Eleição EUA: a hora e a vez das primeiras damas

Ontem a noite, com o ouvido na TV, buscava informações sobre o furacão Isaac, Orleans-EUA, e o Tufão Bolaven, na Coreia do Sul, pensando em um artigo sobre globalização ecológica, variabilidade climática e seus efeitos nos lugares. Na TV, a CNN transmitia, ao vivo, a Convenção Nacional do Partido Republicano, Tampa –Flórida, que apresentaria a candidatura de Mitt Romney e Paul Francis a presidência dos EUA. Por que alinhei os três? A possibilidade do Isaac chegar à Flórida e seus efeitos sobre a convenção. Pouco a pouco, as palavras que me chegavam da TV passaram a puxar os meus olhos para a tela, porque na festa de Romney-Francis quem brilhou foi a candidata a primeira dama, Ann Romney, 43 anos, cinco filhos, dezoito netos, um câncer de mama e esclerose múltipla.  Iniciou o seu discurso rezando para as possíveis vitimas do Isaac e a partir daí o que se ouviu foi a apresentação do “seu” Mitt em um discurso que entremeava valores republicanos à valores universais: o primeiro encontro, o primeiro namorado, os filhos, os netos, as doenças, amor, confiança, um “casamento de verdade”.  Mitt constrói (slogan da campanha: We build it) e não falhará. Ao final, ao som de My Girl, Romney vem ao palco, dá um beijinho politicamente correto e sai com a esposa. Romney não é carismático, não tem swing. John McCain, por exemplo, preferia um Tea Party com Sarah Pallin. Então qual o objetivo e o significado do discurso de Ann Romney? Apagar a imagem de Romney e do partido dissociando-o da crise econômica dos EUA e do mundo, construindo outra, a imagem daquele que irá resolver todos os problemas? Assumir ideologicamente que a práxis capitalista republicana é esta: criamos, construímos e solucionamos crises?  Imagino, então, os efeitos da audiência deste discurso, porque na parte de baixo da tela rolava a seguinte mensagem: “Michelle Obama falará na Convenção Nacional do Partido Democrata”. Uau, a convenção será na semana que vem em Charlotte na Carolina do Norte. Como será o embate entre as emblemáticas namoradas? De um lado uma mãe, avó, mulher, milionária e republicana que trouxe em seu discurso um Mitt que irá resolver a crise financeira dos EUA como se ele e seu partido não tivessem nada a ver com esta história. Do outro uma mãe, já primeira dama, democrata, que terá a responsabilidade de neutralizar e superar este discurso, que levou alguns da plateia às lágrimas, o Ocuppy Wall Street e as frustrações do governo Obama (Ver: Obama depois da Esperança no Valor1).  Na minha opinião o furacão Michelle tem tudo para passar como um trator.

 

1.       http://www.valor.com.br/cultura/2801454/obama-depois-da-esperanca

Redação

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