Agroecologia nas escolas do campo: caminhos e metodologias

Ana Gabriela Sales
Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.
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Foto: Divulgação/MST

Da Página do MST

Agroecologia nas escolas do campo: caminhos e metodologias

Por Rarielle Costa

Escola Popular de Agroecologia e Agrofloresta Egídio Brunetto, na Bahia, lança caderno de Educação em Agroecologia para estimular uma nova forma de viver no campo e na cidade

A Escola Popular de Agroecologia e Agrofloresta Egídio Brunetto (EPAAEB) nasceu no Extremo Sul do Estado da Bahia, com a estratégica política de contribuir na formação agroecológica na agricultura camponesa, em respeito ao meio ambiente. E assim, fortalecer as organizações populares envolvidas na construção da Reforma Agrária Popular. 

Nessa perspectiva em 2017, a EPAAEB lança o primeiro caderno de Educação em Agroecologia, intitulado Agroecologia na Educação: questão propositiva de conteúdo e metodologia. A produção do material iniciou-se com a sensibilidade da campanha contra o uso de agrotóxicos e transformou-se em ponto central para formação nas escolas de assentamentos e acampamentos da regional Extremo Sul. Se tornando um marco na reformulação curricular da educação do campo em 2015, por meio do setor de educação na Bahia.

Para o integrante do setor de produção do MST no Estado, Felipe Campelo, a construção da Agroecologia precisa ser entendida em sentido amplo, na apropriação e construção do conhecimento teórico, “na luta política pelo território que envolve e, na prática social, organizacional e produtiva dos assentamentos”, explica.

A iniciativa busca estimular nas escolas do campo uma nova forma de viver e conviver no campo e na cidade, respeitando o meio ambiente e incentivando a produção de alimentos saudáveis, para um novo equilíbrio social e ambiental.

O primeiro passo foi propor ao município de Alcobaça a disciplina da Agroecologia como componente da grade curricular nas escolas do campo. Em parceria com o Sindicato dos Professores foi possível mobilizar e aprovar a disciplina na Câmera de Vereadores. Este foi o primeiro município da Bahia a prever essa disciplina em sua grade curricular do ensino público municipal. 

O desafio de pensar os conhecimentos da Agroecologia na perspectiva curricular foi resultado de anos de luta do setor de educação do MST. Segundo a integrante da Coordenação Pedagógica da EPAAEB, Dionara Ribeiro, nesse caminho o foco foi zelar por uma construção coletiva. 

“Todas e todos os educadores que se engajaram nesse trabalho tiveram um papel fundamental, tanto na prática pedagógica que construíram  em  cada escola, quanto na participação, problematização e na reflexão realizada em cada curso e seminário”, argumenta Dionara.

Foto: Divulgação MST

A definição do coletivo escolar foi de que a disciplina seria trabalhada de forma interdisciplinar, o que exigiu um trabalho coletivo entre os professores, remetendo a uma reestruturação organizativa em muitas escolas para a realização do planejamento. Como resultado, logo mais um município inseriu no seu currículo a disciplina de Agroecologia, desta vez foi Santa Cruz Cabrália.

A tarefa não foi fácil, pois além de planejar como trabalhar os conteúdos agroecológicos no processo educativo, foi preciso fazer a formação continuada do corpo docente das escolas do campo no estado. Por outro lado, também é necessário avançar e implantar a disciplinar na grade curricular dos municípios que ainda não aderiram, além de dar continuidade à formação continuada dos educadores. 

Campelo comenta que a EPAAEB possui papel fundamental na participação e construção de espaços voltados ao avanço da Reforma Agrária e da Agroecologia nos assentamentos da região. “A agroecologia na escola precisar estar vinculada ao projeto de Reforma Agrária Popular pelo qual o MST trabalha”, conclui.

Escolas pioneiras

As escolas pioneiras na construção da Agroecologia na regional Extremo Sul, se encontram em processo de desenvolvimento do projeto político pedagógico de ensino, como a Escola Eloi Ferreira, no município de Alcobaça, que atende um publico da educação infantil e ao ensino fundamental II. A escola localiza-se no Assentamento 40-45.

Após as negociações com a prefeitura e o trabalho coletivo da coordenação pedagógica a escola transformou a disciplina de Agroecologia em parte do Programa de Educação Ambiental do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), denominado Desperta. 

Foto: Divulgação MST
 
Já a Escola Paulo Freire do município de Santa Cruz Cabrália, localizada no Assentamento Luís Inácio Lula da Silva, iniciou trabalhando a Agroecologia na disciplina de agricultura. A partir disso o corpo docente sentiu a necessidade de trabalhar a disciplina na pratica, buscando conscientizar os educandos(as) na produção agrícola, sem o uso de agrotóxicos. O trabalho  possibilitou a legalização da disciplinar de Agroecologia no ano de 2015.
 
Outra escola que se inseriu nesse processo foi a Oziel Alves Pereira, no município de Itamaraju, localizada no Assentamento Bela Vista. Desde de 2008, a escola oferece em sua grade curricular a disciplina de agricultura. Entre 2013 e 2014, a disciplina foi desenvolvida em parceria com o projeto Desperta do SENAR e a partir de 2015 foi  a disciplina de Agroecologia, proposta pelo setor de educação do MST e a EPAAEB. A partir do trabalho com temas gerados e orientados pelo setor de educação do MST e a EPAAEB a disciplina avançou nas atividades práticas e construção de ações conjuntas entre várias áreas do conhecimento, se diferenciando do Projeto Desperta.
 
A EPAAEB também realiza a formação de técnica, por meio do Curso Técnico em Agroecologia Pós-médio e vem construindo uma especialização para professores no campo da agroecologia.
 
*Editado por Solange Engelmann.
 
Ana Gabriela Sales

Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.

2 Comentários

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  1. Canal para o MST

    Muito importante esse trabalho de base nas escolas. 

    O MST poderia, não se tem, criar um canal de streaming para fazer um programa diário, semanal ou quinzenal com essas notícias e acompanhamentos da vida no campo.

    Além de prover informações que não temos – e as que temos não dá para confiar muito porque tem o viés dos adversários – servirá de educação política e ambiental para a cidadania. Um MST Cultural, rs. 

    Sem informação acessível, e hoje o audiovisual é fundamental, teremos que suportar a Globélica com seu Agropop, e a guerrilha desinformativa da extrema-direita que no campo já é conhecida acabará por transformar campesinos em terroristas, nas mentes intoxicadas que estão distantes demais da realidade e cooptadas pela ignorância. 

    Parabéns pelo trabalho missionário de defesa do campo e da natureza. 

     

    Sampa/SP, 27/11/2018 – 16:21 

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