Rui Daher
Rui Daher - administrador, consultor em desenvolvimento agrícola e escritor
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“Lalau, deu locupletemo-nos todos!”, por Rui Daher

Confúcio confuso

Por Rui Daher

Caros, como gostamos de permitir que nos humilhem, não? 

Milhões de metros quadrados em folhas e telas cotidianas discutem o Brasil atual. Baita galhofa, amigos do coração. Aqui mesmo, neste GGN, nosso locador gasta sábias palavras para nos informar do óbvio: “A melhor amiga do Banco Central é a inflação”. Ele acha ser “tudo isso fruto de um vácuo de poder poucas vezes visto no país”. Poderia dizer claramente a quem a amiga meretriz serve nos bacanais de hoje em dia.

Quando o poder do País não esteve subordinado ao acordo secular de elites? Sem vácuo, pois, e nunca enfrentado. A ditadura era autoritária e preenchia o vácuo de forma dura e sangrenta? Sim, mas para quem? Quanto tempo duraram e que transformações trouxeram as curtas interrupções nessa subordinação?

Não, leitores, não há vácuo de poder, ele sempre foi assim, difuso. O que hoje vivemos são os tempos mais esculhambados, tremendas galhofas, gandaias gerais, esbórnias cheiradas exportadas em helicópteros.

Os últimos três anos, quando analisados por historiadores sérios, serão vistos como tão ou mais nefastos do que os 21 anos dos governos militares. Nestes, eram nítidas as posições, impossíveis as camuflagens.

Tudo está espantosamente medíocre. As portas das política, economia, justiça e cultura foram arrombadas e penetradas por aríetes de proporções descomunais. Assustados, tesouros do passado se fizeram cerificar, aquietaram-se, não desejam ser percebidos. Resta-lhes morrer antes do derretimento ou esperar que nós morramos, deixando-os reconhecidos. Museus de saudades.  

Se o preparado para horizonte próximo não está bem percebido, é porque as redes sociais digitalizadas mais impedem do que facilitam o entendimento da mixórdia e como o poder, na forma hoje exercida, está destruindo o País. São meios bucaneiros de ampliar a expressão sem fortalecer os neurônios.

Opinar democratizado, modernoso como as ciclovias, regenerador por efeito- Botox, respeitoso e originado de núcleos familiares como propunha Confúcio (551 a.C. – 479 a.C.)?

No Brasil, não se caminha para restaurar a moralidade ou criar uma sociedade mais igualitária. Apenas trava-se luta suja para trocar a trupe, hoje no palco, para outra nos próximos atos da peça “Não mexam com os meus ouros”, em cartaz há 515 anos.  

Vejam no que se transformou a tal da Lava Jato, que poderia ser o início da ruptura com o lado mais podre do Acordo, a relação corruptor e corrompido. Um circo, onde o anão não para de crescer e o elefante tem cáries no marfim, como costuma dizer fraterno amigo.

Tribunais “superiores”, juízes e promotores juntam-se à Polícia Federal e ao Ministério Público, em edifícios de tubulações enferrujadas e cheias de buracos, interligados às sedes das Redações em folhas e telas cotidianas para, seletivamente, vazarem líquido fedido e delator.   

Não importa, aí, destruir empresas ou reputações. Nem há possibilidade ou talento para a defesa. Aceita-se a rendição por que não se criou massa de reação.

Da mesma forma instantânea como cozinhamos Miojos, qualquer político que comece a ganhar proeminência nos Varões do time a ser goleado, amolece em delação nunca d’antes navegada.

De qualquer lado que o senhor, a madama, e os jovenzinhos estejam, creem mesmo que houve alguma campanha política, no Brasil de qualquer época, que não tenha sido financiada com dinheiro sujo, de propinas, caixa dois, jogo de bicho, rendimentos não declarados, tráfico de drogas, favorecimentos a seitas religiosas? Repito, todas e de todos.

Se não sabiam são burros, participantes, ou os dois. Não há alternativa (d).

E o que fazemos hoje? Ocupamos dias e noites, a ponto de paralisar a economia e projetos sociais, em fazer o planeta voltar a nos achar uns merdas.

