Charlie e Lobato: quando o racismo encontra a liberdade de imprensa, por João Feres Jr

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Charlie e Lobato: quando o racismo encontra a liberdade de imprensa

João Feres Júnior

O affair Charlie Hebdo já produziu em menos de uma semana uma avalanche de textos, artigos e posts. Há muito tempo um caso específico não suscitava tanto debate no exterior e também no Brasil. Para ser mais preciso, 11 de setembro, que seria um competidor mais do que a altura, ocorreu quando a internet ainda era mais tíbia e não havia redes sociais. Estamos perante o affair Dreyfus do século XXI, com todas as camadas de ironia que tal comparação enseja.

Milhões marcharam em Paris sob o lema “Je suis Charlie”, liderados por Hollande, Merkel, Benjamin Netanyahu e Mahmud Abbas, com o apoio dos Estados Unidos. A grande mídia brasileira aderiu com peso ao slogan por meio de editoriais, manchetes e artigos em defesa da liberdade irrestrita de expressão. Augusto Nunes, colaborador da Veja e apresentador do programa Roda Viva da TV Cultura, deu o tom nas páginas da revista na web: “foi o mais selvagem ataque à liberdade de expressão desde a invenção da imprensa”. Nunes ainda escreve: “foi a prova definitiva de que os guerreiros de Maomé decidiram revogar a bala tanto fronteiras geográficas quanto limites impostos por leis e valores que escavaram um portentoso abismo entre a civilização e o primitivismo”. A disposição para ler o problema pela ótica do clash of civilizations está clara no trecho, mas ao invés de direcionar suas baterias contra os muçulmanos, como seria de se esperar dos “intelectuais” que enveredam por essas sendas, o texto de Nunes se volta para o consumo interno, o que não é de todo surpreendente. O trecho é digno de ser reproduzido ipsis literis:

“os jornalistas brasileiros a serviço do lulopetismo são os únicos que lutam pelo extermínio da liberdade de imprensa e pela implantação da censura, escondida sob codinomes bisonhos como “controle social da mídia”, “regulação dos meios de comunicação” ou “democratização da mídia”. Seja qual for o disfarce, o que esses incapazes capazes de tudo buscam é algum atalho que encurte a distância que os separa do poder perpétuo e absoluto”.

Aos poucos o affair Charlie vai entrando num padrão de consumo tupiniquim que se assemelha muito ao de um outro affair, ou melhor, caso nacional: a controvérsia pública acerca do racismo contido no livro Caçadas de Pedrinho de Monteiro Lobato. A decisão de apontar para o racismo do livro foi lida por muitos articulistas da grande mídia como tentativa do PT de controlar a liberdade de expressão, submetendo a arte do autor paulista e seu público infantil à ditadura do politicamente correto (Fiuza, 2/4/2011; Editorial, 5/4/2011, “De olhos bem fechados”, 11/11/2010).[1]

Pois bem, agora utilizam a oportunidade do affair Charlie para mais uma vez afirmarem o direito à liberdade irrestrita de expressão. Mas será que a expressão deve mesmo ser inteiramente desregulada, ou seja, não sofrer qualquer sanção pública? A resposta é não! As razões para essa negação são várias e é importante conhecê-las.

Com o perdão do empréstimo, vamos começar por adotar um tom levemente socrático. Tomemos a liberdade de ir e vir, outro fundamento do sistema de direitos básicos do liberalismo. O direito de mover seu corpo para os lugares onde deseja talvez seja ainda mais básico do que aquele que permite a uma pessoa dizer o que quer. Mas a questão não reside na competição pela prioridade aqui, pois ambos parecem ser suficientemente fundamentais. É razoavelmente óbvio constatar que o direito de ir e vir é limitado por uma série de barreiras impostas pela condição coletiva da vida humana. Não podemos nos deslocar para um lugar já ocupado por outra pessoa; não temos acesso livre à propriedade privada de outras pessoas; não podemos nos deslocar no espaço público para lugares que estão temporariamente ou permanentemente ocupados por outras funções públicas, como um palanque onde discursam autoridades, a pista de um aeroporto, uma base militar, etc. Não podemos sequer ter acesso livre a espaços administrativos de repartições públicas, isso para não falar nos espaços administrativos de empresas privadas. A todas essas limitações razoavelmente impostas some-se a abissal desigualdade no acesso a esse direito determinada pela desigualdade econômica entre nós, humanos: quem tem grana vai a Roma, quem não tem…

Assim, notamos que um direito tão fundamental à estrutura moral e institucional do liberalismo é de fato sujeito a um sem número de condicionamentos. Ora, por que seria o direito à expressão inteiramente destituído deles? A resposta é simples. Ele só o é na parolagem dos menos sábios ou daqueles que tem interesses embutidos nessa mistificação. Quais seriam então os limites à liberdade de expressão?

Não pretendo ser exaustivo aqui, mas me parece oportuno apontar para alguns fatos que são inteiramente pertinentes ao affair Charlie e também ao caso Caçadas de Pedrinho. A liberdade de expressão se estende à incitação de crimes? Do ponto de vista puramente moral, a resposta mais indicada me parece ser plenamente negativa. Mas o que nos interessa aqui não é o plano puramente abstrato da moralidade universal, mas como princípios morais são interpretados por comunidades concretas, como França e Brasil. As charges do Charlie Hebdo eram claramente racistas, elas atacavam muçulmanos, fustigavam cristãos com menor furor e poupavam judeus, como bem descreveu Tariq Ali em artigo recente. O jornal chegou a demitir um colaborador acusado de antissemitismo em 2009, mas continuou a publicar charges extremamente ofensivas a árabes e muçulmanos, isso em um país onde a islamofobia é problema social de conhecimento público. De maneira similar, o Conselho de Estado da França proibiu o comediante Dieudonné M’bala de se apresentar em público por propalar ideias antissemitas como a sátira do holocausto, mas nunca tomou qualquer atitude frente as charges do Charlie Hebdo.  No Brasil, país onde o racismo é crime, o texto de Lobato, abertamente racista, também incita a perpetuação de práticas criminosas. O delito torna-se ainda mais hediondo se levarmos em conta que o texto é usado na educação de crianças do Ensino Fundamental I (de 1º a 5º anos).

Se a França não reconhece o racismo das charges do Hebdo, isso é problema dos franceses, um povo que tem manifestado extrema dificuldade de lidar com a diferença e com a decadência de sua influência cultural no mundo. Infelizmente, com a crise econômica que assola a Europa desde 2008, essa reação chauvinista só tende a piorar. No Brasil, pelo contrário, estamos encontrando maneiras de lidar com o ocultamento histórico do racismo, finalmente proporcionando aos negros,  depois de séculos de pura opressão, oportunidades que nunca tiveram em nosso país. A grande mídia brasileira foi sistematicamente contrária à criação de cotas raciais, como mostra estudo que coordenei, foi também contrária ao banimento do racismo na educação infantil e agora se volta em defesa do racismo praticado pelo Charlie Hebdo em nome da liberdade de expressão. A resposta a essa demanda deve ser peremptoriamente negativa: não, a liberdade de expressão não é irrestrita. Ela não pode permitir a incitação ao crime.

