Em 2015, safra do Nordeste deve superar Sudeste

Lionel, não criticando o
Lionel, não criticando o comentário pois o comentário foi positivo, mas acho perigoso essa “etnização” do desenvolvimento do país, é uma ideia que sempre combati porque é a raiz dos conflitos que vivemos hoje no Brasil, e que veio na entrada de mais emigrantes europeus no séc. XIX e primeira metade do século XX pro Brasil (veio junto não só a diversidade cultural mas também um certo ranço racista ou crença).

Sobre a composição étnica do Piauí, cita a capital mas em geral o estado vai no mesmo caminho:

“A cidade de Teresina, atualmente, tem uma população de 715.360 habitantes8, com a seguinte composição étnica: 72% de mestiços, 23% de brancos, 4,6% de negros, 0,01% de índios, 0,05% de amarelos9. É a principal cidade do Estado e tornou-se um importante pólo de serviços para o meio norte do país, principalmente na área de saúde, especialmente em tratamentos médicos de alta complexidade, como o transplante de órgãos e tecidos.”
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-42302004000400034

O Piauí não é socialmente negro, é mestiço, as maiores populações negras do país ficam na Bahia, mais precisamente em Salvador e no Maranhão. Mas há um problema na questão: a concentração se deu na mudança de capital pro Rio (séc. XIX) e na abolição da escravatura onde contingentes grandes de ex-escravos, agora libertos, acabaram se concentrando de vez em algumas cidades porque foram empurrados pra fora de outros. Fora os contingentes que já haviam em algumas capitais.

E brasilidade não se resume ou nunca se resumiu à questão africana no Brasil, isso é uma perpetuação propagandística da ideologia de “democracia racial” do Estado Novo que perdura até hoje e mascara o caráter racista e segregador do Brasil e da elite que adora um Apartheid racial mascarado de “social”.

O Piauí é mais próximo culturalmente do Ceará, e o Maranhão muitas vezes lembra mais um Estado do Norte (com presença considerável indígena) do que do estereótipo regional criado pra região Nordeste.

A plantação de soja abunda no Piauí, virará novo celereiro da soja em breve e com desenvolvimento rápido (que isso traz).

Mas essa falta de visão do país é fruto em grande parte da própria visão distorcida da mídia do eixo econômico atual do país, que cria essa exclusão cultural e histórica de todo o país distorcendo a própria noção do que é ser nacional no Brasil. Já comentei isso em outros posts, mas é uma questão que a esquerda brasileira, por exemplo, trata na base do desleixo e do desconhecimento e uma hora essas tensões (de identidade do país, que é um dos motivos também pra crise política atual) acabarão estourando sem que identifiquem com clareza a raiz do problema que tá longe de ser só econômico.

Espero que não encare o comentário como crítica, mas sem o seu comentário seria impossível comentar isso que eu tenho certeza que a mídia hegemônica (o oligopólio midiático liderado pela Globo) nunca fez questão de esclarecer ou discutir intensicando essas divisões regionais do país que deveriam ser só pra estudos geográficos e não adquirir conotação étnica pois isso gera distorções perigosas que influenciam até o discurso político nacional.

Eu considerei um erro pesado da esquerda ter caído naquela isca que o FHC jogou quando foi atacar regiões pra gerar tensão e favorcer o ranço pró-PSDB em São Paulo. A esquerda caiu fácil na pilha daquele pilantra e isso só favoreceu o Aécio na eleição.