Enem: A meritocracia e outras fábulas para ninar adultos, por Leonardo Sakamoto

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Do blog do Sakamoto

Enem: A meritocracia e outras fábulas para ninar adultos

Leonardo Sakamoto

Passando perto de um local de realização do Enem, neste sábado, parei um pouco para ver o pessoal que seguia, cheio de pensamentos, para as salas de prova. Perto de mim, dois pais conversavam sobre o futuro de suas filhas e, claro, sobre o país. Não consigo reproduzir exatamente as palavras, mas a conversa foi mais ou menos esta:

– Nunca poupamos investimento na minha família para a educação. Educação sempre em primeiro lugar. A Paulinha, desde cedo, frequentou os melhores colégios, teve todos os livros que pediu, viajou para fora para ampliar a cultura…
– Se o Brasil fosse justo, um lugar em que o mérito fosse levado a sério, nossas filhas estariam com vaga garantida. Mas essas cotas distorcem tudo.
– É. Acaba entrando quem não merece, quem não se esforçou o bastante.

Sempre acho que essas coisas são pegadinha. Olho em volta, procuro câmeras escondidas, fico esperando surgir o Sérgio Mallandro e gritar “Rá! Te peguei!”. Mas, não. Ele nunca aparece.

Deu até vontade de, educadamente, perguntar se eles acreditam mesmo que a meritocracia é hereditária. E se crêem que suas filhas saíram do mesmo ponto de partida que outras pessoas às quais foram negadas todas as condições para poderem conseguir o melhor de si.

Pois, desse ponto de vista, quem tem o mérito maior: quem saiu do zero e, apesar das adversidades, conseguiu estar na média ou quem sempre teve todos os recursos à mão, mas avançou muito pouco, ficando um pouco acima da média?

Pois, se por um lado, as cotas garantem um acréscimo de condições para o candidato pobre, negro e/ou indígena, por outro a desigualdade social garante um acréscimo de condições para os candidatos mais ricos.

Contudo, reclamar do primeiro é “justiça” e, do segundo, “inveja”.

A “meritocracia” funciona em um debate como um coringa num jogo de buraco: quando falta carta para bater, ela aparece para salvar uma sequência incompleta. Não fica lá a coisa mais bonita do mundo, mas resolve sua vida porque todo mundo aceita que aquela carta pode preencher um vazio de sentido.

Não sou contra que competência e experiência individuais sejam parâmetros de avaliação. Mas muitas vezes não é o “mérito” que está sendo avaliado em um contexto que desconsidera fatores externos. Além do mais, uma coisa é o mérito em si e, outra, um sistema de poder criado em torno dele como justificativa para manutenção do status quo.

O problema é que o uso dessa palavra como verdade suprema acaba servindo a quem ignora que as pessoas não tiveram acesso aos mesmos direitos para começarem suas caminhadas individuais e que, portanto, partem de lugares diferentes. Uns mais à frente, outros bem atrás.

Há muita gente contrária a conceder benefícios para tentar equalizar as condições de recebeu menos sorrisos da sorte. Acreditam que a única forma de garantir Justiça é tratar desiguais como iguais e aguardar que as forças do universo façam o resto.

E esse discurso é tão bem contado que, não raro, são apoiados por pessoas que, apesar de largarem em desvantagem, venceram. “Tive uma infância muito pobre e venci mesmo assim. Se pude, todos podem.” Parabéns para você. Mas ao invés de pensar que todos têm que comer o pão que o diabo amassou como você, não seria melhor pensar que um mundo melhor seria aquele em que isso não fosse preciso?

Espero que ambas as filhas tenham ido bem no exame, se tiverem se dedicado para isso, claro. Mas, olhando como não conseguimos compreender os outros, pensamos primeiro em nossos umbigos e consideramos que sucesso diz respeito apenas ao esforço individual, penso que falta muito para deixarmos de ser uma espécie com tamanho nível de mesquinharia.

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

43 Comentários

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  1. se esse pais fosse justo, a

    se esse pais fosse justo, a igualdade de oportunidade no acesso ao ensino fundamental e medio de qualidade seria garantido. não é isso o que acontece. não defendo cootas. mais igualdade de oportunidades. do jeito que está o ENEM garante vagas para quem tem privlilegio. aqui em SP vão fechar milhares de escolas. e o Mp briga por causa do fechamento da avenida paulista aos domingos!

