Luciano Coutinho, os campeões nacionais e a LCA

Coutinho perde espaço no governo

Presidente do BNDES passa por momento de distanciamento do Palácio do Planalto

23 de março de 2014 | 2h 08
 
JOÃO VILLAVERDE / BRASÍLIA – O Estado de S.Paulo

Porta-estandarte da estratégia de consolidação de campeões nacionais no governo Lula, o economista Luciano Coutinho, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), vive um momento de depressão de seu prestígio político. Há sete anos no cargo, próximo da presidente Dilma Rousseff desde os anos 80, quando deu a ela aulas de Economia na Unicamp, Coutinho foi afastado da órbita do Planalto.

Desde antes do carnaval, Coutinho vem tentando se reunir com o novo ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante. No último dia 13, esteve em Brasília, e se reuniu com o ministro da Fazenda, Guido Mantega. No mesmo dia, pediu, pela segunda vez, um encontro com Mercadante, mas não conseguiu – o ministro acusou a agenda cheia, apesar de dividir a manhã entre despachos internos e uma cerimônia no próprio Planalto.

O presidente do BNDES tem fracassado, também, em obter o empréstimo de recursos do Tesouro relativo a 2014, para fazer frente aos contratos de crédito fechados com as empresas. O primeiro trimestre vai terminar e Coutinho ainda não sabe quanto terá à disposição. Pior: em fevereiro, o BNDES precisou transferir R$ 2 bilhões sob a forma de dividendos ao Tesouro para evitar um resultado pior das contas fiscais. O problema é inédito na gestão Coutinho, que sempre obteve do Tesouro e do governo o que precisava.

Coutinho falou ao telefone com o secretário do Tesouro, Arno Augustin, na quarta-feira, mas continuou sem indicações. A questão fiscal, deteriorada por manobras do Tesouro e pelas desonerações tributárias, tem atrapalhado especialmente o BNDES.

Derrocada. O distanciamento entre Coutinho e o Planalto começou em abril do ano passado. Ele foi avisado pela presidente Dilma, pouco antes da cerimônia que anunciou o Plano Inova Empresa, que seu braço direito no BNDES, o vice-presidente João Carlos Ferraz, seria substituído por Wagner Bittencourt, até então ministro da Secretaria de Aviação Civil (SAC). Coutinho, então, iniciou uma jornada de quase 20 dias em busca de um caminho que permitisse manter Ferraz com o poder que teve por seis anos.

A ideia inicial era tornar a estrutura do BNDES semelhante à do Banco do Brasil (BB) e da Caixa, que contam com vários vice-presidentes e, assim, manter Ferraz com o cargo. Dilma bloqueou o plano. Em seguida, Coutinho alterou pela primeira vez desde que o banco foi criado, em 1953, o estatuto da instituição, para criar uma sétima diretoria no banco e assim acomodar seu homem de confiança. No mês que vem, Ferraz completará um ano como diretor de planejamento, pesquisa e gestão de risco do BNDES.

Mais tarde, em julho, Coutinho passou por uma situação incômoda no Planalto. Em reuniões com Dilma, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o secretário do Tesouro, Arno Augustin, e técnicos da Casa Civil para definir as condições de financiamento para os leilões de ferrovia, ele foi avisado pela presidente que os juros seriam fixados em 1% ao ano, além da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), que baliza os empréstimos do BNDES. O assunto não foi colocado em discussão. Procurado pelo Estado, Coutinho não aceitou conceder entrevista. Mas a assessoria do banco confirmou que o presidente do BNDES saiu derrotado da reunião.

Ao longo do encontro, Coutinho teve uma crise de hipertensão e precisou ir a outra sala para se recuperar. Dilma decidiu continuar a reunião. Segundo o BNDES, o mal-estar se deu por causa de uma substituição de remédios administrados.

Atuação. Na mesma época, em entrevista ao Estado, Coutinho informou que a política de “campeões nacionais”, movida por ele havia anos no banco, tinha acabado. A estratégia, cujo embasamento ideológico é seu doutorado na Unicamp, consiste em auxiliar, via crédito subsidiado e participação direta no capital, a formação de grandes grupos nacionais, que cresceriam além das fronteiras do País, servindo de fonte de dólares.

