Argentina apela a Lula para tentar salvar investimento da Vale, diz FT

Jornal GGN – Um mês depois que a presidenta Dilma Rousseff visitou a Argentina, o ex-presidente Lula foi retratado no país vizinho discutindo o futuro do projeto de Rio Colorado, suspenso pela Vale em março deste ano. Embora tenha sido privatizada em 1997, a mineradora tem sofrido bastante pressão da União, numa abordagem cada vez mais intervencionista na economia, afirma o jornal britânico Financial Times.

O projeto do Vale Rio Colorado, deveria ser um dos maiores investimentos estrangeiros na Argentina e transformaria a Argentina em um dos maiores fornecedores de potássio. No entanto, a inflação galopante e os controles cambiais na Argentina, fizeram com que a empresa suspendesse o projeto, mesmo depois de gastar US$ 2,5 bilhões para completar mais de 40% do projeto. Segundo a empresa, o custo atual está estimado em US$ 11 bilhões.

A Vale afirmou que busca compradores para a Rio Colorado, adquirida em 2009, mas analistas ouvidos pelo Financial Times duvidam que serão apresentadas ofertas concretas. Para os especialistas a única maneira de vender a mina seria para Argentina para subsidiar o projeto, mas o país não está em condições para apoiar um projeto desse tamanho.

O anúncio foi um grande golpe para o governo Kirchner, afrima o FT, já que a brasileira empregava cerca de 6000 trabalhadores. Além disso, o projeto de mineração também forneceria bastante potássio exportável, o que ajudaria o governo argentino a proteger o superávit comercial do país.

A produção, que estava marcada para começar em 2014 e estimada em 4,3 milhões de toneladas de potássio por ano, seria totalmente destinada para o Brasil. De acordo com o jronal britânico, as fazendas brasileiras sofrem na mão de dois produtores de potássio, a Rússa Uralkali e a Canadá Potash Corporation, que respondem por grande parte da importação de 90% do consumo do minério no país, utilizado como fertilizante.

A decisão da Vale de abandonar o seu importante projeto na Argentina também causou desconforto no governo brasileiro, pois compromete a meta do governo Dilma de tornar o Brasil autossuficiente em fertilizantes até 2020.

Essa pressão de ambos os lados da fronteira, representa um dos maiores testes de independência da Vale, dizem analistas ouvidos pela publicação britânica. O presidente da Vale, Murilo Ferreira, se manteve firme sobre a questão, reiterando a suspensão do projeto poucas horas depois que a presidenta Dilma Rousseff alegou que ainda há espaço para a negociação.

Para o governador da província de Mendoza, Francisco Pérez, Lula parecia aberto a ideia de fazer com que o empreendimento seja viável para a Vale do Rio Doce. Alberto Alzueta, presidente da Câmara Argentino-Brasileira, todos sabem da capacidade de Lula para a negociação. A esperança dos argentinos está voltada para um milagre político de Lula, cujos esforços de mediação como presidente já se estenderam até a uma malfadada troca de urânio entre a Turquia e o Irã, conclui o FT.

Redação

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador