Suspeito de operar propina a Temer, Edgar vendeu imóvel “subfaturado” a FHC

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Edgar Safdié, apontado pela PF como o homem que seria acionado por Rodrigo Rocha Loures para receber propina da JBS, foi sócio da empresa que vendeu apartamento a FHC por 43% de seu valor de mercado. Seu pai, Edmundo Safdié, foi réu por lavagem de dinheiro em favor de Celso Pitta e teve seu banco envolvido no trensalão tucano
 
 
Jornal GGN – O Edgar que a Polícia Federal apontou em relatório ao Supremo Tribunal Federal como principal suspeito de ter sido acionado por Rodrigo Rocha Loures (PMDB) para receber propina da JBS em esquema envolvendo Michel Temer foi sócio da empresa que vendeu, em 2005, um apartamento ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
 
Edgar Rafael Safdié e seu pai, Edmundo Safdié, falecido no ano passado, controlavam a empresa Bueninvest, criada em 1990. Segundo informações da junta comercial de São Paulo, Edgar só deixou a sociedade em 2010, cinco anos após a venda de um imóvel em Higienópolis para FHC.
 
Em 2013 o GGN mostrou, em reportagem de Luis Nassif, que havia indícios de subfaturamento no apartamento adquirido pelo ex-presidente. Com pouco mais de 500 metros quadrados e quatro vagas para automóvel, a unidade foi arrematada por R$ 1,1 milhão, quando seu valor de mercado, à época, poderia chegar a R$ 2,5 milhões. Ou seja, FHC teria desembolsado cerca de 43% do valor de mercado.
 
A reportagem embasou representação ao Ministério Público Federal em São Paulo em março de 2016. A iniciativa foi dos deputados João Paulo Rillo e Teonílio Monteiro da Costa, ambos da bancada do PT na Assembleia Legislativa do Estado.
 
No pedido de investigação, os parlamentares destacaram que as suspeitas sobre FHC não poderiam ser ignoradas diante da devassa imposta ao ex-presidente Lula pela Lava Jato, por conta do sítio e do triplex que foram reformados pela Odebrecht e OAS.
 
 
O procedimento investigatório criminal (PIC) chegou a ser instaurado em julho de 2016, mas o procurador da República Gustavo Torres Soares decicidiu arquivar a apuração contra FHC e Edmundo, por sonegação fiscal, lavagem de ativos e falsidade ideológica, em 30 de janeiro de 2017.
 
Soares alegou que relatórios solicitados à Receita Federal e ao COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) não apontaram nenhum indício de fraude nas contas de FHC. Além de arquivar, o procurador determinou o sigilo dos autos por causa das informações fiscais do tucano.
 
 
Nesta quarta (21), a assessoria do deputado Rillo sinalizou ao GGN que pretende recorrer da decisão de arquivamento e solicitar a reabertura da investigação, com base nas revelações feitas recentemente pela Lava Jato.
 
Apesar de não ser conclusivo, o relatório da Polícia Federal coloca Edgar Safdié como suspeito de ser acionado por Rocha Loures para operacionalizar o recebimento de propina junto a Ricardo Saud, executivo da JBS. Em conversa gravada pelo delator, Loures afirma que Edgar seria a “alternativa” para a transação, já que “outros caminhos estavam congestionados”.
 
À PF, Edgar negou que seja o homem procurado pela Lava Jato. Ele admitiu que fez uma doação à campanha eleitoral de Loures em 2006 e que tem relacionamento pessoal com o ex-assessor de Temer – a imprensa divulgou troca de mensagens de ambos sobre aulas de ski para crianças -, mas negou que tenha operado financeiramente para políticos ou partidos. 
 
O relatório destacou, contudo, que Edgar Safdié esteve com Loures na véspera do encontro do peemedebista com Ricardo Saud. “De relevante, apenas, a informação de que esteve reunido com Rodrigo da Rocha Loures no dia 23/04/17, em São Paulo, véspera do nome ‘Edgar’ ter sido ofertado para operar valores advindos da JBS. Não houve tempo hábil para um maior aprofundamento dessa questão particular”, diz trecho do documento.
 