A ideia de apoiar a criação de grupos gigantescos em setores específicos sempre foi alvo da oposição à política econômica do governo, mesmo no PT. Durante o governo Lula, Coutinho diversas vezes buscou o então ministro da Justiça, Tarso Genro, para dirimir dúvidas envolvendo o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Grandes grupos nas áreas de frigoríficos (Marfrig e JBS Friboi) e de telefonia (Oi) foram formados com apoio do banco.

As áreas de direito econômico, planejamento estratégico de grandes grupos e soluções financeiras associadas ao ciclo macroeconômico estiveram no foco de Coutinho desde os anos 90, quando, com quatro colegas, fundou a LCA Consultores, empresa que comandou até julho de 2007, quando assumiu o BNDES. A consultoria, considerada uma das melhores do País, cresceu bastante desde 2010. No ano passado, adquiriu sua principal rival, a MCM Consultores. Segundo fontes próximas a Coutinho, a LCA verá o retorno de seu fundador quando ele deixar o BNDES. 

 

Luis Nassif

8 Comentários

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  1. Já era tempo…

    Isso que dá engordar o caixa dos grandes capitalistas:

    – As grandes empresas sediadas no Brasil tem as maiores margens de lucro do planeta, o que dificulta bastante a queda mais acentuada da inflação;

    – Esses mesmos campeões nacionais investem muito dinheiro na mídia que pede todo dia aumento dos juros (empresário que vence pelo próprio esforço jamais financiaria seu carrasco);

    – Enquanto isso, para se montar ou produzir um computador no Brasil depende-se da importação de bastantes componentes do Sudeste Asiático, pra quê serve mesmo o BNDES?

  2. Carta do Ibre e a discussão do equilibrio fiscal

    Discussão bem posta, com argumentos equilibrados. Um Estado mais enxuto, melhor administrado, com 14 ministérios teria muito mais condição de implementar as reformas necessárias sem “esquecer” o social e o desenvolvimento.

    Por equanto existe um balaio de gato em Brasília, onde quem fala mais alto  manda, mas não é assim que vamos para frente Brasil.

    O duro desafio de ajustar a política fiscal brasileiraVol. 68 nº 03 MARÇO

    2014 – Carta do IBRE

     

    As mudanças na conjuntura internacional puseram fim à fase de crescimento
    fácil das economias emergentes exportadoras de *commodities* como o Brasil.
    A desaceleração chinesa esfriou o *boom* das matérias-primas, e o início da
    redução da postura superexpansionista da política monetária nos Estados
    Unidos elevou os juros e reduziu a liquidez internacional. O financiamento
    dos déficits em conta-corrente se tornou mais difícil e mais caro.

    O Brasil foi pego no contrapé pela virada do cenário internacional, com
    inflação no patamar de 6%, crescimento em torno de 2% e déficit externo
    acima de 3,5% do PIB. A alta dos juros domésticos, combinada com o atual
    ritmo de crescimento da economia, afetou negativamente a evolução da dívida
    pública como proporção do PIB, especialmente quando se leva em consideração
    o endividamento bruto. Nesse caso, há o agravante do custo de carregamento
    das reservas internacionais acumuladas e dos empréstimos do Tesouro ao
    BNDES e outros bancos públicos.

    A retomada das dúvidas sobre a solvência brasileira – num contexto de longo
    prazo e não alarmista, é bom ressalvar – piorou a percepção de risco do
    país e colocou pressão em ativos como câmbio, juros e bolsa, com reflexos
    negativos no investimento e na atividade econômica. O governo sentiu o
    golpe, e vem dando passos para recuperar a credibilidade da política
    econômica, optando pelo cardápio ortodoxo tradicional. Os juros básicos já
    foram aumentados em 3,5 pontos porcentuais, e a equipe econômica
    comprometeu-se com um superávit consolidado do setor público de 1,9% do PIB
    este ano, em princípio com um volume bem inferior de receitas
    extraordinárias do que o ocorrido em 2013. O contingenciamento do
    Orçamento, de R$ 44 bilhões, foi bem recebido pelo mercado.

    De qualquer forma, o superávit primário necessário para estabilizar e
    reduzir a dívida como proporção do PIB subiu no novo contexto internacional
    e doméstico. Assim, a meta de primário de 1,9% em 2014, idêntica ao
    resultado obtido em 2013, não é suficiente para dar tranquilidade no que
    tange à solvência de longo prazo. Pelos cálculos do IBRE, sob a ótica do
    equilíbrio fiscal, o superávit primário da União deveria ficar na faixa de
    2,5% do PIB por um longo período para assegurar uma trajetória segura da
    dívida pública. E essa política deveria ser acompanhada pela retração do
    financiamento do Tesouro aos bancos públicos.

