Quem é quem, o nós e eles da Lava Jato

Na Lava Jato e no jogo político brasileiro há certa dificuldade em situar os personagens e seus respectivos papéis políticos. É o que leva a essa visão de qualificar as informações da Suíça sobre Eduardo Cunha como sendo derrota do juiz Sérgio Moro e da Lava Jato.

A análise dos escritos de Sérgio Moro sobre a Operação Mãos Limpas mostra claramente um estrategista brilhante orientando os trabalhos.

Mais que uma estratégia jurídica, é uma estratégia militar, na qual não faltam protocolos de procedimento contra “inimigos” internos e externos. Delegados da Polícia Federal que ousaram apontar irregularidades na escuta colocada na cela do doleiro Alberto Yousseff, foram alvos de pesadas tentativas de assassinato de reputação, conduzidas tanto por delegados quanto por procuradores da Lava Jato.

Então, esqueça-se a história de que a operação é conduzida pelas descobertas levantadas de forma isenta nas delações. Dentro da estratégia desenhada, a Lava Jato define, antes, o que pode e o que deve ser descoberto, quem é do “nosso time”, quem é o time adversário.

Eduardo Cunha, assim como Renan Calheiros, nunca frequentaram o time dos aliados da Lava Jato. Pelo contrário, ambos estavam na mira da Lava Jato desde o início, como base de apoio do governo e como beneficiários do esquema Petrobras.

Com o tempo, houve o rompimento de Cunha com Dilma e ele se tornou peça do jogo do impeachment. Mas, aí, o inquérito não estava mais com Moro e a Lava Jato, devido às prerrogativas de foro da Cunha. As informações apuradas pela justiça suíça são decorrência das providências tomadas pelo Ministério Público Federal assim que o STF aceitou a denúncia.

O mesmo teria ocorrido com Aécio Neves, caso o PGR tivesse encaminhado ao STF a recomendação de abertura de inquérito.

O “nosso time” da Lava Jato consiste no PGR, em Moro, no grupo de trabalho, associados aos grupos de mídia e ao PSDB. A Satiagraha foi anulada por ter investido contra grupos aliados da mídia. Então, há que se pensar em novas estratégias.

Se por estratégia política ou por convicção partidária, pouco importa.

Na fase inicial, provavelmente por descuido da Lava Jato, escaparam da delação de Alberto Yousseff informações sobre o senador Aécio Neves. Janot corrigiu a tempo, recomendando ao STF (Supremo Tribunal Federal) a não aceitação da denúncia por não se referir à Petrobras.  Depois disso, a tropa foi devidamente alinhada, para não incluir nas delações nenhuma pergunta sobre governos tucanos.

A constante dos dois casos é o poder da mídia de pautar o Judiciário. E não o oposto: o poder da Lava Jato de pautar a mídia.

Umberto Eco a a Mãos LImpas

Na semana passada escrevi alguns posts sobre as questões geopolíticas envolvidas na Lava Jato e nos acordos de cooperação internacional.

O livro “Número Zero”, de Umberto Eco, trata dos acordos entre Mãos Limpas, imprensa italiana e geopolítica internacional:

“Craxi  teria  até  dito  que Chiesa  era  só  um  pilantra,  e  o  teria  liberado,  mas  o  que  o  leitor  de  18  de  fevereiro ainda  não  podia  saber  é  que  os  magistrados  continuariam  investigando,  e  estava emergindo  um  verdadeiro  mastim,  o  juiz  Di  Pietro,  que  agora  todos  sabem  quem  é, mas  de  quem  ninguém  tinha  ouvido  falar  na  época.  

Di  Pietro  deu  uma  prensa  em Chiesa, descobriu contas na Suíça e o fez confessar que não era um caso isolado, e aos poucos está pondo a nu uma rede de corrupção política que envolve todos os partidos, e  as  primeiras  consequências  foram  sentidas  exatamente  nos  dias  recentes,  os senhores viram que nas eleições a Democracia Cristã e o Partido Socialista perderam um  monte  de  votos,  e  quem  se  fortaleceu  foi  a  Liga,  que,  hostilizando  os  governos romanos, está tirando proveito do escândalo. Estão chovendo mandados de prisão, os partidos estão se desagregando aos poucos, e já há quem diga que, depois da queda do Muro  de  Berlim  e  do  desmantelamento  da  União  Soviética,  os  americanos  já  não precisam dos partidos que podiam manobrar e os deixaram nas mãos dos magistrados, ou talvez, poderíamos arriscar, os magistrados estão seguindo um roteiro escrito pelos serviços  secretos  americanos,  mas  por  enquanto  não  vamos  exagerar.  Essa  é  a situação hoje, mas em 18 de fevereiro ninguém podia imaginar o que aconteceria. O Amanhã,  porém,  vai  imaginar  e  fazer  uma  série  de  previsões.  E  esse  artigo  de hipóteses  e  insinuações  eu  confio  ao  senhor  Lucidi,  que  precisará  ser  hábil  para, dizendo  é  possível  e  talvez,  contar  de  fato  o  que  depois  de  fato  aconteceria.  

Com alguns  nomes  de  políticos,  bem  distribuídos  entre  os  vários  partidos,  ponha  as esquerdas  no  meio  também,  dê  a  entender  que  o  jornal  está  coletando  outros documentos, e diga isso de um modo que faça morrer de medo até aqueles que lerem o nosso  número  0/1  sabendo  muito  bem  o  que  aconteceu  nos  dois  meses  depois  de fevereiro, mas se perguntando o que poderia ser um número zero com a data de hoje…Entendido? Ao trabalho.

— Por que a mim a tarefa? — perguntou Lucidi.

Simei  o  olhou  de  um  modo  estranho,  como  se  ele  tivesse  de  entender  o  que  nós não entendíamos:

— Porque algo me diz que o senhor é muito bom em coletar rumores e transmiti-los a quem de direito.

Luis Nassif

87 Comentários

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  1. Canalhada por canalhada,

    Canalhada por canalhada, porque eh que as denuncias contra Eduardo sao vazamentos em crescente enquanto TODAS as denuncias contra o governo sao em vazamentos decrescentes?  Por exemplo:

    Eh “ELES SABIAM DE TUDO” primeiro, depois a gente fica sabendo que alguem disse que supunha que “eles sabiam” etc…

    Mais diferenca de tratamento:

    A denuncia contra Vaccari resultou em condenacao sem prova nenhuma, como essa gentalha se atreve a deixar Cunha SOLTO ainda?

    Nao foi o Moro que pediu e conseguiu controle completo sobre a LavaBunda?  Porque ele so deu cagada com o governo entao, e somente com o governo?

    Nao da pra tapar o sol com a peneira:  O GOVERNO eh “eles”.  Aecio nao eh, claro!

    1. Ah, mais uma coisa

      Ah, mais uma coisa importante:  os primeiros reports das contas de Cunha falavam em 4 e meio milhoes.  Depois, subitamente passou pra 30 milhoes.  Agora que a verdade nos chega…  eh quase 100 vezes mais o dinheiro da primeira denuncia que ele manuseou nessas contas.  E ninguem ve nada de mais a respeito do direcionamento desses vazamentos, que eh claramente, declaradamente canalha.

      1. iceberg

        Descoberta a evidência para fora d’agua, o resto aparece.

        (mais lentamente se for helipóptero, avião sem dono, aeroporto do titio, porque “não vem ao caso” )

  2. A verdade tem que ser dita

    “Delegados da Polícia Federal que ousaram apontar irregularidades na escuta colocada na cela do doleiro Alberto Yousseff, foram alvos de pesadas tentativas de assassinato de reputação, conduzidas tanto por delegados quanto por procuradores da Lava Jato.”

    Nassif, quem colocou uma escuta de forma irregular na cela do doleiro Alberto Yousseff foram os paus mandados de Lula com orientação juridica do falecido Márcio Thomas Bastos para tentar anular a operação Lava Jato.

    1. Ironia

      Esse(a)  tal de Mel deve estar de gozação, não é possível. Deve estar de ironia. Recuso-me a acreditar que alguém seja tão imbecil.

  3. Errar é humano, manter-se no erro é idiotia.

    Fico imaginando quais notícias e promessas conseguiram amansar o senado em relação ao nome de Janot. Dilma, se safou do golpe, por enquanto, e deve agradecer bastante à ação quase estoica do Ministro Teori. Pois, nada fez, apesar dos inúmeros alertas sobre a não diferença de pensamento entre o atual PGR e seus dois antecessores.

    Quanto à aceitação e relaxamento ao nome do atual PGR deve ter se dado nos termos seguintes, via emissários do PIG: “fica quieto que o alvo é o PT, a Dilma e o Lula”. Nisso o Ciro Gomes tem razão, o Temer é chefe de uma “famiglia”, o PMDB.

  4. Toda essa operação foi

    Toda essa operação foi orquestrada ponto a ponto, desde 1 ano antes das eleições em 2013. Na época assisti a um vídeo em que gente da CIA contava como desestabilizava países para que seus  agentes tomassem as rédeas do país e as entregassem aos americanos, aqui no nosso caso, claramente seria o pré-sal o alvo. O que parece não ter dado certo foi o timing. Como disse o energúmeno do paulinho da força, acharam que seria fácil tirar a Dilma, mas demorou demais e seus podres, dele e seus comparsas, foram descobertos antes do afastamento da presidente. Não é possível que não caiba algum tipo de punição para o que essas pessoas fizeram.

    1. Concordo, Veranis. Toda essa

      Concordo, Veranis. Toda essa operação foi orquestrada ponto ponto. E não por “estrategistas brilhantes” do Paraná.

  5. moro, estão removendo a tua lona!

    Na minha analise colocaria Moro/Janot/psdb/pig como estrategistas brilhantes entre aspas, asponas na verdade.

    Brilhantes foram os Césares, os gregos que conquistando o mundo levaram cultura e civilização. Chamar de estrategistas brilhantes umas nulidades que querem destruir um inimigo apenas por pensar diferentemente das próprias e fascitoides ideias eu entendo como modo irônico.