TRENSALÃO TUCANO
 
Na reportagem de 2013, Nassif destacou que o pai de Edgar, Edmundo Safdié, mantinha relações com tucanos que iam além de FHC. Edmundo chegou a ser investigado pela Polícia Federal porque o banco Leumi Private Bank da Suiça, antigo Multi Commercial Bank (da família Safdié), mantinha uma conta com o codinome “Marilia”, que abastecia o cartel dos trens de São Paulo. Alstom e Siemens depositavam nela a propina do esquema que desviou recursos públicos durante governos do PSDB no Estado.
 
“Veterano conselheiro de políticos”, Edmundo também foi réu por lavagem de dinheiro para o ex-prefeito Celso Pitta, em processo sigiloso.
 
Segundo informações recebidas pelo GGN, Edgar Safdié é hoje sócio de pelo menos 12 empresas:
 
        * BUENA ESPERANCA PARTICIPACOES EIRELI
 
        * OSCAR 585 DESENVOLVIMENTO IMOBILIARIO SPE LTDA.
 
        * LCP – LATOUR CAPITAL PARTNERS DO BRASIL LTDA.
 
        * LC1 DESENVOLVIMENTO IMOBILIARIO LTDA
 
        * LATAM WATER PARTICIPACOES LTDA.
 
        * LATOUR PROPERTIES PARTICIPACOES LTDA
 
        * ILA GESTAO E ASSESSORIA HIDRICA LTDA.
 
        * FLORIDA LATOUR I PARTICIPACOES LTDA
 
        * LATOUR CAPITAL DO BRASIL LTDA
 
        * OSCAR FREIRE PARTICIPACOES LTDA.
 
        * LATOUR SECURITIES – SECURITIZACAO IMOBILIARIA S/A – EM LIQUIDACAO
 
        * LATOUR REAL ESTATE INVESTIMENTOS LTDA
 
 
A IDENTIDADE DE EDGAR
 
A identidade de Edgar foi questionada a Michel Temer na lista de perguntas enviada a ele pela Polícia Federal. Isso porque, na conversa com Saud, Rocha Loures sinalizou que Edgar seria um homem de confiança do presidente e que trabalha a partir de São Paulo. Temer, assim como Loures, nada disse à PF sobre as revelações feitas pela JBS no processo. 
 
O GGN apontou, no início de junho, que Temer tem outro Edgar entre seus amigos. Trata-se do advogado Edgar Silveira Bueno Filho, que dividiu escritório com Temer nos anos 1990, em São Paulo. 
 
O advogado é desembargador aposentado do Tribunal Regional Federal de São Paulo e foi presidente da Ajufe (Associação dos Juízes Federais) em 1993.
 
Hoje, ele apresenta-se como especialista em “agências reguladoras e concorrenciais”, justamente o assunto que causa dores de cabeça à JBS em órgãos como o Cade – onde Temer deu aval a Joesley Batista para sugerir mudanças, junto a Henrique Meirelles, de acordo com suas conveniências. Leia mais aqui.
 
 
 
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

20 Comentários

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  1. Por essa, e outras, é que o

    Por essa, e outras, é que o tal do triplex, bem como o famigerado sítio, estava reservado ao Lula. É usual!…

    Agora, daí a fazerem esse barulho todo, com risco de irem às vias de convulsão social, são outros mil e quinhentos.

  2. São incontáveis as marcas de batom nas cuecas dos golpistas

    Prezados,

    Além do que foi relatado nas reportagens do GGN, inclusive nesta, Fernando Brito, no Tijolaço, lembra:

    “Edgar é dono de uma empresa, holding de instituições não financeiras, chamada – eu juro e coloco aqui a certidão da Junta Comercial – “Acerto Participações“.

    Quer dizer, era dono. Porque ela foi vendida para outra empresa, a Buena Esperança Participações que pertence a….Edgar…”

    O que depreendemos de todas essas artimanhas, manobras, negociatas e plena proteção e blindagem ao tucanato na burocracia do Estado (polícias, ministérios públicos e judiciários) é que entre os integrantes dessa burocracia e o grupo político do PSDB há uma identidade de classe, um sentimento de pertencimento ao mesmo estrato social, que faz com que se protejam, encobrindo os abusos, as arbitrariedades, as ilegalidades e crimes que tenham cometido.

    A estratégia dos golpistas era criminalizar seletivamente a classe política – proscrevendo e aniquilando a Esquerda, sobretudo o PT e os líderes desse partido. Mas em tempos de internet e blogosfera progressista essa estratégia falhou e toda a direita e centro-direita foram desmascaradas, assim como a burocracia estatal representante desses espectros políticos.