    O problema, porém, é que a dinâmica de crescimento dos gastos da União nos
    últimos anos indica claramente a dificuldade de se aumentar o superávit
    primário pela contenção das despesas. As despesas primárias da União
    cresceram 3,88 pontos percentuais (pp) do PIB entre 2003 e 2013, de 15,14%
    para 19,02%. Uma parcela de 93% daquele incremento está ligada diretamente
    a aposentadorias e transferências de programas sociais. Mais precisamente,
    o aumento das despesas com o INSS no período foi de 1,93 pp do PIB, de 5,5%
    para 7,43%. Já o custeio de programas sociais (Bolsa Família, Benefício de
    Prestação Continuada, BPC, seguro-desemprego e abono salarial) aumentou em
    1,68 pp, de 0,59% para 2,27% do PIB.

    Se forem incluídos na conta o custeio de saúde e educação e os gastos com
    subsídios, boa parte dos quais com o programa Minha Casa Minha Vida,
    chega-se a um aumento de despesa da União de 4,71 pp do PIB entre 2003 e
    2013 que é quase todo de caráter social. Na verdade, essa expansão tão
    acentuada das políticas de bem-estar social do Estado foi até
    contrabalanceada pela redução de 0,26 pp do PIB dos gastos de pessoal
    (incluindo Previdência do funcionalismo), de 4,47% para 4,22%, e de 0,44 pp
    do custeio administrativo, de 1,43% para 0,99%. Já o investimento federal
    teve o tímido crescimento de 0,5% para 1,02% do PIB naquele período, muito
    longe do desejável para uma economia emergente com ambições de convergir
    para os padrões de renda do mundo avançado.

    Como se vê, já se cortou bastante a gordura da máquina pública, e o
    investimento se mantém em nível baixo. Assim, o ajuste em busca de um
    superávit primário adequado ao atual cenário econômico terá inevitavelmente
    de recair sobre gastos de natureza social, cujo crescimento é visto como
    uma importante virtude do arranjo institucional brasileiro.

    Além das dificuldades políticas de se controlar a expansão de gastos
    sociais demandada por nosso modelo democrático, há o problema de que boa
    parte deles é indexada ao salário mínimo, como a maioria das
    aposentadorias, o BPC, o seguro-desemprego e o abono salarial. O salário
    mínimo, por sua vez, é ajustado pelo crescimento do PIB de dois anos antes
    mais a inflação do INPC. A combinação dessa regra de ajuste com a expansão
    do número de benefícios, tanto na Previdência quanto nos diversos programas
    atrelados ao mínimo, condiciona uma tendência de aumento do gasto como
    proporção do PIB em todas essas ramificações da política social. O tamanho
    dessa ampliação não depende da postura fiscal do governo naquele ano
    específico, mas sim do que tenha sido o PIB há dois anos. Mesmo programas
    desvinculados do mínimo, com o Bolsa Família, sofrem de forma indireta a
    pressão daquela regra de reajuste. Afinal, qual a justiça de
    sistematicamente reajustar os benefícios de idosos em risco de pobreza
    acima daqueles dedicado a mães pobres com filhos para criar?

    Dessa forma, mesmo um governo determinado a fazer o ajuste fiscal, e ciente
    de que terá de conter gastos sociais, pode ter enorme dificuldade para
    realizar, de forma sustentável ao longo dos anos, um superávit primário
    substancialmente maior. A não ser, claro, que esteja disposto a reduzir os
    investimentos da União para níveis ínfimos. Como toda a lógica de aumentar
    o primário é fortalecer os fundamentos macroeconômicos do país, a ideia de
    contribuir para reduzir ainda mais a magra taxa de investimentos
    provavelmente levará a um desempenho pior do PIB – que é o denominador dos
    índices de solvência relevantes para os investidores e as agências de
    classificação de risco.

    Sempre existe, adicionalmente, a possibilidade de fazer o ajuste fiscal, ou
    a maior parte dele, pelo aumento da carga tributária, e não pelo lado da
    despesa. A carga tributária brasileira saiu de 25,2% do PIB em 1991 para
    35,9% em 2012. Em 1991, a carga nacional era 8,1 pontos percentuais
    superior à média latino-americana (Brasil exclusive) e 11,8 pontos
    percentuais inferior à média dos países da OCDE. Em 2012, ela era 16,7
    pontos percentuais acima da latino-americana, e já superava ligeiramente a
    média da OCDE.

    Esse enorme aumento da carga tributária nacional, na verdade, não foi mais
    do que a forma que o país encontrou de financiar a explosão de gastos
    públicos causada pela Constituição de 1988 e pelas demandas distributivas
    de nosso modelo institucional no período pós-redemocratização.

    Ainda que a elevação de impostos seja a resposta habitual do Brasil às
    pressões fiscais nas últimas décadas, essa alternativa está longe de ser a
    ideal para os dias de hoje. Na verdade, a alta carga tributária brasileira
    e a forma complexa e distorcida pela qual ela incide sobre a atividade
    econômica são apontadas como relevantes fatores de limitação ao crescimento
    do PIB nacional.

    Mesmo com seu possível efeito negativo sobre o crescimento de longo prazo,
    o aumento da carga tributária sempre é uma ferramenta disponível para um
    ajuste fiscal mais drástico, e é uma hipótese que não deve ser descartada
    (como previsão, não como recomendação) quando se pensa a economia política
    no Brasil.

    Ainda assim, o ajuste da política fiscal para o novo e mais difícil cenário
    doméstico e internacional será um grande e penoso desafio
    político-econômico para a presidente ou o presidente que tomará posse em
    janeiro de 2015.

    Parece inescapável que, diante da rígida dinâmica de aumento dos gastos
    públicos, e levando em consideração que o aumento da carga tributária é uma
    solução bem mais precária, pelos seus efeitos danosos ao crescimento
    econômico, o próximo governo deverá recolocar na mesa alguns temas de
    reforma estrutural. A ideia deveria ser a de introduzir mais “eficiência"
    na máquina pública, apertando o foco dos programas sociais – em outras
    palavras, fazer com que os recursos cheguem a quem, de fato, deles precisa,
    como ocorre no Bolsa Família.

    Nessa ótica, os candidatos naturais a sofrerem revisões seriam programas
    como pensões por morte, seguro-desemprego, abono salarial e auxílio-doença.
    Na verdade, é bem duvidoso que se obtenham rapidamente economias
    substanciais para o Estado com a revisão desses programas. Nos primeiros
    anos, a contribuição não levará as contas públicas ao resultado fiscal
    necessário, já que a redução de gastos com mudanças em programas desse
    tipo, ligados a benefícios e direitos sociais, tipicamente ocorre, em boa
    parte deles, de forma muito gradual. Mas uma ação decidida do governo numa
    agenda como essa provavelmente trará importante ganho de credibilidade para
    a política econômica. Com um horizonte fiscal de longo prazo mais
    assegurado, aumentos da dívida pública no curto e médio levantarão menores
    preocupações quanto à solvência do país.

    Toda essa discussão, evidentemente, refere-se apenas ao equilíbrio fiscal e
    à segurança da trajetória do endividamento público, que são um problema
    conjuntural importante do Brasil na atualidade. Para além desse debate, há
    a incontornável questão da aceleração do aumento da produtividade,
    imprescindível para que o Brasil alcance um ritmo de crescimento compatível
    no médio e longo prazo com as justas ambições de progresso social da
    sociedade.

  3. Consultoria empresarial +

    Consultoria empresarial + presidencia do BNDES = nitroglicerina pura.

    A tese de CAMPEÕES NACIONAIS é absurdamente equivocada. Turbinar empresarios privados com dinheiro publico para supostamente criar empresas campeãs é um conceito sem pé nem cabeça. O campeão nacional valido é aquele que é por sua propria capacidade, não com dinheiro publico. O Estado pode apoiar uma empresa competitiva, por exemplo, uma empresa que tem historia, capacidade e capital proprio de um bilhão de Reais, vem o BNDES e empresta 300 milhões para ela crescer, é defensavel. O que NÃO PODE é pegar uma empresa com capital de um bilhão de Reais e empreatar 15 bilhões de Reais para ela se expandir, como foi no caso dos frigorificos. De meia duzia de açougues compra os maiores frigorificos dos Estados Unidos com dinheiro 99% publico? É uma coisa maluca, não tem logica, aventureirismo com dinheiro do Tesouro, assim qualquer um faz. E porque foram escolhidos esses CAMPEÕES NACIONAIS? Verifique-se a lista de doações para parlamentares, lista de DOAÇÕES OFICIAIS, caixa 1, depois lista de doações para partidos, caixa 1,

    o verdadeiro ramo é o de reciclagem.