    1. O brilho da estrategia dessa

      O brilho da estrategia dessa operacao consiste na pressao contra o governo e em que mais?

      Nos EUA isso se chama “vai ser amador la nos quintos dos infernos” mesmo.  Se houvesse intencao de levar a investigacao pra onde ela se desdobrasse e manter a pressao ao ponto de panela de pressao, a familia de Cunha ja estaria presa.

      Mas ai nao da:  realmente ninguem contava com essa direcao da investigacao…  E Aecio continua imencionavel…

  6. Como se tipifica “Formação de

    Como se tipifica “Formação de Quadrilha”?

    Ultimamente tenho me interessado muito por essa questão, toda vez que penso na Lava Jato.

    Será possível que a nenhum advogado dos presos pelo “Conluio do Paraná” ocorre a idéia de denunciar o “juiz” os “procuradores, “investigadores” e “delegados” com base nesse principio, pois está mais do que clarividente que a Operação citada é uma operação seletiva, com ojetivos escusos, dirigida especificamente contra um grupo para obter ganhos para outros grupos.

    Pode uma autoridade jurídico/policial incorrer deliberada e reiteradamente em crime para combater a criminalidade?

    Do meu governo e do meu ParTido não espero mais nada nesse sentido, mas tem muito operador de direito envolvido nisso e muitos advogados que tambem acompanham com atemção e estranahamento esse caso esdrúxulo.

    De qualquer maneira, penso, tal como no Caso Watergate”, se tem um setor que pode peitar essas pseudos autoridades paranaenses, é a mídia, a midia liderada pelos blogssujos, bem entendido, como este do Nassif. Parabens! 

     

    Aqui algumas definições:

    https://pt.wikipedia.org/wiki/Quadrilha_(crime)

    https://www.ibccrim.org.br/boletim_artigo/4798-Os-limites-da-imputao-do-crime-de-formao-de-quadrilha-ou-bando

    http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI196749,21048-O+novo+entendimento+do+STF+sobre+o+crime+de+quadrilha+ou+bando

  7. A proteção da PF,PGR e o Juiz

    A proteção da PF,PGR e o Juiz Moro e cia, dá ao PSDB e seus membro, será apenas por questões  ideológica, politicas, partidárias, ou tem algo mais ?

    Por que tanta proteção ao PSDB e seus membros ?

    Acredito que deve haver coisas muito mais graves que não conseguimos enxergar.

  8. Há tempos venho escrevendo

    Há tempos venho escrevendo que as tais delações estão montadas da mesma maneira como são feitas as declarações de ajuste do IR dos profissionais liberais: primeiro, o contador pergunta ao liberal quanto ele se disporia a pagar de imposto; assim acertados, partem para a montagem mensal dos ganhos (oficialmente declarados): quanto ele poderá gastar com cartões de crédito, quanto declarar em aquisições de imóveis e na troca do carro. Por diante. Nas delações, temos o mesmo procedimento: quem será delatado? Fulano. Então, do fim para o início montam-se planilhas: se tal dia ele fez doações ao partido político, então, veja-se, entre seus negócios, o que poder-se-ia “pinçar” como propina. Assim por diante. No fundo, creio, nem 10% do tal discurso sobre as propinas políticas são verdadeiras. O verdadeiro da história é as quadrilhas que se instalaram na empresa e dela obtiveram lucros propineiros em negociatas – conluio com as empresas prestadoras e com seus “padrinhos” políticos: PP e PMDB por excelência. O PT entrou de “pato”: foi lá e pediu dinheiro para a campanha, oficialmente, e, agora, estão “provando-armando” que o dinheiro era “sujo”. Se isso estiver associado ao “interesse” politicóide dos de sempre e, pior, adesivado por um “pavão-dos-mais-roxos”, babau. Espero que os tribunais superiores não se deixem envolver pelo palavrório sem pé-nem-cabeça dos que apenas prentendem “levar vantagem em tudo”.

  9. Pois é! Mas o brilhante

    Pois é! Mas o brilhante estrategista não considerou um mero detalhe: A Mano Politi aconteceu na primeira decada dos anos 1990, quando a internet era incipiente; ainda que o ‘esquema’ da Lava-Jato (ô nomezinho, hein?) esteja bem alinhado, as sombras já não são tão escuras assim e a resistência representada pelas vozes dissonantes é infinitamente maior.

  10. Tudo que se conheceu até o

    Tudo que se conheceu até o momento sobre essa operação nos encaminha para uma só conclusão: Moro agiu de má fé desde o início e é um mau caráter.

    1. Fascismo pós-moderno

      ANDRÉ

      Sérgio Moro é um sujeito com educação e valores fascistas.

      O grupo do Paraná, sob seu comando, atua para eliminar inimigos políticos e não a corrupção.

       

  11. E para não parecer que estou

    E para não parecer que estou desrespeitando, vou falar em espanhol: justicia de mierda. 

    Realmente, mesmo com todo o esforço de boa vontade e republicano do Nassif, em alguns outros momentos pedindo calma e demonstrando uma certa credulidade nas intenções de Moro e cia. , a verdade é que não dá para sustentar e defender essa atuação das forças reacionárias, corruptas e hipócritas intaladas no país, comandadas pelas organizações globo, com tentáculos na justiça, ministério público e polícia federal.

    Como é que se defende isso? Os caras escondem acusações gravíssimas, praticamente comprovadas, contra seus aliados, membros da oposição, vide casos de Eduardo Cunha e Aécio Neves, enquanto, prendem, condenam, e execram na mídia os que peretencem ao PT ou aliados do governo, com base muitas vezes em ilações e suposições que jamais são usadas dessa maneira contra ninguém em época alguma.

    Talvez pareçam um pouco fortes e desprositados alguns termos a que lanço mão aqui, mas diante do que está acontecendo, às vezes outra considerações parecem enganação ou alienação, daí que não dá para dizer outra coisa sobre o exercício do poder de fato no Brasil, exercido há tempos por uma elite predadora, sob controle de rede globo, tranformando o país numa Republiqueta de Bananas, numa “justicia de mierda”. 

  12. As teorias por trás da perseguição judicial

    A “Teoria do Direito Penal do Inimigo” (TDPI), teoria que está na moda no Brasil, é altamente controversa e foi usada em combinação com a exótica “Teoria do Domínio do Fato a la STF” (TDF-STF) para condenar na AP 470. A TDF-STF é monstrengo jurídico que nada tem a ver com com a “Teoria do Domínio do Fato” (TDF) de Roxin, como o próprio Roxin declarou. A TDF-STF compôs a “literatura” que permitiu ao STF condenar sem provas. A TDPI e a TDF-STF são a base literária extralegal que sustenta a perseguição aos inimigos da classe governante – classe cujos membros estão entre os grandes proprietários rurais, donos de grandes jornais, grandes operadores do mercado financeiro e agentes estrangeiros que se expressam por meio de prepostos e de representantes no legislativo, imprensa, PF, MP, justiça federal e tribunais superiores. A classe governante faz oposição ao governo federal e aos partidos que lhe dão sustentação, fato notório.

    A TDPI

    A TDPI – Teoria do Direito Penal do Inimigo – reza que pessoas tidas por inimigas do Estado, ou da sociedade, os inimigos públicos, não têm direito a garantias processuais e estão sujeitas a penas aumentadas e antecipadas. Preconiza, ainda, a criação de penas pesadas para as categorias a que estes inimigos pertençam, e esboça quais seriam tais categorias (terroristas, delinquentes organizados, traficantes, criminosos econômicos, dentre outras).

    A teoria tem a peculiar característica de ser aplicada desde muito antes dela existir, pois a TDPI não passa de apanhado de conceitos há muito conhecidos e de práticas anti-humanas há muito exercitadas. A TDPI, tem, porém, o condão deletério de nos levar de volta à barbárie que precedeu o Direito moderno sob falsa capa de racionalidade jurídica.

    Supondo-se, para argumentar, que seria justo o Estado negar garantias processuais a inimigos públicos, dentre elas o direito de defesa, tem-se então que o resultado de julgamento sob a égide da TDPI é grandemente dependente do acusado ser, ou não, classificado como inimigo público. Se não for, poderá ser inocentado, pois lhe serão asseguradas garantias processuais. Se for classificado como inimigo, sua condenação é praticamente certa por razões óbvias. Portanto, o “x” do problema na TDPI – sob a hipótese altamente controversa de negação de direitos a inimigo – é a correta classificação do acusado como inimigo público.

    [A classificação do acusado como inimigo não tem correspondência no ordenamento legal brasileiro, e, portanto, é informal, não sendo por conseguinte passível de contestação por meios processuais. Acusado de ser inimigo público não tem como se defender da acusação.]

    A TDPI, porém, não oferece critérios adequados para determinar quem é inimigo público, e nem pode. Por óbvio, a determinação do inimigo público e os critérios para tal determinação pertencem ao espaço político, não ao de uma teoria jurídica. Se a determinação de quem é inimigo público coubesse a uma teoria, as categorias de inimigo público seriam as mesmas em todas as sociedades e durante todo o tempo, mas tal não acontece.

    Os critérios de determinação de quem ou o quê é inimigo variam de sociedade para sociedade e, numa mesma sociedade, variam no tempo. Por exemplo, militares que durante a ditadura militar brasileira foram prestigiados por torturarem e matarem presos políticos estão agora em processo de se tornarem inimigos públicos. No período da Ditadura Militar, presos políticos eram considerados inimigos públicos, dado que não lhes eram asseguradas garantias processuais e estavam sujeitos a penas aumentadas e antecipadas. Os presos políticos que sobreviveram à fase em que eram vistos como inimigos públicos, porém, têm sido, de algum tempo atrás e até agora, considerados pessoas com direitos plenos, e dois deles, Lula e Dilma, chegaram à presidência da república. Portanto, a definição de quem é inimigo público, questão fundamental da TDPI, varia claramente com a sociedade considerada e, dada uma sociedade, varia no tempo, evidência de que a TDPI não tem resposta razoável para a definição de inimigo público.