  3. Quem diria hein,Greta Garbo
    Quem diria hein,Greta Garbo acabou no Irajá.Quando eu perguntei aqui há mais ou menos 20 dias,se alguém conhecia o EDGAR chegaram a perguntar-me se eu tinha fumado maconha estragada.Nem o editor do pedaço fazia a mais pálida idéia quem era o sacripanta.Voces viram o EDGAR por aí?Eu o vi na quadragésima segunda pergunta que a PF fez a Don Altobello,e ele que de bobo nada tem,foi confabular com a Máfia Russa,a mais letal do planeta,para só depois cuspir os feijões.

  4. O irmão Gabriel tem varios negocinhos….

    Bacaninhos no Luxemburgo…..

    L’une des sociétés luxembourgeoises de Gabriel Safdié, baptisée Avisan, a également prêté en 2005 16 millions d’euros au groupe Apsys pour pouvoir racheter sa participation minoritaire dans Centrum NS, une société luxembourgeoise propriétaire du centre commercial Manufaktura, à Lodz, en Pologne.

    Dans chacun de ces épisodes, Maurice Bansay assure n’avoir eu affaire qu’aux structures luxembourgeoises de Gabriel Safdié. Pourtant, sa signature figure bien sur un contrat signé en 2006 avec l’une des sociétés offshore de Gabriel Safdié, Alto Park Properties SA, enregistrée aux îles Vierges britanniques.

    Le patron d’Apsys se contente de renvoyer vers les explications de Gabriel Safdié sur la provenance de ses fonds. Le banquier genevois assure qu’il est « d’usage », pour les résidents fiscaux brésiliens, « de réaliser ses investissements par l’entremise de sociétés offshore ». Il assure que « l’interposition d’une société offshore permet de simplifier les formalités, de manière parfaitement conforme à la législation brésilienne ».

    Rien d’illégal, a priori, dans ces circuits, mais le recours de M. Safdié à des mécanismes de dissimulation comme des prête-noms ou des actions au porteur pour ses sociétés offshore a de quoi poser question. L’homme argue de « réflexes » hérités de sa jeunesse sous la dictature brésilienne, où la discrétion était une « une nécessité de survie ».

    Un état d’esprit qu’il a pu perpétuer en Suisse, où sa société de gestion d’actifs Safdicorp est devenue une actrice de premier plan des montages offshore. Les « Panama papers » font apparaître quelque 150 structures administrées, enregistrées ou possédées par Safdicorp auprès de Mossack Fonseca – parmi lesquelles on retrouve les trois sociétés offshore qui ont indirectement financé Apsys.

    1. Uma Coisa Leva a Outra e Pimba…

      Jackson: será que buscando mais um pouco não seria possível localizar nesses e outros paraísos ficais rastros daqueles U$ 2 bi do “Dossiê Cahimã”? Da Telefonia brasileira? Quem sabe se essa SADICORP ou outra do grupo não chegou opera-lo. A quadrilha é mestra.

      Dizem que o botim foi partilhado por 4, cabendo U$ 500 mi para cada um. Suspeita-se que um deles, diretamente da Espanha, administraria a herança.

      E operantes como está demonstrado, os Safedié não intermediaram também a aquisição de um certo palacete da Av. Foch. A colônia israelense, das cercanias de Higienópolis, pode muito bem ter ajudado nessa mumunha. Esse pessoal tem muita unidade, numa hora dessas.

      Edgar pode ser simplesmente um continuador das obras da família. Mero herdeiro, que tem conseguido sucesso.

      Não fosse essa do “chefe da quadrilha mais perigosa do Brasil” (Joesley) e talvez o mundo nunca conseguisse saber dessa de Don Raton, que todos nos desconfiamos e cujus crimes pareciam prescritos…

      Faça uma forcinha. Procure pra nós! 

  5. Sr. Edmundo Safdié, libanês

    Sr. Edmundo Safdié, libanês radicado no Brasil. Atuava com clientes de alta renda, administração de fortunas principalmente de membros da colônia judaica paulista e nichos específicos como despachantes. Teve filial em Nova Iorque, o Commercial Bank. Vem a ser pai de  Edgar Safdié. Antigos controladores do Banco Cidade que atendia  clientela especial. Golbery do Couto e Silva, pertenceu a seus quadros e mantinha sólida amizade com controlador.Portanto,  a intimidade com o  poder e  os poderosos vem delonge….