Premiamos com perdões delatores que confessaram crimes tamanhos, cujos saldos monetários durarão por gerações, e que já conhecíamos desde que Carmen Miranda bagunçou a vida de Marx, o Groucho, em Copacabana (1947).

Vamos imaginar que o Papa Francisco, e não Jaques Wagner, em extremo gesto de caridade, decidisse passar um ano no Brasil ajudando o governo de Dilma Rousseff a recuperar a credibilidade e, consequentemente, a economia do país. De um bom argentino pode-se esperar tudo.

Nestor Cerveró o delataria: pagou a Francisco mais de mil promessas, doou dinheiro de suas propinas para obras no Vaticano, e nem assim seu olho voltou ao lugar.

O vazamento escorreria até as mesas das Redações convencionais. A neutra Folha de São Paulo noticiaria: “A boa campanha do San Lorenzo, na Argentina, pode ter sido financiada com dinheiro do Petrolão para o Vaticano”.

O “japonês bonzinho da Federal” cochicharia no ouvido papal: “não se desespere, são só mais duas fotos. Prometemos não o encarcerar junto com um pastor da Universal e Eduardo Cunha”.

E nós, tontinhos, mesmo não tendo lido ou esquecidos do texto que um juiz camicia nera paranaense escreveu, em 2004, agradeceríamos ele existir sem saber a que será que se destina (adaptado de “Cajuína”, Caetano Veloso).

Rui Daher

Rui Daher - administrador, consultor em desenvolvimento agrícola e escritor

37 Comentários

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  1. ladrão!

    A mídia PIG, sócia e participante na esbórnia, grita dia e noite: Pega ladrão!

    Segundo ela o único ladrão tem nome e sobrenome: PêTê.

    O povo, não acostumado a pensar e com o sono perdido, acredita. E revoltado bate panelas.

    Para voltar tudo como era antes quando, pelo menos, fazia-se silêncio.

    Vai se cumprindo uma estranha e perversa sina: toda vez que a marcha engata, descobrimos que foi a ré.

    Será que nunca deixamos copiar a Argentina, continuamos macaquinhos e teremos o nosso Macri? 

     

  2. Boa!

    Bela crítica afiada da esbórnia brasileira (mas também mundial) Rui…

    Nesses tempos de caixinhas seletivas e denuncias premiadas, encarceraríamos Satanás nas hostes celestiais e o condenaríamos a tocar música gospel na harpa. O demônio se provaria um aprendiz… 

    Um abraço.

  3. Afinadinho, prezado Rui. 
    E

    Afinadinho, prezado Rui. 

    E mesmo com tal ironia fina ainda ficamos com um travo amargo na boca por percebermos a mediocridade política que reina no país, a incompetência substituída pela maldade e pela arrogância dos que sabem que serão ainda protegidos pelo dinheiro que amealharam desonestamente. Estamos, por ação ou omissão, criando um monstro a que alguns apelidaram de “republicanismo” como se isso quisesse dizer alguma coisa.

    Combate-se a corrupçãp com corrupção, exalta-se a democracia com o enxovlhamento do Estado de Direito, defende-se a liberdade de expressão, impedindo a livre manifestação do pensamento, transforma-se o congresso nacional num circo e Justiça num mercado Persa. E pensar que muitos se acham competentes naquilo que estão fazendo.

    Treisteza e depressão é pouco!

     

  4. “Cantaste a pedra …”
    Sim Rui, “cantaste a pedra” ontem.

    Olha! Tenho ME sentido e expressado com bastante amargor mas teu texto… Pois que há sempre quem possa “atirá-la no peito de quem só te fez tanto bem”. Canção linda, mas muito triste.

    Sim, foice. Foi-se realmente o alento!

    Vazamento e delação – as pragas que grassam no vácuo deixado por (falta de) orientação de pai e mãe, por valores não sedimentados ou ausentes, por pura ruptura do idôneo – são o atestado da Besta, já cantada em prosa e verso por Nassif.