      1. no tempo em que governador

        no tempo em que governador fecha escolas e ministerio publico se preocupa om o fechamento da avenida paulista, como falar em justiça?

  2. Em tempos aonde nosso

    Em tempos aonde nosso governador não repete alunos e fecha escolas, pra que Enem ?

       Ah… é do governo federeal, E qual a diferença ?

         Estamos vivendo tempos que o aprendizado não é importante.

        Importante é se matricular.

        E pra isso o Enem é campeão.

        E ENEM quero falar mais sobre esse assunto degradante .

       

    1. Anarquista, se tiver interesse REAL em entender o que é a

      PROGRESSÃO CONTINUADA, um dia te explico, tá.

      Não critique sem saber onde estão os erros basilares desse sistema, contudo.

      Em muitos países existe o sistema de progressão continuada. E DÁ CERTO.

      Mas é conversa longa, ok.

      1. ”Mas é conversa longa,

        ”Mas é conversa longa, ok.”

        Não confunda escrever no blog,ler livros e jornais ou veranear, ou até mesmo o tédio frequentando iggrejas ou puteiros.

          Sou vagabundo com carteira assinada.

          O que mais tenho na vida é tempo.

          Tente me explicar .Pode ser no blog ou por mail.

          Mas antecipo :Precisa ter MUITOS argumentos pra me fazer entender como uma pessoa passa de ano sem aprender—não que vc não consiga.Mas gostaria de entender.

                 ”Proguessão continuada”  me dá um faro que o cara se forma sem saber quem foi o Bispo Sardinha.

        1. Arranjarei o tempo, anarquista, nem que seja para rir com você

          Vou te explicar por e-mail. Assim você poderá ir questionando a cada trecho. Como se estívéssemos conversando, entende? Contra-argumentando, esclarecendo os pontos. É assim que funciona o tal DIÁLOGO.

          Então, você é vagabundo com carteira assinada, hã, hã.?

          Aguarde, vou procurar seu e-mail e quando o encontrar, escreverei, ok.

          Até lá.. 

        1. Vc acha mesmo q é possível fazer isso num comentário?

          Mas, para nao presumir que vc nao tenha realmente nenhuma intençao de saber, vou deixar aqui UM TEXTO. É apenas um texto, mas vc pode tentar começar a entender.

          EDUCAÇÃO: A BRIGA NO RIO ESTÁ ERRADA

          Por Viviane Mosé (*)

          Acabar com a aprovação automática parece ser uma evidência no atual momento político no Rio de Janeiro. Mas o que ficou conhecido como aprovação automática é a má aplicação do que se chama progressão continuada, uma das medidas essenciais quando queremos sanar as dificuldades da escola. Ao invés de anos, ciclos de aprendizagem, que avaliam, mas não reprovam, ao contrário, acompanham o desenvolvimento de cada aluno, ajudando-o em seu pleno desenvolvimento. A aprovação automática, como ficou conhecida aqui no Rio de Janeiro, não reprova, mas também não consegue acompanhar os alunos com dificuldade.

          O sistema educacional que ainda predomina no Brasil foi inspirado no modelo industrial. Nossa escola é como a linha de montagem de uma fábrica: as diversas disciplinas, sem conexão umas com as outras, são partes de um mundo que está distante do aluno. A vida, o contexto ficou afastado da escola, que mais parece um presídio de alunos. A educação moderna não tem como alvo o ser humano, sua formação integral, intelectual, física, estética, existencial etc., mas busca, através de um sistema excludente, produzir as diferentes peças de uma engrenagem social estratificada.

          Aliado à industrialização tardia, convivemos ainda com as marcas de um regime militar que tratou como subversivo todo tipo de pensamento crítico, toda atitude corajosa e reflexiva. E hoje temos uma educação essencialmente passiva, fundada no acúmulo de dados; uma escola que, além de isolada do mundo e da vida, nomeia de “grade” o currículo e de “disciplina” os conteúdos.

          O sistema de reprovação que ainda vigora no Brasil é um dos mecanismos mais excludentes e cruéis de nossa sociedade. Quando reprovamos um aluno estamos afirmando que ele é o único responsável por seu mau desempenho. Nem os professores, nem a diretora, nem a família, nem o sistema de ensino serão reprovados, apenas ele. E isto se deve, entre outras coisas, ao fato de que a escola está historicamente centrada no ensino, não na aprendizagem. Os professores, o corpo técnico, os gestores se sentem responsáveis pela transmissão de conteúdos, mas não se sentem comprometidos com a aprendizagem; se o aluno aprende ou não é problema dele, não da escola.

          Em alguns municípios brasileiros 60% das crianças ficam reprovadas na primeira série. Eles têm em geral seis ou sete anos, e vão pagar por essa não aprendizagem. A reprovação faz com que, multo cedo, as crianças sofram a exclusão, a segregação social que tanto massacra nossa sociedade adulta. Uma mulher que abordei na rua, em um bairro muito pobre da cidade, disse-me que seus filhos tinham saído da escola porque não conseguiam aprender. “A escola só gosta de quem sabe”, ela disse. E deveria ser o contrário, a escola deveria se dedicar de um modo especial a quem não aprende no tempo estipulado.

          Hoje, no Rio, temos crianças na escola que não sabem ler, aos 12 anos de idade; antes da progressão continuada elas também não sabiam, mas estavam fora da escola, das estatísticas. O objetivo da progressão continuada é manter crianças e jovens na escola, e isso ela tem conseguido. Mas, se as crianças, mesmo na escola, não estão aprendendo, então devemos brigar por uma escola que ensina, em vez de reivindicar uma escola que reprova.

          O sistema seriado de ensino que temos, dividido em anos, com diversas disciplinas Isoladas umas das outras e distante da vida, permanece porque está centrado no poder do professor. Um novo modelo de escola se dedica menos ao ensino e mais à aprendizagem, não se satisfaz em ministrar conteúdos, mas acompanha e estimula os alunos no exercício de suas diferenças, monitorando suas dificuldades e aptidões.

          Não é de reprovação que precisamos, mas de uma escola que se comprometa com qualquer aluno, que se dedique a cada um deles, que trabalhe em prol do seu sucesso, e, para isso, promova situações de aprendizagem cada vez mais elaboradas e integradas entre si. Precisamos de uma escola disposta a se transformar e crescer para atender às necessidades das diferentes crianças e jovens, em seu processo de desenvolvimento. Uma escola que estimule a participação, a pesquisa e o pensamento crítico, uma escola democrática, que possa existir realmente para todos.

          (*) Viviane Mosé é filósofa.a

          1. Obrigada, Analu

            É pouco espaço, há falta de interação dialogada, falta de intervenções, por partes, e tudo o mais. Dificulta ser mais eficiente.

          2. Mas vc foi eficiente

            Embora pessoalmente eu seja contra responder a Leônidas, é dar a ele a atençao que ele quer, a sua resposta foi muito boa, como o seu comentário final, falando com a voz de quem tem experiência no problema em vez de estar só palpitando besteiras.

      2. Pelo contrario é curta.
        E

        Pelo contrario é curta.

        E curta pq só interessa a quem a adote ( classe politica brasileira ) a parte que garante alguem na escola ou na faculdade.

        O resto é resto.

        Afinal se é pobre mas nao repete de ano e entra na faculdade ta reclamando de que né?

        rs

        Acorda …

        1. Leonidas, não sei se o acorda foi para mim

          Obedeço. Estou acordada.

          Não é o fato de se reter alunos que os fará aprender, nem tampouco fará melhorar o ensino. Há aspectos já extremamente tratados até por aqueles que não da educação e, mesmo assim, recorrem a expedientes senso comum, para atacarem a PROGRESSÃO CONTINUADA, O SISTEMA DE CICLOS etc. etc.

          O aluno não apresenta dificuldades na escola porque quer, talvez mais de 90% sejam problemas de “ensinagem” ( não culpando/ responsabilizando aqui os professores) trata-se de um conjunto de fatores que levam os meninos e meninas a não aprenderem (currículos defasados, matérias ainda equivocadas ou com conteúdos de perfumarias e sem tratarem de conceitos básicos indispensáveis ao conhecimento ou à continuação de estudos etc. escolas sem condições materiais e humanas para ensinagem de qualidade, baixa remuneração ao pessoal da educação, dinheiro desperdiçado naquilo que pouco fará diferença no processo ensino-aprendizagem etc. etc.)

          Gostaria de lembrar que AS ESCOLAS PRIVADAS evitam ao máximo RETER SEUS ALUNOS ATUALMENTE, tendo em vista à diminuição do número de alunos etc. etc. Estas também PROMOVEM CERTA PROGRESSÃO CONTINUADA, mas …. como TUDO PRECISA DE CERTA HIPOCRISIA e de um ACORDO TÁCITO entre professores e direção, são aprovados por CONSELHO DE CLASSE, sem terem condições de promoção etc. etc. Fatos , em grande parte, desconhecidos pelos SENHORES PAIS CLIENTES.

          Então…. NÃO É REPROVANDO ALUNOS QUE SE MELHORA ENSINO.

          ACORDADA QUE SEMPRE ESTIVE, E COM MAIS DE 35 ANOS DE MAGISTÉRIO, sei do que falo, porque “rocei umbigo na lousa” e fiz o melhor que pude. SEMPRE! E como eu, muitos colegas também. 

          1. Haja paciência para responder ao Leônidas…

            Ele é apenas um TROLL, talvez pago, está aqui para ir contra TODA E QUALQUER posiçao progressista.

            Mas concordo que às vezes é preciso desmontar as besteiras que ele diz, nao por ele, mas pelos outros.

          2. Não sou contra progressista

            Não sou contra progressista na concepção util do termo.

            Só contra abobrinha travestida de opinião humanista…rs

          3. Preguiça MUUUUUUUUUITA…

            Enquanto nos não defenestrarmos este tipo de pensamento(?) de nossas escolas (principalmente públicas) continuaremos a formar analfabetos funcionais. NÃO HÁ DÚVIDA.

            É o tipo de coisa que só os preguiçosos de esquerda poderiam ajudar a disseminar. Peço ,novamente, que cite os paises onde este tipo de procedimento foi implantado com sucesso.

          4. Olha Odonir claro que todo

            Olha Odonir claro que todo excesso é condenavel.

            mas vamos combinar que essa compreenção para com o aluno tem seus limites impostos pela realidade que foge em muito a teoria pratica que na média não passa de romancismo no trato com a questaõ.

            Na pratica essa doutrinaçao barata joga a culpa em todo mundo, menos no aluno.

            E enquanto achar que o aluno é só vitima a coisa fica complicada pois em terra onde só há direitos e nenhum dever o caos toma conta…

          5. Aprende a escrever antes de criticar o ensino…

            Você nem tem consciência do quanto é ridículo. A começar por querer criticar o ensino sem nem ao menos saber escrever direito. Tem vergonha na cara não??

            Só pra te ajudar nesse seu poço de profunda ignorância : COMPREENSÃO se escreve com S e não com Ç !!!

          6. Resposta de professora;

            Resposta de professora; cortês, amável, educada e com a crítica adequada. Minhas irmãs são professoras e sempre tive apreço pelo tema Educação, com “E” maiúsculo, que é a forma como deve ser escrita, pela importância que possui.

            A retenção e reprovação do aluno não o faz aprender mais ou melhor; todos os estudos já comprovaram isso. A progressão continuada e o sistema de ciclos também apresentam problemas. Uma das minhas irmãs, que trabalhou por mais de três décadas no magistério, expressa a mesma opinião da professora Odonir.

            Quanto ao aluno, ele tem, sim, sua parcela de responsabilidade. E deve ser cobrado, avaliado, tendo mensurado o desempenho. Conforme esclarece a professora, a discussão é longa, muito longa. Só para começar: um aluno que nasce e vive numa favela ou na periferia, com esgôto a céu aberto, com adultos e crianças dormindo no mesmo cômodo, que desde cedo presencia brigas de adultos e/ou sofre agressões e abusos, que vê o tráfico de drogas e armas nas vielas, que vê adultos se prostituindo e cometendo crimes… que passa apenas quatro hora do dia numa escola mal equipada e sem estrutura… que esperanças e expectativas podemos ter em relação ao desempenho escolar e ao futuro dele?

            Em São Paulo, estado que não adota o ENEM para ingresso nas universidades públicas estaduais, o governo anuncia o fechamento de centenas de escolas, sob o eufemismo de ‘reorganização’ da rede estadual. E a imprensa, sempre pronta a dar chamada de capa a qualquer notícia desfavorável aos governos petistas (seja da prefeitura paulistana, seja do governo federal) se cala diante disso; da mesma forma ela se cala diante da repressão policial, a mando dos governadores de SP e do PR, a manifestações de professores que lutavam por melhorias salariais e das condições de trabalho. E leitores do blog se põem a criticar o ENEM e o sistema de cotas! Isso é que chamo de tergiversação e fuga aos problemas essenciais.

             

  3. Sou totalmente a favor das

    Sou totalmente a favor das cotas, não entram nas faculdades, universidades sem passar pelo vestibular e todos os dados mostram que os cotistas estão entre os melhores alunos, porque não veio fácil e se manter dentro das mesmas não é fácil. Sou da época do crédito educativo e não teria conseguido fazer a faculdade sem ele. Foi muito difícil depois pagá-lo.

     

      1. Dados de montão!

        http://www.estadao.com.br/noticias/geral,desempenho-de-cotistas-fica-acima-da-media-imp-,582324

        http://www.clipping.uerj.br/0014192_v.htm

        http://www.emdialogo.uff.br/content/alunos-cotistas-tem-desempenho-superior-nao-cotistas

        http://g1.globo.com/minas-gerais/noticia/2015/05/ufmg-diz-que-notas-de-cotistas-sao-equiparaveis-dos-outros-alunos.html

        http://www.ufcg.edu.br/prt_ufcg/assessoria_imprensa/mostra_noticia.php?codigo=7102

        Há muitos mais. É muito importante ter em mente, que no manual de ação dos neonazistas presos pela polícia de Paraná, o “mandamento principal”, o “número 1”, antes mesmo, do assassinato dos “inferiores”; negros, índios, ciganos, nordestinos, travestis, homossexuais etc, era: ========> Lutar contra a implantação das cotas para o ingresso nas universidades, esse era o mandamento máximo deles. Saiu até no Globo, deixo esses links para você achar se tiver interêsse. Além disso as cotas são transitórias.

    1. Cota por si mesma não é o

      Cota por si mesma não é o problema.

      Problema é o criterio racial pois o social preenche TODAS AS RECLAMAÇOES DE TODOS OS GRUPOS MENOS FAVORECIDOS exceto claro a má fé racialista dos radicais do movimento negro que foram atendidos por um governo populista e em troca juram lealdade e faze coisas como por exemplo se manter em silêncio ao ver o JB primeiro ministro negro do STF ser escurrçado pela esquerda que so não o chamou de lindo.

      Ou manter um silencio ” barulhento ” quando um estagiorio em Brasília foi vitima de claro abuso de autoridade por um presidente do STJ.

      Para concluir o aluno cotista pode sim acompanhar em boa parte dos casos o não cotista, o que torna a Cota errada é a ausencia de politica de estado na area da educação, saude, moradia e segurança que a tornariam desnecessaria.

      Como tambem a adoção dela para coisas que extrapolam a razao de ser de sua existencia como concurso publico por exemplo.

      Essa é a reclamação ( justa diga-se de passagem ) da maioria das pessoas que tem ressalvas a ideia de cotas… 

      1. Teu conservadorismo não

        Teu conservadorismo não engana. Ele está noutros comentários, também. Nem o uso de argumentos pretensamente racionais consegue esconder aquilo que pensas, mas não explicitas. Mas para quem lê as entrelinhas, não é necessária a palavra explícita.

        Não se podem misturar coisas distintas, como as cotas para ingresso em faculdades e universidades públicas (ou para concursos públicos) e a nomeação ou atuação de um ministro do STF. Na internet o uso de maiúsculas, a menos que seja para expressar siglas, significa grito. E quem precisa gritar, admite a fragilidade e invalidade do argumento que usa.

        Não estão em discussão critérios raciais, a fé racialista (boa ou má) dos integrantes de movimentos negros, que tu classsificas como ‘radicais’. Sempre fui pobre, estudei em escola pública e não sou negro; portanto eu me encaixaria nas chamadas ‘cotas sociais’. É tentador esse raciocínio das cotas sociais, pois ele esconde o racismo e o preconceito que existem no Brasil,  contra as etnias indígena e negra. Não te esqueças de que houve escravidão por mais de três séculos em nosso País; e depois de 1888, os negros foram enxotados das fazendas e propriedades rurais, sem direito a nada, amontoando-se nas periferias de grandes cidades (basta visitar as favelas soteropolitanas ou cariocas para constatar isso).

        Se um governo que promove a inclusão social, dando aos secularmente excluídos (sobretudo negros e indígenas) a oportunidade de ingressarem numa faculdade pública for populista, precisamos muito de governos populistas, ou seja, governos que atendam às necesssidades da maioria da população. Eu prefiro um governo populista a um governo elitista e excludente; questão de ponto de vista; e de índole, como se vê.

        Quem escorraçou Joaquim Barbosa do STF? Ele presidia a suprema côrte e poderia processar, julgar e condenar qualquer pessoa que colocasse qualquer óbice à atuação dele à frente do STF. A esquerda fez duras críticas a JB porque ele se voltou contra aqueles que proporcionaram a nomeação dele para o supremo, atuando como um ‘capitão-do-mato’; porque ele omitiu e escondeu informações contidas no inquérito 2474, que corroborava várias alegações apresentadas pela defesa os réus; JB foi criticado porque cerceou a defesa dos réus no julgamento da AP-470, negando-lhes o duplo grau de jurisdição, previsto pela legislação brasileira. JB foi criticado porque invocou – mesmo que desautorizado por um dos criadores dela, o alemão Claus Roxin – uma teoria (a do domínio do fato) para condenar, sem provas, José Dirceu. JB foi criticado pela grosseria, falta de educação e pelas ofensas que proferiu contra quem discordava dele; JB ofendeu até outros ministros da côrte, como Eros Grau e Ricardo Lewandowski. Jornalistas como Janio de Freitas criticaram JB e este quis tirar satisfações; Janio de Freitas o colocou no devido lugar, recomendando ao então ministro que procurasse a seção ‘Painel do leitor’, como qualquer outro leitor do jornal. Janio de Freitas manteve todas as críticas que fez a JB. JB adquiriu apartamento em Miami e fez manobras, para não pagar tributos ao fisco brasileiro; ele se queixava de problemas na coluna, para justificar inúmeras faltas ao trabalho, mas podia ser visto em bares e restaurantes e cinemas da capital federal e fluminense. O esquema de corrupção conhecido como ‘mensalão tucano’ recebeu tratamento distinto por parte de Joaquim Barbosa, que desmembrou o processo e o remeteu para a 1ª intância da justiça de MG; a juíza da vara para a qual o processo foi remetido aposentou-se, Eduardo Azeredo e outros que ocupavam cargo político renunciaram ao mandato; nenhum juiz foi designado para tal vara e os crimes cometidos pelos tucanos caminham para a prescrição. Com um currículum e uma atuação dessas o que esperar da esquerda em relação a JB, senão duríssimas críticas?

        Quanto ao abuso de autoridade por parte do presidente do STJ, tens razão. Devemos cobrar de outras autoridades que se manifestem contra essa atitude autoritária e desrespeitosa por parte de quem deveria aplicar estritamente a Lei.

        O sistema de cotas não pode ser classsificado de forma binária, ‘certo’ x ‘errado’. Esse sistema é necessário, para que o processo de inclusão social seja acelerado. Dados mais recentes do IBGE mostram que cerca de 55% da população brasileira (acredito que essa proporção aumentará nos próximos levantamentos demográficos) são de negros ou pardos; e qual o percentual deles em faculdades como as de Direito, Engenharia e Medicina? Tiveram ou têm negros e pardos as mesmas oportunidades que a população dita ‘branca’? Sem ações afirmativas do Estado, quantos séculos se passarão até que uma parcela expressiva da população negra e parda tenha acesso a boas faculdades públicas e a bons empregos públicos? A inclusão tem de ser rápida e o caminho para obtê-la é o sistema de cotas, seja para acesso ao ensino superior público, seja para a carreira no serviço público.

        Como mencionei antes, é tentador o argumento das ‘cotas sociais’; é por trás de argumentos como esse que jornais como a FSP estampam em sua capa mensagens-manifesto como esta: “A Folha é contra as cotas, e você?” O preconceito, o ódio político e de classe são evidentes e ràpidamente percebidos pelos leitores atentos, observadores e críticos. Mas esses leitores já abandonaram esse e outros veículos impressos, que hoje praticam anti-jornalismo e panfletarismo político rastaqüeras.

        Para finalizar, aproveitarei parte de teu raciocínio, fazendo pequenas correções e adaptações. Uma vigorosa Política de Estado nas áreas de Educação, Saúde, Moradia e Segurança Pública, dando oportunidades aos històricamente excluídos e marginalizados, pode tornar desnecessário – no médio e longo prazos – o sistema de cotas.

        Saudações,

         

         

      2. Sinta-se à vontade para

        Sinta-se à vontade para envergonhar a si mesmo.

        Quando os indicadores sociais de todos os grupos forem similares, vc pode utilizar esse discurso. Exemplo? Quantos negros residem em condomínios de classe média? Quantos frequentam escolas caras, sem bolsas?

        Concordo que o critério racial é imperfeito, mas suas qualidades superam em muito as falhas.

  4. No dia em que no Brasil a

    No dia em que no Brasil a oportunidade de estudo decente for igual para todos, o que será dos filhos de pais que lhes conseguem bons empregos somente porque são bem relacionados?

     

     

  5. REPETIREI O QUE FAÇO AQUI HÁ MAIS DE UMA DÉCADA

    Fui corretora de redações do Enem por 3 anos, nos 2 últimos de FHC, Paulo Renato, e no 1º ano de Lula, para quem (o INEP) fizemos relatório sobre o processo de correção, visando a modificações no ano seguinte etc.

    Muitas vezes naqueles 3 anos, ao ler os textos dos “meninos”, tive o ímpeto de chamá-los (caso pudesse ser possível) e ensinar-lhes fazer um texto compreensível e de argumentação lógica etc. etc.

    Saía, ao final de cada dia de correção, arrasada com o que lia e cheia de vontade de interferir naquilo. Ainda mais.

    Nesses 3 anos, o processo ainda era apenas de avaliação do ensino médio, NÃO ERA EXAME CLASSIFICATÓRIO PARA U. Federais.A minha amostragem, cerca de 5. 200 redações referia-se praticamente a alunos oriundos de escolas públicas de todo o país. As escolas privadas pouco deram importância ao Enem até que, por pressão dos pais que queriam saber como estaria aquela  escola no ranking, o ensino privado começou a dar nota para quem fizesse o exame etc. Surgiram cursos preparatórios e apostilas que levassem ao SUCESSO NO ENEM, e não à APRENDIZAGEM propriamente dita.

    Concordo com Sakamoto.

    1. Seu Quinhão…

      Caso tenha participado, como docente, do regime de progressão continuada, o que você fez, em realidade, foi contribuir para a formação das legiões de ANALFABETOS FUNCIONAIS que infestam o pais.

      Você, e todos os docentes que compactuaram com esta excrescência, terão seu lugar garantido na história das piadas brasileiras.

      É sintomático que você se choque com as asneiras escritas por nossos (seus) analfabetos funcionais e ache, candidamente, que não tem NADA a ver com isto…PIADA…

      Como diria outra de nossas analfas…PRONATEC…

      1. Declino de lhe responder

        Caso visse que lhe daria informações e que estas poderiam esclarecer suas dúvidas, o faria. Guarde as armas, que estou desarmada e já coloquei muitos alunos na USP, na Unicamp e ….

        Boa noite.

         

        1. Não faças isso, professora.

          Não faças isso, professora. Pois, deixando o missivista com a última palavra, ele há de pensar que os preconceituosos e inválidos argumentos dele suplantaram os teus. Não podemos nos acovardar; sempre que nossos direitos forem agredidos, temos a obrigação de defendê-los; da mesma forma, jamais podemos declinar de responder a quem pretende nos ofender ou humilhar com raciocínios rasos, eivados de ódio político e preconceitos de classe.