Tem mais, essa resposta, dada por nós no plano moral, já foi referendada no plano legal pelo próprio Supremo Tribunal Federal. Em março de 2000, o Excelso Pretório condenou o proprietário da Editora Revisão, Siegfried Ellwanger, a dois anos de reclusão por crime de incitação ao racismo. Autor de “Holocausto: Judeu ou Alemão -Nos Bastidores da Mentira do Século”, Ellwanger negava a existência de campos de concentração e a morte de 6 milhões de judeus na 2ª Guerra Mundial. O texto da decisão é explícito “A liberdade de expressão é relativa e não pode abrigar manifestações de conteúdo imoral. Deve respeitar os limites morais e jurídicos”. Ademais, os ministros do STF responderam à tentativa dos advogados do réu de argumentar que “judeu não é raça” argumentando que “qualquer atentado à dignidade humana desse tipo deve ser enquadrado no crime de racismo”. Mutatis mutandi, tal argumento se encaixa como uma luva para responder àqueles que dizem que a discriminação contra muçulmanos, mesmo quando eles são retratados com roupas tradicionais, narizes grandes e aduncos, barbas mal ajambradas e longas, e portando armas de grosso calibre, como nas charges do Charlie Hebdo, não é racismo. É racismo sim, e se isso fosse feito em solo brasileiro mereceria a mesma sentença recebida por Ellwanger. Mas a França não é o Brasil e muçulmanos franceses não são judeus franceses ou brasileiros…, mas são seres humanos tanto quanto eles, quero crer eu. Agora só falta convencer o povo francês, a grande mídia brasileira e seus adeptos.

João Feres Júnior é Cientista Político – IESP-UERJ

EDITORIAL. (2011), “Vírus da Intolerância Ameaça IBC e Ines”. O Globo, 5 de abril.  

“De olhos bem fechados”. (2010), Jornal do Commercio, 11 de novembro.

FERES JUNIOR, João; NASCIMENTO, Leonardo Fernandes  and  EISENBERG, Zena Winona. Monteiro Lobato e o politicamente correto. Dados [online]. 2013, vol.56, n.1 [cited  2015-01-13], pp. 69-108.

FIUZA, Guilherme. (2011), “Bolsonaro e o Fuzilamento da Direita”. Época, 2 de abril.

 


[1] Exploramos a fundo esse caso em artigo para a revista Dados intitulado “Monteiro Lobato e o politicamente correto” (http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0011-52582013000100004&script=sci_arttext).

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

46 Comentários

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  1. MUITO PODER EXISTE POR TRÁS

    Eu nunca tinha ouvido falar dessa revista até uma semana atrás. A tiragem habitual era de 60 mil exemplares. Dezenas de chefes de estado e lideranças participaram da maior marcha de protesto em toda a história da França. As vitimas tiveram cerimônia fúnebre em Israel, o que deixa claro a quem essa revista e os seus jornalistas representavam.

    Hoje, o “Charlie Hebdo” histórico terá nas bancas três milhões de exemplares — um recorde na imprensa de informação francesa. Será impresso também na Itália e na Turquia e traduzido em seis idiomas, entre eles o árabe. A distribuição da tiragem histórica — em 27 mil pontos de venda franceses — terá vigilância especial da polícia, e a renda obtida será destinada às famílias das vítimas (Jornal O GLOBO).

    Fatos lamentáveis na França, derivados de racismo contra o povo muçulmano, racismo travestido de liberdade de imprensa e, ainda, com apoio dos tribunais de justiça, que negaram processos legítimos contra a revista, em momentos em que o povo muçulmano tentou o caminho cívico e legal, anos atrás. Por outro lado, uma piadinha de funcionário da mesma revista, em relação a judeus, causou a sua demissão, o que demonstrou o verdadeiro foco da revista.

    Um enorme poder político e econômico surge por trás dos fatos. A família do Amarildo deve sentir inveja, apenas que ele foi um brasileiro comum. Já os 111 mortos em Carandiru tiveram o seu “massacre” silenciado por três dias na imprensa, para não “atrapalhar” as eleições em São Paulo. 

    1. ” As vitimas tiveram

      ” As vitimas tiveram cerimônia fúnebre em Israel, o que deixa claro a quem essa revista e os seus jornalistas representavam.”

      Negativo.

      Quem teve cerimonia fúnebre em Israel foram os judeus assassinados no supermercado. Bibi apenas aproveitou para utilizar politicamente os assassinatos sem nenhum pudor, como de praxe. Nenhuma relação com a revista ou aos jornalistas. Aliás, um deles, muçulmano.

       

        1. Texto cheio de mentiras

          1) “As charges do Charlie Hebdo eram claramente racistas, elas atacavam muçulmanos, fustigavam cristãos com menor furor e poupavam judeus” a

          MENTIRA! Além das charges nao serem racistas, ao contrário, denuncirarem o racismo, também nao é verdade que fustigassem os católicos com menos furor e poupasse os judeus. A charge deles mais corrosiva que vi foi contra a dita Santíssima Trindade, representada como o Filho pondo no c* do Pai e o Espírito Santo, representado como aquele olho paranoidizante, fazendo o mesmo no Filho. E nao sao profetas do catolicismo, sao os próprios deuses. Há tb uma charge de Moisés de c* para cima e sendo chamdo de pédé (pederasta em francês), outras de representantes de Israel beijando oficiais nazistas, etc. Aqui mesmo no blog, em um dos tópicos sobre isso, foram postadas muitas charges sobre o judaísmo. Sem falar na charge que apresentava 3 rolos de papel higiênico iguais, sobre os quais estava escrito Bíblia em um, Corao em outro e Torá no último. Pode-se gostar ou nao dessas charges, mas favor nao mentir! 

          2) “O jornal chegou a demitir um colaborador acusado de antissemitismo em 2009” a

          Sabe por que? Porque ele fez uma charge sobre o fato de UMA PESSOA ESPECÍFICA, o filho de Sarkozy, ter se convertido ao judaísmo. Charlie vivia zombando de Sarkozy, mas os editores acharam que isso nao era uma crítica ao judaísmo e sim uma questao de liberdade pessoal e que a charge era invasiva. Pediram ao colaborador que pedisse desculpas, ele se negou e SE DEMITIU, mas dizendo ter sido demitido. Vc acha que os editores estavam errados? 

          3) “o texto de Lobato, abertamente racista, também incita a perpetuação de práticas criminosas” a

          Barbaridade. Há sim laivos de racismo no texto de Lobato, e concordo com que nao deva ser dado a crianças hoje., nao tanto por causa desses trechos em que Lobato subscreve posiçoes preconceituosas, mas por causa do racismo DA EMÍLIA, que na verdade é uma crítica ao racismo, mas ela é a personagem principal dos livros e nao se pode esperar que crianças de 8 anos entendam isso (deveríamos poder esperar isso de adultos, mas…) Agora, dizer que o texto infantil de Lobato incita a perpetuaçao de práticas criminosas é DELÍRIO. Há inclusive trechos maravilhosos de CRÍTICA ao racismo em Lobato, mas eu precisaria de estar com os livros para encontrá-los.

          Um deles é em Hans Staden, ACHO, quando Pedrinho pergunta à D. Benta qual era a raça superior. D. Benta responde: “É a ariana, meu filho”. Mas logo depois acrescenta: “Bom, pelo menos isso é o que dizem os historiadores, que sao todos arianos”. E conta a Pedrinho uma fábula em que um leao passa por um vilarejo e vê uma estátua em que caçadores matavam um leao. “Bem diferente seria essa estátua”, disse o leao, se os leoes fossem escultores. No meu entender, isso é muito mais efetivo para provocar o pensamento crítico das crianças que um sermao moral anti-racista, como os que Viriato Correia fazia. 

          4) E comparar o escracho de Charlie Hebdo em cima de religioes e outros poderes, NAO EM CIMA DE POVOS COMO DIZ O TEXTO, com atitudes de negaçao do holocausto e antissemitismo é má fé abjeta. a

          5) Diga-se de passagem que NAO SOU DEFENDORA DA LIVRE EXPRESSAO SEM LIMITES. Só acho que nada há de censurável no tipo de humor de Charlie Hebdo. Era um humor cáustico e DESSACRALIZADOR.  

