Jornal GGN – O endividamento da Argentina alcançou níveis inéditos no governo de Maurico Macri, trazendo preocupações para economistas e políticos.
Com medidas como o controle cambial e ajuste de tarifas, o governo argentinou gerou confiança para quitar a dívida de US$ 9,3 bilhões com os fundos especulativos que compraram títulos de credores que não aceitaram a reestruturação da dívida argentina.
O país conseguiu voltar aos mercados internacionais e recebeu US$ 40 bilhões em empréstimos nos últimos 11 meses, aumentando a dívida pública em cerca de US$ 200 bilhões.
Os especialistas temem que tais investimentos sejam “de andorinha”, e que deixem o país em momentos de incerteza.
Leia mais abaixo:
Um grupo de economistas e políticos demonstra preocupação com os níveis inéditos de endividamento que a Argentina alcançou no governo de Mauricio Macri, que completa um ano no poder daqui um mês.
Esse nervosismo contrasta com o entusiasmo em alguns setores da sociedade e meios de comunicação, que elogiam a gestão do presidente com frases como “não viramos a Venezuela” – o que é, ao mesmo tempo, uma crítica às políticas “populistas” adotadas pelo governo anterior, de Cristina Kirchner.
Com o controle cambial e algumas medidas concretas – como ajustar tarifas de serviços públicos, negociar com a oposição e buscar mais transparência nos números – Macri conseguiu gerar confiança interna e externa para pagar a dívida de US$ 9,3 bilhões de dólares (R$ 33,35 bilhões) aos “fundos abutres”.
Essa é a alcunha geralmente dada aos fundos especulativos que compraram títulos de credores que não aceitaram a reestruturação da dívida feita por Buenos Aires entre 2005 e 2010.
Com isso, a Argentina voltou aos mercados internacionais depois de 15 anos. E aproveitou isso – nos últimos 11 meses, governos, províncias e bancos argentinos receberam US$ 40 bilhões (R$ 129 bilhões) em empréstimos, o que elevou a dívida pública em cerca de US$ 200 bilhões (R$ 647 bilhões), o que representa quase 30% do PIB (Produto Interno Bruto).
Os números são alarmantes para alguns economistas, mas não pelo que revelam, já que a Argentina continua sendo um dos países menos endivididados a nível regional.
O que eles temem é que a chamada “chuva de dólares” possa representar um retrocesso diante de todo o esforço para baixar a inflação, reduzir o deficit e recuperar o crescimento.
Os traumas do passado
O medo é embasado em experiências anteriores, quando um alto deficit fiscal foi financiado com emissão de títulos de dívida sem que houvesse uma mudança na forma como a Argentina paga suas contas.
Guardadas as devidas proporções, foi o que aconteceu em 2001, quando o esquema de financiamento internacional foi interrompido de repente em meio à profunda crise política e econômica que terminou com o famoso “corralito” (restrição dos depósitos bancários) e em uma revolta social que deixou 39 mortos em protestos.
E não foi a única vez – em 1989, após vários planos governamentais para conter a inflação usando empréstimos para financiar o deficit não funcionarem, criou-se um ambiente de incerteza que disparou a fuga de capitais e gerou a hiperinflação, o que acelerou a queda do então presidente Raúl Alfonsín.
E aconteceu também durante o regime militar, em 1979, quando o governo realizou várias minidesvalorizações sem reduzir o gasto e não conseguiu conter a perda de reservas, o que o obrigou a fazer uma desvalorização radical e chegar, mais uma vez, à hiperinflação.
Não por caso, a dívida é uma das questões que a ex-presidente, que representa uma parte importante da oposição, utiliza para criticar Macri.
“Adivinhem quem vai pagar?”, perguntou Cristina recentemente nas redes sociais. “Não serão os bancos estrangeiros, não será o governo, serão os milhões de argentinos e argentinas.”
Por que isso pode ser um problema
Apesar de muitos serem críticos a Cristina, alguns analistas que questionam o endividamento do governo Macri compartilham a preocupação da ex-presidente.
E, em termos gerais, a explicação é a seguinte: os empréstimos que o governo está recebendo não estão sendo gastos em planos de longo prazo – ou seja, que podem gerar dinheiro para pagar a dívida -, mas em pagamentos de fundo de caixa, redução de deficit fiscal e aumento das reservas internacionais.
A pergunta é: o que vai acontecer com a dívida e com os gastos do governo no próximo ano?
Os especialistas consultados pela BBC Mundo, serviço em espanhol da BBC, explicam que os investimentos mistos e privados de cerca de US$ 50 bilhões (R$ 162 bilhões) que Macri disse ter realizado não são todos diretos – e podem ser considerados “de andorinha”.