    A criação de inimigos públicos depende preponderantemente de interesses da classe governante – que eventualmente não detém o poder explicitamente – e é manifestação antidemocrática, pois produz casta inferior, a dos inimigos públicos, desprovida de direitos fundamentais. Essa criação, que envolve grande parte da sociedade, começa com a classe governante definindo quais são os seus inimigos. Em seguida, com o uso de propaganda de massa, é criada no imaginário coletivo a impressão de que os inimigos definidos pela classe governante são realmente inimigos de todos, da sociedade e do Estado, e eis o inimigo público criado.

    Ditaduras dedicam especial atenção à propaganda ideológica e à censura, pois desta maneira manipulam o imaginário de grande parte da população. Foi assim na Alemanha nazista; é assim em Israel, que censura palestinos e mantém permanente esforço propagandístico contra a criação do Estado palestino; semelhantemente, durante a fase ditatorial de Getúlio e na Ditadura Militar, a propaganda ideológica e a censura foram pilares de sustentação dos respectivos governos. Com propaganda e censura, os inimigos da classe governante tornam-se inimigos de todos, tornam-se inimigos públicos.

    Como contraponto ao que acontece em regimes de força, governos democráticos em geral não dão grande ênfase à propaganda de massa e à censura – os EUA são uma das exceções, como a indústria cinematográfica americana comprova, e também porque a democracia americana é muito peculiar. Contudo, o vazio deixado pelos governos democráticos no espaço da propaganda ideológica e da censura acaba sendo ocupado pela mídia que se torna voz da classe governante – que, reitere-se, não está representada necessariamente no governo formal.

    O atual governo brasileiro, um governo democrático politicamente, não censura e não faz propaganda ideológica; não torna seus adversários inimigos públicos para negar-lhes direitos; não tem análogo do DIP – Departamento de Imprensa e Propaganda –, como havia na época de Getúlio; não tem tampouco departamento de censura ideológica, como havia na época da Ditadura Militar e na de Getúlio. As áreas de propaganda e censura ideológicas estão vazias de governo, mas seus espaços estão ocupados.

    A classe governante brasileira, de viés ditatorial e que é atualmente oposição ao governo formalmente eleito, ocupou o espaço deixado pelo governo. Fez do jornalismo privado sucedâneo dos antigos órgãos governamentais de propaganda e censura ideológicas: a mídia ataca, injuria, calunia diuturnamente os que se opõem a seu ideário – tornando seus adversários “inimigos públicos”; assume-se publicamente como oposição e, neste papel, ataca, injuria e calunia o governo; censura – autocensura-se – o que não interessa à classe governante – a forma de censura mais abominável por ser dissimulada, sub-reptícia, covarde. O cartel midiático – controlado por membros da classe governante – é muito mais do que apenas oposição, como declarou ser. A classe governante tem no cartel midiático, como ditadores têm, análogos de DIP e departamento de censura, usados para controle social – que inclui criação e punição exemplar de inimigos públicos.

    O breve esboço anterior de como e por que inimigos públicos são criados não é especulação teórica. Exemplos factuais de inimigos públicos criados por interesse de classe dominante, há muitos. Adiante, alguns.

    O governo nazista alemão tornou judeus inimigos públicos, embora não fossem inimigos do Estado e nem da sociedade alemães. Fazer dos judeus inimigos públicos e puni-los matando-os serviu somente para aumentar a coesão do povo alemão em torno do governo nazista e para expropriação dos bens dos judeus.

    O governo israelense transformou os palestinos em inimigos públicos. Os palestinos, apesar da propaganda israelense que tenta demonizá-los, são vítimas: tiveram suas terras roubadas pelos israelenses, viram seu povo desarmado ser atacado várias vezes pelas forças militares de Israel; foram encerrados em guetos onde até o fornecimento de água é controlado por Israel; e vêm sendo enganados por Israel que impede a formação do Estado palestino. Se os palestinos não tivessem sido transformados em inimigos públicos de Israel pelo governo israelense, as atrocidades contra os palestinos seriam impossíveis. Claramente, o melhor para Israel seria buscar relações verdadeiramente pacíficas com seus vizinhos, mas a opressão sobre os palestinos torna a paz impossível. A paz seria boa para o Estado de Israel, mas não o é para o atual governo israelense, um governo de direita cuja ideologia se assenta na agressão. A demonização dos palestinos e dos árabes em geral aumenta a coesão dos israelenses em torno do governo. O medo instilado na população e o belicismo do governo produzem clima de guerra permanente que tornam um governo com as características dos últimos governos imprescindível. A “guerra” contra palestinos mantém o governo no poder.

    Para o governo americano, inimigos públicos são os povos das nações que têm recursos – minerais, precipuamente – que lhe interessam – petróleo, por exemplo – e que não se submetem aos interesses empresariais americanos – o Brasil que se cuide. Os que se recusam a cooperar são invadidos, e os que lutam contra a invasão são chamados de “terroristas” – embora tidos por heróis por seus concidadãos. O escândalo da partilha do Iraque entre empresas americanas mostra uma das finalidades da invasão do país. Outra finalidade é sustentar um nível adequado de demanda para o complexo industrial militar americano. As guerras e invasões americanas são geralmente muito mais do que mera expressão do complexo imperialista que reina no imaginário ianque, são formas da classe governante americana ganhar mais dinheiro. No caso americano, o inimigo público pode, também, ser uma etnia, como negros e árabes, pois isto aumenta a coesão dos americanos em torno do governo e a tolerância deles em relação às forças de controle social.

    A TDPI, em suma, não oferece solução razoável para a determinação do inimigo público, fulcro da teoria. Tal determinação é política e passa ao largo de teorias de Direito. Além disto, a TDPI, preconizando a infirmação, ou sonegação, de garantias processuais de “inimigos públicos”, dá respaldo teórico jurídico a candidatos a ditador, ditadores, bem como a grupos informais de sustentação indevida de classe governante intrometidos no Estado – estes especialmente no judiciário, na polícia e no ministério público. A TDPI dá sustentação formalmente jurídica, embora falsa no mérito, às ações de linchamento judicial: basta a classe governante rotular o adversário de inimigo público que a teoria faz o resto. A TDPI é cúmplice potencial de golpistas de Estado, ditadores, genocidas. A TDPI é retrocesso civilizatório e atentado violento à democracia.

    A TDPI está em largo uso no Brasil

    Há fartas evidências de que a TDPI é praticada amplamente no Brasil. Por exemplo, na Lava-Jato, ação penal emblemática do “novo” judiciário brasileiro, investigados são presos preventivamente antes de serem pronunciados formalmente réus [antecipação da pena]. Cidadãos são presos preventivamente sem que pressupostos de prisão preventiva sejam satisfeitos; suposições investigativas que incriminam investigados são passadas à imprensa antes mesmo do investigado ter conhecimento delas; presos são espionados sem ordem judicial etc. [negação ao investigado de garantias processuais]. Ação junto à esfera política e à sociedade em busca de penas mais pesadas para inimigos públicos que tem sido levada a cabo por membros da Lava-Jato em evidente obediência ao preconizado pela TDPI.

    Embora se comece apenas agora a tomar consciência da aplicação no Brasil da TDPI por causa da Lava-Jato e da AP 470, a teoria está em largo uso no país há muito tempo, desde muito antes de sua formalização – os conceitos que utiliza e a ideia que encerra são anteriores à existência dela.

    A “teoria” foi usada contra inimigos públicos por motivos políticos na fase ditatorial de Getúlio. Foi usada durante a Ditadura Militar. Tiradentes foi vítima dela. Vem sendo usada no Brasil contra inimigos públicos assim caracterizados por motivos étnicos e sociais desde, pelo menos, a época da escravidão. Vem sendo praticada contra pobres: milhares de pobres estão presos ilegalmente neste momento e submetidos a condições prisionais medonhas, condições que aumentam horrendamente as penas a que foram condenados.

    Durante a ditadura Vargas, Sobral Pinto invocou a lei de defesa dos animais em favor de Harry Berger, preso na ocasião, e inimigo público por ser comunista. Sobral Pinto foi bem-sucedido, conseguiu condições carcerárias que, se não eram humanas, eram ao menos compatíveis com tratamento que a lei impunha fosse dado aos animais (ver aqui). Hoje, porém, com o rebuscamento racional jurídico com que a TDPI tenta camuflar crimes cometidos em nome do Estado contra os inimigos públicos, Sobral Pinto fracassaria, pois a “literatura” permitiria a certos juízes julgar que o inimigo público da vez não tem direito nem a tratamento devido aos animais. De fato, hoje, sob a TDPI, o mal está banalizado (na acepção de Hanna Arendt) e presos, especialmente os da arraia miúda, são submetidos a condições carcerárias tão monstruosas quanto as que Filinto Müller impôs a Harry Berger.

    TDPI mais a TDF-STF na AP 470

    As notícias de que o ex-ministro Joaquim Barbosa sonegou dos autos da AP 470 elementos do inquérito 2474 da PF que teria evidências da inocência de réus na AP 470 jamais foram desmentidas; a ministra Rosa Weber em seu voto condenatório afirmou “Não tenho prova cabal contra Dirceu – mas vou condená-lo porque a literatura jurídica me permite”; o ministro Gilmar Mendes declarou “Não se torna necessário que existam crimes concretos cometidos” ao condenar onze réus na AP 470; foram impostos juízes não naturais (os ministros do STF) a 37 réus, tornando o STF, para estes réus, tribunal de exceção, o que é vedado pelo Art. 5o, inc. XXXVII da CF; foi negado a todos os réus o direito à dupla juridição, direito que o Brasil se comprometeu internacionalmente a honrar (negação de garantias processuais).

    Joaquim Barbosa tentou aplicar, mas fracassou – fracasso que se deveu em grande parte ao ministro Barroso –, penas aumentadas aos réus da AP 470 (pena aumentada).

