2014: mais um ano de desafios

Sugerido por Assis Ribeiro
 
Da Carta Maior
 
As sementes de 2014 
 
Que 2014 seja um degrau dessa caminhada é o engajamento fraterno que une Carta Maior e seus leitores a milhões de brasileiros empenhados em construir o Ano Novo
 
Liste meia dúzia de fatos públicos que subverteram a sua indiferença em 2013.
 
O exercício  rememorativo não busca o rigor dos balanços enciclopédicos, mas o frescor do impacto que  impele à ação e faz da  memória  um pedaço do futuro. 
 
O que mais te impressionou no Ano Velho?
 
A convalescência sem cura da desordem neoliberal; o custo histórico devastador dessa longa agonia?
 
A força fraca das praças e ruas cheias de protestos, mas vazios de projetos?
 
O afunilamento do establishment  capitalista, ilustrada no esfarelamento de Obama e da UE ?
 
A  versão nativa desse ponto de mutação; a despudorada endogamia  entre a direita, a ‘terceira via’, o judiciário e a mídia no Brasil?
 
O espaço de exceção escavado na democracia brasileira pela  AP 470;  a cobrança  de um aggiornamento político que essa ofensiva vem reiterar ao PT?
 

A morte de Chávez — as rupturas que a roleta biológica impõe ao destino individual e coletivo, desprovido de contrapesos institucionais perenes?
 
A angústia ambiental  marcada nos ponteiros de um futuro capturado pela lógica cega dos oligopólios?
 
A confirmação de que nunca mais estaremos sozinhos, como provou Edward Snowden?
 
A percepção de que é inadiável  refazer o pacto do desenvolvimento brasileiro,  interditado pela virulenta sabotagem conservadora?  
A  dura transição de uma América Latina cobrada a reconstruir o alicerce da esquerda  na areia movediça da crise global?
 
A certeza de que viver e produzir como  indivíduo e/ou famílias  isoladas, diante das forças descomunais dos mercados, é a  danação da liberdade individual e não o seu fastígio?
 
As combinações são inesgotáveis.
 
Mas dificilmente escapam à percepção, quase sensorial, de que o calendário e a história coincidem cada vez mais em direção à travessia do velho para o novo.
 
A opressão de uma existência  sobrecarregada de demandas coletivas não contempladas não cairá por si.
 
De novo, é incontornável  refletir sobre o peso decisivo do poder que essa travessia requisita.
 
O poder de Estado.
 
Os compromissos e escolhas  que a luta dentro e fora dele impõe, mas sobretudo, as salvaguardas do processo que só a ampliação da democracia participativa pode assegurar.
 
O Brasil viverá nas eleições de 2014 um degrau importante dessa transição de ciclo.
 
Pelo seu peso geopolítico dentro e fora da AL, não é exagero dizer que a luta pela reeleição de Dilma pulsa na constelação dos divisores que vão ordenar o longo amanhecer do século XXI.
 
A sociedade que emergiu das conquistas acumuladas a partir de 2002, não cabe mais nos limites do atual sistema político nacional.
 
A democracia brasileira precisa se ampliar para que a riqueza possa  convergir. E a economia voltar a crescer.
 
As costuras já não se sustentam com novos  remendos.
 
Uma  logística e uma industrialização  planejadas  para servir a 30% da população mostram  a incompatibilidade do projeto elitista com o anseio de cidadania  de milhões de brasileiros resgatados da fome e da miséria na última década.
 
Supor que  uma novo equilíbrio emergirá do retorno a políticas nefastas dos anos 90, quando o país, seu patrimônio e sua gente foram reduzidos a um anexo dos mercados desregulados, é confundir o que anda para frente com o cortejo empenhado em ir para trás.
 
A responsabilidade de interferir nessa disputa requer certas estacas balizadoras que impeçam o retrocesso e assegurem o rumo progressista às mudanças.
 
O Brasil tem razões para não regredir.
 
A desigualdade entre nós ainda grita alto em qualquer competição mundial.
 
Mas indicadores de 150 países comparados pela  Boston Consulting Group mostram que o Brasil foi o que melhor utilizou o crescimento dos últimos cinco anos para elevar o padrão de vida da população.
 
A narrativa conservadora sempre desdenhou da dinâmica vigorosa embutida nesse degelo social.
 
Reconhecer os novos aceleradores sociais do desenvolvimento não implica negar os gargalos prevalecentes e outros novos  adicionados pela correlação de forças da última década.
 
Ambos são reais.
 
A coexistência de um Brasil urgente, vital e encorajador, com uma estrutura  de comunicação anacrônica e monopolista, por exemplo,  distorce e constrange  as vozes que precisam ser ouvidas nesse Rubicão da nossa história.
 
A travessia  não se completará  de forma emancipadora se a mídia persistir como um poder ubíquo, dotado de meios e recursos leoninos para exacerbar o conflito,  desqualificar projetos e fraudar opiniões que não comungam do seu ideário de nação e de mundo.
 
A importância desse debate e desse momento levou Carta Maior  a definir uma nova etapa de sua história.
 
Para contemplá-lo renovamos o projeto gráfico e promovemos um salto editorial com a incorporação de vozes consagradas do debate democrático brasileiro.
 
Mudamos não para reforçar uma casamata de certezas graníticas.
 
Mas para ampliar a janela aberta ao ar fresco do desassombro, que inclui a crítica e a  autocrítica das escolhas e experiências do próprio campo progressista nesse percurso.
 