           

  2. “os jornalistas brasileiros a

    “os jornalistas brasileiros a serviço do lulopetismo são os únicos que lutam pelo extermínio da liberdade de imprensa e pela implantação da censura, escondida sob codinomes bisonhos como “controle social da mídia”, “regulação dos meios de comunicação” ou “democratização da mídia”. Seja qual for o disfarce, o que esses incapazes capazes de tudo buscam é algum atalho que encurte a distância que os separa do poder perpétuo e absoluto”.

    A única coisa que se aproveita desse texto… O resto é um devaneio sobre fatos não comprovados (não fazer charges de judeus por exemplo)…

  3. Texto lastimável

    Mais um exemplo de delírio que justifica um ato terrorista. O autopr obviamente não tem ideia do que era o CH, para começar. E justifica que qualquer grupo que se sinta ofendido pode ter direito de censura sobre os outros. Caminharíamos para uma sociedade muda, ninguém mais abre a boca.

     

    E viva Chralie Hebdo

  4. Racistas são os outros…

    “Se a França não reconhece o racismo das charges do Hebdo, isso é problema dos franceses, um povo que tem manifestado extrema dificuldade de lidar com a diferença e com a decadência de sua influência cultural no mundo.”

    Não seria a passagem acima uma demostração de xenofobia contra os franceses?

  5. apologias

    nas plutocracias, a ‘liberdade de expressão’ limita-se aos interesses do poder plutocrata.

    melhor exemplo está na criminalização das marchas pela legalização da maconha, ‘tipificadas’ como “apologia às drogas”.

    os arautos da “liberdade de expressão” daquela meia dúzia de barões a controlar 90% da comunicação de massa aplaudem a repressão a qualquer manifestação popular que não interesse aos seus colegas-patrões, financiados com dinheiro público e das estatais.

  6. Charlie x Minute

     

    Na França, a esquerdista e anarquista Charlie Hebdo tão prazeirosamente atacada por “certa” esquenda nacional tem uma rival à altura. Trata-se da revista de extrema direita “Minute Hebdo”.

    O contraponto é perfeito. Enquanto a Charlie destila humor sarcástico contra os poderes, a sua rival tem uma postura aparentemente mais “séria” e educada com pouquíssmo talento. É cheia de “fofices” e visualmente não agride ninguém. Seus textos porém deixariam corados até um editor da Veja. Os embates entre as duas revistas são frequentes e em um deles (ref .a ministra chamada de “macaca”) foi usado no Brasil contra a Charlie, quando na verdade a revista de esquerda estava apoiando a Ministra contra Le Pen e a Minute.

    É necessário essa contextualização da vida politica na França e dos segmentos que são representados pela Charlie e pela Minute aos brasileiros..

    A quantidade de bobagens ditas por “especialistas” sobre a Charlie é assustadora. Alguns já a praticamente transformaram em uma “revista de direita representando o imperialismo francês”…..

    O que diriam se lessem a Minute? 

    http://www.minute-hebdo.fr/

  7. Julian Assange vai completar

    Julian Assange vai completar o segundo aniversário refugiado na embaixada do Equador, país do qual recebeu asilo, e nenhum defensor da liberdade do Charlie parece estra preocupado com isso, a acusação que pesa sobre o ativista é risível, teria cometido abuso sexual por ter feito sexo consentido sem usar camisinha. O único abuso que realmente cometeu foi ter denunciado os abusos dos EUA em sua politica externa, nesse caso ele f*deu com os governos estadounidenses.

    1. Se eu fosse você ia direto

      Se eu fosse você ia direto para Londres, convocava os 3.000.000 de amitches e fazia uma passeata “Libertem Assange”…

    2. Nenhum defensor da liber// de Charlie está contra isso? Eu estou

      Você pode até criticar a hipocrisia dos governantes que nao dao a mínima para a liberdade de expressao mas aproveitaram a comoçao pública e participaram da marcha “Je suis Charlie”. Mas dizer que nenhum defensor da liberdade de Charlie também defende a liberdade de Assange é delírio ou má fé. 

  8. Não importa a opinião do
    Não importa a opinião do Nassif, Judeu e Muçulmano não é raça e ponto final, ninguém nasce muçulmano ele se torna um através do local, da cultura, da familia e etc.
    Defendo o controle da mídia sim, concordo que liberdade de expressão tem limites, mas os limites morais são com relação a homofobia, racismo, preconceito social e etc, jamais uma regulação no sentido de querer controlar um conteúdo critico de religiões, uma religião atualmente em nada se difere de um partido politico e o jornalista ao defender essa regulação de certa forma concorda com os atos terroristas, apenas discorda do rigor da pena, não deveria ser pena de morte mas pelo menos o confisco do papel e da caneta deles.

    1. Clap, clap, clap, clap, clap

      Também nao sou defensora da falta de limites. Mas limites devem ser postos à expressao de preconceitos, racismo, machismo, homofobia, nao a críticas a religioes! 

  9. De há muito venho relutando

    De há muito venho relutando para não mais assistir ao programa Roda Viva, porque chega a me dar engulhos a presença do apresentador. Augusto Nunes é, e faz questão de ser, um jornalista de quinta categoria por não saber conduzir um debate, uma entrevista, sem interromper o entrevistado ou até mesmo os entrevistadores, enquanto seu princípio básico é o de fazer política contra o Governo Federal. 

    No último Roda Viva, que entrevistou uma Dermatologista de São Paulo, decidi assistir ao programa, pensando que seria leve, sem os vícios costumeiros. Mas, que nada! No último bloco, como não podia deixar de ser, a médica foi movida pelo calhorda a dar suas opiniões sobre o programa Mais Médicos. Disse o que pensava, como se representasse a classe médica toda. Nessas horas, quem vê a cara de A.N. consegue extrair do espírito dele um sentimento de dever cumprido. Vale dizer que ai daquele entrevistador que discorde dessa linha de politicagem. Ou seja, Roda Viva perdeu a sua essência.

     

    1. Soldadinho

      É isso mesmo Maria. Dá nojo assistir aquele programa.

      Ele não é endereçado a pessoas como você. O objetivo é incutir na cabeça do incauto, do pouco informado conceitos deformadores, alienantes.

      O grande problema desse tipo de programa é que eles estão perdendo espaço para o contraditório, para a diversidade e estão ficando pra trás. Esse é o ódio que os move.

      Aqui e acolá conseguem alguma audiência, de algum imbecil e desinformado, mas estão perdendo espaço.

      Augusto Nunes representa o derradeiro soldadinho do atraso, da desinformação e faz parte da guarda dos patrões da velha e carcomida mídia brasileira. É um sujeito movido pela grana, desprovido de princípios.

      Parabéns pelos argumentos.

  10. Mais um bom texto de João

    Mais um bom texto de João Feres Junior, embora seja um trabaho de formiguinha contra a hipocrisia dos donos da comunicação e de seus teleguiados.

    Sobre MonteiroLobato, mais polémica em um texto extraído do Tijolaço.

     

    Je suis Haiti

     

    14 de janeiro de 2015 | 09:55 Autor: Fernando Brito

    haiti

    Fala-se francês, ou uma derivação dele, o creole.

    Tiveram uma ditadura sangrenta, a de Papa Doc, François Duvalier, e a de seu filho, Jean Claude, o Baby Doc.

    Foram de lá os ton-ton macoute, literalmente os  “homem do saco” ou “bicho papão”, como o personagem infantil de terror, a mais terrível polícia (ou milícia) política da história recente.

    Quando derrubaram a ditadura e elegeram um presidente, ele foi deposto e o país entrou em conflito armado.

