Com “uma pistola na cabeça da Argentina”, jornada de lutas contra o FMI toma Buenos Aires

Renato Santana
Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.
[email protected]

O ex-presidente Mauricio Macri (2015 a 2019) contratou do FMI empréstimos de US$ 55 milhões. Fundo sufoca Argentina com exigências

Manifestantes protestam contra o FMI. Foto: EFE

Em Buenos Aires, nesta sexta-feira (16), milhares de argentinos protestam contra o Fundo Monetário Internacional (FMI). Os manifestantes, depois de inundar as ruas da capital, se concentraram na Praça de Mayo. 

Na noite de ontem, a vice-presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, afirmou que o FMI colocou “uma pistola na cabeça da Argentina”, em referência a exigências do Fundo após empréstimos concedidos entre 2015 e 2019.  

O “Paro Geral” é uma jornada convocada por centrais sindicais, estudantes e organizações sociais e políticas. Além de Buenos Aires, cidades por toda a Argentina também realizam manifestações com a mesma pauta. 

Na pauta, os movimentos reivindicam aumento salarial de forma emergencial e rechaçam a ingerência do FMI nas decisões econômicas do país. Como é prática do Fundo, imposições ao rumo econômico do país e ao uso dos empréstimos. 

Para o secretário geral da Central dos Trabalhadores da Argentina Autônoma (CTAA) e Associação dos Trabalhadores do Estado (ATE), Hugo Godoy, é necessário o aumento salarial e freios nas imposições do FMI. 

As organizações da jornada também reivindicam o fim da precarização do trabalho, mais justiça social e que o governo argentino pare de fazer ajustes econômicos, que estrangulam a população, para atender ao FMI.

Endividamento

Na noite desta quinta-feira (15), na província de Santa Cruz, a vice-presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, afirmou que o principal problema hoje é o endividamento de 45 milhões de dólares do país com o FMI. 

O endividamento foi feito entre 2015 e 2019, na gestão de Maurício Macri. Conforme o Fundo, Macri fez empréstimos na ordem dos 55 milhões de dólares, mas 45 deles logo “fugiram ao exterior”. 

“É necessário refletirmos e que de forma consciente promovamos um diálogo entre todas as forças políticas para abordar o tema do endividamento com o FMI, porque esse é o principal problema da Argentina”, disse Cristina.

Para a vice-presidente, a Argentina necessita “imperiosamente” acabar com a economia bimonetária e “ter uma postura nacional, patriótica, frente aos que exigem programas de ajuste”. 

Recuperar dólares 

Cristina entende que de forma emergencial é preciso renegociar a dívida com o FMI e recuperar dólares, em falta na Argentina. Sem eles, há dificuldade para pagar a dívida privada e sustentar a indústria para dar-lhe valor agregado.  

Ela recordou que em outras situações havia deixado claro que o país não poderia pagar a dívida com o FMI aproveitando apenas a venda de commodities. 

Cristina também declarou que as classes mais baixas sofrem mais. Mesmo “não sendo o mesmo país”, a vice-presidente fez comparações com crises semelhantes ocorridas na Argentina em 1989 e 2001. 

LEIA MAIS:

Renato Santana

Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador