O perigo mora ao lado, segundo o ranking das cidades mais violentas do mundo

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Sugestão de Alessandre de Argolo

As 10 cidades mais violentas do mundo

Das cinquenta cidades que ocupam o ranking das mais perigosas do mundo, quinze são brasileiras. Entre as dez mais violentas, duas são do Brasil. Confira abaixo

O perigo pode morar bem perto de casa. Pelo menos, é o que indica o relatório elaborado pelo Conselho Cidadão para a Segurança Pública e Justiça Criminal do México, que levantou dados de homicídios ocorridos em municípios com mais de 300 mil habitantes para determinar as cinquenta cidades mais violentas do mundo.

“Elaboramos esse ranking com o objetivo de chamar a atenção para a crescente violência nas cidades, particularmente no México e na América Latina, de modo que os governos se vejam pressionados a cumprir o dever de proteger os cidadãos e garantir o direito à segurança pública”, explicam no relatório.

Pelo segundo ano consecutivo, a cidade de San Pedro Sula, em Honduras, ocupa o primeiro lugar do ranking, com uma taxa de 169 homicídios dolosos registrados a cada 100 mil habitantes. Acapulco, um dos principais destinos turísticos do mundo, localizada no México, ocupa o segundo lugar com a taxa de 143 homicídios.

Segundo o relatório da instituição, o Brasil não anda bem. Das 50 cidades que ocupam o ranking completo feito pela instituição, 15 são brasileiras: Brasília (50º), Belo Horizonte (48º), Macapá (45º), Curitiba (42º), Goiânia (34º), Recife (30º), Cuiabá (28º), Belém (26), São Luís (23º), Vitória (16º), Salvador e Região Metropolitana (14º), Fortaleza (13º), Manaus (11º), João Pessoa (10º) e Maceió (6º).

Apesar de presença massiva de cidades latino-americanas, municípios de outras regiões do globo também aparecem na lista. Ao todo, são cinco representantes dos Estados Unidos – Oakland (43º), Baltimore (41º), Saint-Louis (40º), Detroit (21º) e Nova Orleans (17º) -, e três da África do Sul – Durban (46º), Nelson Mandela Bay (38º) e Cidade do Cabo (27º).

Confira a lista das 10 cidades mais perigosas do mundo segundo o ranking da instituição:

10. João Pessoa (Brasil)

joão pessoa violenta mundo

Homicídios: 518
Habitantes: 723.515
Média de 71,59 homicídios por cada 100 mil habitantes

9. Barquisimeto (Venezuela)

9-Barquisimeto

Homicídios: 804
Habitantes: 1.120.718
Média de 71,74 homicídios por cada 100 mil habitantes

8. Nuevo Laredo (México)

8-Nuovo-Laredo

Homicídios: 288
Habitantes: 395.315
Média de 72,85 homicídios por cada 100 mil habitantes

7. Cali (Colômbia)

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Homicídios: 1.819
Habitantes: 2.294.653
Média de 79,27 homicídios por cada 100 mil habitantes

6. Maceió (Brasil)

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Homicídios: 801
Habitantes: 932.748
Média de 85,88 homicídios por cada 100 mil habitantes

5. Torreón (México)

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4. Distrito Central (Honduras)
(sem imagem)
Homicídios: 1.149
Habitantes: 1.126.534
Média de 101,99 homicídios por cada 100 mil habitantes

3. Caracas (Venezuela)

3-caracas

Homicídios: 3.862
Habitantes: 3.247.971
Média de 118,89 homicídios por cada 100 mil habitantes

2. Acapulco (México)

2-acapulco

Homicídios: 1.170
Habitantes: 818.853
Média de 142,88 homicídios por cada 100 mil habitantes

1. San Pedro Sula (Honduras)

1-san-pedro

Homicídios: 1.218
Habitantes: 719.447
Média de 169, 33 homicídios por cada 100 mil habitantes

Fonte: Consejo Ciudadano para la Seguridad Pública y la Justicia Penal
Jessica Soares, SuperInteressante

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

16 Comentários

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    1. UaI, é que a situação geral da America Latina…

      é terrível, portanto a calamidade de São Paulo tem outros calamidades ainda piores.

      Não é nenhum consolo!

  1. Será ?

    Fiquei surpreso de não ver o Rio de Janeiro, onde moro, nesta lista. Quais os critérios ? Ser´á percentagem ? Mais uma lista, só isso.

  2. Eu penso que essa estatística

    Eu penso que essa estatística de homicídios dolosos é muito importante para medir o grau de violência numa cidade. 