      

  6. Xadrez dos xadrezes. É por aí que está a verdadeira quadrilha.
    Venho afirmando que há algo muito maior nesta história. Há uma quadrilha muito acima e muito mais poderosa do que estes coitados dos empreiteiros e dos “cunha/temer” da vida. Banqueiros nacionais e “mercado”, tipo selfdie.Temer, gedel, eduardo cunha, padilha moreira e aécio eram só os pivetes a serviço da quadrilha.A quadrilha está mais acima e tomou a petrobrás, vendeu a engenharia nacional, entregou o projeto do submarino nuclear e a produção de carnes aos amigos do norte, tirou o país dos brics, etc, são banqueiros os quadrilheiros que ganham sempre com a desgraça do país e que no passado (fhc) fizeram o mesmo (este aí é do banco cidade do escândalo fhc, lembram-se).Os empresários idiotas e golpistas foram também usados para financiar as “atividades” do cunha/temer/aécio e seus deputados escravos. Empresário golpista, coitado, financia, sem saber, a quem destroi o país e os detroi também.Banqueiros e a grande mídia (e seus funcionários públicos dominados), esta é a verdadeira quadrilha e está aí impune e nunca citada.Prova? Verifiquem, amanhã mesmo estes senhores desaparecerão do noticiário e das investigações. Dirão as autoridades, descobrimos o edgar errado, o verdadeiro que procuramos é aquele do samba antigo.

     

    1. LADRÕES DE VERDADE

      Isso mesmo  hc Coelho:

      – Doaram a Petrobras -como já fizeram com a Vale (Nossas maiores empresas do MUNDo em suas atividades) . Se foi o petróleo e as riqueza minerais.

      – Destruíram nossas MAIORES empresas de engenharia (algumas maiores do MUNDO também.

      – Entregaram projeto do submarino nuclear.

      – Entregaram a maior emnpresa do mundo na área de carnes e agregados.

      – Tiraram o País dos BRICs  (o grande futuro do Brasil ).

      – Banqueiros estrangeiros (querem colocar o meirelles na presidencia da República)comandaram a idiotização dos EMPRESÁRIOS NACIONAIS e acabaram com os consumidores (mais de 170 milhões)nacionais.

      – Empresários ladrões de IMPOSTOS (vide Operação Zelotes , sonegometro.com, Panamá Papers, etc) agora estão na mira e poderão ser PRESOS  por se envolverem nesse GOLPE (Gerdau, RBS, Globo, santander, bradesco, Itau, entre eles)

      – Idiotas que se consideram “empresários” perderam quase a metade de seus CLIENTES (vejam as montadoras de automóveis)e perderão mais se continuar A RETIRADA DE direitos e salários dos trabalhadores, que são mais de 170 MILHÕES de Brasileiros consumidores. 

  7. Se a gente pesquisa “Edgar

    Se a gente pesquisa “Edgar Rafael Safdié” no google imagens a  primeira firua que busca é Alexandre Accioly, que vem a ser…

  8. Vamos filiar FHC ao PT para ele ser investigado.

    Acho que se filiarmos FHC ao PT, provavelmente ele será preso na mesma semana.

    Não faltam provas… faltam só as convicções… uma carteirinha do PT vai trazer toda a convicção necessária!!!

  9. Se prédios falassem…….

        Não este da Rua Rio de Janeiro, que não teria muito para contar, estou me referindo a outro onde os Safdié tambem habitavam, junto a outras entidades corporativas “interessantes”, tipo Dantas, Conde, Safrinha, Mauá…. os nacionais, somados a alguns importados. Todos ali na Av. Brig. Faria Lima, 2277.

  10. Suspeitissimo

    Minha tia tucana passou duas semanas em minha casa e confirmou o pensamento coxiniano: Agora diz Temer também roubou, como Dilma! Vice de, não poderia ser melhor. Quanto a FCH, Serra (ai, os genéricos!), Alckmin, continuam todos santificados. Aécio não vem ao caso. Doria é caso de sucesso em São Paulo (ha dois anos ela tinha afirmado com toda convicção que Fernando Haddad “é muito burro”, discorrendo sobre as mudanças no trânsito paulistano). Quando ouço minha tia (procuradora), sei para qual direção o judiciario brasileiro esta indo.

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