Janot pede votos para terminar investigação da Lava Jato

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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O atual procurador-geral posicionou-se em debate com outros candidatos a assumirem o cargo. O evento foi marcado por alfinetadas
 
 
Jornal GGN – O processo de escolha do novo procurador-geral da República teve seu primeiro debate entre os candidatos marcado por duras críticas, ironias e discussões. Um dos pontos polêmicos discutidos foi a forma como a Operação Lava Jato está sendo conduzida pelo atual PGR, Rodrigo Janot. O representante do MPF defendeu a sua atuação, pediu votos para “terminar o que começou” e disse que o Brasil vive um “grave momento”, com o “descomunal caso de corrupção”, ao se referir ao esquema de desvio na Petrobras.
 
O evento, organizado pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), nesta segunda-feira (29), contou com o debate dos quatro candidatos: além de Janot, o procurador Carlos Frederico Santos – principal adversário do PGR na disputa, e os procuradores Mário Bonsaglia e Raquel Dodge.
 
A polarização ficou concentrada entre Janot e Carlos Frederico. Sobre a estratégia que o atual procurador-geral pretende levar à frente, se reconduzido ao cargo, disse que tentará fortalecer o apoio aos procuradores-chefes que conduzem o caso nos estados, para aumentar o poder de investigação e para que o MPF possa enfrentar “com tranquilidade” o desafio de “desvendar crimes e encontrar os seus autores”.
 
Já Carlos Frederico considerou importante a consolidação do poder de investigação do MPF, mas de forma “mais autônoma” do STF, e que o PGR “poderia ter amadurecido” mais as provas contra os políticos, antes de apresentar os pedidos de abertura de inquérito. “Por que levamos à Polícia Federal se poderíamos ter resolvido isso dentro da nossa casa?”, questionou.
O procurador adversário também criticou o fato de o órgão submeter ao tribunal todo o tipo de pedido. “Não podemos ter petições encaminhadas ao STF a toda hora. Existem casos em que não há necessidade de uma ordem judicial. Por que não realizamos direto os procedimentos para seguimos mais à frente?”, mirou a Janot, que prontamente respondeu que o protocolo seguido é uma decisão do próprio STF, que considerou que se o MPF não pedir autorização à Corte, a investigação perde a validade. 
 
“Prerrogativa de foro trata-se de inquérito judicial e não policial e o próprio Supremo reconhece que a ausência de supervisão dele retrata em nulidade”, corrigiu, ainda, o procurador-geral.
 
O procurador Carlos Frederico também expôs as divisões existentes no Ministério Público Federal e que, se for escolhido, tentará traçar uma atuação independente, sem “privilégios entre amigos e apadrinhados”, como ocorre na atual administração, alfinetou em Janot, enfatizando a sua experiência como secretário-geral do MPF, em gestão anterior. “Não é ilusão um MPF de inclusão que não tenha patrulhamento ideológico e garanta o pluralismo. Não prometo ilusão, mas verdade, entrosamento e transparência. Não sou vendedor de ilusões”, acusou.
 
Janot afirmou que o corpo de colegas convidados a compor a equipe são competentes, provenientes de vários ramos do MPF e que estão “mais inteirados” de determinados termos do que ele próprio, frisou.
 
Depois dos desentendimentos ocorridos entre o MPF e a PF, nas investigações da Lava Jato, Janot reforçou a bandeira, aos colegas, para a necessidade de maior independência. “Nós temos agora a responsabilidade de criar o modelo para que possamos desenvolver com profissionalismo e objetividade nosso mister. (…) Temos que trabalhar para ter mais independência investigatória no que se refere cooperação da Polícia Federal”
 
Janot também destacou o prejuízo que sofrerá na sua campanha à disputa do cargo, por não poder se deslocar e percorrer o país, falando de seu projeto para a próxima gestão. Por isso, aproveitou o momento para pedir os votos.  “Volto à presença de vocês porque pretendo terminar o que comecei. Estou pronto e firme para prosseguir no desafio. (…) Sem fórmulas mágicas e sem vender ilusões, peço seu voto para que possamos continuar avançando”, afirmou.
 
O encontro foi o primeiro de três que serão organizados pela ANPR, com o objetivo de os candidatos apresentarem as propostas para a próxima gestão do MPF, e os procuradores definirem a lista tríplice que será encaminhada à presidente Dilma Rousseff.
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

19 Comentários

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  1. PGR

    O que é a PGR?

    Os holofotes sempre na lava jato. Zelotes sempre atrás da moita

    PT sempre condenado. Sem julgamento, e em julgamento mesmo sem provas ( Rosa Webber). PSDB nunca é indiciado. 

  2. É claro que NENHUM dos

    É claro que NENHUM dos “brilhantes” procuradores procurou abordar as operações Zelotes, Castelo de Areia, Satiagraha, Swissleaks, sonegação da Globo, etc. Como diz o PHA:”não vêm ao caso!” Para os incautos, que se dizem apolítcos, sugiro acompanhar o debate entre esses procuradores e analisar a postura de alguns ministros do STF, como GM. E digo bem alto: “É A POLÍTICA, SEUS ESÚPIDOS!”

  3. Indicação

    A Presidência, ela sim, precisa declarar independência, nomeando alguém fora da tal lista. É prerrogativa única e exclusiva dela, segundo a Constituição.

  4. O tempora, o mores!

    O que diz o Procurador Janot “o Brasil vive um “grave momento”, com o “descomunal caso de corrupção”, ao se referir ao esquema de desvio na Petrobras”. Todos hipocritas. Até parece que o Brasil foi descoberto ha doze anos. E Sobre a Zelotes, nada de nada. 

    O concorrente não me pareceu melhor, com essa historia de “nossa casa” em contraposição à PF e STF. Não deveria ser um por todos e todos por um ? Qual o quê!

  5. como dá napoleões neste judiciário!

    Autonomia, independência, nada para limitar os poderes dos esbirros.

    Fechamos o Brasil, entregamos a esta elite o poder e eles que se virem para botar comida nas mesas.

    Dilma coloque um “tertius” um cara de fora deste circo.

      1. Verdade.  Porem…  marque

        Verdade.  Porem…  marque essas palavras:  1-Dilma vai tocar Janot do cargo.  2-E o novo DA vai ser um Joaquim Barbosa.

  6. Eita que esse pessoal

    Eita que esse pessoal sapateia sobre Montesquieu e quer fazer seus 3 Poderes darem cria. Imprensa, MP, PF, se brincar até o TCU quer se tornar mais um Poder dentro desta República.

  7. O que Janot fez claro com

    O que Janot fez claro com esse “discurso” eh que os parlamentares de direita podem relaxar pois a UNICA LavaBunda que eles querem ver chegar ao final eh a que condena petistas e os salva.

    Janot continua o mesmo.  Canalha.  Canalha de extrema direita.

  8. A Dilma deveria acabar com

    A Dilma deveria acabar com essa palhaçada de lista tríplice e escolher um procurador petistas.

    Acreditem, existe.

    E só ela procurar que encontra, basta coragem e querer.

  9. Tem que alterar a regra de

    Tem que alterar a regra de escolha do PGR, esses aí são uma panelinha que se acham superiores aos demais brasileiros e agem politicamente mesmo não tendo voto dos eleitores. Eles não pensam no Brasil, como exemplo posso citar aquele procurador babaca que disse não se importar com a quebra das empresas cujos donos estavam envolvidos na lava jato. 

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