    E, num destes fatos que põe à prova a existência de um Deus, logo veio um terremoto dantesco, que matou mais de 200 mil e destruiu o que restava do pais conflagrado.

    E o Haiti virou a terra dos “rest avec”, onde pais miseráveis entregam seus filhos a quem pode, para serem escravos, quase, simplesmente para que não morram de fome.

    Um castigo para um país que ficou independente antes de nós, que aboliu a escravatura cem anos, quase, antes de nós e que, por estes “crimes”, tiveram de pagar uma pesadíssima indenização aos seus ex-senhores franceses, embora os tivessem derrotado no campo de batalha.

    Milhares deles estão no Brasil.

    Trabalhando duro.

    Aqui, perto de casa, dez deles trabalham numa obra de construção de um prédio.

    Severos, de pouca conversa – como conversar, com seu ralo português? – são considerados e respeitados pelos outros trabalhadores.

    Não se debocha deles, de sua cor, de sua origem, de sua religião, o vudu.

    Sei lá se por medo, até.

    A nossa elite acha o Brasil um país de bárbaros, daqueles que teriam de ajoelhar-se diante do rafinessment francês.

    Mas, olhem, que maravilha.

    A Universidade Federal da Fronteira Sul, com campus no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul,  estados brancos, conservadores, abriu ontem uma inscrição especial para imigrantes haitianos fazerem, aqui, seu curso superior.

    135 vagas, distribuídas em cinco campi da UFFS: Chapecó (68), Laranjeiras do Sul (11), Realeza (12), Cerro Largo (16) e Erechim (28).

    A maioria  para cursos que “não dão dinheiro” e têm procura mais baixa.

    Mas, para eles, um maná dos céus.

    Não se tem notícia de que tenha havido na França um “Je suis Haiti” em  um mea-culpa pelo que fizeram àqueles negros.

    Talvez fosse bom exemplo aos franceses.

    Devolver, corrigida, a indenização de 90 mil francos que deles se exigiu para renunciar ao seu direito de Metrópole sobre a antiga e rebelde colônia. por exemplo.

    Sei, porém, que isso me orgulha de meu país.

    A grande maioria de nossos antepassados também veio de fora, um dia. Fugiam da miséria, da perseguição ou, simplesmente, vieram à força, para serem escravos.

    Não quero saber de onde, nem sei se o “cristão novo” de meu Nogueira era antes árabe ou judeu.

    Embora tenha horror e nojo de que se assassine alguém, como fizeram aos cartunistas do Charlie Hebdo, não aderi à a hipocrisia de muitos que andaram publicando o “Je suis Charlie” sem nunca terem, quando era necessário, tido um dedo sequer levantado pela liberdade de expressão.

    Não se trata de ser condescendente com atos de terror, porque não é a bala e covardia que se age ou reage contra ofensas, as mais graves que sejam.

    Mas não é porque devam ser repudiados os que fizeram aquelas monstruosidades que devamos deixar de entender e de lutar para corrigir todas as outras violências que, ao longo da história, a Europa cometeu e comete na África, na Ásia e na América.

    Não é porque amo a França e tudo o que ela me deu com sua Revolução, com Napoleão, com  Hugo, Diderot, Stendhal, Zola e uma lista infinda de grandes homens e mulheres, que posso achar “normal” e “democrático” que se proclame o direito de debochar e agredir a qualquer um ser humano.

    Embora, para muitos, pelo fato de serem muçulmanos, possam achá-los “menos humanos”, como já acharam (ou acham) os negros, os índios, os amarelos, como fez o general americano William Westmoreland, na Guerra do Vietnã, ao “explicar” que  “os orientais não dão tanto valor à vida quanto nós”.

    Meu direito de dizer o que penso tem um limite: o de ofender o outro, qualquer outro.Não se ofende a dignidade de alguém, sim, e muito menos se ofende a dignidade coletiva.

    Algo tão simples que aprendi ainda garoto, no ditado repetido por minha avó: o seu direito acaba onde começa o direito do seu vizinho.

    E poucos anos depois, fazendo o que todo guri que se encantou com o Monteiro Lobato para crianças, fazia quando ficava mais taludinho: lendo seus escritos adultos.

    Trago um, que deveria ser lido por quem acha que não dói a ofensa:

    O drama do brio

    Monteiro Lobato (em 1933)

    Há dezesseis anos ocorreu em São Paulo um crime singular.

    Estava de guarda no quartel da Luz um soldado pernambucano de nome José Rodrigues Melo.

    Era um homem. Embora rude, ninguém no regimento o vencia em firmeza de caráter. Melo personificava o brio militar — mais que isso, Melo personificava a dignidade humana.

    Estava de guarda, embora tivesse a mão direita enferma. Os pernambucanos são rijos, e um simples ferimento não bastava para arredar aquele do serviço.

    Começa aqui a tragédia do Brio. O Brio o impediu de ir vadiar à enfermaria. O Brio iria inutilizá-lo para sempre.

    Passou por Melo um oficial francês.

    Nesse tempo São Paulo vivia cheio de oficiais franceses, contratados para amestrar nossa gente na arte de matar pela escola de Saint-Cyr. E como para bem ensinar a arte de bem matar o primeiro passo é domesticar o aluno, os professores de França não largavam o instrumento clássico da domesticação: o chicote. E ninguém lhes fosse lembrar uma tal lei de 13 de Maio, etc., etc.; rir-se-iam com superioridade metropolitana, silvando: “Fí, donc”!

    Ao passar o francês, nosso soldadinho pernambucano perfilou-se na continência do estilo. Acontece, todavia, que isto de continência é a colocação do pronome dos militares — coisa seríssima. Melo errou num pronome. Em vez de fazer a continência com a mão direita, impedida pela enfermidade, fê-la com a esquerda sã.

    Ai! O lambe-feras avança para Melo e chicoteia-o impiedosamente na cara.

    — Sale négre!

    E a tragédia explode. Tudo quanto havia em Melo de dignidade humana faz-se maremoto incoercível. Não era mais um homem quem recebia a afronta, era a raça. Era essa coisa enorme e brutal que se chama pátria e borbulha dentro do peito de certas criaturas sob forma de sentimentos explosivos como a nitroglicerina.

    As mãos de Melo crisparam-se na Mauser… e lá partiu a bala certeira que iria privar Damasco de mais um perito bombardeador.

    Negrel morreu ao lado do chicote infamante — e parece que o chicote em São Paulo morreu com Negrel.

    Foi esse o drama. Positivamente drama da raça. Drama da honra. Drama do brio. Drama da dignidade humana.

    Ia começar a comédia da covardia.

    Não houve em São Paulo um nacional que não fremisse de entusiasmo diante do revide de Melo.

    Minto. Houve doze homens que destoaram do coro unânime. Eram homens que, chicoteados na cara, em vez de reagir meteriam a cauda entre as pernas e iriam, ganindo, beijar as mãos do lambe-feras. Nenhum deles tinha dentro de si a raça. Nenhum deles chegava a homem; meros sub-homens à tout faire.

    Pois a coincidência quis que tal dúzia fosse constituir o conselho julgador do honroso crime.

    Condenaram-no. E nada mais lógico, nada mais canino do que essa condenação a trinta anos de prisão celular infligida ao Brio. Condenaram-no só a trinta porque a lei não admitia penas de cinqüenta; nem permitia a aplicação das engenhosas torturas com que Luiz XV, o rei Bien Aimé, durante um dia inteiro divertiu Paris com o espantoso suplício de Damiens.

    O crime de Melo era gravíssimo. Era crime de lesa-galicidade. E como o medo à França fez calar a imprensa, sofreando no nascedouro a onda de simpatia nacional, Melo foi apodrecer em vida num cubículo penitenciário.