Em outras palavras, são capitais que podem voltar a sair do país em qualquer momento de incerteza ou crises internacionais.
Macri manteve o nível alto de gastos públicos do governo anterior, em parte por causa da pressão de sindicatos e em parte, segundo analistas, porque em 2017 acontecerão eleições legislativas.
A Argentina é um dos países com maior gasto público da América Latina, e 80% do despendido é destinado a serviços sociais como saúde e educação ou econômicos, como infraestrutura, por exemplo.
Se o governo continuar gastando mais do que tem, advertem os especialistas, cedo ou tarde ficará sem fundos para pagar a dívida. E, com isso, poderia repetir cenários do passado mencionados acima.
“No momento, tenhamos calma – pelo menos até setembro ou outubro do ano que vem”, disse Hector Rubini, professor de Economia da Universidade del Salvador, em Buenos Aires.
“A preocupação é que vemos um grande crescimento do deficit fiscal e da dívida pública, mas não do investimento produtivo e isso, somado ao atraso do tipo de câmbio real, pode provocar sérias dúvidas no futuro sobre a capacidade efetiva do Estado de gerar dólares e pesos o suficiente para cumprir seus compromissos com os credores”, disse à BBC.
“A nossa sociedade pensa que é muito mais rica do que é e está inclinada demais a desacreditar qualquer governo que peça um ajuste”, afirmou Juan José Cruces, diretor do Centro de Investigação de Finanças da Universidade Torcuato di Tella, em Buenos Aires.
“Eu tenho a esperança de que o governo faça (o ajuste) antes das eleições de 2017”, acrescentou, em referência a um programa que implicasse reduzir significativamente o gasto público, que é historicamente alto.
“O risco é que nunca façamos isso, e aí sim estaremos em apuros.”
Um corte certamente poderia afetar os programas sociais que Macri prometeu manter, algo talvez ainda menos popular do que o endividamento.
A BBC Mundo tentou conversar com o Ministério da Fazenda argentino sobre o assunto, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.
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A mentira tem pernas curtas
Muitos jornais e midiotas celebraram a eleição de Macri como se fosse uma nova aurora no continente e o resultado está aí. E será visto aqui também. Os governos de Brasil e Argentina mudaram a cara, mas continuam com os mesmos vícios, passando a sujeira para baixo do tapete e a conta para o andar de baixo. O que vem a frente são tempos bem bicudos e só deus sabe quando vem uma possível recuperação econômica.
Se quisermos ter uma boa
Se quisermos ter uma boa ideia de como será o futuro do país sob o comanda da camarilha, é necessário que vejamos o que acontece hoje com a Argentina. Com uma diferença = lá o povo escolheu este programa de governo; aqui, em 14 votou-se num programa e hoje se sente dia a dia sendo implantado um programa completamente oposto ao escolhido pelo povo.
Sim, mas o mesmo povo que
Sim, mas o mesmo povo que escolheu está reagindo fortemente, enquanto a vontade do nosso foi atropelada e a resposta dele foi na urna. Apertou o 4, o 5 e confirmou !!!
O povo Argerntino, em que pese ter eleito esse canalha, está anos-luz a frente do Brasileiro… Alias, que povo não está anos luz a frente do nosso ???
O Mito de Sisifu
Povo burro é assim: toma na cabeça e nunca aprende. Chamo de MIto de “Sisifu”. Que nem o brasileiro. América Latrina é assim mesmo. Tem jeito não. Eu acho é tome.
Mito 🙂
Em linguagem coloquial moderna seria: “O Mito de Sifudeu”
calderão da bruxa
Macri está fazendo o trabalho para o qual foi fartamente apoiado e patrocinado:
Endividar e entregar nas mãos do sistema financeiro o país inteiro…
Depois que Macri abriu as pernas e pagou US$ 9,3 bilhões aos fundos abutres,
o país conseguiu voltar aos mercados financeiros internacionais, depois de 15 anos.
E como “João e Maria na casa feita de doces pela bruxa da floresta”,
estão as autoridades argentinas se lambuzando com empréstimos…
O triste é que não serão estas “autoridades lambuzadas” que vão parar no calderão da bruxa da floresta financeira, será o povo argentino, os verdadeiros Joões e Marias…
Vão para o mesmo buraco do
Vão para o mesmo buraco do brasil. ou será que é o brasil que irá para o mesmo buraco dos argentinos?
Lá, os próprios argentinos cavaram a sepultura ao elegerem um asno só porque era presidente do clube mais popular do país.
Aqui, o judiciário e a mídia cavaram a sepultura para nós. Entretanto, caminhamos alegremente para ela.