    Porém, se eu fosse me mudar para alguma cidade, a estatística que eu gostaria mais de saber seria a de latrocínios. Ou então a de homicídios dolosos excluindo-se mortes de traficantes e usuários de drogas mortos pelo tráfico.

    Para o cidadão trabalhador de bem (e não de benz, como diz o prof. Hariovaldo), o risco de violência maior (ou único) por que passa é mesmo o de assalto. 

    1. Ah bom. P/ vc traficantes e drogados podem ser executados livre/

      Francamente! “Gente de bem” que acha que a vida dos outros nao importa definitivamente nao é gente de bem pelos meus critérios. 

  3. Alessandre de Argolo sumiu

    Alessandre de Argolo sumiu dos comentários sobre a AP 470.

    Fiz um desafio a ele para que comentasse o caso de Henrique Pizzolato.

    Ele se fingiu de morto.

    Algumas perguntinhas para ele:

    1) O dinheiro supostamente desviado do contrato da DNA com o BB,  de propriedade da Visanet, de origem do Fundo de Incentivo Visanet, era ou não era dinheiro publico ?

    2) Se o contrato foi totalmente executado, como demonstram auditorias do BB e investigação da PF, de onde veio o dinheiro para, supostamente, comprar políticos da Câmara dos Deputados ?

    3) Se a Rede Globo e outras empresas de mídia foram contratadas e pagas, como demonstram as notas fiscais, para veicular peças de propaganda referentes a esse contrato, porque elas se calam diante da mentira de que todo o dinheiro do contrato teria sido desviado ?

    4) Porque a Visanet, que teve dinheiro desviado do seu Fundo de Incentivo, até hoje não interpôs uma ação judicial para recuperar esse dinheiro ? E porque o BB, como usuário desse contrato, também até hoje não tomou nenhuma providência nesse sentido ?

    Vamos lá Argolo: você é um bom advogado. Bons e honestos advogados não devem se omitir quando pessoas são condenadas por algo que não fizeram ou pelo qual não são responsáveis. A ética os impele a defender pessoas inocentes, assim como a ética obriga o médico a não omitir socorro.

    José Dirceu, José Genoíno e Delúbio Soares podem até ser responsáveis por repassar dinheiro para líderes de outros partidos. Mas, hoje, está muito claro que o dinheiro não veio do contrato do BB com a DNA Propaganda. 

    De onde veio o dinheiro ?

    1. Já comentei isso zilhões de vezes neste espaço

      Como todos que acompanharam neste espaço (inclusive quando ainda era o antigo site) os debates sobre  a AP 470 sabem ou deviam saber, eu comentei as alegações de defesa de Pizzolato em inúmeros posts. Elas não absolvem ninguém. São erradas, a começar pela afirmação de que o dinheiro não ser público, absolve-o do crime de peculato. Não, não absolve. E o patrimônio é mesmo do Banco do Brasil, isso eu também já expliquei (ser propriedade de sociedade de economia mista é considerado pelo STF, em recentes julgados, patrimônio público).

      Mas é que alguns insistem em não entender. Outros fingem não entender. E existem aqueles que não entendem mesmo porque não estão dispostos a entender aquilo que lhes desagrada. É o sujeito que mente para si mesmo. Não vou voltar a isso. Já comentei em demasia e não quero fazer disso um cavalo de batalha. As coisas não funcionam assim para mim. Muitas vezes vi no debate uma forma de afastar certas alegações incorretas, mas eu não tenho nada pessoalmente contra os réus. Nunca foi uma questão pessoal para mim. Eu acho essa postura personalista do debate, inclusive, muito atrasada. Evito ao máximo isso, apesar de nem sempre ser possível quando o outro lado está disposto ao máximo a personalizar o debate.

      É por essas e por outras que eu considero o Brasil atrasado, imaturo neste tipo de discussão. Brasileiro ainda não tem maturidade emocional, moral, intelectual para tomar parte em certos debates mantendo um nível civilizado. Vira tudo briga de torcida, não há racionalidade, preocupação ética. Brasileiro não sabe discutir nesse nível. É uma coisa extremamente selvagem ainda. Isso é verdade. A própria cobertura da prisão do mensalão é um espetáculo do atraso.