    E lá vegeta há quinze anos.

    Nesse intervalo, quantos criminosos repugnantes não obtiveram perdão? Quanto cangaceiro que mata pelo prazer de matar não se gozou duma sólida impunidade? E também, quantos marroquinos e quantos sírios não foram trucidados cientificamente pelos franceses, por terem no peito o sentimento de raça que perdeu Melo?

    Nossos “dúzias” perdoam tudo menos a dignidade, e o ensino inoculado pela missão do chicote calou fundo. Se lá na Síria os mestres bombardeiam os criminosos desse crime, aqui os alunos os fazem apodrecer nos ergástulos.

    Há dias um repórter carioca, em visita à penitenciária de São Paulo, teve ocasião de falar com Rodrigues Melo.

    — Está arrependido do que fez? Perguntou-lhe.

    — Não! retrucou firmemente aquele brio de aço. E diga-me o senhor: se fosse iniquamente chicoteado na cara por um estrangeiro só porque lhe fez continência com a mão esquerda, visto ter a direita enferma, não faria a mesma coisa? Confesso que pratiquei o crime fora de mim; mas a privação de sentidos não foi inventada para nós…

    E suspirou com os olhos brilhantes de lágrimas.

    — Por que chora?

    — Saudades de minha mãe, uma pobre velhinha que vive a esperar por mim, lá no fundo de Pernambuco. Oitenta e seis anos!… Vê-la-ei ainda?

    Melo não se arrepende, e é diante de firmeza assim que nos renasce a fé na raça.

    O desfibramento atual tem que ser passageiro. Eclipse momentâneo. Nem todos os Melos estão encarcerados; há de havê-los soltos, e por escassa que seja a semente, a espécie há de proliferar um dia.

    O “não” de Melo ao jornalista é sublime. Diz “não!” após quinze anos de cárcere. Dirá “não!” ao cabo dos trinta anos da pena. E se no dia seguinte à soltura um francês o chicotear de novo, a raça incoercível, transfeita em diamante dentro desse homem, fá-lo-á matar de novo.

    Os anos e as torturas são impotentes para quebrar a dignidade em quem a recebeu do berço — como coisa nenhuma a dará a quem dele saiu eunuco.

    PS. Há um lindo filme que assisti na TV, de Henrique Maffei, sobre o drama dos haitianos. Não o achei na net inteiro, mas posto o trailler, um primor.

  11. A revista Minute Hebdo (rival

    A revista Minute Hebdo (rival da Charlie Hebdo, ver comentário meu mais abaixo) , decreta a “morte da esquerda na França”  em 2015. Se olharmos alguns textos e comentários já publicados aqui, não deixam de ter alguma razão no Brasil também….

     

  12. Perturbador esse trecho do post!

    “As charges do Charlie Hebdo eram claramente racistas, elas atacavam muçulmanos, fustigavam cristãos com menor furor e poupavam judeus, como bem descreveu Tariq Ali em artigo recente. O jornal chegou a demitir um colaborador acusado de antissemitismo em 2009, mas continuou a publicar charges extremamente ofensivas a árabes e muçulmanos, isso em um país onde a islamofobia é problema social de conhecimento público. De maneira similar, o Conselho de Estado da França proibiu o comediante Dieudonné M’bala de se apresentar em público por propalar ideias antissemitas como a sátira do holocausto, mas nunca tomou qualquer atitude frente as charges do Charlie Hebdo.”

     

     

    1. Perturbador apenas pelo fato de ser MENTIROSO

      Já escrevi aqui mesmo neste tópico um longo comentário desmentindo isso tim-tim por tim-tim. 

      1. É vero!

        Tudo que diz respeito à “liberdade de expressão” em relação à “raça judeia” é pura “mintira”… “E assim caminha a ‘humildade’…”

  13. O Feres tem toda razão em

    O Feres tem toda razão em afirmar que a liberdade de expressão não é ilimitada, e está sendo usada por espertinhos para defender seus interesses nada nobres.

    Só que em relação ao Charlie, eu discordo. Não é racista, é icnoclasta. O fato de retratar muçulmanos de barba, turbante e narigão é simples questão de comunicação visual.  A charge é sempre rápida, tem que ter uma mensagem imediata, um muçulmano tem que ser imediatamente reconhecido como tal. Não se pode gastar tempo em “explicar a piada”.

    Por isso, a arte da charge exigir artistas de alto nível, com poder de síntese e perspicácia absoluta. O perigo de cair em puros clichês alimentando esteriótipos preconceituosos é grande. Não garanto que algum chargista da Charlie nunca possa ter errado a mão aqui ou ali (o do árabe de quatro com uma estrela no anus). Mas afirmar que ela enquanto uma revista de humor é racista é falso.

    A uncia coisa que mantem-se nebulosa para mim é em relação a tal demissão de um colunista por alegado “anti-semitismo”. Em relação a poupar Jesus, também é novidade para mim   

    1. Veja sobre a demissao no meu comentário longo neste tópico

      E uma correçao: se fosse “um árabe” a ter sido representado como vc disse a coisa seria ambígua se era de crítica a uma idéia ou um povo. Mas nao era um árabe qualquer, era MAOMÉ. E se tratava, para Charlie, exatamente de dessacralizar mitos religiosos e desafiar a proibiçao de nao representar Maomé, que nao pode valer para nao muçulmanos. Também isso de pouparem Jesus, nao criticarem judeus, tudo balela. Leia o meu outro comentário. 
       

  14. ralista e ótimo post.
    no

    ralista e ótimo post.

    no final admirte as dificuldades.

    duro memo é convencer essa hegemonia

    de interesses envolvidos

    nesse conluio entre financeirizadores da economia-grande mídia

    e alguns

    segmentos da direita política brasileira…

    conluio que repete e copia tudo dessa

    hegemonia semelhante, internacional.

  15. Eu li o livro Holocausto:

    Eu li o livro Holocausto: judeu ou alemao? há muitos anos atrás e não lembro de haver incitação ao racismo no texto. O que autor pretendia, com fundamento ou não, era demonstrar que não existiu o holocausto dos judeus.

    Acho que o STF acabou praticando uma censura disfarçada.

  16.  
    Liberdade de expressão não

     

    Liberdade de expressão não é um valor absoluto. Mas mesmo o humor ácido não é justificativa para a prática de homicídios. Eu acho que esses terroristas não cometeram os assassinatos por causa das charges. Acredito que eles tenham feito isso mais pela relação social que os tornam estrangeiros no próprio país, metecos na nova velha Europa. Além disso, ver o Ocidente (EUA, Otan, Europa) invadir e pilhar países como o Iraque, fiananciar ora ditaduras (Egito, Arábia Saudita), ora guerras civis, que acabaram com países inteiros como a Síria, o Líbano, defe ser frustrante para uma juventude sem perspectivas e criminalizada.

    Há séculos os europeus têm convivido com os magrebinos, as Cruzadas, a Península Ibérica que por oito séculos foi colonizada pelos mouros, Napoleão, o colonialismo e o neocolonialismo europeu. Na década de cinquenta, EUA e Reino Unido destroem a democracia iraniana para caírem de boca no petróleo. O apoio incondicional dos estadunidenses na guerra palestino-israelense. Nesse turbilhão de acontecimentos, as charges de Maomé foram apenas o pretexto, o alvo simbólico, a parte visível que esconde o invisível, assim como hoje há pessoas que acreditam que a guerra no Orinte Médio foi causada por Abraão, Sara, Isaque, Agar e Ismael, e não pela geopolítica. 