    1. Eu concordo plenamente…

      …não dá pra fazer este tipo de negocio. Ainda mais para esses donos de açougue que cresceram a margem de creditos de ICMS. 

      Mas não existe a obrigação desses donos de açougue pagarem ao BNDES?

      Mas e a China e as montadoras de automoveis Volvo, Saab, Peugeot tambem não tem dinheiro do BNDES deles tambem?

      1. Muitas empresas conseguem

        Muitas empresas conseguem emprestimos do BNDES como COMPLEMENTO de um plano de investimentos. São grandes empresas que tem historia e cadastro, trazem seu dinheiro em equity e complementam com o BNDES, isso é rotina.

        O que não é rotino é um João da esquina construir todo um imperio com o dinheiro de risco do BNDES, o cara vale 100, o BNDES dá a ele 5.000 e ele de firminha do interior para a ser uma potencia mundial com o dinheiro do BNDES.

  4. João Villaverde pode ser bom jornalista, mas o texto foi fraco

     

    Luis Nassif,

    O texto de João Villaverde “Coutinho perde espaço no governo” publicado no jornal O Estado de São Paulo veio a se  transformar neste post “Luciano Coutinho, os campeões nacionais e a LCA” de domingo, 23/03/2014 às 11:57, sem que ninguém o tenha sugerido. Enfim, é idéia sua dá o destaque ao texto de João Villaverde. E não bastasse ser dono do blog você tem boa justificativa em trazer o texto de João Villaverde.

    O João Villaverde pelo que recordo pareceu-me ser bom jornalista. No resumo João Villaverde fala 1) da dificuldade de Luciano Coutinho para se reunir com Aloizio Mercadante; 2) da dificuldade do BNDES conseguir empréstimos de recursos do Tesouro; 3) do distanciamento de Dilma Rousseff em relação a Luciano Coutinho que se iniciou em abril do ano passado quando Luciano Coutinho teve que rebaixar o braço direito dele no BNDES João Carlos Ferraz de vice-presidente para diretor de planejamento, pesquisa e gestão de risco do BNDES; 4) de uma situação incômoda de Luciano Coutinho em reunião em julho de 2013 no Planalto para definir condições de financiamento para os leilões de ferrovias; 5) de entrevista de Luciano Coutinho no jornal O Estado de São Paulo na época da reunião anterior informando que a política de “campeões nacionais” teria chegado ao fim e 6) encerra o artigo dizendo que quando sair do BNDES Luciano Coutinho voltará para a LCA Consultores que ele fundou e que cresceu muito desde 2010, tendo em 2013 comprado a principal rival dela, a MCM.

    Tenho que reconhecer que embora eu não veja nada de importante nos seis itens abordados por João Villaverde, ele diz muito mais sobre a relação de Luciano Coutinho e a presidenta Dilma Rousseff do que o parágrafo que você despejou junto ao post “A economia, vista da área econômica do governo” de quarta-feira, 29/01/2014 às 05:00. Em um parágrafo totalmente deslocado você diz que Luciano Coutinho não acompanhara a presidenta Dilma Rousseff na reunião em Davos, fechada, com 70 maiores empresários globais. O endereço do post “A economia, vista da área econômica do governo” é:

    https://jornalggn.com.br/noticia/a-economia-vista-da-area-economica-do-governo

    Em comentário que enviei quarta-feira, 29/01/2014 às 12:47, para você eu fiz uma crítica ao parágrafo mal ajambrado que você colocou no post “A economia, vista da área econômica do governo” para fazer mexericos sobre Luciano Coutinho. Acho que o texto de João Villaverde faz parte da crítica ao BNDES para atingir a Dilma Rousseff. E ficou bem a contento ao trazer a questão da política dos “campeões nacionais” que recebe críticas à esquerda e à direita pelo capitalista libertário e pelo energúmeno virtuoso puro ou por hipocrisia. Bem a contento por que diz que ela já foi abandonada, mas sem antes ter informado que “Grandes grupos nas áreas de frigoríficos (Marfrig e JBS Friboi) e de telefonia (Oi) foram formados com apoio do banco”. Enfim, a contento porque pode-se dizer que a política foi abandonada porque não era boa, e pode-se dizer que enquanto por incompetência não se percebeu que ela não era boa houve muito gasto com uma política ruim. E também a contento porque exposta no exato momento que esteve no Brasil Paul Krugman, o crítico com maior titulação a esta política. Com a crítica de Paul Krugman pode-se dizer que há a crítica a direita e à esquerda e também a crítica da teoria econômica exposta por uma das suas mais altas autoridades.