      As manchetes da Veja e da Folha de São Paulo são qualquer coisa de deprimentes, tamanha a falta de ética jornalística, de desrespeito aos direitos humanos das pessoas. É realmente uma coisa acintosa. A Veja fala em “enxoval dos mensaleiros”, zombando de uma forma indigna. Isso é vergonhoso para a imprensa brasileira. E mais: isso é vergonhoso para o Brasil, antes de ser vergonhoso para a Veja, porque, no fundo, não é um problema só da Veja. Antes, muito antes, é um problema do Brasil, que ainda tem uma longa caminhada rumo ao desenvolvimento, rumo a padrões mais civilizados de comportamento social, pautado pela ética, pela moral, pelo respeito aos direitos humanos.

      A forma como a Veja se reporta aos condenados é extremamente desrespeitosa. “Enxoval dos mensaleiros” é claramente um acinte. É zombar das pessoas, desrespeitá-las em suas dignidades. Isso não é aceitável em termos de imprensa. Isso mostra o péssimo nível ético do jornalismo brasileiro. O pior é que, no fundo, o problema é da nação e não da Veja. Se fossem os tucanos que estivessem sendo presos, a imprensa “de esquerda” estaria fazendo a mesma coisa ou pior. Não somos ainda um país razoavelmente desenvolvido, razoavelmente civilizado.  O Brasil ainda é muito, mas muito atrasado. País tipicamente atrasado em termos de comportamento social, consciência ética, moral, defesa de direitos humanos e etc. País sumamente atrasado ainda o Brasil, sinto reconhecer. O parâmetro é o comportamento da elite. Se a elite é atrasada, não é, no mínimo, muito animador o que esperar do restante do panorama (elite não apenas no sentido econômico, mas quem detém os canais de informação, quem teve acesso ao ensino superior e etc).

      Você está com raiva porque Zé Dirceu e cia foram presos hoje. Eu comentei em meu Facebook o quanto essa postura dos apoiadores da cúpula petista é errada e o quanto ela destoa do que certamente acontecerá a partir desse lamentável episódio. Sim, eu considero ruim para eles e para a esquerda brasileira, como, de resto, considero ruim para a democracia brasileira. Não é algo do qual se pode imediatamente extrair algo bom.

      Eu penso que existem variáveis políticas envolvidas na prisão da cúpula petista que podem atualmente passar despercebidas. A prisão fortalecerá a militância do partido, isso eu começo a enxergar nitidamente. É preciso fazer uma autop-crítica, enxergar os erros, que existem e são muitos sim. A postura arrogante de muitos petistas, o aborto ao diálogo democrático, ajuda a entender o atual cenário. Não resume, mas ajuda a entender o que pode estar acontecendo com o fato de ser poder e de não estar preparado para se relacionar democraticamente com o contraditório, com as críticas. Ser poder é saber lidar com isso e muitos petistas não sabem lidar com isso. Pessoas como Zé Dirceu e José Genoíno não nasceram para entregar os pontos. São lutadores natos.Saberão reverter a situação em seu favor. Eu aposto todas as minhas fichas que a prisão, a situação pela qual eles passaram e passam agora somente irá incentivá-los politicamente. Acredito piamente nisso.

      Genoíno provavelmente entrou de gaiato nessa. Não quer dizer, na forma como interpreto os fatos, que seja inocente exatamente, mas não teve um dolo claro. Houve mais desleixo do que qualquer outra coisa. Mas responde também. Ele é um cara de luta. Genoíno aguenta o tranco. Vai tirar de letra a cadeia, tenho poucs dúvidas em relação a isso. Já começou. Os incautos temiam que ele seria quem mais iria sofrer, por causa dos problemas de saúde que apresentou recentemente e nos últimos tempos. Vai nada. O cara é acostumado a adversidades. Tira essa cadeia de letra. Genoíno é guerrilheiro. Sangue nos olhos. A foto dele já diz tudo.

      José Dirceu também aguentará a pressão. Esses caras não abrem do pau. E Zé Dirceu é muito inteligente para que as pessoas pensem que ele está derrotado. Vai dar a volta por cima. A história dele não deixa margens para dúvidas quanto a isso. Capacidade de recuperação é o que hoje move Zé Dirceu. Eu acredito, e isso a maioria das pessoas não se dá conta, que esse momento será assimilado como uma provação das lideranças de esquerda brasileiras. As forças conservadoras que se aproveitaram do mensalão para desgastar as forças progressistas podem, eu disse podem, ter escolhido a tática errada. Homens como José Dirceu vêem nisso uma forma de redobrar a luta, a articulação. Depois de tudo, podem ressurgir mais fortes do que antes.

