Um nazista no mensalão?
por Marcelo Miterhof
Otto Funk é um jovem soldado alemão que foge da Europa depois da segunda guerra e, sabe-se lá por que, resolve desembarcar no Brasil. Cinquenta anos depois, sua filha, uma tal Diana Veronica Funk (sic) tem um filho com um tal Delúbio – é isso que você leu: Delúbio – no exato ano em que estoura o mensalão. Poderia ser um enredo de filme-B, mas essa é a trama, algo estrambólica, do novo romance de Ubiratan Muarrek, “Um nazista em Copacabana”, recém-lançado pela Rocco.
A mistura de literatura e política não costuma dar bom caldo. Nesse caso, para complicar, o casal vive os primeiros meses de gravidez às turras, numa casa de quatro cômodos ao lado do estádio de Vila Euclides, em São Bernardo do Campo. É isso mesmo que você leu: ao lado do estádio lendário do ABC paulista, berço do nascimento político de Lula – que, ufa!, escapou de ser citado diretamente no romance. Mas não falta um escândalo de corrupção por meio de uma agência de publicidade suspeita e um sequestro que, a la Game of Thrones, acaba numa decapitação.
Segunda Guerra, nazismo, propina, Delúbios – o real aparece apenas na tela da televisão – violência e até o assassinato de índios no Pará entram na salada narrativa da obra.
Há um Otto Funk, por sinal, que foi um combatente real, sua foto é objeto de culto na internet e, segundo a wikipedia, faleceu em 2011. É uma informação importante para a trama e que, por algum motivo, é omitida do leitor. O jogo entre ficção e memória do leitor me fez checar distintas informações na internet, como do partido que governava São Bernardo em 2005.
Apesar da leitura fluida, que de fato nos conduz até a última linha – e lá se foram 350 páginas – “Um nazista em Copacabana” é uma obra que incomoda. O caminho fácil, ou seja, uma crítica ao PT e ao próprio Delúbio Soares, toma atalhos o tempo todo, e a certa altura é uma elite econômica cínica, incapaz, racista e corrupta que o livro parece procurar atingir.
Numa escrita de tantos códigos, a chave do que seria um significado parece estar na impressão do personagem Otto Funk sobre o Brasil: um país onde os sinais estão sempre trocados.
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Não comprarei esse livro, não
Não comprarei esse livro, não li e não gostei. Tem o mesmo viés que terá a mini série do José Padilha sobre a Lava Jato. Originais comprados do livro do filho da Miriam Leitão, que eu também não verei e muito menos comprarei o livro.
É preciso bem mais abrangência e honestidade intelectual para que eu deixe de ler obras primas da literatura ou ver boas mini séries. Meu tempo é muito importante para perdê-lo com nulidades intelectuais. KKK
MUITO OBRIGADO
Pelo comnentário.
Moro em São Bernardo do Campo
Moro em São Bernardo do Campo ao lado do Estadio de Vila Euclides,hoje chamado Primeiro de Maio e em 2005 o PT não
governava a cidade.