Depois de ler o comentário que virou post e os decorrentes , a justificativa do Nassif , enfim.. concordo com a Adelaide, sobretudo, quando ela diz “nem homem , nem mulher, somos todos iguais …”
Sucede que eu não consigo vislumbrar quaisquer avanços para a democracia quando os debates se apoiam numa premissa que se encontra em um sistema de pares de opostos, neste caso específico, homem-mulher. Uma visão de mundo que escamoteia as especificidades , as diferenças e a singularidades , de modo que não há o que dizer.
Mas relato algo que para mim é muito importante : Foucault não respondia às objeções daqueles que ele não reconhecia como interlocutores e certa vez um repórter perguntou-lhe o motivo pelo qual ele não gostava de polêmica. Abaixo sua resposta que concordo e pratico:
“A condição prévia para qualquer diálago: respeito pelo interlocutor, a consideração por aquilo que ele diz.(…) gosto da discussão e quando me fazem perguntas tento respondê-las. Mas é verdade que não gosto de polêmica. (…) No jogo sério de perguntas e respostas , no trabalho de elucidação recíproca, os direitos de cada pessoa são , de certo modo, recíprocos. Dependem unicamente da situação do diálogo(…) Ao contrário, o polemista avança armado dos privilégios que possui logo de saída, e nunca aceitará fazer perguntas. Por princípio, ele detém o direito que o autoriza a guerrear e a fazer dessa batalha um empreendimento justo. A pessoa que ele tem diante de si não é um parceiro na procura da verdade, mas um adversário, um inimigo que não tem razão, que é nocivo, e cuja existência constitui uma ameaça.(…)
Foucault também dizia “que seria necessário escrever uma história da polêmica, para compreender como ela se constituiu historicamente , segundo três modelos: religioso, judiciário e político.” Modelos que queria recusar e propor um código de boa conduta e uma moral da comunicação concreta e efetiva” (Eribon-Michel Foucault e seus contemporâneos/Jorge Zahar/1996)
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