      O grito de “viva o PT” já mostra o tipo de situação que pode estar sendo criada a partir da prisão das lideranças petistas. 2014 não será um ano para amadores.

      Os ataques às transformações sociais perpetradas pelo governo petista nos últimos onze anos são uma realidade. Eu tenho plena consciência disso. Eles estão apelando e isso não tem, necessariamente, relações com o processo do mensalão, a não ser no nível generalizante de sempre, de querer dizer que todo o PT é corrupto e etc, o que é algo falacioso, falso. Pessoas do PT, de novo, na forma como interpreto os fatos em termos jurídicos, cometeram ilegalidades, mas isso não torna todo o partido corrupto. E também não significa que todos os condenados deverão responder eternamente por isso. A pena deve ser vista como um obstáculo a ser superado. A pena não extingue a dignidade que é intrínseca à pessoa. Dirceu e Genoíno não vão deixar de ser quem sempre foram por causa da prisão, é o que eu quero dizer. Acredito que a postura mais correta é manter a dignidade, ser maduro o suficiente para enfrentar a situação da melhor forma possível.

       

  4. O critério é: quantidade de

    O critério é: quantidade de mortes para cada 100.000 habitantes.

    Então por exemplo, se pegássemos o Brasil, teríamos 25 mortes para cada 100.000 hab por ano.

    Isto é um genocídio anual de (pobres, pretos e nordestinos) que a elite brasileira insiste em esconder.

    Queria saber o que devemos fazer para zerar este genocídio anual. Tenho certeza que se apenas um 1% acontecesse com os ricos/brancos a solução já tinha começado a aparecer.

    E tem gente que ainda acha que vivemos numa democracia

  5. Mitos…

    Os números não revelam tudo, sabemos: Se titia, Bill Gates e Warren Buffet estivessem em um restaurante, é fato que poderíamos dizer que boa parte das fortunas pessoais do planeta por metro quadrado estaria ali, mas isto não tornaria esta velha bruxa trilionária…

    Mas há dados que incomodam aos que vivem a produzir mitos, e obter as vantagens políticas da chantagem do pânico:

    01- Rio e SP, como sabemos há anos, estão fora destas estatísticas, o que não torna a criminalidade violenta nestas cidades mais “agradável”…

    Mas ela tem peculiriedades que precisam ser atacadas por este viés, e não por “fórmulas mágicas e slogans”, que buscam simplificar e generalizar um fenômeno que se expressa de forma polimórifica (violência urbana e criminalidade violenta)…

    02- Outro questão: crime de homicídio é derivado da pobreza ou da desigualdade…Este é um dos dados a serem considerados como fator de risco social, mas NUNCA os únicos, senão países ricos como os EEUU (com tradição de combate e técnicas e instiutições mais “sofisticadas” de enfrentamento, inclusive judiciais) não teriam números semelhantes a de cidades de países pobres.

    Dentro destes países, a lógica se repete: Brasília, BH, Curitiba são consideradas cidades “ricas”, e ombreiam Maceió, João Pessoa e outras mais “pobres”.

    No Brasil, e acredito no resto dos países pesquisados (isto é um chute de titia), a morte violenta é quase sempre antes um dado étnico, e depois de classe…

    Seria necessário um estudo de algum organismo internacional sério (existe algum?) para demonstrar (ou não) que as populações historicamente alijadas no processo civilizatório destes países (de acordo com o desenrolar de cada processo peculiar) são e serão as que morrem preferencialmente…

    E o motivo?

    Bem, titia não é louca de imaginar uma única causa para um problema de múltiplas faces, mas é certo que boa parte pode ser considerada como resultado do funcionamento dos mecanismos capitalistas para(e anti) estatais e ilegais de acumulação rentista (os chamados setores desregulamentados, que siginificam 10 vezes mais o PIB internacional):

    – Todas as formas de tráfico (pessoas, drogas, armas, órgãos, e tudo o mais que cada estamento jurídico nacional considerar ilegal), lavagem de dinheiro, contrabando, descaminho, pirataria, transporte ilegal, jogos, exploração de trabalho escravo e conflitos fundiários, etc…

    Claro que sobra uma (pequena) parcela para nossa loucura cotidiana, que explode aqui e ali, mas estes casos são estatisticamente desprezíveis…

    Junte-se aí a percepção seletiva classista e étnica dos sistemas judiciais de punição, e voilá…Seja em Oakland, seja em San Pedro Sulas, os mortos serão sempre parecidos…

  6. Esse indice e’ muito usado,

    Esse indice e’ muito usado, mas e’ muito ruim para espelhar a realidade de cidades gigantes como Sao Paulo e Rio. Sao cidades que nao aparecem porque o “denominador”, que e’ o numero total de habitantes, e’ muito grande. Cidades assim tem que ser analisadas por bairro ou distrito. Assim, provavelmente se encontraria regioes com 1 milhao de habitantes e bem mais de 500 homicidios num ano – pior que Joao Pessoa e suficiente para estar entre os top 10.