  17. É tanta bobagem junta que nem

    É tanta bobagem junta que nem sei por onde começar, por isso apelarem para tópicos:

    1. O holocausto é uma mancha na história da humanidade. Existem ainda milhares de sobreviventes vivos, e embora seja certo que o maior número de mortos foram de judeus, o holocausto ceifou milhões de outros, poluentes,  comunistas,  homossexuais, pessoas deficientes, testemunhas de Jeová, etc. Esse livro abjeto tenta vender a idéia que não houve holocausto e chama os sobreviventes e historiadores de idiotas e o articulista usa essa porcaria perversa para dizer que não existe liberdade de imprensa quando se trata de judeus?

    2. O comediante francês não faz humor mas ataque anti  semita e ser anti semita não é ser contra políticas de Israel porque até dentro do país existe oposição, lembrando que Israel é um democracia no meio de estados com governos ditatoriais seculares e religiosos. E isso é muito diferente de Charles de humor que não se limitam a criticar a religiao muçulmana. Já publicaram Charges ridicularizando judeus, cristãos.

    3. A questão do Monteiro Lobato já foi debatida por aqui e a maioria viu na coisa exagero dessa gente esquisita adepta do politicamente correto. Escritores refletem suas épocas,  com exceção única talvez de Júlio verne, todo escritor reflete os costumes de sua época,  os modos, a fala e o pensamento.  Querer julgar com os olhos de hoje o ontem é estupidez militante.

    4. Os sujeitos foram metralhados porque gente que tem a cabeça no século 7 acha que  as regras religiosas islâmicas devem ser obedecidas por todos. Ou seja a ação não visa somente calar o sujeito que fez a charge mas visa lembrar aos outros o que lhes pode acontecer. E isso se chama terrorismo. 

    5. Tenho visto uma série de gente escrevendo coisas que vao desde culpar a direita francesa (e tiram da explicação o fato do governo francês atual ser de esquerda, o que faria a turminha ter uma crise convulsiva para explicar), até as próprias vítimas,  dizendo que a dita febre islamofobica crassa no pais e os chargistas não deveria fazer as charges. Ou seja, em uma país ocidental, laico ao extremo as pessoas deveriam seguir o pensamento islâmico sob pena de ser morto, mesmo que não seja ou não professe ser adepto da religião em uma de suas vertentes. Quem mais deveria se interessar em arrefecer a dita islamofobica deveriam ser os líderes religiosos e politicos islâmicos condenando os atos terroristas e não festejando nas ruas como ocorreu no 11 de setembro. Assim quando se vê os digamos assim intelectuais  ocidentais, em países democráticos de forma oblíqua justificando atos terroristas lembram Chamberlain aceitando exigências de Hitler ou o ,governo colaboracionista de Vichy na França durante a ocupação nazista.

    1. “O holocausto é uma mancha na história da humanidade.”

      No sentido vetorial da sentença, ele, autor do livro, então, não tem a “liberdade de dizer” que, no “pensar dele”, é só “uma manchinha”, ou que é “meio cinza esvoaçante”, esmaecida pela reflexão histórica, como pretendeu com seu livro conspurcado?

      Ele ao menos pode “questionar” a “cor”, o “tamanho” e “transparência” da mancha?

      1. Todo mundo tem direito a

        Todo mundo tem direito a dizer o que quiser mesmo que seja uma idiotice. Liberdade de opinar ou de se expressar nao significa, no entanto, isencao de responsabilidade com o que disse e porque disse.

        Opinar e expressar idéias abalizadas ou não. Outra coisa é publicar mentiras ou distorções para justificar o racismo.

        O antijudaismo era uma praga européia. O judeu de Shakespeare se tornou a caricatura perfeita do judeu e ele criou uma personagem com base nos preconceitos de seus dias. Até o Judeu mais moderno digamos assim retratado em oliver twist   não foge do mesmo estereótipo preconceituoso. Os progroms na Rússia czrista são outro exemplo. Foi nesse cadinho cultural europeu que culminou a segunda guerra, uma extensão da primeira, na verdade mas o grande diferencial foi o racismo elevado a questão de estado. Isso é história.

        quem se ofendeu com a digamos assim obra, nao planejou o assassinato do autor mas entrou na justica. Nassif do alto de uma argumentacao logica e embasada perdeu ações na justica e ganhou outras. Nao faz sentido dizer que a justica agiu corretamente em um caso e outro nao. Esse é  dos principios da democracia.

         Existem estudos embasados que indicam que a escravidão era praticada pelos povos africanos e que os europeus se valeram disso para fazer o mercado nas Américas.  Alguém poderá apontar com razão que homens negros tiveram papel de destaque na sociedade E facilmente nos lembramos de Machado de Assis. Veja bem, eu posso discorrer sobre tudo isso mas esses fatos históricos não diminuem nem relativizam o crime monstruoso que foi a escravidão negra nas Américas.  E se alguém escrevesse tentando fazer isso, além de provar ser um idiota merece ser questionado e se seus escritos dão a entender que não houve escravidão mas os negros se venderam então merece ser processado e a obra proibida.

        Qualquer um que escreva que o homossexualismo e uma doença e os “‘portadores desse mal” merecem o isolamento e uso do triângulo rosa deve ser processado por preconceito e apologia a crime.

        Porque diabos você acha que alguém pode escrever algo que sobreviventes ainda vivos em toda a terra afirmam terem passado,  que tudo nao passa de propaganda sionista e ficar impune como se fosse apenas uma mera opinião? Ainda que o sujeito quisesse escrever como foram coitadinhos os alemães debaixo de bombardeio aliado, ele não precisaria faze-lo diminuindo a questão do holocausto.

        Isso é fácil de entender, salvo se você é preconceituoso contra judeus. 

        1. “Outra coisa é publicar

          “Outra coisa é publicar mentiras ou distorções para justificar o racismo.”

          Quer dizer que a “livre manifestação do pensamento” sobre o “holocausto” ou sobre os “judeus” sempre será “uma mentira” ou “uma distorção” para “justificar o racismo” (isso no suposto de “judeu” ser “raça”, mas, nunca, digamos, “um estilo de vida”, que confere um determinado “status” – assim como acho em ser católico, mórmon, muçulmano, protestante, evangélico, ateu, pecuarista, atriz, modelo, artista, aposentado, BLOGUEIRO e economista, et cetera et cetera também o são!)

          Tenho um amigo que diz que “judeu” nunca “plantou um pé de soja”, mas é ele “quem determinada na bolsa de Chicago o valor dessa mercadoria” (ou “commodity”). Essa afirmação também é “racista”?

          Ou esse meu post é racista!

           

    2. Então tá…

      Então tá, “o holocausto judeu é uma mancha na história da humanidade”… e quem tem juízo não deve escrever nada em contrário. 

      E parece que na França um cartunista foi preso por fazer charge com judeus, pode isso Excelência?

      1. Não dá pra perder tempo com

        Não dá pra perder tempo com argumentos toscos, mas respondi ao debaixo já que comungam das mesmas idéias.

        criticar a religiao muçulmana ou aspectos dela não é racismo, da mesma forma que o veiculo criticou cristãos com uma mordacidade pouco vista. 

         

  18. Se o autor reconhece racismo

    Se o autor reconhece racismo nas capas do Charlie é porque ou o racismo está dentro dele ou é completamente ignorando sobre o contexto e os personagens das capas.

    Um artigo muito bom sobre isso, mostrando o mico que essa gente de “esquerda” está pagando em chamar o Charlie de racista, pode ser lido aqui:

    Lost in translation: Charlie Hebdo, free speech and the unilingual left

    https://ricochet.media/en/292/lost-in-translation-charlie-hebdo-free-speech-and-the-unilingual-left

    O engraçado é que são as pessoa sque dizem tanto zelar pelo respeito da cultura dos outros que jukgam as charges do Charlie fora de contexto político, das temas do momento na França, da cultura de humor e da palavra na França.