    Desligar-se do mundo é um jeito – bom, bonito e barato – de evitá-las, e ao bodinho, mas fazer “rede privada” ou ir para o Tahit molhar os pés na areia e amar num bangalô, é para poucos.

    A traição é mesmo uma dor lancinante. E o perdão uma prova acerba.

    Mesmo tendo que te dar razão, Rui, nesta “folha” tão amarga, sigo contente de poder contar com a tua – e de tantos outros – lucidez.

    Acho que o Ivan teria apreciado também.

    Um abraço e, de novo e de coração, feliz 2016 !

    Anna.

  5. Só discordo do uso do

    Só discordo do uso do adjetivo “medíocre” para caracterizar o estado das coisas dominante. Este está abaixo da média, sendo a média o sentido da mediocridade. Atualmente, muitos cronistas (e falantes do português brasileiro em geral) usam o termo e seus correlatos como se significassem algo horrível, mas designam simplesmente algo médio, uma situação intermediária.

    1. Caro Jair
      Parece-me que a

      Caro Jair

      Parece-me que a palavra “formidável”

      tem essa mesma conotação, ou seja, de

      ´parecer uma coisa que não é.

    2. Obrigado Jair,

      confesso que não havia pensado nisso. Vou tentar evitar, embora o uso, mesmo aqui nos comentários (talvez, induzidos por mim) se ja comum.

  6. dizer qie este é o melhor 

    dizer qie este é o melhor  texto do rui neste blog é

    irrelevante porque,

    em primeiro lugar, todos os textos dele  são ótimos.

    em segundo lugar, porque a minhha opinião certamente vale pouco,

    muito  pouco mesmo…

    este é o melhor porque deve ter saído, como ele lembrou, do fundo do coração…

    mas para mim, o principal, assunto que me agoniava mas não conseguia compreender,

    é esta questão do vácuo do poder….

    o rui tirou de letra….

    não é pouco….

    mas foi fundo numa simplicidade que, pela iluminação genial da sacada,

    merece aplausos…

    é claro, foi no fundo do bau, no fundo da nossa história….

    mais de quinhentos anos de espoliação conservadora….

    os mesmo de sempre é que preenchem o poder.

    os que resisten a este poder criminoso, na minha opinião, é que estão sendo acuados…

    o resto é falácia…

  7. É assim

    Na República do Rabo-Preso, porteira que passa um boi, passa uma boiada.

    Caem todos, um a um, como dominó.

    E no final, não ficará pedra sobre pedra.

      1. E que saudade você sente

        E que saudade você sente daquele “procurador” não é mesmo? Se ele ainda estivesse no cargo nenhum petista ou aliado estarioa no xilindró, logonão haveria problema nenhum no país! Vai pra rua pedir a volta do Brindeiro, quem sabe ainda dá tempo de fazer o Brasil voltar pra trás, pros bons tempos em que engravatados jamais iam pra cadeia!

  8. Depressão ou anorexia?

    Prezado Rui

     A principio seu texto me joga  mais uma vez naquelas profundezas. Parece ser o diagnóstico de bipolaridade.Sem dúvida estamos necessitando algo para vencer esta depressão ou talvez seja anorexia. O Brasil de fato é bem maior do que nos mesmos acreditamos.

    De fato se fala no vácuo de poder e lembrando da física, o vácuo não é vazio, é um mar  de coisas que  quando excitadas nos visitam virtualmente.Mas a virtualidade pode ter efeitos devastadores sobre a nossa realidade. Há quase duas décadas a imprensa tenta construir uma realidade propícia ao retorno da Casa Grande. Não nos enganemos desde o  primeiro goveno do  PT  a trajetória da imprensa foi esta.

    Em tempos virtuais, já não sabemos distinguir entre o real e o imaginário. Nós mesmos, aqui nesta blogosfera,  estamos presos num eterno dedilhar de teclados e leituras que  parecem nos levar sempre ao mesmo lugar, que vão nos aprisionando nesta nossa vocação cética, Que vai aumentando a nossa anorexia.  Estamos diante de um governo  que também aumenta a nossa anorexia. Um governo que tem se manifestado apenas  para responder a realidade criada por um parlamento, que é apenas palco para a midia.