        2. Meus sinceros Parabéns! É

          Meus sinceros Parabéns! É inútil conversar com pedras.

          “Não há assuntos que não se discute, há pessoas com quem não se discute.”

      2. Os pais são os culpados e não os professores

        Sou filho de professor e tenho irmãos professores. Os assuntos sobre educação eram discutidos diariamente em casa.

        Uma coisa me convenci. Quem cria analfabetos funcionais são os pais e não os professores.

        Conheço gente que gasta mil, dois mil reias com jogos mas não gastam duzentos reais por ano com livros; revistas.

        Felizmente tive pais que entendiam isso. Fez aniversario: um  livro. Natal: um livro, ferias:  varios livros.

        Se voce não quer um filho analfabeto:  dê-lhes livros e obrigue a lê-los.

         

         

  6. A meritocracia é um MÉTODO DE GESTÃO

    As discussões quanto ao que seria mais justo, Cotas X Meritocracia, nunca chegam a uma conclusão por um motivo: estão comparando laranja com banana. A meritocracia não é um critério de justiça, é um método de gestão. E como tal, seu propósito não é fazer justiça, e sim obter um resultado.

    A meritocracia não é justa. Mas é racional. Seu objetivo é maximizar a eficiência dos profissionais formados, de modo a beneficiar o país como um todo. Independente das causas sociais e históricas que tornam certos grupos menos aptos a cursar uma universidade do que outros, se as vagas nas universidades forem dadas a candidatos menos capazes em detrimento a outros mais capazes, em alguma medida o nível do ensino cairá. E caindo o nível do ensino, em alguma medida a eficiência do trabalho dos profissionais formados também cairá, e isso prejudicará em alguma medida o país como um todo. O que pode acontecer é essa queda não ser tão perceptível – afinal, no Brasil, o funil que conduz às universidades é tão estreito, que é provável que o nível acadêmico e mesmo o nível social dos cotistas não seja muito diferente dos não-cotistas. Que eu saiba, nenhum estudo comparativo do desempenho acadêmico de ambos foi conclusivo até agora. Se é isso mesmo o que está acontecendo, o sistema de cotas pode cumprir seu papel de peça de propaganda sem prejudicar irreparavelmente o ensino nacional.

    Mas se foram criadas mais e mais cotas, penso que todos aqui, profissionais de ensino ou não, sabem tão bem quanto eu o que vai acontecer: as instituições públicas de ensino superior se tornarão tão ruins quanto hoje é a escola pública de ensino médio. Os profissionais por elas formados, cotistas ou não, serão rejeitados pelo mercado de trabalho, e o único meio de ascender socialmente por meio do ensino superior será ter dinheiro para cursar uma boa faculdade particular.

    1. Preâmbulo da CF-88:
      Nós,

      Preâmbulo da CF-88:

      Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.

      Não menciona “racionalidade”, “resultados”, “maximização”. Uma nação não é uma corporação. E uma corporação nunca será uma nação, no sentido estrito.

      Antes que argumentem baseados no preceito do desenvolvimento, em minha modesta opinião sempre haverá alunos acima da média, e estes podem conduzir os medianos a patamares ainda melhores.

  7. Esse texto é maravilhoso.

    Esse texto é maravilhoso. Merece ser espalhado aos quatro ventos. O Sakamoto tem essa capacidade de apelar ao coração dos coxinhas. Um que não foi tomado pelo completo ódio é capaz de perfeitamente refletir, entender e, até eventualmente, concordar com o que ele diz. Argumentação clara e perfeita.

  8. Democracia é quando eu mando em você…

    Não sou contra que competência e experiência individuais sejam parâmetros de avaliação. Mas muitas vezes não é o “mérito” que está sendo avaliado em um contexto que desconsidera fatores externos. Além do mais, uma coisa é o mérito em si e, outra, um sistema de poder criado em torno dele como justificativa para manutenção do status quo.

     

    Parafraseando a sabedoria do Millôr sobre o a hipocrisia em certos discursos da esquerda…

     

    “Meritocracia INJUSTA” é quando você determina os critérios de avaliação.  “Meritocracia JUSTA” é quando eu determino os critérios de avaliação.

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