    O mensalão do PSDB, anterior cronologicamente ao mensalão do PT, não foi julgado ainda e há até risco de prescrição. O mensalão do PSDB foi remetido à primeira instância, decisão correta, pois de acordo com a lei. No caso do mensalão do PSDB, o mandamento constitucional relativo ao juiz natural foi obedecido, bem como mantida a possibilidade processual da dupla jurisdição.

    Apesar dos dois mensalões terem modi operandi muito semelhantes, se não iguais; terem por palco o mesmo estado da federação, Minas Gerais; terem as mesmas empresas envolvidas e mesmas personagens empresariais; os tratamentos processuais a eles dispensados pelo judiciário foram totalmente distintos. O mensalão do PT recebeu tratamento rigorosíssimo, adverso mesmo, a ponto de direitos dos réus terem sido grosseiramente desrespeitados. Ao lado disto, o tratamento dado ao mensalão do PSDB foi de rigorosíssima aderência à lei. Disto tudo, chega-se forçosamente a conclusão de que o PT, seus aliados e seus líderes políticos foram considerados inimigos públicos pelo STF e tratados como tal na AP 470, segundo o espírito da TDPI.

    Não bastasse o uso da TDPI, o STF criou uma esdrúxula versão da teoria de domínio do fato, a TDF-STF, monstrengo jurídico condenado pelo autor da TDF. A TDF-STF lastreou o lamentável “… vou condená-lo porque a literatura jurídica me permite”; e o condenado por esta sentença bizarra, afora outros que foram condenados com fundamentações igualmente frágeis tecnicamente, foi adredemente proibido de recorrer a uma segunda jurisdição. Deve ser lembrado que o Brasil obrigou-se internacionalmente a garantir este direito, independentemente de prerrogativa de foro: todos na AP 470, portanto, têm direito a dupla jurisdição, garantia processual que foi desonrada pelo STF e que será cobrada do Brasil em corte internacional.

    A TDF-STF não passa de ajeitada canhestra da TDF – não fôramos nós o país do jeitinho – para estender sub-repticiamente a péssima TDPI, e, assim, a Corte ter base “literária” para condenar inimigos mesmo que sem provas. Houve mudança de regras durante o julgamento, criando circunstância jurídica informal, pois a TDF-STF não tem amparo legal [nem teórico], mas usada por ministros do STF. Os fatos mostram que o STF funcionou como tribunal de exceção na AP 470 – o que é proibido explicitamente pela CF – e seu procedimento vem deixando filhotes deletérios. Um é a Lava-Jato, outro o julgamento das contas do governo de 2014.

    Dos males do julgamento da AP 470, um dos mais prejudiciais é o descaramento que começa a se espraiar por juízos e tribunais na prática deliberada da injustiça. É triste.

    Inimigo público e a TDPI na Lava-Jato

    Segundo o noticiário, Moro assessorou Rosa Weber no julgamento da AP 470, e Rosa Weber condenou José Dirceu porque a literatura lhe permitiria (não seria a lei?). No julgamento da AP 470, a assessoria que Moro deu a Weber produziu clamorosa injustiça, pois a decisão da assessorada foi escandalosamente injusta.

    Curiosamente, a partir desse episódio na AP 470, uma nova condenação de José Dirceu, pareceu ter se tornado uma coisa pessoal para Moro. Parece querer condenar Dirceu sem que haja qualquer sombra de dúvida, pois a condenação anterior foi injusta. A gana em infligir sofrimento a Dirceu prendendo-o preventivamente sem que tal prisão se justificasse [a atuação do ministro Barroso neste caso, concordando com a prisão preventiva, foi simplesmente lamentável, enlameou sua história] na tática da tortura “branda” – analogamente à “brandura” da Ditadura Militar como a adjetivou a Folha – deixa poucas dúvidas de que a condenação de José Dirceu é coisa pessoal para Moro. Tudo leva a crer que quer consertar a assessoria atrapalhada que deu à Weber fazendo a ministra passar vergonha. Moro quer porque quer consertar a besteirada que fez na AP 470, torturando Dirceu, um homem idoso, com prisão injusta para obter improvável confissão que confirmaria a condenação ilegal que Weber impôs a Dirceu.

    Dirceu, que por ser do PT já era tido por Moro como inimigo público, por causa da atrapalhada assessoria que Moro deu na AP 470, tornou-se aos olhos de Moro inimigo público ao quadrado contra o qual tudo é permitido e mais um pouco, e com o aval do ministro Barroso.

    Dirceu não é o único inimigo público na Lava-Jato, mas é o inimigo público síntese. Os outros são os que já se sabe: PT, políticos do PT, empregados do PT, governo do PT, empresas que mantiveram relações com entidades governamentais e o prêmio mais cobiçado, Lula. Sublinha o fato dessas pessoas e entidades serem tidas por Moro na Lava-Jato como inimigas públicas o tratamento diferenciado dispensado, por exemplo, ao PSDB, ao tesoureiro do PSDB, a Aécio Cunha. Para estes, todas as garantias legais são asseguradas, não obstante terem sido denunciados na mesma Lava-Jato em delações premiadas. O contraste entre os tratamentos dados a um e outro grupo, e as evidências anteriormente mencionadas provam que Moro pauta-se pela TDPI na Lava-Jato. E pior, a TDPI é usada partidariamente.

    Coincidências reveladoras e poder de condenação

    Para parte do judiciário brasileiro, como se depreende dos recentes julgamentos midiáticos, os inimigos públicos são líderes petistas, PT, governo do PT e quem trabalha para o governo do PT (até o governo é inimigo público!). Por coincidência, esses inimigos públicos são aqueles que melhoraram a renda do trabalho e as condições laborais dos trabalhadores; que reduziram nossa dependência dos EUA em seus vários aspectos; que amenizaram a fome no país; que fortaleceram a Petrobras, nossa maior empresa, com as maiores descobertas de reservas de petróleo do mundo neste século. Esses inimigos públicos trouxeram melhorias consideráveis para o Brasil e foram eles exatamente os escolhidos como inimigos por parte importante do judiciário, mas deve ter sido por mera coincidência.

    A atual prática judicante no Brasil quando o réu é inimigo público conta com nova “super teoria jurídica” resultado da união da TDPI à TDF-STF. Com ela, não há inimigo público que se salve, pois pode ser condenado sem provas, não sem antes ficar preso em regime fechado por meses, talvez anos, sem ter sido julgado. A nova “super teoria jurídica” é realmente um grande avanço, como se pode ver, e certamente logo será copiada por todos os países democráticos.

    A TDPI e a TDF-STF têm o inegável mérito, sem ironia, de expor os fundamentos do reacionarismo e antidemocratismo praticados pelo judiciário nas ações penais. Essa exposição permite que tais fundamentos sejam analisados e criticados, o que pode tornar justos os julgamentos penais.

     

    1. estrelinhas

      Ramalho 12.

      Não por que não consegui marcar as 5 estrelinhas.

      Ficam, aqui, as 5 estrelas, que lhes confiro, registradas ao seu comentário.

  13. Acreditar que uma

    Acreditar que uma investigação começa lá nos longiguos do Paraná sobre lava rapidos e vai bater na maior empresa do país e em projetos secretos da eletrobras é ter muita fé, e nem sequer resvalando em contratos de outros partidos com as mesmas empreiteiras, só do PT??.Pufffff………..

  14. Perfeito Nassif, mas observo
    Perfeito Nassif, mas observo que todos os outros envolvidos que não petistas, só começaram a aparecer após as eleições, antes das eleições (objetivo primeiro da operação), só aparecia petistas.

    Outra coisa. O governo hoje, aparentemente, tenta usar a lava jato contra seus inimigos da vez, especialmente o PMDB e Cunha, q era a grande ameaça do impeachment.
    É só mais um erro grotesco de Dilma, Cardoso e seus acessores. A operação nasceu e foi criada para destruir o PT, e é isso q ela sempre tentará fazer. Nunca diferente disso.

    A Dilma é muito fraca, muito fraca.

  15. Politicagem.

    O único problema é chamar de “brilhante” uma campanha política grosseira e cínica como essa; que conta com o analfabetismo político de setores inteiros de leitores de jornais e revistas e uma passividade “cavalheiresca” de governistas diante da centralidade dos meios de comunicação no rebaixamento do debate público e na formação das crenças e valores.

    O que está por trás é o mesmo conjunto de interesses apoiados em ideologias antissociais, hegemônicos por aqui na década de 90, que se rearticularam furiosamente depois de três derrotas consecutivas; e, mais ainda, depois da quarta. Cooptando por meio do discurso antipolítica e antiestado (agregados ao antipetismo) corporações que “se acham” as “carreiras de Estado”, conforme apelidados na mesma década de 90, vão fervorosamente inoculando o fascismo na sociedade brasileira..

    Em outras palavras, o objetivo político, sacrificar o bode expiatório, em primeiro lugar, e seus aliados, em seguida, não existiria sem o objetivo ideológico que os une. Só essa boçalidade é capaz de manter cegamente contradições e inconsistências evidentes como as doações para um lado serem consideradas santas e a cunhada de um “petista eterno” ter sido presa com tanta facilidade enquanto a esposa do Cunha, que ainda pode apresentar seus préstimos, não.

    Chamar isso de brilhante é uma ofensa a quem se dedica à Ciência do Direito e uma lisonja indevida a quem se dedica à politicagem. É como chamar de “brilhante” uma campanha de esterilização em massa, por exemplo.

  16. A impressionante operação mãos sujas brasileira

    “Com alguns  nomes  de  políticos,  bem  distribuídos  entre  os  vários  partidos,  ponha  as esquerdas  no  meio  também,  dê  a  entender  que  o  jornal  está  coletando  outros documentos, e diga isso de um modo que faça morrer de medo até aqueles que lerem o nosso  número  0/1  sabendo  muito  bem  o  que  aconteceu  nos  dois  meses  depois  de fevereiro, mas se perguntando o que poderia ser um número zero com a data de hoje…Entendido? Ao trabalho.”

    Esse trecho acima, de Umberto Eco, é in litteris, o que Moro e seus procuradores fizeram, apenas trocando “os varios partidos” por “partidos da base governista”.