    Alem disso, ha de se ver o custo das regioes “pacificas” destas cidades. Eu vivi por um tempo em Higienopolis e, pelo aparentemente, era tranquilo (comparativamente). Mas e’ o bairro mais militarizado que eu conheco. Nao apenas uma presenca muito maior da policia, mas tambem um enorme investimento privado em seguranca. Acaba diminuindo a “media” da cidade, mas nao e’ realmente representativa.

  7. não entendi nada das atro/cidades

    não entendi nada…

    noticia as cidades mais violentas do mundo, segundo dados criminais analisados e interpretados por algum instituto sociopolítico ou órgão de governança global e ilustra a matéria com imagens idílicas, panorâmicas, paradisíacas, paranormais, turísticas das cidades citadas…

    há descontextualização entre linguagens hipertextuais.

    violência, crime, assassinatos, crueldades, injustiças sociais são imagens de sangue, choro, dor, estado de choque, sofrimento, desespero, pesadelo, miséria social, medo, desamparo, rebeldia, prostração… 

    atro/cidades

    1. Isso eu tb percebi na matéria

      Mas a ideia me parece que foi dizer justamente que as aparências podem enganar, podem esconder a realidade violenta de cidades que têm tudo para ser diferente. Daí a frase “o perigo moral ao lado”.

      Inclusive a foto de Maceió, sexta cidade mais violenta do mundo, dentre as pesquisadas (cidades com mais de 300 mil habitantes), traz a foto de uma carreata do PSDB, o que eu achei uma infeliz tentativa de capitalizar politicamente em relação à tragédia que vive a cidade.

      Maceió sofre severamente com o alto número de homicídios. A perda de vidas humanas é muito mais importante do que buscar queimar o partido que hoje comanda o poder local. A tentativa, evidenciada pela escolha da foto da cidade para ilustrar a matéria, me pareceu errada demais. Inclusive é desrespeitoso com a cidade. As pessoas morrendo e tem gente preocupada com capitalizar politicamente em cima da situação.

  8. Paulistas e cariocas, um

    Paulistas e cariocas, um pedido: saiam do eixo Rio-SP. Já encheu o saco isso de tudo que é algum problema que é grave em SP ou no RJ quase todo comentário ser basicamente desancando o estudo ou a reportagem porque de algum modo não incluiu o RJ ou SP como os piores casos do País ou do mundo. Só mesmo estando com a cabeça enfiada inteiramente na sua própria região para não ter notado que há tempos o Norte-Nordeste e partes do Centro-Oeste (entorno de Brasília) e do Sul (entorno de Curitiba) tiveram uma explosão descomunal de violência que é hoje um dos problemas mais avassaladores e chocantes do País e que tem levado até a protestos locais de grande porte em alguns desses locais, mas que, claro, como mais uma vez quase tudo neste País só importa se for no eixo RJ-SP não recebem o caráter de gigantesco escândalo nacional como certamente seriam se tivesse havido uma explosão de 200% ou até 300% no índice de homicídios de SP ou do RJ em apenas 10 anos como aconteceu no Ceará, no Pará ou na Paraíba.

  9. Triste realidade alagoana

    Maceió em 6º lugar entre as cidades mais violentas do mundo. Os dados não mentem. Pura verdade. Aqui, armas de fogo dão em árvores e homicídio é apenas um crime como outro qualquer. O instinto homicida presente no seio da sociedade local é algo a ser estudado com seriedade. Existe alguma coisa que está além das explicações tradicionais, presumo. Não é normal quando nos deparamos com pessoas de todas as idades, de todas as etnias, de todos os gêneros e de todas as classes sociais que têm na frase “vou passar a espingarda” ou “aquele a gente mata e não dá em nada” uma frase que se diz na entrada do almoço, como se fosse a coisa mais banal do mundo.