Temos a convicção de que  somente assim será possível enxergar melhor o caminho  no longo amanhecer da sociedade de homens e mulheres livres que tenham o comando do seu próprio destino.
 
Que 2014 seja um degrau dessa caminhada é o engajamento fraterno que une Carta Maior e seus leitores  a milhões de brasileiros empenhados em construir o verdadeiro Ano Novo.
 
http://www.cartamaior.com.br/?/Editorial/As-sementes-de-2014-em-nos/29910
Redação

3 Comentários

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  1. Sem Barbosa, 2014 será muito melhor

    SERÁ QUE ELE VAI REALMENTE NOS FAVORECER COM A SUA AUSÊNCIA? O RAPAZ QUE SE ENCONTRA ABRAÇANDO COM A MOÇA DE VESTIDO VERMELHO É O FILHO DE BARBOSA QUE TRABALHA NA GLOBO?

    Lewandowski: “rumos da Justiça serão corrigidos”

    Edição/247 Fotos: STF | Agência ODia:

    Declaração do ministro Ricardo Lewandowski, que assumirá a presidência do Supremo Tribunal Federal (STF) em março, dada ao blogueiro Eduardo Guimarães, colunista do 247, é uma crítica ao modo como o atual presidente da Corte, ministro Joaquim Barbosa, tem conduzido certas discussões, como o julgamento da Ação Penal 470, o mensalão; Barbosa, que caiu no samba no Rio na última segunda-feira de 2013, mesmo alegando falta de tempo para mandar prender o réu confesso Roberto Jefferson, deve antecipar sua aposentadoria do Supremo, assim que Lewandowski assumir, para dar prosseguimento a seu projeto político-eleitoral

    1 de Janeiro de 2014 às 11:57

    247 – Prestes a assumir a presidência do Supremo Tribunal Federal (STF) em março, o ministro Ricardo Lewandowski afirmou ao blogueiro Eduardo Guimarães, em um telefonema no último dia do ano, que crê “que os rumos da Justiça brasileira serão corrigidos”. Na defesa de teses no Supremo, Lewandowski é o que mais se contrapõe às decisões do atual presidente, o ministro Joaquim Barbosa. Também reclama, com frequência, da forma autoritária como Barbosa encaminha certas questões. 

    Ao dizer que pretende corrigir os rumos da Justiça, Lewandowski faz uma crítica clara e objetiva ao atual presidente, que fez do julgamento da Ação Penal 470, o mensalão, seu possível trampolim para uma carreira política. O comentário serve também de crítica a forma como Barbosa encaminhou as prisões dos condenados na ação, priorizando os petistas, colocando-os em regime diverso ao que determinou as decisões (em regime fechado ao invés do semiaberto), e deixando livres réus confessos, como Roberto Jefferson, que assumiu ter administrado R$ 4 milhões para o caixa 2 do PTB.

    Quando houver a mudança de comando na Suprema Corte, o atual presidente deve antecipar sua aposentadoria para não ser presidido pelo colega Lewandowski e também para dar prosseguimento a seus projetos eleitorais.

    Abaixo a postagem feita pelo blogueiro Eduardo Guimarães em seu perfil no Facebook:

    Companheiras e companheiros, concluo as minhas postagens no Facebook em 2013 com um relato. Como ajudava a esposa com a ceia que preparamos para filhos e netos, não ouvi o celular tocando. Quando vou vê-lo, há seis ligações não atendidas. Todas do mesmo número. Como o número era privado, não pude retornar.

    Mas, agora com o aparelho no bolso, ouço e atendo a sétima ligação do mesmo número. A ligação com os votos de bom Ano Novo dessa importantíssima figura da vida nacional foi dirigida a este que escreve e à sua família, mas divido com todos vocês porque vossa leitura e divulgação de meu trabalho como blogueiro os torna partícipes dele.

    Mais uma vez, o ministro Ricardo Lewandowski reafirma sua leitura diária do Blog da Cidadania, cobre-me de elogios e reafirma, igualmente, sua crença em que os rumos da Justiça brasileira serão corrigidos. Como disse a ele, cada um de nós faz o que está ao seu alcance para melhorar este país. Eu, Lewandowski e vocês somos apenas engrenagens da mesma máquina que trabalha a todo vapor pela democracia brasileira. Feliz 2014, companheiras e companheiros. A luta continua. Eduardo Guimarães e família.

     

     

     

     

  2. È uma carta de desejos? Ou

    È uma carta de desejos? Ou será uma analise?  Parece ser uma praguejada delirante.

    Afunilamento do establishment capitalisra? Onde?

    Esfarelamento de Obama? Em que?

    A culpa é da midia? Ou será da falta de rumos, de projeto, de estrategia, de entusiasmo para um passo à frente de um Pais amorfo, desintegrado, disperso, atirando em direções erraticas?

    Um tema desses merecia algo melhor.

  3. Carta Maior com esse

    Carta Maior com esse editorial mostra não ser nada mais do que o fantasma da “burguesia progressista” brasileira, coisa que só existe na boa vontade presente na mente de alguns jornalistas que conseguem circular por fora da midia tradicional, mas que parecem não ter nada melhor para propor do que uma melhor versão do sistema em que vivemos.

    O que o PT ganhou de votos em 2002 perdeu em projeto. E depois ainda fala que faltam projetos às ruas. Cada vez fica mais claro que os grandes entusiastas do petismo atual são aqueles que simplesmente consideram o PT um melhor gerente do Estado brasileiro do que era seu antecessor, o PSDB. Qualquer coisa mais do que isso é pedir demais.

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