    De resto, Sergio Moro que acredita ser o novo heroi do Brasil (Ah, Bertolt Brecht!), ainda vai ser lavado a jato pela historia que passa e rapida.

  17. Li de “carreirinha”, como

    Li de “carreirinha”, como diria o Zeca Diabo, personagem de Dias Gomes, a trilogia(supondo que esse fecha o tema) de textos cujo fulcro é “Operação Lava a Jato: a (re)conquista do Estado”.

    O que salta aos olhos é a obtusidade por parte do governo, do PT e de seus hierarcas que, além de não entenderem o que se passava, nada fizeram de contra-ofensiva no que tange aos interesses da nação brasileira que efetivamente são bem maiores que colocar na cadeia meia dúzia de ladravazes. 

    Antes que me acusem de cúmplice ou simpatizante de mal feitos:  a operação policial e na sequência os processos, se efetivamente os elementos balizadores forem as provas contundentes(materiais), não estão no foco da crítica,e sim, as causas subjacentes fora do escopo criminal e judicial. É disso, acredito, que “fala” os artigos. 

    Sempre causou espécie o ordenamento e as ações propriamente dita dessa Operação. Até os menos atentos sentiram-na como uma cruzada. Mesmos os mais simplórios ficaram de orelhas quentes com tantas delações premiadas. Nem precisaram saber da perplexidade do nada simplório ministro Marco Aurélio Mello. 

     

     

     

  18. Lagunas espertas

    Sempre nos fatos históricos se encontram lagunas, que são os espaços temporais de fatos que desaparecem magicamente das tramas, evitando que possam deslegitimar os fatos que mais na frente são retomados.

    O espaço de mais de 200 anos entre Cristo e os evangelhos canônicos (digamos assim, a versão oficial do PIG romano da época),, o estágio do Marcos Valério no Banco Central e no escritório do Pimenta da Veiga, em Brasília,, na época tucana, e etc.

    Aqui no Brasil temos então diversas situações de “lagunas”, no caso aqui discutido trata-se do espaço de tempo entre a primeira ação do Moro contra Youssef, quando este último fez uma “delação premiada” em relação ao BANESTADO (deu em alguma coisa tudo isso?), e a nova ação da justiça, na Lava jato.

  19. É claro que

    É claro que os objetivos da lava jato vão muito além de questões do cotidiano.

    Ela foi montada para desestabilizar todo um projeto de desenvolvimento em que o Brasil se tornaria player mundial, como foram o golpe em Getulio e Jango.

    Todavia, como não se trata de “força bruta das milícias” ela comporta contra-pontos de parte da sociedade, quiçá a parte mais esclarecida da sociedade, razão que aos poucos vão se perdendo os elos da indubitável certeza de sucesso.

    Mas Nassif, inteligência sem caráter não tem valor algum

  20. CURUPACO, AU AU !!!

    A OPERAÇÃO LAVA-JATO  é tal e qual as MÃOS LIMPAS.

    Quanto mais eles LAVAM mais se SUJAM.

    Pelo visto ainda vai demorar séculos!!!

    Estão deixando  para o final, os depoimentos reveladores  do CACHORRO  e do PAPAGAIO de LULA.

    CURUPACO, AU AU!!!

  21. Acho que entendi: trata-se da

    Acho que entendi: trata-se da estratégia do penico e foi arquitetada por um brilhante comandante e seu estado-maior, em dependências de uma fortaleza judicial.  Consiste de um penico, um ventilador e uma equipe de competentes coletores de escrementos humanos e de lançadores dessas matérias por ventilador.   No princípio tudo corria como previra  seu estrategista; afinal, em seu entendimento, dera certo na Italia com a “Operação Mãos Limpas” e parecia caminhar no mesmo rumo, com sua “Operação Lava-jato”;  seus coletores mostravam-se competentes e seus lançadores mais ainda. Diariamente, coleta farta e farto lançamento em  fins de semana, no ventilador.   Não se sabe quem, mas um de seus coletores, num fim de semana  deixou de enviar o acumulado do período aos lançadores e o penico estravazou. Agora culpam-se coletores e lançadores, mas  acabou mrresmo sobrando para o brilhante estrategista que teve suas vestes imaculadas, impregnadas pelo odor característico do produto de sua estratégia.    Depois de toda essa encrenca,  o futuro tornou-se imprevisível,  principalmente para aqueles que jogaram todas as suas fichas neste brilhante comandante; em especial os bezouros midiáticos que, semanalmente se alimentavam de seus produtos.     

  22. Estrategista brilhante?!


    Estrategista brilhante?! Menos, bem menos. Parece mais um  simplório deslumbrado a serviço da mídia golpista e da direita fascista.

    1. Um pária jamais será estrategista

      Como reconhecer estrategia brilhante no Moro+ PGR que seguem as ordens dos EUA para distruir o sistema economico brasileiro a favor — exclusivo — do capital internacional? Onde está o ”brilhantismo” de um pária?

  23. O Moro não é estrategista

    O Moro não é estrategista coisa nenhuma. A estratégia é ditada pela CIA para a força-tarefa que colocou a campo executar (aliás este modus operandi foi captado no texto de Umberto Eco).

  24. Como diria José Simão, BUEMBA!

    Juiz que recebeu “fatia” de processo de Moro diz que delação não pode ser tortura

     

    Por · 19/10/2015

     

    joaobatista

     

    O experiente Frederico Vasconcelos, blogueiro da Folha especializado no Poder Judiciário, deve ter boas razões para dizer que “deverá causar impacto entre os envolvidos nas investigações sobre corrupção na Petrobras a entrevista exclusiva concedida pelo juiz João Batista Gonçalves, da 6a. Vara Federal de São Paulo”.

    Porque o juiz, que recebeu a “fatia” dos processos antes entregues a Sérgio Moro relativos a delitos que teriam se passado em  São Paulo, queira ou não, faz da entrevista da  ao Valor Econômico , publicada hoje apenas para os assinantes do jornal, pura dinamite:

    “Que diferença tem a tortura de alguém que ia para o pau de arara para fazer confissões e a tortura de alguém que é preso e só é solto com uma tornozeleira, depois que aceita a delação premiada?”

    “Como pode o juiz recolher alguém no cárcere, forçá-lo a fazer a cooperação premiada e depois ele vai julgar. Com que serenidade?”

    “Acho que( a delação) deve ser um instrumento à disposição dos imputados. Ela não pode ser extorquida, não pode ser obtida mediante coação, mediante violência.”

    “Daí os mais antigos ( juízes, presentes a um seminário, que o ouviram falar  que a delação não era mero instrumento de condenação) riram e falaram: ‘não, a juventude quer sangue’. O mesmo sangue que se queria no Coliseu. O mesmo sangue que se queria quando um romano enfrentava um leão.”

    Hoje, o juiz Sérgio Moro é saudado nos jornais por ter decretado uma nova prisão preventiva do empresário Marcelo Odebrecht, diante da iminência da revogação da ordem anterior do Supremo, que mandou soltar um outro dirigente da empreiteira.

    Os jornais destacam, quase que como “argumento jurídico”, o fato de que isso “garante” que Marcelo, que já está detido há quase  quatro meses ( e só há poucos dias foi interrogado pela primeira vez) irá passar o Natal preso.

    Os pitbulls  da turma do Diogo Mainardi comemoraram o fato de Moro ter sido “rápido”, como um cowboy: “O STF e o STJ terão muito trabalho para soltar a quadrilha”.

    Será que o distinto leito e a caríssima leitora percebe alguma diferença de métodos ou de grau civilizatório?

  25. Corrupção

    Nassif, Corrupção=Roubo. Prisão para todos. Cadeia sem benefícios. Roubar dinheiro público é crime hediondo. O POVO é que tem que julgar.

    1. Sonegação

      Inclusive a sonegação, não é? Só em 2014, os sonegadores r o u b a r am mais de 500 (quinhentos) bilhões de reais do dinheiro público. Este ano, já r o u b a r am mais de 400 (quatrocentos) bilhões. Cadê a indignação? Cadê os hipócritas que vão para as ruas? Cadê os bonecos dos grandes sonegadores? Haja hipocrisisa. Haja indignação seletiva. Haja cortina de fumaça para distrair o público.

    1. Apenas uma singela pergunta

      Se o alvo fosse os tucanos, qual o malabarismo da imprensa, PF e Judiciário criariam para anular a operação? Quantos habeas corpus o Gilmar Mendes emitiria para livrar a cara do FHC, Serra, Aécio e companhia limitada. De safadeza desta trindade já basta o destino do mensalão tucano e do PT.

  26. A operação lavajato foi

    A operação lavajato foi pensada para acabar (faça-me rir) com a corrupção no país. Sua estratégia foi prender e pressionar para fazer o preso entregar outros, em troca da redução da pena,  prender outros e fazer entregar outros até chegar na Dilma, no Lula. Como o fim da linha chegou ao Cunha, que é o chefe, o homem que tem a palavra final, do PMDB, em conluio com o PP, desde “199x”, depois do liminar do Gilmar Mendes garantindo a constitucionalidade do Decreto do FHC, declarado inconstitucional pelo TCU, que desobrigou a Petrobrás a seguir os trâmites burocráticos e mais seguros da Lei  de Licitações, então a lavajato passou a ter mais coisas a esconder do que a esclarecer. 

  27. O velho golpe, dos velhos de sempre!

    Moro um estrategista brilhante, boa piada.

    Se a história mãos limpas (sujas) já foi um farsa rocambolesca, a ridícula imitação lava- jato (sujo) é um circo prá lá de capenga. E com a complacência do stf.

    Toda a sujeira da tal operação está vindo a tona como no presente artigo, pois os golpistas são tão burros e envaidecidos, que acharam que se montassem uma novelinha barata convenceriam o país, que eles consideram constituidos de bobos.

    Quanto mais arbitrariedades eles cometem, mais o tiro sai pela culatra e demostra os canastrões que esses seres são, apesar de seus falsos títulos que exibem.