    E embora em política seja possível sacrificar o seu melhor amigo para salvar o próprio pescoço e, portanto, eu tenho como bem plausível que Dilma Rousseff venha a demitir Luciano Coutinho para tirar algum dividendo político desta manobra, se a demissão acontecesse eu não veria méritos nem em João Villaverde pelo texto em que ele praticamente sela a sorte de Luciano Coutinho, nem na presidenta Dilma Rousseff sob o aspecto administrativo.

    Demissão, entretanto, que sob o aspecto político é muito útil para ela obter o voto de parte da esquerda que abomina a formação de grandes grupos empresariais, o voto de parte da direita capitalista libertária que idealiza o modelo capitalista como formado por infinitas pequenas empresas de melhor qualidade, pois seriam sobreviventes de um sistema de concorrência perfeita que expulsa não os menores mas os piores e o voto de parte da direita energúmena de virtude autêntica ou de virtude hipócrita (Embora neste caso não seria energúmena) que acredita que a corrupção é o cancro que atravanca o progresso do Brasil.

    Enfim não concordo com a crítica que Paul Krugman fez à política de “campeões nacionais” nem dou importância ao suposto isolacionismo de Luciano Coutinho no governo de Dilma Rousseff. Isolacionismo que era mais ou apenas suposição na época do seu post “A economia, vista da área econômica do governo” de dois meses atrás e que hoje pelo texto de João Villaverde apesar de se constituírem mais de banalidades dá uma configuração de maior probabilidade.

    Pensei em transcrever aqui o meu comentário com crítica a você lá no seu post “A economia, vista da área econômica do governo”, mas já deixei o link e penso que só isto é o bastante. Como em meu comentário eu não fiz nenhuma referência ao desmetido de Luciano Coutinho vale à pena deixar o endereço do post “Luciano Coutinho em Davos” de quarta-feira, 29/01/2014 às 14:14, aqui no seu blog em que há o desmentido do BNDES a suposta ausência de Luciano Coutinho na reunião de Davos, com os 70 mega empresários. O endereço do post “Luciano Coutinho em Davos” é:

    https://jornalggn.com.br/noticia/luciano-coutinho-em-davos

    Quanto a crítica de Paul Krugman à política de campeões nacionais, eu mencionaria o post “Paul Krugman e o clima de guerra entre economistas” de sexta-feira, 22/03/2013 às 08:30, aqui no seu blog em que o comentarista Marco Antônio Nogueira transcreve entrevista de Paul Krugman à revista Exame. O endereço ao post “Paul Krugman e o clima de guerra entre economistas” é:

    http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/paul-krugman-e-o-clima-de-guerra-entre-economistas

    A crítica de Paul Krugman é ligeira e o valor dela reside quase exclusivamente na autoridade de onde ela emana. Avalio como mais fundamentado o artigo do professor David Kupfer intitulado “Campeões nacionais e multinacionais” e que foi publicado no jornal Valor Econômico de segunda-feira, 13/05/2013, trazendo uma explanação sobre a política de campeões nacionais. O endereço do artigo “Campeões nacionais e multinacionais” no site do jornal Valor Econômico se bem que só para assinantes é:

    http://www.valor.com.br/opiniao/3120336/campeoes-nacionais-e-multinacionais.

    Tireis essas indicações de comentário que enviei quinta-feira, 06/06/2013 às 23:46, para João Paulo Rodrigues em razão de comentário que ele enviara quarta-feira 05/06/2013 às 13:17, junto ao post “GOL contra” de quarta-feira, 05/06/2013, no blog de Alexandre Schwartsman, A Mão Visível. O endereço do post “GOL contra” é:

    http://maovisivel.blogspot.com.br/2013/06/gol-contra.html

    E embora eu não seja economista, assim como eu critico você aqui no seu blog, eu aproveitei para criticar Alexandre Schwartsman e a idéia de Paul Krugman sobre a política dos “campeões nacionais” no meu comentário para o post “GOL contra”. Não é o argumento de autoridade, mas eu me fio mais nele.

    Clever Mendes de Oliveira

    BH, 23/03/2014

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