    É verdade que o homicídio é o mais democrático dos crimes. Todos são capazes de cometê-lo. Mas, particularmente, a vida em Alagoas não vale nada ou, se vale alguma coisa, vale muito pouco. Não é um problema das drogas ou da pobreza, porque gente que não consome drogas e que não é pobre também se envolve em homicídios. É um estilo de vida, corroborado inclusive pelas “elites” do Estado. Alagoas faz o velho oeste americano ser brincadeira de criança. Bang-bang é matinê, se comparado com a realidade local. A barra é mesmo pesada. Mata-se em plena luz do dia.

    No pequeno município de Pilar, uma cidade muito bonita que fica a 36 km de Maceió (área metropolitana da capital), somente nos últimos quatro meses foram cometidos 61 homicídios. População da cidade: 33.312, isso em 2008. Não deve ter se alterado tanto assim em cinco anos. Se dividirmos 60 por 33 mil e depois multiplicarmos por 100 mil, Pilar teria a taxa de homicídio mais alta do mundo: 181,81 homicídos. Isso em apenas quatro meses. Agora me respondam: isso é normal, numa cidade que é pequena, que não tem motivos para apresentar violência urbana e etc? Isso é um fenômeno. Precisa sim ser estudado. Matar, em Alagoas, é um esporte. Com muitos adeptos, frise-se. Alguns homicídios são tão absurdos, tão desprovidos de motivos que uma investigação tradicional possa revelar, que eu não tenho a menor dúvida que algumas pessoas matam sim por esporte, por diversão, para treinar a mira (tiro ao alvo com pessoas como alvos), para não perder o “hábito”. Buscam vítimas entre as que possam eventualmente ter um perfil “exterminável”, que os homicidas entendam que não irá “fazer muita falta”. Ou seja, buscam uma desculpa para matar. Daí os grotescos depoimentos dos pais de família que, quando entrevistados sobre o homicídio que atingiu um filho seu, simplesmente não sabem o que dizer.

    Não tinha inimigos, estudava, trabalhava, não se envolvia em crimes, como isso foi acontecer?v Sim, porque os homicídioos registrados são ao estilo execução. Ou seja, premeditação pura, em estado bruto. Dois caras numa moto e etc. Pow pow pow, mais um cadáver. As coisas estão assim. A maior parte dos homicídios é composta por execuções. Isso é que é o mais grave.

    Eu tenho uma tese a respeito e irei escrever sobre o assunto em breve. Eu creio que tudo passa pela falta de mecanismos que permitam as pessoas se formarem dentro de padrões razoavelmente civilizados, tudo isso catapultado pela má vontade política. Em linhas gerais, é isso.

    Mitigo a importância de fatores como drogas (o tráfico e o consumo de drogas mais pesadas, como cocaína e crack, aumentaram assutadoramente), pobreza, falta de infra-estrutura urbana e etc. Tais fatores exercem influência, mas existe algo além disso, que está intrinsecamente vinculado a um modo de viver a vida. É um traço cultural que incentiva o desentendimento, a desagregação social, em detrimento do entendimento e da integração social. Evidentemente que é uma tese antropológico-cultural, mas eu não vejo outras explicações. Os símbolos de poder da sociedade precisam ser analisados, pois eles estão no cerne dos problemas de violência.

    Na minha opinião, as origens da violência que acomete o Estado se explicarão pela análise de como as pessoas encaram as suas perspectivas de vida, o que elas querem para si, o que elas gostam de fazer, como elas encaram as frustrações e etc. E tudo isso precisará ser mudado, radicalmente, com a educação exercendo um papel fundamental na mudança do panorama. O problema da violência local é dos valores culturais que estão semeados nas relações sociais. Para mudar a violência no Estado, as pessoas precisarão mudar, em todas as instâncias e instituições do Estado e da sociedade civil. Está mais do que provado que o modelo atual faliu e levará inevitavelmente ao colapso. Há muito tempo que eu classifico a situação em Alagoas como um processo de auto-extinção, num ritmo galopante. Em suma: as pessoas estão se exterminando mutuamente. Há um culto ao ódio que precisa ser urgentemente parado.

    E, como qualquer um razoavelmente próximo à criminologia sabe, não há sensação maior de poder do que a de ser o autor de um homicídio. O perigo reside quando o homicídio é visto como a solução dos problemas, sejam eles quais forem. Stalin já disse certa feita que “A morte resolve todos os problemas: sem homem, sem problemas”. A prática de homicídios é viciante. Quem mata e faz disso uma rotina dificilmente conseguirá parar, a não ser quando é morto ou preso. É um ciclo vicioso altamente nefasto para o futuro da sociedade. A perda do capital humano observada na situação é irrecuperável. Afinal, contra a morte, não há o que fazer.

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