    Não é novidade por aqui também as ingerencias americanas.

    O universinho paralelo, que desejam para manipular, não engana ninguém.

    1. A Lava Jato não passa de uma

      A Lava Jato não passa de uma estratégia comandada por alguém(pode ser internamente ou externamente. acredito que o comando é externo) para destruir um não só um partido político, mas também uma estratégia de governo. 

      O Governo Lula desenvolveu em seus oito anos uma estratégia de inserir o Brasil nos grandes temas mundiais e isto desagradou a alguém poderoso que já estava muito insatisfeito com o avanço das esquerdas na américa do sul.

      Nada de tirar os sapatos. Nós temos condições de participar era o recado passado. Com isto creio que O Lula pretendia liderar a América do Sul para esta nova estratégia

      É exatamente este objetivo que, primeiro através do mensalão petista e agora com esta farsa chamada lava jato, que os inimigos do Brasil pretendem atingir.

      Para isto, desenvolvem uma campanha conjunta com a mídia para criminalização de um partido e de uma política.

      Se não fosse assim, como considerar a não denúncia do Aécio – um incompetente que foi alçado a líder de um movimento golpista e ele se sente tão a vontade neste papel, devido sua vaidade, que não se percebe um marionete que será descartado mais adiante – mesmo depois de dedurado duas vezes pelo Youssef numa tramóia que já era do conhecimento do MP há muito tempo e a blindagem ao outro Cunha, o da câmara, e sua família?

      Foco máximo a tudo contra o PT, se não tiver nada a gente inventa, e esconder tudo sobre os aliados nesta campanha infâme.

      Inventa como na criminalização das comissões do José Dirceu, que aliás foi condenado a prisão perpétua, na criminalização das doações de campanha efetuadas ao PT, na reabertura de análise de contas de campanha já aprovadas anteriormente, na prisão ilegal do Vaccari acusado de receber propinas contabilizadas e com imposto pago, etc, etc,

      Adotam aqui, praticamente a mesma estretégia que utilizam na Venezuela.Não à toa os golpistas daqui foram dar apoio aos golpistas de lá. Só que os Venezuelanos foram mais espertos e o Aécio de lá está preso.

      Como já escrevi outras vezes, a lava jato e sua força tarefa pode querer tudo, menos combater a corrupção.

       

       

  28. Quem foi do engenheiro italiano Enrico Mattei?

    “O caso Mattei” – o filme sobre as petroleiras

     

    Petrobrás: um filme a ser revisto (assista acima, na íntegra)

     

    Quanto à Petrobras, há um filme para ser visto. Chama-se ‘O caso Mattei’, de 1972. É dirigido por Francesco Rosi, e tem Gian Maria Volonté no papel título.

    Artigo de Flávio Aguiar (publicado originalmente no portal Carta Maior, em 02/jan/2015)

    O Financial Times publicou recentemente um artigo onde se afirma que, dentre as companhias petrolíferas do mundo, a Petrobrás arrisca tornar-se uma “pária”, diante das acusações de corrupção interna e externa. Processada por um fundo abutre nos Estados Unidos, a Petrobrás passa por um momento em que, além das investigações (adequadas), enfrenta ataques demolidores no plano nacional e internacional.
     
    O artigo do FT, além de noticiar as investigações, ressoa também o desejo (“wishful thinking”) de que a estatal brasileira venha a ser isolada, quebrando-lhe a espinha, e de quebra a espinha do governo brasileiro e do próprio Brasil, incômodo besouro que não deveria voar segundo as leis da ortodoxia econômica, mas que no entanto avoa, passando, apesar das dificuldades, por uma fase melhor do que a maioria dos países europeus, envoltos em crises de identidade, de empobrecimento galopante, de ascensão da extrema-direita e de perda de prestígio.  Os ataques vão continuar e recrudescer, sobretudo desde que a ortodoxia europeia entrou em indisfarçável pânico diante da possibilidade de que o Syriza ganhe as próximas eleições nacionais na Grécia e arranque o país dos grilhões da “austeridade”. Se tiver sucesso, vai ser uma “catástrofe”…

    Quanto à Petrobrás, há um filme para ser visto ou revisto. Chama-se “O caso Mattei”, é dirigido por Francesco Rosi (“O bandido Giuliano”, dentre outros), foi lançado em 1972 e tem Gian Maria Volonté no papel-título, o do engenheiro italiano Enrico Mattei, assassinado (hoje isto está judicialmente aceito, embora sem apontar os culpados) em 1962, num atentado contra o avião em que ia da Sicília para Milão e que matou também o piloto e um jornalista que o acompanhava.

    Enrico Mattei (1906 – 1962) foi o engenheiro nomeado presidente da companhia Agip (Azienda Generale Italiana Petrolio), fundada por Benito Mussolini, para fechá-la. Ao invés disto, Mattei, convocando técnicos demitidos no pós-guerra, reativou-a, dinamizou-a e refundou-a sob o nome de Ente Nazionale Idrocarburi (ENI), empresa estatal que existe até hoje, sendo uma das mais dinâmicas da hoje combalida economia do país e uma das responsáveis pelo “renascimento italiano” dos escombros do fascismo na década de 50.

    O motivo desta decisão surpreendente e que contrariou inúmeros interesses naquele momento, dentro e fora da Itália, foi a descoberta de um memorando em que um dos técnicos demitidos registrara a descoberta de jazidas de petróleo e gás no vale do rio Pó, perto de Milão, em terras pertencentes ao Estado. Em 1947 as prospecções confirmaram o memorando, encontrando não muito petróleo, mas muito gás, o suficiente para fornecer energia para a nova industrialização do norte do país.

    Mas o esforço de Mattei não se limitou a isto. Ele projetou a ENI no cenário internacional, e aí seus maiores problemas começaram. Já havia problemas internos, que o filme de Rosi debate intensamente, centrando-se, entre outros temas, na discussão sobre o papel do Estado na recuperação econômica da Itália.
     
    Jornalistas ortodoxos (parece um outro país que conhecemos…) criticaram violentamente o “estatismo” de Mattei, que não cedeu as reservas descobertas à exploração pela iniciativa privada, ressalvando que as empresas particulares eram benvindas – para fazer suas próprias prospecções em outras terras, vizinhas ou não, reguardando a propriedade estatal para a ENI.

    Mas foi no plano externo que os problemas de avolumaram desmesuradamente. Tratava-se de um momento (década de 50) em que o cartel das “Sete Irmãs” (uma expressão cunhada por Mattei) dominava completamente o mercado petrolífero mundial, fazendo acordos lupinos e vorazes com governos corruptos  e colonialistas dos países produtores no Oriente Médio e no norte da África, com condições abjetas, e simplesmente depondo governos que a eles e elas não se sujeitavam, como no caso da Pérsia, futuro Irã, em que o governo nacionalista de Mossadegh foi derrubado em 1953 sob a desculpa de “salvar o país do comunismo”.

    As Sete Irmãs eram:  a Anglo-Persian Oil Company (hoje British Petroleum, BP*), a Standard Oil of California (SOCAL), a Texaco-Chevron*, a Royal Dutch Shell*, a St. Oil of New Jersey (Esso), a St. Oil of New York (SOCONI) (hoje Exxon Mobil*) e a Gulf Oil. As assinaladas com o (*) existem até hoje e estão ativas no plano internacional.

    Mattei tomou várias iniciativas que contrariaram o interesse do cartel e de quem a ele estava ligado, dentre elas:

    1) Começou a percorrer os países do Oriente Médio e do norte da África oferecendo melhores condições contratuais. Alvos: Argélia (então ainda um “protetorado” francês), Tunísia (idem), Marrocos, Pérsia (hoje irã) e Egito. Objetivo: assinar acordos na base de 50%/50% na repartição dos lucros.

    2) Realizou um acordo de compra de petróleo da então União Soviética, contrariando e enfurecendo a OTAN. Um memorando então secreto do National Security Council dos Estados Unidos considerava Mattei alguém “irritante” e um “obstáculo”.

    3) Apoiou o movimento de independência da Argélia, atraindo a ira da organização terrorista francesa Organisation Armée Secrète (OAS), a mesma que tentou matar o General De Gaule, dentre outros atentados. Com isto contrariou também o próprio serviço secreto francês, o Service de Documentation Exterieure et de Contre-Espionage (SDECE).

    Mattei criou uma espécie de fábula, no estilo de La Fontaine e Esopo, para explicar o que estava acontecendo:

    “Um pequeno gato chega onde alguns cachorrões estão comendo num pote. Os cachorrões o atacam e o expulsam. Nós, italianos, somos como este pequeno gato. No pote há petróleo para todos, mas alguém não quer deixar que cheguemos perto dele”.

    Mattei era uma figura pública, no centro da captação financeira do momento. De fato, tornou-se “irritante” e um “obstáculo”. E num momento em que, na Itália do pós-guerra, as várias versões da Máfia tinham se tornado investidoras no mercado financeiro. Não só lá: nos EUA também.

    O desfecho deu-se num vôo da Sicília para Milão. Hoje se admite oficialmente que houve um atentado, provavelmente por uma bomba colocada no avião, acionada por algo como o acender de um isqueiro na cabine (sempre fui contra fumar em vôos). O avião caiu, e sabe-se que vários indícios e evidências foram “lavados” no local, ou não tomados em consideração, como o de que o corpo de Mattei tinha cravados vários fragmentos de metal – o que só uma explosão podia explicar.

    O assassinato – hoje oficialmente admitido – aconteceu num momento em que isto era comum como “aggiornamento” ao mundo da Guerra Fria: recordemos o de Patrice Lumumba, no Congo, e a morte suspeita do Secretário Geral do ONU, Dag Hamarskjold, também numa queda de avião, no mesmo Congo, hoje objeto de nova investigação. Sem falar nos inúmeros golpes de direita na América Latina.