    Aos nossos olhos , todos os dias se vê a destruição virtual de tudo o que o país construiu. Uma companhia como a Petrobrás se transforma em nada no dominio virtual , enquanto que a realidade dela é completamente diferente. O programa nuclear brasileiro, a nossa industria aeronáutica,  Todo o cabedal construido pelas empreiteiras   que são mais do que  apenas  obras superfaturadas, pois nada se fala da geração e o domínio de tecnologias e técnicas nesta área..E o mais importante , as transformações sociais e culturais gerada pela ascensão de 30 milhões a outro patamar.  Todo o crescimento de uma comunidade científica ,o desenvolvimento de tecnologias inovadoras etc….   A criação dos BRICS  e suas consequências  Mas nada disso aparece no mundo virtual criado pela mídia. 

    No momento me parece que estão conseguindo nos jogar dentro do mundo virtual do poder. Não sei se o problema e um vácuo de poder ou muito poder num vácuo. Pois enquanto la nave va , em Brasilia nossos políticos  se digladiam enquanto  a nave parece seguir para  onde o Mercado ( este deus da virtualidade) quer.

    1. Arad,

      tenho perfeita noção de que o real andar da carruagem no País é muito melhor e mais rápida do que o virtual apresentado. Ainda mais, por minhas andanças serem na área dos agronegócios, ainda muito saudável. O que vejo não me permitiria ser pessimista ou decepcionar-me. O meu texto reflete a preocupação de que isso continue, se acelere, e mais prejudique nosso futuro. 

  9. Cinco anos atrás VOCÊS
    Cinco anos atrás VOCÊS urravam de alegria dizendo que o futuro de glórias era o que nos restava.

    VOCÊS, digo eu, a blogosfera progressista, Nassif, lulistas, PHCistas, Minocartistas etc…

    O que aconteceu?

    Simples. A combinação de alguns fatores de ordem economica, política e até demografica criou em VOCÊS uma ilusão, miragem, fantasia.

    É sabido e por isso aproveitado desde muito tempo as vantagens de recursos naturais abundantes.

    Nossa base econômica possui esta fundação. De tempos em tempos aparece quem queira diversificar a economia sem que jamais tenhamos conseguido de fato.

    E por que nao? Porque os preços oscilam. Realizamos nosso voo de galinha na alta, esborrachamos no chão na queda.

    Este é o primeiro fator. O segundo, politico. Forças progressistas não tem o “costume” de ser o poder. Foram precisos algumas décadas até que a população comprasse essa ideia devido a vários políticos, o Lula entre eles, e o fracasso do PSDB.

    Natural que sofressem com a reação das forças conservadoras, principalmente com o relativo recente fenômeno da importância das mídias de massa.

    O terceiro fator é o demografico. A taxa de natalidade caiu muito de duas décadas para cá. Facilita bastante a execução de politicas.

    Tudo somado digo com tranquilidade que o início do atual século foi o melhor momento das últimas décadas para desenvolver o país.

    Essa janela ímpar de oportunidade foi muito parcialmente aproveitada.

    O PT não estava preparado, seus líderes não estavam preparados e VOCÊS se iludiram.

    Agora, atordoados, não sabem o que aconteceu e, feito bobos, apresentam-se surpresos.

    A incompetência é tanta que as cidades entupidas de carros e o governo querendo Trem Bala, o assassinato de 60 mil pessoas/ano e o Sr. Lula dizendo que é problema dos Estados.

    Ps: deveria explicar melhor a questão da chegada da “esquerda ao poder” e da estabilidade inflacionaria mas estou digitando de um celular, não tenho saco.

