A tese de derrota de Haddad para o antipetismo, por Francy Lisboa

A tese de derrota de Haddad para o antipetismo, por Francy Lisboa

Sim, o antipetismo é a força motriz da oposição ao campo progressista. Um corpo de retalhos com os mais diferentes interesses porém incapazes de sobrepujar o ódio (anti) aglutinador.

Não há ilusões, essa froça quase levou em 2014 sob a forma do homen mineiro que hoje se esconde. Contudo, entremos no campo em que o brasileiro médio é craque, o da galhofa.

As correntes de rede socias parecem dar a noção exata do tamanho do antipetismo, levando Ciro Gomes e muitos intelectuais da esquerda a serem taxativos em relação à inevitável derrota de Fernando Haddad para Bolsonaro no sgundo turno. Daí a insistência dessa turma em exigir que o PT abdique da candidatura pelo “bem do país”. Afinal, a carne petista tornou-se impalatável.

Mas será? Será mesmo que todos que vomitam abobrinhas delirantes serão capazes de apertar 17 na urna pelo simples prazer de ferrar o PT? Será que há absoluta ausência de percepção da realidade econômica  e social que o Brasil atravessa?

Somos mundialmente conhecidos pela nossa capacidade de fazer galhofa com tudo e inclinados a um barraco de discussões pelo simples prazer provocativo. Há quem chame Lula de o maior ladrão da História mas que, acreditem, ainda votará no candidato indicado por ele. Há aqueles que repetem a mídia de massa monofásica, mas mesmo assim reconhecem que, se não ganharam, pelo menos não perderam direitos como vem acontecendo.

Por isso, há duvidas se o antipetismo é mais forte sobre o sentimento de comparação e esperança de que  os dias melhores voltarão. Perde-se muito tempo em tentar descrever planos de governo. Talvez para muitos isso importa, mas para a grande maioria os planos são elencos de promessa política, uma política infelizmente desmoralizada. Então o que resta?

Não há eficácia no terrorismo anti-PT de alguns agentes do Mercado, e a razão pura e simples é que a realidade mostrou que todos ganharam com o Partido dos Trabalhadores e não foi feito do Brasil um membro da URSAL. Não é Daciolo?

O Cirismo tem por certo de que Bolsonaro ganhará se Haddad for para o Segundo turno sem considerar que o que realmente importa é a lembrança. O brasileiro pode esbravejar, pode compartilhar fake news sobre Lula e o PT, mas dificilmente pode dizer que perdeu com os governos do PT. Então não é surpresa que boa parte do antipestismo não se traduza em voto em Bolsonaro.

Em resumo, pode-se muito bem entrar na urna como antipetista, votar no PT, e sair de lá alegando que Lulinha é dono da Esalq. Acredite, o brasileiro é fantástico!

Redação

16 Comentários

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  1. https://outraspalavras.net/br

    https://outraspalavras.net/brasil/quem-pode-nos-livrar-de-bolsonaro/

    Quem pode nos livrar de Bolsonaro
    POR ANTONIO MARTINS
    – ON 19/09/2018
    CATEGORIAS: BRASIL, CAPA, POLÍTICAS

    É tolo olhar com ufanismo para a pesquisa do Ibope. Ela revela, junto com salto de Haddad, crescimento e consolidação da ameaça fascista. Para afastá-la, será preciso repolitizar as eleições – não insistir no jogo de torcidas

    Por Antonio Martins | Imagem: Mario Mafai, Mussolini (1943)

    A nova pesquisa Ibope, divulgada nesta terça-feira (18/9) fez surgir, entre a maior parte dos apoiadores do PT e o PCdoB, uma enorme onda de otimismo. Eles viram o crescimento notável de Fernando Haddad (de 8% das intenções de voto há uma semana para 19% agora) como a consolidação da ultrapassagem sobre Ciro Gomes (que permanece com 11%). Também rejubilaram-se com o que seria a confirmação do gênio de Lula – capaz de, do cárcere, de comandar as eleições. Dois anos depois do golpe, a vitória e a volta ao governo estariam à vista. Esta visão contém elementos de verdade – e no entanto é parcial, comodista e perigosa. Em especial, porque sugere um caminho (a aposta na polarização petismo x antipetismo) despolitizante, que amplia ao máximo o risco de um resultado devastador. Há, ainda, a chance de evitá-lo.

    A ilusão com os números é mais grave porque, na aparência, eles confirmam o script desenhado pelos apoiadores de Haddad. Numa primeira etapa, que parece cumprida, o candidato de Lula viveria um grande salto, beneficiado pela transferência de votos de seu patrono. A partir de então, afastados os adversários no “campo progressista”, bastaria contar com a atração, por gravidade política, da imensa parcela da sociedade que se coloca, desde 2002, contra o domínio secular das elites. Restaria aos demais candidatos de esquerda e centro-esquerda, e ao setor democráticos que restam entre os eleitores de Marina e Alckmin, alinhar-se à hegemonia petista. O pulo de Haddad, graficamente expresso abaixo, é a expressão imagética desta ideia.

    TEXTO-MEIO
    Contudo, o Ibope mostra também dois outros fatos imensamente relevantes, que talvez o entusiasmo ofusque. Primeiro: uma impressionante ampliação das chances de Bolsonaro no segundo turno. Há duas semanas (pesquisa de 4/9), o candidato fascista era praticamente um pária: surrado na disputa final por Ciro Gomes (44% x 33%), Marina (43% x 33%), Alckmin (41% x 32%), acima apenas de Fernando Haddad (36% x 37%). Em pouco tempo, as previsões se reverteram. Agora, Bolsonaro vence com folgas Marina (41% x 36%), empata com Alckmin (38% x 38%) e Haddad (40% x 40%) e perde apenas para Ciro, porém na margem de erro (40% x 41%).

    A mudança dramática, expressa nos gráficos acima, sugere a normalização do fascismo. Está provavelmente relacionada ao atentado contra Bolsonaro, que o vitimizou. Porém, testemunha igualmente um fenômeno social e político muito mais largo. A extrema direita está se consolidando como tendência política principal do capitalismo, agora também no Brasil. As relações de Bolsonaro com o mercado financeiro são um sinal. Suas reuniões com banqueiros, investidores e corretoras tornaram-se constantes. Há semanas, a bolsa e o dólar oscilam a partir de suas intenções de voto, registrada nas pesquisas. A sobreposição é clara e incontroversa: a cada sinal de força do candidato fascista corresponde um impulso de otimosmo nos índices. Mas o Ibope revela que este movimento, restrito em condições normais às elites, tem profundidade social e eleitoral. O que era antes abjeto está se convertendo em normal. Votar numa chapa cujos integrantes defendem o estupro, e querem uma Constituição escrita por “notáveis” (evidentemente alinhados a suas ideias), já não é anátema – nem para um executivo financeiro, nem para um morador desempregado da periferia que optou, em falta de alternativas, por uberizar-se.

    O segundo fato revelado pelo Ibope é ainda mais surpreendente, para as análises convencionais. A pesquisa mostra que, embora cada vez mais polarizadas, as eleições de 2018, continuam, essencialmente, despolitizadas. Há um nítido descolamento entre as tendências hoje majoritárias na sociedade e as opções pelos candidatos. Esta ruptura, fruto de uma disputa rasa (petismo x antipetismo), favorece a direita.

    Do ponto de vista socieconômico, o golpe de 2016 está em frangalhos. Michel Temer, o político que o expressa, tem no máximo 5% de apoio popular. Uma série de enquetes demonstrou, nos últimos meses, a rejeição da sociedade a todas as políticas cruciais adotadas nos últimos – privatizações (70% contrários), contrarreformas Trabalhista (72%) e da Previdência (85%), terceirização selvagem. No entanto, repare: esta notável rebeldia não está expressa nas tendências eleitorais. Faça uma conta simples. Compare as intenções de votos nos candidatos favoráveis ao golpe (Bolsonaro, Alckmin, Amoedo, Álvaro Dias e Henrique Meirelles) com as destinadas a quem resiste (Haddad e Ciro). O resultado, visível no gráfico abaixo, é bastante estranho: 42% x 30%, a favor do golpe.

    A discrepância é clara, mas é preciso enunciar seu significado com todas as letras: a polaridade petismo x antipetismo não expressa a tensão política real em curso na sociedade brasileira. Ao contrário: falseia-a; e – muito pior – abre um espaço inesperado para a direita, agora representada por sua fração extrema. Em termos concretos, significa que dezenas de milhões de brasileiros contrários à agenda de retrocessos imposta nos últimos dois anos estão sendo levados a defendê-la. Fazem-no porque, no momento, veem o PT como inimigo principal a ser batido.

    É possível questionar o que leva a esta distorção. O massacre evidente que a midia promove contra o partido é um fator. A vocação hegemonista do PT – com a qual nos deparamos, a cada instante, todos os que queremos superar o capitalismo – não pode ser desconsiderada. No momento, o menos relevante é estabelecer a culpa. O que importa é enfrentar um problema crucial. Há enorme risco de termos, em vinte dias, eleições que, além de consolidarem o golpe de 2016, levarão a seu aprofundamento trágico.

    A esta altura, quando faltam menos de três semanas para as eleições, uma questão parece clara. Fernando Haddad tornou-se o único candidato capaz de vencer Bolsonaro. Ficarão para outro tempo (sabe-se lá em que circunstâncias…) as avaliações sobre por quê chegamos a isso. Mas como vencer, com Haddad e nas condições que temos, a ameaça fascista? Há dois caminhos claramente definidos.

