A imunidade da intolerância, por Albertino Ribeiro

A imunidade da intolerância, por Albertino Ribeiro 

Algumas pessoas já ouviram falar na oxitocina. Trata-se de um hormônio produzido pelo nosso organismo e está relacionada ao afeto e a confiança. Essa substância fica aumentada na corrente sanguínea quando a mulher dá a luz. Segundo os cientistas, o hormônio desperta nas parturientes  o desejo de pegar a criança e aconchegá-la no peito.

Esse hormônio também pode ser obtido sinteticamente e aplicado na corrente sanguínea, provocando as mesmas sensações de afeto e confiança de uma pessoa por outra ou de uma pessoa por um grupo. Contudo, segundo um estudo conduzido nos Estados Unidos pelo economista comportamental Paul Zak, dependendo da ideologia, ela pode ser uma barreira à ação da oxitocina em uma pessoa.

No experimento, Paul selecionou aleatoriamente voluntários que eram eleitores dos Democratas e eleitores Republicanos. Ele queria ver em que grau ocorre o fenômeno da rejeição ideológica em relação a um partido e qual o efeito mitigador do hormônio da confiança e do afeto. Numa sala de cinema colocaram várias fotos de candidatos republicanos e democratas em um telão para que os eleitores olhassem para elas, mas, antes de apresentar as fotos, aplicaram injeções de oxitocina em todos os participantes. Será que os voluntários demonstrariam algum nível de afeto ou confiança pelos candidato do partido rival?

Pois bem, no caso dos democratas, após a aplicação da oxitocina, muitos demonstraram alguma simpatia pelos candidatos Republicanos, ou seja, a substância fez efeito. Por outro lado, o resultado do experimento realizado com os eleitores Republicanos não foi bem sucedido.

A experiência sugere que as pessoas mais conservadoras tem um nível maior de intolerância do que as não conservadoras.

Fazendo uma ponte com os atuais ocupantes do governo Bolsonaro, podemos ver que a experiência é verdadeira, pois a intolerância às ideias da esquerda ganha dimensões caricaturais e certamente nem doses cavalares do medicamento surtirá efeito.

Para um candidato que se elegeu dizendo que em seu governo não haveria viés ideológico, a ciência já mostra que isso será muito mais difícil do que imagina a sua “vã ideologia”.

 
Redação

1 Comentário

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  1. O problema de Jair Bolsonaro

    O problema de Jair Bolsonaro não é apenas hormonal. Ele também é ideológico e/ou cognitivo.

    Em razão de sua ideologia, o Bozo não consegue entender que mandar Fernando Haddad pelo tomar no cu pelo Twitter é muito muito diferente de governar. Ele pode perfeitamente destruir o país e dizer que fez um excelente governo porque mandou todos seus inimigos tomar no cu.

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