    1. Chico Cavalo Manso,  não seja

      Chico Cavalo Manso,  não seja tão pessimista afinal o pior de Dilma é muitas vêzes melhor do que FHC.  Talvez  seu sonho seja que 30 milhoes voltem ao patamar FHC. Mas Chico isto não vai acontecer; O que o PT mostrou é que estava muito melhor preparado que e o principe .  E curioso voce falar que tivemos a melhor janela para o crescimento. Voce realmente acreditou na globo e sequer viu a crise mundial durante a  qual o Brasil  cresceu.  paulo henrique amorim

    2. Chico,

      não há qualquer surpresa. Não há desenvolvimento apenas aproveitando “janelas de oportunidades”. No aspecto macroeconômico, superamos a maior crise mundial desde a de 1929. O nível de desemprego caiu a menos de 6%. Acumulou-se reservas. Também não estou com saco de enumerar o que aconteceu antes da reversão. São inúmeras as postagens aqui que mostram isso. Não era necessário o “vôo de galinha”, apenas um ajuste ao que aconteceu com todos os blocos da economia mundial. Os erros na pilotagem econômica foram pontuais, conhecidos e bastante criticados. Poderiam ter sido minimizados. A bagunça, a esbórnia, política, cultural e (i)moral é o que mais está afetando a economia e a desilusão. Ou seja, não é PT, Lula, Dilma, ou “Nós”, que estamos defecando no País. As ignorância e desonra têm nome e endereço. Acabou o saco.

  10. Belo texto. Concordo

    Belo texto. Concordo totalmente com o autor. É simplesmente ridículo o papel desempenhado pelo Judiciário e por segmentos esclarecidos da sociedade buscando denunciar e punir condutas ilícitas uma vez que se sabe que este país é, sempre foi e sempre será corrupto. Numa terra onde a ausência da lei é a ordem, não pode restar dúvidas de que o justiceiro, o probo, esse sim é o bandido disposto a subverter e arruinar tudo. Pra fechar com chave de ouro, só faltou citar o grande Millôr: na verdade este é um país muito sério e honesto – corruptos somos só eu e você, leitor.

    1. Josiel,

      os crimes de corrupção devem ser investigados fortemente, o que este é o primeiro governo que o está permitindo. O erro é o uso político que se está fazendo disso.

      1. os crimes de corrupção devem

        os crimes de corrupção devem ser investigados fortemente, o que este é o primeiro governo que o está permitindo. O erro é o uso político que se está fazendo disso.

        Truísmo típico de coxinha e “filósofo de boteco”. Você tem alguma ideia concreta para se investigar sem fazer uso político? Você tem algum exemplo para citar de caso bem sucedido de investigação de corrupção sobre a qual não houve uso político, aqui ou no exterior? Não, não tem. E isso nem lhe interessa. Seu texto inteiro se resume a lamentar a politicagem, não a fornecer soluções para a moralização da gestão pública. Então, considerando que você não pode (ou não quer) oferecer solução alguma, mas se revolta com frequência contra o problema da politicagem, só se pode concluir que lhe é preferível não haver investigação alguma. Igualzinho ao pastor que diz que é a favor do Carnaval, mas contra os pecados que se cometem na festa. ã-hã, sei..

        1. Você, primeiramente,

          concorda totalmente comigo, depois me desanca, o que diante da linguagem usada prefiro desconsiderar. Devo concluir que os milhões de investigações e julgamentos nos tribunais todos são de udo político. E que sugestão dar em casos que correm na Justiça. Uma, talvez, não lerem a Veja.

          Já me disseram ser louco em ficar respondendo comentários. Devo ser, porque acaba virando isto.

  11. Muito bom

    Excelente, mesmo. Mas…

    Necessito discordar do tom pessimista.

    “Os últimos três anos, quando analisados por historiadores sérios, serão vistos como tão ou mais nefastos do que os 21 anos dos governos militares. Nestes, eram nítidas as posições, impossíveis as camuflagens.”

    Necessito discordar, pois se me convencer de que é verdadeiro é como se tivesse chegado ao portal do inferno de Allighieri.

    “lasciate ogni speranza o voi che entrate”.

    Sequer seria uma divina comédia, mas uma terrível trajédia. Significaria ter jogado a toalha; baixado as armas; abandonado a luta.

    Não duvido do momento sombrio alcançado. Mas há que acender um fósforo. Dois fósforos; Três… mil.

    Temos que reverter esse desalento. 

    1. Caro,

      admito que posso ter exagerado na dose, mas na situação atual o exagero não pode ser exercido apenas por um lado, e este está demais em sua tendenciosidade. Mas ainda sou jovem o suficiente para recuperar o ânimo (70).

  12. “Lalau, deu locupletemo-nos todos!”

    Rui, gostei do teu texto e concordo com ele.

    Apenas faço uma observação.

    O tal vácuo do poder de que se fala nomina a inação, a incoerência entre instituições do governo federal. É o que chamo de republicanismo caolho. Uma coisa são as “operações lunus” utilizadas no período FHC para bater nos adversários e o inesquecível Engavetador Geral do mesmo FHC.

    Outra coisa é permitir as disfuncionalidades que se observa dentro da PF, MPF e BC. Desnecessário apontar as ocorrências dadas as vezes em que rolam na internet. Talvez quanto ao BC, com sua ação visivelmente acobertada pela mídia, que perpetra o horror de aumentar juros SELIC numa economia em recessão e fechar os olhos para as taxas praticadas por seus “sindicalizados”: baseio-me em palavras de Leonel Brizola que já dizia que o BANCO CENTRAL era o SINDICATO DOS BANCOS.

    No mais o Brasil é mesmo comandado desde 1500 pela mesma turma e seus sucessores, basta ver a legislação vigente e as atuações das instituições governamentais e, alem delas, as do Estado nacional.

     

    1. Admito, Murilo,

      que não se trata de um vácuo total, completo. Nem poderia ser. Mas é uma sensação que se espalha e se assemelha a um boxeador, chamado “inserção social” acuado num dos corners do ringue, só apanhando.

  13. Sem tesão não há solução

    Rui, “Sem tesão não há solução”, como dizia e escreveu Roberto Freire, o outro, o somaterapeuta, não o traste que atende pelo mesmo nome e que anda por aí, trôpego pelos becos escuros da vida com uma garrafa de whisky debaixo do braço.

    Seu texto é brochante e tudo que é brochante é antitesão, permita-me e me perdoe pela redundância.

    Já dei essa brochada muitas vezes, mas sempre buscava de novo o tesão.

    Ultimamente, porém, tem ficado cada vez mais difícil recupera-lo, pelas mesmas razões que você expôs no seu texto.

    De fato, nunca houve, não há e jamais haverá vácuo de poder.

    O poder tem dono e foi ele que o ocupou em todos os momentos nesses últimos 515 anos que você fala.

    Quando parecia que se ensaiava algo diferente, tudo ficou, para usar as suas palavras, espantosamente medíocre.

    E é essa mediocridade espantosa que torna cada vez mais difícil recuperar o tesão.

    Entretanto, por vezes tenho a sensação de que essa mediocridade espantosamente brochante traz serenidade e até um pouco de sabedoria.

    Nas horas em que se vai o tesão e assume o abatimento, você se pergunta; como encarar isso?

    Textos como o seu têm esse papel. Trazer junto com a pancada a percepção de que sem inteligência e sensibilidade não há solução.

    Inteligência e sensibilidade serão cada vez mais importantes nessa luta.

    Não foi só a Lava Jato e o seu anão (com seus anõezinhos menores ainda), todo o Brasil se transformou num circo.

    Mas os anões, os que pediram para esquecer o que escreveram e os que nem isso podem pedir por razões óbvias, não cresceram, só incharam e por isso ocupam mais espaço. Mas esse circo privado é ainda mais espantosamente medíocre e a sua lona pobre e podre. Quando cair, envolverá a todos.

    Essa será a luta.

    A nossa luta.

    Desarmar esse circo.

    E homens como você são imprescindíveis nessa luta.

    1. Que diferença de Robertos Freires,

      hein Ronaldo? Mas lembrando-me de “Cléo e Daniel”, escrito pelo primeiro, o bom, volta-me tesão. E vamos em frente!

    2. Bem observado, companheiro;

      Bem observado, companheiro; precisamos de mais “textos  viagra” como este, para endurecermos, ” sem perder a ternura”, como  recomendava o Comandante.

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