    Vemos como em nome do politicamente correto se chega facil facil ao Torquemada.

    1. Ahã!
      ‘« Encoder le racisme

      Ahã!

      ‘« Encoder le racisme pour le rendre imperceptible, donc socialement acceptable », c’est ainsi que Thomas Deltombe définit la fonction de l’islamophobie, décrite aussi comme une « machine à raffiner le racisme brut »17. Les deux formules vous vont comme un gant. Ne montez donc pas sur vos grands chevaux quand vos détracteurs usent de mots durs contre vous. Ces derniers jours, vous avez hurlé au scandale parce qu’un rappeur pas très futé réclamait un « autodafé pour ces chiens de Charlie Hebdo » au détour d’un titre collectif inséré dans la BO du film La Marche. Comme si votre journal n’était qu’amour et poésie, vous avez fait savoir à la terre entière que vous étiez « effarés » par tant de « violence ». Pourtant, vous ne vous êtes pas offusqués lorsque le rappeur tunisien Weld El 15 a assimilé les policiers de son pays à des « chiens bons à égorger comme des moutons ». Au contraire, vous l’avez interviewé avec tous les égards dus à un « combattant de la liberté d’expression18 ». Les violences verbales de Weld El 15 trouvent grâce à vos yeux parce qu’elles visent un régime à dominante islamiste qui veut le renvoyer en prison. Mais quand la métaphore canine se retourne contre vous, ce n’est plus du tout la même chanson. Envolée, la liberté d’expression : ralliement à la rengaine néoconservatrice sur le rap comme « appel à la haine » et « chant religieux communautariste »19.

      La machine à raffiner le racisme brut n’est pas seulement lucrative, elle est aussi extrêmement susceptible.

      Bien à vous,
      Olivier Cyran

      5 décembre 2013

      http://www.article11.info/?Charlie-Hebdo-pas-raciste-Si-vous

      1. Post-scriptum 11 janvier 2015 :

        Post-scriptum 11 janvier 2015 : à tous ceux qui estiment que cet article serait une validation a priori de l’attaque terroriste ignoble contre Charlie hebdo (ils l’auraient bien cherché), la rédaction d’Article11 adresse un vigoureux bras d’honneur. Charognards ! Pour que les choses soient bien claires, il y a ce texte.

        Fonte: http://www.article11.info/?Charlie-Hebdo-pas-raciste-Si-vous

        Agora, escolha o seu:

    2. Sabe o que que é, leuzinho?

       ” Se o autor reconhece racismo nas capas do Charlie é porque ou o racismo está dentro dele ou é completamente ignorante sobre o contexto e os personagens das capas…… O engraçado é que são as pessoa sque dizem tanto zelar pelo respeito da cultura dos outros que jukgam as charges do Charlie fora de contexto político, das temas do momento na França, da cultura de humor e da palavra na França”

       

      Como você adora enviar coisas pra cá.. os famosos “Enviados por Leo V”… vou sugerir que você leia com atenção o texto que acabou de criticar. te ajudo fazendo uns grifos.

       

      Mas o que nos interessa aqui não é o plano puramente abstrato da moralidade universal, mas como princípios morais são interpretados por comunidades concretas, como França e Brasil. As charges do Charlie Hebdo eram claramente racistas (no contexto apontado pelo autor), elas atacavam muçulmanos, fustigavam cristãos com menor furor e poupavam judeus, como bem descreveu Tariq Ali em artigo recente.

       

      O Feres é um estudioso da forma e do impacto midiático, ele diz claramente que não está elocubrando sobre aspectos formais e abstratos de conceitos morais.. No argumento do Feres, racismo tem, naturalmente, um significado restrito e instrumental. No entanto, sem ficarmos de picuinhas e brigando com dicionários filosóficos, o argumento do Feres é ilustrativo do poder e do comportamento da mídia.

  19. Liberdade de expressão não existe para incitar o racismo

    Isso é uma obviedade nem a França açambarca a hipótese contrária. O problema do post é quando ele afirma que as charges do Charlie Hebdo eram “claramente racistas” contra os muçulmanos. Isso é falso. Não há racismo nenhum nas charges, mas mera crítica válida, e amplamente açambarcada pela liberdade de expressão, a valores religiosos, exposta de forma bem humorada por meio dos cartoons.

    O erro do post está todo nesse trecho:

    “As charges do Charlie Hebdo eram claramente racistas, elas atacavam muçulmanos, fustigavam cristãos com menor furor e poupavam judeus, como bem descreveu Tariq Ali em artigo recente. O jornal chegou a demitir um colaborador acusado de antissemitismo em 2009, mas continuou a publicar charges extremamente ofensivas a árabes e muçulmanos, isso em um país onde a islamofobia é problema social de conhecimento público. De maneira similar, o Conselho de Estado da França proibiu o comediante Dieudonné M’bala de se apresentar em público por propalar ideias antissemitas como a sátira do holocausto, mas nunca tomou qualquer atitude frente as charges do Charlie Hebdo.  No Brasil, país onde o racismo é crime, o texto de Lobato, abertamente racista, também incita a perpetuação de práticas criminosas. O delito torna-se ainda mais hediondo se levarmos em conta que o texto é usado na educação de crianças do Ensino Fundamental I (de 1º a 5º anos).”

    Esse trecho é profundamente lamentável e mostra o baixo nível das análises que pipocam na imprensa brasileira a respeito do assunto. As charges do Charlie Hebdo NÃO eram racistas e muito menos eram “claramente racistas”. Isso é uma mentira, uma afirmação falsa. Também é falsa a afirmação de que as charges “atacavam muçulmanos”. Isso é falso.

    As charges, no máximo, ironizavam valores religiosos do Islamismo, a começar por decidir desenhar o profeta Maomé, algo considerado proibido pela religião, o que está longe de significar um ataque às pessoas dos muçulmanos. Também não é verdade que o Charlie Hebdo poupava judeus ou o Judaísmo de críticas como a que fazia contra o Islamismo. Isso é mentira, é falso e mostra desinformação de quem escreveu o post. Tampouco poupavam o Cristianismo, sendo conhecida uma charge que mostrava os símbolos da Santíssima Trindade numa cena homoerótica que certamente é considerada contrária a valores cristãos (a charge mostra Deus sendo sodomizado por Jesus que por sua vez era sondomizado por algo que se referia ao Espírito Santo, tudo desenhado em fileira, um atrás do outro na charge).

    Exemplo de charges do Charlie Hebdo que faziam piada sobre judeus, Judaísmo, Holocausto e outros valores caros aos judeus praticantes, publicadas pelo site JewPop, um conhecido site judeu muito popular: http://www.jewpop.com/religion-et-politique/nous-sommes-tous-des-charlie-hebd/

    Charges publicadas pelo Charlie Hebdo com temas ligados a judeus, judaísmo e Holocausto:

     

     

     

     

    Não há nenhuma incompatibilidade entre essas charges e o legítimo exercício da liberdade de expressão, da mesma forma que não há nas charges que ironizavam ou faziam piada contra o Islamismo e seus valores.

    Comparar o humor do Charlie Hebdo à questão discutida no caso Ellwanger é desinformar as pessoas. Ellwanger não fazia humor. Fazia trabalho historiográfico, ainda que de cunho revisionista possivelmente contaminado por valores antissemitas (digo possivelmente porque nunca li os livros para formar a minha opinião, apesar de eu ser completamente contra a proibição de trabalhos historiográficos revisionistas em relação ao Holocausto, que considero uma iniciativa amplamente amparada pela liberdade de expressão e de pensamento, de pesquisa científica etc).