    Além de focar uma tragédia, o filme de Rosi teve a sua própria. Durante a preparação do roteiro o diretor pediu ao jornalista Mauro de Mauro que fizesse uma investigação sobre Mattei. De Mauro tinha uma biografia interessante e complicada. Apoiara os fascistas de Mussolini e depois, quando os ventos mudaram, tornou-se membro da Resistência. Isto lhe garantiu inúmeros contatos, mas também lhe trouxe o hábito de falar demais, com todo mundo.

    De Mauro foi à Sicília, e de lá, num dos últimos contatos com amigos, disse que tinha descoberto “a história de sua vida”. “Algo que iria abalar a Itália”.
     
    Aparentemente, segundo um destes amigos, “falou a coisa errada para a pessoa certa e a coisa certa para a pessoa errada”. Foi sequestrado e morto pela Máfia siciliana. Seu corpo nunca foi encontrado. Dois dos investigadores de sua morte – o Coronel Alberto Della Chiesa e o Capitão Giuseppe Russo – foram mortos também pela Máfia. O episódio é evocado no filme.

    Em 1997 o “Caso Mattei” foi reaberto, à luz das declarações do “capo” Tomaso Buscetta, duas vezes preso no Brasil e duas vezes extraditado para a Itália. Buscetta foi o primeiro a admitir que Mattei fora morto por ordem da Máfia Siciliana. A versão hoje predominante é a de que esta o matara a pedido da “Cosa Nostra”norte-americana que, como o NSC, considerava Mattei um “obstáculo irritante”, por atrapalhar seus investimentos petrolíferos junto a algumas empresas das Sete Irmãs. O envolvimento destas nunca foi comprovado, sequer investigado – exceto pela sugestão do filme de Rosi.

    O caso de De Mauro foi a julgamento em 2011, no de Salvatore Rine, o único mafioso sobrevivente que teria um envolvimento com seu desaparecimento e morte. Rine foi absolvido por falta de provas, e o veredito apontou “assassinato com autores desconhecidos”, um final melancólico para a justiça italiana.

    Embora com pontos análogos, a situação da Petrobrás hoje é diferente. Ela não é mais “um pequeno gato”. Virou um cachorrão. O próprio FT publicou não faz muito uma lista do que consdera hoje “as Sete Irmãs”: a Saudi Aramco, a China NP Corporation, a Gazprom, a National Iranian Oil Co., a PDVSA venezuelana, a Petronas da Malásia, e a Petrobrás. Há diferenças gritantes  em relação às antigas “Sete Irmãs”: elas não formam um cartel. Tanto quanto se sabe, não patrocinam golpes de estado. E algumas das antigas “Sete” continuam em operação, com seus métodos nada ortodoxos.

    Quanto à Petrobrás, o seu problema é que hoje ela descobriu o novo “grande pote”. Ou seja, o Pré-Sal. Isto pode desequilibrar (reequilibrar?) o mundo petrolífero em vários sentidos. O Brasil pode se tornar membro da OPEP. Pode trazer autonomia em matéria de petróleo não só para si mas para a América do Sul como um todo. E o petróleo ainda tem vida longa como fonte de energia.

    A cachorrada ao redor está alçada. A externa, para por os dentes na reserva, impedindo que seus dividendos sejam usados para beneficiar a educação e a saúde dos brasileiros, favorecendo ao invés  a “saúde” e o “bem estar” dos mercados internacionais. A interna, para lucrar com a entrega à voracidade internacional deste patrimônio nacional.

    O filme de Rosi repartiu a Palma de Ouro do Festival de Cannes com “A classe operária vai ao Paraíso”, de Elio Petri. Está no youtube. No anúncio, diz que o filme tem legendas em português. Na versão que vi, não tem. Mas é compreensível para um falante de português ou espanhol.

    Não perca.

     

  29. Por que a Lava Jato prosperou?

    A resposta é bastante extensa, não me disponho a desenvolvê-la, por isso irei simplificá-la. Se-le-ti-vi-da-de. Simples assim. Vazamentos seletivos, investigações seletivas, criminalização seletiva das doações eleitorais e delações premiadas voluntáriamente seletivas após prisões preventivas. A PF instala grampo ilegal, faz uma investigação seletiva e o maestro Moro e seus procuradores amestrados pela mídia conduzem a Grande Luta do Bem contra o Mal da Corrupção. 

  30. Estrategia de guerra!! Não deveria ser apenas uma ação Judicial?

    Nassif, não quero discutir a pessoa fisica de Moro. Não gostaria de discutir a pessoa política do Juiz Moro,  mas sem dúvida ele tem um viés político. . Não gostaria de discutir o estrategista  Juiz Moro.  Eu gostaria que o juiz Moro fosse apenas um Juiz. Porém  até o momento eu tenho visto ações juridicamente questionáveis  do  Juiz Moro. E infelizmente não o vejo como estrategista. Não tenho dados suficientes da Mano Pulite, mas  com certeza a Itália  é um outro lugar.  Não sei em que estratégia se encaixa, prender a nora de Vaccari. Não sei em que estratégia se encaixa declarações , ou mesmo sentenças,, que a priori demostram o viés do julgamento, ciminalizando um partido.  Sem a   conivência e o incentivo de uma certa imprensa, isto tudo  seria considerado  um amontoado de erros  estratégicos . Porém logo surge a blindagem, pois quem o critica logo é acusado de conivente com a corrupção. Arquivar  os indicios de Furnas, me pareceu um erro estratégico do ponto de vista da luta contra a corrupção. Aventar que não o fez porque não se referia à Petrobrás, foi um erro estratégico, que agora invalidaria sua disposição em atacar outras áreas como a Eletrobrás.  Mas perdoaram este erro estratégico, e agora se discute, porque retirar de sua jurisdição os outros casos.  Desculpe Nassif, mas até o momento eu o vejo apenas como um peão numa estratégia maior.  Talvez mais do que um peão, uma Torre,  pois sem dúvida ele tem poder , muito poder , e o utiliza, mas ele não é o rei nem a rainha nem muito menos um bispo.   Me parece que a estratégia tem se restringido a isto, a estratégia de uma força, baseada num poder . As vêzes tanto poder é confudido com estratégia.

  31. Acho que a estratégia da

    Acho que a estratégia da lava-jato contra Cunha e Renan é um pouco mais ardilosa que isso.

    Eles jogaram os dois no meio do processo para que ambos se digladiassem contra o governo e assim facilitassem o impeachment. Simples.

  32. Nassif, considerando como

    Nassif, considerando como verdadeiras as premissas acima, devemos concluir que não se trata de uma operação dentro da lei e sim uma quadrilha que está comandando a lava-jato. Aliado ao relato do jornalista Marcelo Auler, a conclusão fica mais firme ainda.

  33. Reviravoltas

    Vida dura a do petista. Passou a vida levantando a bandeira da ética e do combate a corrupção, e quando finalmente corruptos estão sendo punidos não podem comemorar porque o próprio partido está envolvido no esquema, e de novo.

    Vida dura a do petista. Passou a vida criticando o liberalismo econômico e o rendimento ao mercado, mas quando finalmente foi eleito, seu presidente seguiu exatamente a mesma cartilha do adversário antecessor, com as mesmas diretrizes economicas.

    Vida dura a do petista. Passou a vida pedindo, entre outras, a Reforma Política, mas o próprio Governo que ele apoia, há 13 anos no poder não faz, como aliás até hoje não fez nenhuma das reformas essenciais ao país.

    Vida dura a do petista. Passou a vida tentando derrubar os Governos vigentes, desde os Militares, passando por Collor até FHC, e não era golpe, era democracia, agora que tentam derrubar o dele, é golpe.

    Vida dura a do petista. Passou a vida sendo oposição, e como era facil ser oposição… Independente do assunto, bastava criticar a situaçao, bastava ser contra, e pronto. Mas depois que virou Governo, o idealismo e a ingenuidade deram lugar à dura realidade, que este é um partido que governa (mal) e rouba (bem) como qualquer outro. A diferença que este o faz em nome do povo, do trabalhador, etc…

    1. Vida dura

      Vida dura de um petista. Passou a vida toda esperando algo como o bolsa família, um mais médicos, um governo que tirasse  o país da lista da fome, da luta pela desiguladade, um governo que merecessse respeito internacional e fosse tratado com dignidade, um governo que trabalhasse 24 horas por dia e que soubesse com as forças políticas indispensáveis para a realização dos seus planos.

      Mas encontrou, sem surpresa, embora aterrorizado, uma direita odienta, feroz, multidiciplinar, com capachos jornalisticos e (i)legais, e disposta a lutar com todos os seus dentes, como sempre fez, pela não perda do seu butim do privilégio das posses  e do preconceito de sempre.

      Encontrou uma turma de críticos bobos que, apesar do aqui esclarecido pelo nassif, acreditam neles, que nem acreditam neles próprios, e falam por eles com todo “orgulho” e pureza moral dos “somos cunha” da vida, como o comentarista acima.

      É duro. Mas esperar outra coisa seria ilusão.

      Há um consolo: meu partido foi escolhido como inimigo “deles”. Não é pouca coisa.

      1. Hcc, quem são eles? Não falo

        Hcc, quem são eles? Não falo por “eles”, falo por mim. Porque subjulgar alguém apenas por ter um pensamento diferente do seu?

        Bem poética sua resposta mas pouco realista. Sim, Bolsa Familia é um ótimo programa social que o PT ampliou, mas não se faz politica social sem dinheiro, não se valoriza o salario mínimo sem dinheiro, é preciso fazer o bolo crescer antes pra poder repartir, e o bolo só cresceu graças a reestruração do nosso sistema monetário e fiscal realizado a duras penas no Governo anterior, graças a matriz macroeconomica do FHC que foi muito bem mantida pelo Lula. Então é muito errado e injusto atribuir todos os louros dos avanços sociais do país apenas ao Partido dos Trabalhadores. A evolução vem desde 1994, não 2003.

        E por favor, se teve uma coisa que o Governo Lula não enfrentou foi uma oposição feroz, Lula governou quase sem oposição,  já que encampou a maioria dos partidos no Governo, da Esquerda à Direita. Os que sobraram não tinham discurso, porque ir contra o Lula era ir contra o próprio modelo na maioria das questões, face a guinada que o partido deu entre o que pregava antes e o que fez depois. Sobre mídia, caso não se lembre, Lula governou com o total apoio da Rede Globo, da Folha também , que sempre foi de esquerda.

        Pra finalizar, não espere que  alguém nesse mundo trabalhe 24 horas por você. Político não é Jesus Cristo, bem longe disso. Se algum político trabalha tanto é por ele mesmo. Populismo é para as massas não para pessoas bem instruídas como você.

         

        1. Desculpe
          Você não precisa ser eles. Tudo bem. Mas você não acredita em políticos, nem em quem tirou 36 milhões da pobreza, e ainda acha qur primeiro o ” bolo” deve crescer e depois dividir? Achei que isto tinha sido desmoralizado lá com o delfin neto em 1970.
          Petista apanha sempre, vê?

        2. Esperar o bolo crescer para depois repartir….Retrô.

          Tenho 55 anos de idade. Esta teoria do Delfim foi desmoralizada ainda na década de 80. Achei que nunca mais iria ler tal disparate. 

          Quanta modernidade e elegância, Sr. Peixoto!

           

           

          1. Obrigado

            Muito obrigado pelo moderno e elegante. Posso ter usado uma expressão antiga mas se o conceito de crescimento sustentável fosse ultrapassado não seria usado por todas as nações que foram bem sucedidas em elevar o patamar social da população. Agora me diga Sr. Tupinambás, como se faz política social sem dinheiro? O que é melhor, Sr. Tupinambás, quebrar o país gastando o que não tem como agora, ou conduzir um política fiscal responsável e justa como do segundo mandato do FHC e primeiro do Lula, e gradativamente aumentar os programas à medida que se tem caixa pra isso? O que dá mais resultado de forma sustentável, sem trazer sérias consequências aos períodos seguintes como veremos agora?

          2. Uma resposta marxista às suas indagações

            O que gera riqueza não é o dinheiro. O que gera riqueza é força do trabalho. 

             

    2. Vida dura X vida vergonhosa

      Vida vergonhosa a da direita nazifascista brasileira que raramente ganha eleições e, portanto, vive diuturnamente da tentativa de golpes na esquerda. Vida vergonhosa a da direita nazifascista brasileira, que desde priscas eras, 1930, 1932, 1954, 1964 e 2015 se desdobra em arrumar uma forma de derrubar governos e deles tomar o poder que não conseguiu através do voto. Vida vergonhosa a da direita nazifascista brasileira que só teve votos enquanto estes eram de cabresto, quando da velha República. Uns vermes.

  34. Estratégico? Só se combinada com os russos.

    Sem a defesa da imprensa imoral do pig e dos moralistas “somos todos cunha” não haveria nada que protegesse tanta bobagem e irregularidade (o artigo aponta crime de prevaricação). Estratégia combinada antes com os russos não é estratégia. Mas o desastre está caraccterizado e, é só quetão de tempo, demorona.  Dele ficará o desastre moral e econômico. Ficará registrado na história como mais um dos desastres causados pela direita. 

  35. Excelente artigo

    Te parabenizo  Nassif, pelo excelente artigo. Nele está exemplificado que por trás do golpe, há uma organização de direita. Está exemplificado também que são brilhantes estrategistas, que jogam xadrez como se Mestres fossem, ao tal ponto de deduzirmos uma formação militarista de oficialato.

    Dilma não cairá, pois querem ridicularizar o PT ao máximo antes de ascenderem ao poder.  Simplesmente tirar dilma, criaria uma Mártir, não é o que querem, talvez a mantenham lá até o fim do mandato, mesmo ao custo de destruir a maior parte do país e da economia.

     

     

  36. Os torturadores

    Querem arrancar de Marcelo Odebrecht qualquer coisa contra Lula. Qualquer coisa que possa ser usado para prende-lo. Não importa que  seja verdade ou mentira. Aliás, isso é o que menos importa.  O homi tá sendo coagido de todas as maneiras. Não sei até quando ele vai aguentar esse abuso …

  37. Confissão
    Agora vem da própria boca do fhc: ele sabia do esquema da petrobras desde 1996 (séulo passado) não fez nada, nem avisou ao Lula. Deixou la quietinhos os do cunha e caterva. O moro vai se escandalizar. Ah, desculpem, só interessa o depois de 2003.
    E agora?
    O pt podia pedir atestado de idoneidade moral, ta provado. Não vão dar, claro. Mas merece.

  38. Das ou três notícias do front

    “(…) A Operação Lava Jato, a exemplo da Mãos Limpas, operação que dissolveu o sistema de partidos proveniente do segundo pós-guerra e deu fim à chamada Primeira República italiana, guarda o potencial de lançar por terra o sistema de poder que se estava a construir em nosso país e iluminar as conexões perversas entre partidos, instituições e empresas estatais e privadas. (…)”

    http://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,duas-ou-tres-noticias-do-front,10000000397

     

      

     

  39. Os objetivos e a estratégia do Sr. Moro

    A estratégia de Moro pode ser boa, pode ser ruim. Isto veremos. Mas precisamos de descobrir qual o seu objetivo para poder avaliar sua estratégia. Senão, seria como avaliar uma rota sem saber para onde iremos.

    Velados ou não, vamos considerar 4 possíveis objetivos do Sr. Moro de acordo com a recente história da Lava-Jato:

    Hipótese 1: mitigar a prática de corrupção na esfera pública diminuindo os custos das obras e serviços públicos.

    Hipótese 2: promover-se pessoalmente  e se colocar no futuro próximo como opção para derrotar Lula.

    Hipótese 3: usar da Lava-jato para promover a desestabilização do governo Dilma e preparar um ambiente para o Impeachment e trazer de volta a direita ao poder.

    Hipótese 4: usar da Lava-jato para promover a desestabilização do governo Dilma e impossibilitar o retorno de Lula e trazer de volta a direita ao poder.

    Agora, vamos avaliar sua estratégia de acordo com as 4 hipóteses.

    Pegando carona nos artigos do Luis Nassif, podemos sintetizar assim, sua estratégia:

    Estratégia do Sr. Moro

    Moro entende que o sistema tradicional político com forte influência no sistema judicial deveria sofrer um motim. Para isto, ele lança mão do quarto poder que, criando a opinião publicada, conseguiria construir ambiente propício para decisões judiciais acima da própria lei.

    Ajusta sua estratégia com os objetivos da plutocracia de derrotar o governo trabalhista brasileiro e direciona suas investigações para os agentes públicos da base governista.

    Estratégia X Hipótese 1

     Leva bomba.

    Preservar a direita e condenar a esquerda não irá mitigar a corrupção pois os maiores corruptos se sentiriam protegidos pela impunidade. Além do mais, a forma tradicional de se fazer política, causa maior da corrupção,  não iria se evaporar com o sucesso da operação.

    Estratégia X Hipótese 2

    Passa de ano com ressalvas

    Não significa que atingirá seus objetivos, mas faz todo sentido.

    Estratégia X Hipótese 3

    Leva bomba. Se ferrou no foro privilegiado de Cunha

    Moro não contava que iria perder o controle da Lava-Jato. Mas perdeu. Com o foro privilegiado de Eduardo Cunha, deu no que deu. Graças ao STF, o Impeachment subiu no telhado…

    Estratégia X Hipótese 4

    Idem estratégia 2.

     

     No caso das hipóteses 2 e 4, as estratégias são de alto risco uma vez que as ações que a direita está tomando para desestabilizar o governo podem voltar contra eles e fortalecer a esquerda. A população já percebeu a hipocrisia e canalhice destas ações. E aparece uma outra variável inesperada que complica ainda mais a vida da direita: o fim do financiamento privado de campanha. A direita, no desespero, mostrou sua cara. E se enganam aqueles que acham que a militância do PT está morta. A injustiça e discriminação que sofremos ultimamente, nos fortalece.

    Moro é um estrategista meia-boca.

    CQD.

     

  40. Por que só agora a Lava Jato chegou a Cunha?
    Por que só agora a Lava Jato chegou a Cunha? Os indícios de que Eduardo Cunha possui contas no exterior são conhecidos pela Justiça há meses. As investigações começaram já em abril na Suíça, e poderiam ter ocorrido antes, se as autoridades brasileiras tivessem reagido às primeiras suspeitas. Enquanto os réus da Lava Jato e seus familiares eram presos com uma afoiteza que até prejudicou inocentes, Cunha seguiu ocupando o terceiro cargo da sucessão presidencial do país. Podendo movimentar suas fortunas. Eis que ele cai em desgraça justo agora, na fase crítica dos planos golpistas. Não antes, prejudicando as manifestações promovidas pela mídia conspiradora. Nem depois, no recesso parlamentar ou na paralisia do ano eleitoral. Claro que não se trata de mero acaso. O cerco ao deputado é uma forma de forçar a sua derradeira investida contra o governo. Acuado pelo noticiário negativo e incapaz de fazer acordos salvadores, ele não teria saída senão apressar os ritos do impeachment. A estratégia consiste em mantê-lo refém dos investigadores, prestando serviço ao roteirotraçado para a Lava Jato. Prática adequada, aliás, aos métodos coercitivos de Sérgio Moro: sob ameaça de ver parentes presos por sua causa, a vítima faz tudo que os meganhas ordenarem. Estes são os verdadeiros bastidores das vicissitudes de Cunha, e que a mídia golpista se esforça tanto para ocultar. O teatro punitivo não muda a essência do arranjo. Desmoralizam o sujeito, bloqueiam suas contas, expõem seus familiares, mas ele preserva o poder de alavancar a cassação da presidente da República. Sugiro, portanto, certa parcimônia comemorativa com o indiciamento de Cunha. O episódio mancha para sempre a memória dos seus aliados, mas também ilustra a força do conluio institucional que patrocina o impeachment. Não será sob aplausos crédulos que o Congresso ou Judiciário barrarão o ataque final do golpismo. http://www.guilhermescalzilli.blogspot.com.br/

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