nós brasileiros acreditou no mote de que a Justiça é cega e por isso só vê com a razão.

    E houve, finalmente, ministra, este momento em que milhões de brasileiros constataram que a Justiça não é cega.

    É caolha.

    E só vê com o olho do lado direito.

  3. Não dá uma dentro…

    Como a corrente econômica a qual pertence o Sr. Assis foi defenestrada com o devido pé-na-bunda pelo governo do PT; restou ao vetusto economista nos “brindar” com suas “abalizadas análises”…rsrsrsrsrs…TRISTE !!!!!!!!!!!!!!

  4. .

    A situação atual no Brasil é semelhante aos escombros após a catástrofe. Remexe-se o entulho em busca de sobreviventes atua-se no rescaldo da destruição e aguarda-se ruir o que sobrou das construções, a ultima torre.

    A reconstrução invariavelmente é lenta e gradativa, se a proporção da catástrofe for muito grande, seria até necessário abandonar o que restou e procurar novas terras para os sobreviventes. A situação atual lembra a terra arrasada e grupelhos saqueiam o que restou nos escombros. No primeiro momento não existem mais leis a poeira ainda impede a visão da tragédia, o primeiro impulso é buscar sobrevivência e escapar da tragédia. Aos poucos a coisa vai se restabelecendo. O que se permite manter alguma esperança é que a região atingida pelo cataclismo é grande e áreas inteiras não foram atingidas, podendo contar os sobreviventes com a ajuda dos remanescentes.

    É inútil olhar para trás, somente resta sacudir a poeira e se colocar a caminho de novas terras, novas oportunidades, reconstruir o que sobrou. Depois da crise inevitável o surgimento de um mundo novo. Tambem é inevitável que o que morreu não vivera, jamais, é necessário repensar a vida e as novas condições em que se restabelecera. Muitos se apegam aos escombros insistindo na manutenção de um passado morto, outros se resignam e se colocam a caminho de uma nova vida.  A rebeldia nestas situações se demonstra inútil, nada mais resta a fazer do que aceitar o destino inexorável. 

    1. .

      O alarmismo de quem prevê um complô internacional que busca somente o acumulo da riqueza, não deixa de ser raso. Porque? Porque tudo aquilo que projetam nos interesses internacionais como se unicamente desejassem espoliar com a riqueza nacional é reiteradamente espoliado pela própria elite tupiniquim, não é preciso temer um ataque internacional sobre a riqueza do Brasil. Alguns brasileiros já fazem isto desde o surgimento da sociedade brasileira, em proveito próprio e dos grupos de que fazem parte. O bicho papão não é gringo nem alienígena é nacionalista, mesmo.

      Qdo a riqueza do Brasil, pertenceu ao brasileiro???

      Todos os índices que medem a condição social do Brasil são desfavoráveis ao cidadão comum.

      O petróleo é nosso!

      Nosso de quem?

      A terra pertence ao Estado. Nunca ao brasileiro, que se arrasta na busca interminável de um chão que possa descansar finalmente de tanta miséria.

      O brasileiro nativo, os imigrantes derramaram o próprio sangue na esperança de construir uma sociedade justa e foram reiteradamente extorquidos e parasitados pelos espertalhões que os consideram apenas um pato a ser depenado.

      A politica foi usada como ferramenta de elevar ao poder o discurso demagógico e populista que criou guetos de prosperidade e privilegio em detrimento do interesse da maioria dos cidadãos que são mantidos a margem dos benefícios sócias somente alcançado por poucos.

      As pústulas que eclodiram recentemente como consequência da ação de juízes, promotores e da policia, eclodiriam de qualquer maneira, o assalto a coisa publica chegou a um patamar que dificilmente não seria contido de uma maneira ou de outra, se por causa da intervenção das instituições que amadurecera, seria pelo interesse de quem estava impedido de se refastelar também. Na divisão do butim todos exigem sua parte.

      Coitado do povo brasileiro… Se ficar o bicho come, se correr o bicho pega. 

  5. A Lava-jato é a entrega do Pré-sal ao Capitalismo Internacional

    Não há surpresas na Lava-jato.

    Ela teve dois objetivos que não foram alcançados:

    1) Dar a vitória para Aécio Neves.

    Ele era tão fraco candidato que nem com todo o aparato midiático oligopólico da velha mídia capitaneado pela Rede Globo e do Judiciário morista 24 horas do dia antenados para destruir o PT, o Governo Federal e a candidatura Dilma venceu;

    2) Em não se concretizando o objetivo 1 tornou-se um dos braços para sustentar o Impitman da Presidenta Dilma. Falhou novamente.