    Enfim, não há qualquer celeuma pertinente no ponto levantado no post. Ninguém é contra os limites à liberdade de expressão. Isso vale nos EUA, na Europa e, claro, no Brasil. Não se pode fazer apologia a crimes, criminosos, racismo, genocídio, violência, ódio, intolerância, homofobia (nem tanto no Brasil, que está atrasado neste aspecto), etc.

    No entanto, a crítica a certos valores culturais, políticos e religiosos está amplamente protegida pelo direito à liberdade de expressão. Pode criticar livremente o Cristianismo, o Judaísmo e o Islamismo, indistintamente, sem ser considerado racista. Isso não é racismo por si só e pensar o contrário é uma sandice ridícula. Ninguém é obrigado a crer no que pregam essas religiões e muito menos a silenciar sobre isso. Uma crítica não significa, necessariamente, praticar, incitar ou induzir preconceito ou discriminação contra religiosos. É a pessoa apenas dizendo que não concorda com aquilo, que acha tosco, ridículo, sem fundamento, irracional, opressor ou qualquer outra análise que possa ser feita no campo das ideias. Ninguém está proibido de fazer isso e isso, obviamente, não é e nunca foi proibido por lei, nem na França, nem aqui nem em outro lugar que consagre a liberdade de expressão. Pensar o contrário é estupidez.

    Qualquer pessoa pode, livremente e sem sofrer sanção, cível ou penal, considerar, por exemplo, errada a proibição da transfusão de sangue defendida pelas testemunhas de Jeová, errada a obrigação de ser virgem para se casar (proibição do sexo antes do casamento), errada a proibição de usar camisinha, errada a proibição do aborto etc. Nada disso é racismo contra cristãos, judeus ou muçulmanos. Qualquer um pode contestar qualquer dogma ou valor religioso, sem qualquer problema. Isso não é racismo, não é crime nem deve ser proibido. O Estado é laico e quem não é religioso tem o direito livre de se expressar sobre tais assuntos. Qualquer outra coisa  diferente disso é obscurantismo, atraso.

    Sequer se pode pretender usar o art. 208 do Código Penal, que trata do crime de ultraje a culto e impedimento ou perturbação de ato a ele relativo, para enquadrar quem faça uma charge como as que fazia o Charlie Hebdo.

    Não há nas charges a que eu tive acesso nenhum dos tipos penais previstos na norma do art. 208 do Código Penal. Não escarneciam de alguém especificamente e de forma pública, por motivo de crença ou função religiosa, não impediam ou perturbavam cerimônia ou prática de culto religioso, não vilipendiavam publicamente ato ou objeto de culto religioso, pois a pessoa do profeta Maomé não é considerado um ato ou objeto em termos penais e para fins de aplicação da lei. Objetos seriam qualquer bem, móvel ou imóvel, que tenha ligações com a religião ou sirvam a algum propósito religioso, que tenha uma utilidade nas cerimônias religiosas, dentro da sua simbologia. O Charlie Hebdo não fazia isso, pelo menos não nas charges a que eu tive acesso.

    De qualquer forma, o que vale é a lei na França, país de forte tendência anti-clerical e que consagrou, num sentido forte do termo, a liberdade de expressão, como tem que ser em países maduros, civilizados, avançados e que não tratam os seus cidadãos como “coitadinhos”, de forma paternalista, como se as pessoas não fossem capazes de lidar com o contraditório, com as ideias que circulam na sociedade e formar as suas próprias opiniões, sem precisar do amparo ou da muleta “dos mais esclarecidos” sobre o que pode ou não circular em termos de ideias. Deixem as pessoas decidirem o que é ou não certo, o que é ou não válido, sem censura, ressalvada a proteção aos valores mínimos de convivência social, ensejadores de responsabilidade quando violados, tais como as proibições que já existem e têm fundamentação lógico-racional aceitável (violação de direitos de personalidade, racismo, apologia a crime ou criminoso etc). Falar de responsabilidade tem relações com a liberdade de expressão, num nível de não se estar isento de punição se incorrer na prática de algum ato ilícito, mas isso não se confunde com censura. É apenas uma faceta do exercício da liberdade de expressão, o de ser responsável pelo que se diz, publica, escreve ou dissemina de alguma forma.

    Sou favorável a uma cada vez maior liberdade de expressão, assumindo como válido não só o critério instrumental (liberdade de expressão como algo benéfico para o conjunto da sociedade a partir do direito de expor o que pensa), mas principalmente o critério constitutivo ou essencial da liberdade de expressão (liberdade de expressão como essencial para uma vida em sociedade, não só pelas consequências positivas, mas porque as pessoas devem ser capazes moralmente de se deparar com quaisquer informações ou ideias e tirar suas próprias conclusões criticamente, de forma responsável, como pessoas adultas e devidamente capazes de um ponto de vista moral). Quanto mais ampla a liberdade de expressão, mais avançado e democrático é o país.

     

     

     

  20. Bravo post-título ! É difícil ir contra a corrente, as multidões

    Eu Não Sou Charlie. Estranho , não? enquanto a mídia grita sobre liberdade de expressão, omite algumas coisas… e multidões, ora, multidões não necessariamente estão informadas. Redes Sociais são extremamente manipuláveis e manipuladas sem que percebamos – um artigo sobre isso me deixou pasmo e não vou reproduzir, mas é muitíssimo, muito muito cedo ainda pra se avaliar 1 – por que houve extremo e inacreditável falha dos serviços de inteligencia dos EUA interligados com os demais serviços nos outros países??…; 2 – o interesse no petróleo 3 – a ligação ou simpatia do chargista dinamarques com neonazista e sua chargge numa das edições do tablóide 4 – veja-se o percentual de charges do tablóide sobre os mulçumanos, compare-se com as charges sobre outras religiões, há surpresas 5- é desrespeitoso profundamente reproduzir a figura ou desenho de Maomé. Houve um filme americano ou não sei de onde em que em letreiro se diz que jamais é mostrado o personagem maomé em respeito. 6 – não é preciso citar um Chomsky, etc, basta ir a um simples pouco conhecido (me parece) blog “mimimi” , um apanhado longo – quem leu até o fim?? não é assinado por figurões, mas leia-se ou se releia.http://emtomdemimimi.blogspot.com.br/

    1. prudência de Marilene Felinto (uma hipótese)

      no blog dela , midiafazmal, nenhuma palavra sobre as manifestações e o eu sou charlie. Vou acompanhar próximos posts. Tenho a maior admiração por ela, desde seus livros a crônicas corajosíssimas, algumas lindíssimas, perspicazes, sobre diversos temas, de quando a lia num jornal. Tem esse blog e outro, um lindo blog oficial como literata. Pela internet, youtube, etc podem-se encontrar entrevista. Ela desautoriza reprodução de artigos que escrevia na grande mídia (mesmo que de alta qualidade, e da maior coragem que já vi). Terna e destemida.

  21. Uma questão de ponto de vista[

    “…elas atacavam mulçumanos, fustigavam cristãos em menor furor…” Ou o autor não acompanhava as publicações, ou acha que a ‘Trindade’ nada representa para os cristãos. Uma questão de ponto de vista pessoal.

  22. Uma questão de ponto de vista[

    “…elas atacavam mulçumanos, fustigavam cristãos em menor furor…” Ou o autor não acompanhava as publicações, ou acha que a ‘Trindade’ nada representa para os cristãos. Uma questão de ponto de vista pessoal.

  23. Uma questão de ponto de vista[

    “…elas atacavam mulçumanos, fustigavam cristãos em menor furor…” Ou o autor não acompanhava as publicações, ou acha que a ‘Trindade’ nada representa para os cristãos. Uma questão de ponto de vista pessoal.

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