Em Buenos Aires, nesta sexta-feira (16), milhares de argentinos protestam contra o Fundo Monetário Internacional (FMI). Os manifestantes, depois de inundar as ruas da capital, se concentraram na Praça de Mayo.
Na noite de ontem, a vice-presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, afirmou que o FMI colocou “uma pistola na cabeça da Argentina”, em referência a exigências do Fundo após empréstimos concedidos entre 2015 e 2019.
O “Paro Geral” é uma jornada convocada por centrais sindicais, estudantes e organizações sociais e políticas. Além de Buenos Aires, cidades por toda a Argentina também realizam manifestações com a mesma pauta.
Na pauta, os movimentos reivindicam aumento salarial de forma emergencial e rechaçam a ingerência do FMI nas decisões econômicas do país. Como é prática do Fundo, imposições ao rumo econômico do país e ao uso dos empréstimos.
Para o secretário geral da Central dos Trabalhadores da Argentina Autônoma (CTAA) e Associação dos Trabalhadores do Estado (ATE), Hugo Godoy, é necessário o aumento salarial e freios nas imposições do FMI.
As organizações da jornada também reivindicam o fim da precarização do trabalho, mais justiça social e que o governo argentino pare de fazer ajustes econômicos, que estrangulam a população, para atender ao FMI.
Endividamento
Na noite desta quinta-feira (15), na província de Santa Cruz, a vice-presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, afirmou que o principal problema hoje é o endividamento de 45 milhões de dólares do país com o FMI.
O endividamento foi feito entre 2015 e 2019, na gestão de Maurício Macri. Conforme o Fundo, Macri fez empréstimos na ordem dos 55 milhões de dólares, mas 45 deles logo “fugiram ao exterior”.
“É necessário refletirmos e que de forma consciente promovamos um diálogo entre todas as forças políticas para abordar o tema do endividamento com o FMI, porque esse é o principal problema da Argentina”, disse Cristina.
Para a vice-presidente, a Argentina necessita “imperiosamente” acabar com a economia bimonetária e “ter uma postura nacional, patriótica, frente aos que exigem programas de ajuste”.
Recuperar dólares
Cristina entende que de forma emergencial é preciso renegociar a dívida com o FMI e recuperar dólares, em falta na Argentina. Sem eles, há dificuldade para pagar a dívida privada e sustentar a indústria para dar-lhe valor agregado.
Ela recordou que em outras situações havia deixado claro que o país não poderia pagar a dívida com o FMI aproveitando apenas a venda de commodities.
Cristina também declarou que as classes mais baixas sofrem mais. Mesmo “não sendo o mesmo país”, a vice-presidente fez comparações com crises semelhantes ocorridas na Argentina em 1989 e 2001.
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