    3) Então, surgiu o objetivo 3:  se torna a Lava-jato o instrumento irradiador de notícias e fatos para a velha mídia, a partir do Juiz Moro e seus tentáculos destruir a possível candidatura LULA em 2018 – uma candidatura nacionalista. E sua possível vitória.

    A Lava-jato tem dois focos interligados, o Econômico e o Político (acima descrito e facilitador da realização do econômico que descrevo abaixo).

    No Econômico há duas bifurcações.

    A) A tentativa de paralização da economia com o intuito de enfraquecer e derrubar do jeito que der o Governo petista, aqui se configurando a união do Econômico e do Político em prol do intento de tomarem o Poder na marra e direcionar nossa Economia rumo ao Norte via uma nova ALCA.

    B) O Pré-sal é a menina dos olhos do PSDB ligado aos meios de comunicação hegemônicos ligados ao Moro e a sua Lava-jato ligados todos às grandes petroleiras privadas e a favor do Petróleo controlado/utilizado pelo Império do Norte.

    Esta é a verdadeira quadrilha (não a do Senador, o Assessor, o delator que prometeram fuga espetacular e o banqueiro), a que quer afanar o Pré-sal dos brasileiros e entregar de bandeja ao Capital privado sob o controle da utilização do recurso dos EUA:

    1) PSDB

    2) Judiciário morista e seus tentáculos em outras instâncias da Justiça

    3) Velha mídia capitaneada pela Rede Globo

    4) Capitalismo Internacional através das grandes petroleiras privadas.

    As guerras no Mundo de hoje são em busca do controle dos recursos naturais.

    O Petróleo é o carro-chefe.

    Em sociedades mais críticas e aguerridas, mais batalhadoras e anti-imperialistas você precisa partir para a Guerra de trincheiras, para as armas de fogo para controlar os recursos naturais.

    No Brasil, com o monopólio das comunicações em mãos da velha mídia e com uma população mais pacata e pró-americana só se torna necessário o tripartite: mídia, judiciário aliado e partido político que execute as ações parlamentares em defesa do Império do Norte. A mídia controla a população e sua visão de mundo, que se associa/defende, por ignorância e alienação, aos/os interesses do Imperialismo. E não se precisa guerrear.

    Via Lava-jato, Rede Globo & Cia. + Judiciário morista + PSDB trabalham no Brasil em favor dos interesses das grandes petroleiras privadas.

    Nossos recursos naturais vide o Nióbio nas Minas Gerais, Carajás no Pará, etc. foram privatizados por quem?

    Eu aprendi que as riquezas do Subsolo eram propriedade do Estado.

    Esta máxima deixou de valer dos anos 90 para cá. Nem os militares foram entreguistas e antinacionalistas como são os tucanos e seus aliados.

    Quem patrocina o caos no Brasil, sabe muito bem o que quer.

    Nossos recursos naturais são a menina dos olhos do Capitalismo Internacional.

    E não é à-toa que uma das ações da Justiça morista foi mexer com a Indústria de defesa brasileira, nosso enriquecimento de urânio e o comandante Othon.

    O Capitalismo Internacional não quer uma Indústria brasileira de defesa forte, quer as fronteiras brasileiras escancaradas, governos antinacionalistas e um povo alienado para rapinar nossas riquezas naturais e se beneficiar do capital incomensurável delas.

    Não há novidades na Lava-jato.

    Ela é uma ação antinacionalista e patrocinada pelo Capitalismo Internacional. E vale-tudo, porque o Capitalismo, bem sabemos, não possui Ética e nem tem preocupação socioambiental, visa apenas transformar o Mundo em uma fonte inesgotável de dinheiro e nos bolsos de não mais que 1% dos homens da Terra.

    Não há nenhum interesse em acabar com a corrupção no Brasil a partir da Lava-jato, apenas se quer facilitar a retirada dos recursos naturais brasileiros (no caso o Pré-sal, que é a menina dos olhos da vez) do subsolo e leva-lo diretamente para as nações desenvolvidas sem nenhuma contrapartida ao Brasil e aos brasileiros.

    E um dos caminhos encontrados: é o caos! A nossa Primavera Árabe, as nossas armas químicas estão nas mãos da República Morista.

    Enfim, e que fique claro:

    Se vivêssemos em um território sem recursos naturais, sem biodiversidade, sem solo fértil e sem ser caminho para a passagem dos recursos naturais até os países centrais do Capitalismo não existiria Lava-Jato. Viveríamos em paz.

     

  6. MÁFIA TOGADA,CADÊ MENSALÃO
    MÁFIA TOGADA,CADÊ MENSALÃO TUCANO???
    JUSTIÇA,FAÇA JUSTIÇA PARA TODOS
    NÃO SEJAM FASCISTAS
    É O CLAMOR DO POVO BRASILEIRO!!!

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