Chile: esquerda coloca 180 mil nas ruas contra a corrupção

Marcha 16 de abril, 01

Frederico Füllgraf,

Santiago do Chile, Especial para Jornal GGN

Ao contrário do Brasil, onde as manifestações contra a corrupção – sempre com alvo seletivo, manipulado pela grande imprensa – foram encabeçadas pela direita empedernida e retrógrada, ontem, 16 de abril, 180 mil estudantes, trabalhadores, pescadores, professores e partidos do arco da esquerda não governista marcharam em Santiago contra a corrupção no Chile.

Corrupção inicialmente circunscrita ao Caso Penta, de financiamento clandestino pelo Grupo Penta do partido da ultra-direita, UDI-União Democrática Independente, agora ampliada aos casos Caval (tráfico de influência de Sebastián Dávalos, filho de Michelle Bachelet) e SQM-Soquimich (maior mineradora de lítio do Chile, de propriedade de Julio Ponce Lerou, ex-genro de Augusto Pinochet), que revela financiamento do caixa-dois de diversos partidos da coalização governista Nueva Mayoría, de centro-esquerda.

O Servicio de Impuestos Internos, versão chilena da Receita Fedaral, entregou ao Ministério Público uma lista com os nomes de 17 contribuintes e 846 “documentos tributários falsos” (notas frias) emitidas por supostos assessores e prestadores de serviços à SQM. A soma do desfalque contra o fisco chileno é da ordem de 34,0 milhões de dólares; montante risível diante dos mega-escândalos brasileiros (Lava-Jato, Trensalão, Operação Zelotes), mas suficiente para trancafiar atrás ds grades os executivos do Grupo Penta e, em cenário paralelo, fazer despencar a aprovação da presidente Michelle Bachelet a 26%, o mais baixo índice desde sua primeira gestão (2006-2010), disseminando a indignação popular contra a cooptação e contaminação do sistema político em bloco pelos oligarcas do oligopólio neoliberal permissivo erguido pela ditadura Pinochet.

“Esta no puede ser sino la primera de muchas marchas, donde fortalezcamos la unidad que vemos hoy, entre luchas medioambientales, feministas, educacional, trabajadores, pobladores. Este debe ser el momento en que Chile entero diga ¡basta!, y retome las riendas de su futuro” – declarou Valentina Saavedra, presidente da Federação de Estudantes da Universidade do Chile, em contundente discurso com clara advertência à direita e à coalizão governista envolvidas em “práticas licenciosas entre dinheiro e a política”.

Redação

3 Comentários

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  1. PQP! Assim nao da! Ta dificil

    PQP! Assim nao da! Ta dificil rearumar a vida da America Latina numa posicao mais a esquerda, com essa confusao toda. Tem muito de “Inconsciente Coletivo” nas posicoes tomadas por certos grupos(tribos) de esquerda, no Mundo todo. Ai fica muito assim: PT x PSDB,   Bachelet x Pinochet. A  coisa nao e bem assim. Temos que encontrar um caminho ,( nao digo alternativo no sentido lunatico ), mas que nao seja a unica alternativa para a populacao , mas a melhor.

  2. Enquanto não pedir o

    Enquanto não pedir o impecheament de Bachelet, nem a “intervenção militar constitucional”, “S.O.S. AMÉRICA”, tudo bem…

    SE começarem a xingar o P. Neruda, o Victor Jara, etc., bom aí tem coisa errada… seria mais uma “revolução colorida”…

  3. Não se vê negros, não se vê

    Não se vê negros, não se vê pobres, o que se vê são golpistas que perderam as eleições, quantos eles representam  da população, são apenas minorias manipulados e de descontentes, a maioria não foi para as ruas.

    Entenderam, regras politicas são criadas e elas servem para todos , eu poderia usar todas as regras de que a esquerda ilária usou para desquilificar as manifestações no nosso país.

     

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