    O primeiro é apostar em mais do mesmo. Implica insistir na polarização entre petismo x antipetismo. Inclui fechar-se a negociações com Ciro, esperando que seja obrigado, por gravidade, a apoiar Haddad no segundo turno. Envolve esperar no segundo turno, além das alianças já estabelecidas com o PMDB, as que previsíveis – com o PSDB e “os mercados”. Uma disputa de segundo turno, entre Haddad e Bolsonaro, será dificílima. Além da oligarquia financeira – e toda sua cadeia de influências –, o candidato fascista terá o previsível apoio da velha mídia, e metade do tempo de TV. Estará na reta final da convalescença. Estas circunstâncias anormais, e facilmente manipuláveis, exigirão uma frente vasta para combatê-lo. A que preço Fernando Henrique Cardoso ou José Serra e um ou outro banqueiro entrarão no barco de Haddad?

    Há um caminho alternativo – mas exige pensar outra política. Significa desfazer a polarização que tem como centro o petismo. Implica trocá-la por outra, de fato politizadora, que colocará em confronto o que realmente importa. De um lado, os que nos opomos ao golpe e suas medidas.. De outro, os que querem aprofundá-lo. Esta polarização permite pensar no resgate dos direitos e num novo projeto de país. E extremamente viável, do ponto de vista eleitoral.

    Porém, exige mexer um ponto crucial. O petismo (ao qual o PCdoB associa-se cada vez mais) estará disposto a abdicar de sua tentação hegemonista? Saberá enxergar que se tornou uma parte – e não o centro – da luta para superar o capitalismo brasileiro, em sua versão cada vez mais financeiraizada e submissa? Aceitará acenar a algo como uma “Geringonça Brasileira” – um governo de que participem Ciro, Boulos e o vasto leque de movimentos que resistem à agenda de retrocessos? Ou preferirá, como tantas vezes, postar-se ao trono e esperar a adesão por gravidade?

    Os cenários e desafios de 2018 são certamente inéditos. Lula é um gênio político – mas não alguém capaz de enfrentar sozinho desafios desta monta. Saberemos, juntos, corresponder ao que temos pela frente?

  2. voto inutil

    O segundo turno (se houver) será entre Haddad e Çiro.

    Um representando a direita e o outro a esquerda. Escolha o seu lado e o seu representante.

    Voto inutil: Vote em senador, deputado federal, governador, deputado estadual do mesmo lado. É inutil votar em presidente de uma banda e os outros cargos de outra. Aprenda com a eleição passada.

     

  3. Os colOnistas e o PT

    Aposto até que boa parte dos colOnistas até querem que o PT volte ao poder. Afinal, eles vivem de bater nos petistas, virou até profissão. Aliás, se Bolsonaro chegar ao poder adivinhem quem vão culpar? kkkk essa ‘mídia’ brasileira é uma piada msm.

  4. Graças às escolhas

    Graças às escolhas equivocadas do PT, hoje temos o Temer na presidência. Graças à sede de poder do PT, justificada por uma suposta governabilidade, sofremos a reforma trabalhista e a PEC do teto. Haddad já foi demonstrar seu apoio a Renan Calheiros e outros calhordas do PMDB. Não é questão de voto útil, é questão de coerência. A arrogância do partido dos trabalhadores faz com que eles não aceitem que o partido não seja protagonista na “esquerda”. Está mais do que demonstrado que se importam mais com o partido que com o país. Lamento que tantas pessoas tenham um comportamento religioso diante da política, com esse lulismo e bolsonarismo messiânico. O povo não precisa mais passar por isso, tá na hora de amadurecer nossa democracia. 

    1. Esse é o post mais lúcido que

      Esse é o post mais lúcido que eu vejo nesse blog nos últimos 2 anos. Messias pra mim só Jesus. Na política não tem santo, melhor o Alckimin pode ser santo em certas listas mas voltando ao começo…

      Precisamos impedir a destruição completa do Brasil com a eleição de Bolsonaro por tudo de ruim que ele representa.  A candidatura Haddad vai dar o melhor adversário que o Bolsonaro queria no segundo turno. Em vez de se discutir dívida pública, reforma tributária,  reversão da reforma trabalhista, vai se polarizar o discurso do ódio, a “ameça comunista” e outras atrocidades que muitos escrevem por aí.

    2. Haddad precisa do Voto Útil

      “Está mais do que demonstrado que se importam mais com o partido que com o país.”

      Sim !!! Essa demonstração não é achismo de um analista antipetista. Não !!! Essa é uma afirmação dos dirigentes do PT em entrevista concedida a Nassif. Afirmaram categoricamente que o importante era manter a hegemonia da esquerda e o protagonismo futuro.

      Já começou a chantagem do Voto Útil: Democracia ou Ditadura.

      Em vez do “17” o eleitor pode apertar a tecla “Voto Nulo” na urna eletrônica… Displicentemente, foda-se…

  5. Definindo-se o segundo turno.

    Só aqui é citado o Daciolo “Glória a Deus”. Com o Haddad é “bom dia, boa tarde, boa noite… presidente Lula”. Bolsonaro e seus generais mais uma “tropa” civil, destilando bobagens no youtube, nos MBLs e nos piores estratos da sociedade. Por outro lado, só para lembrar, o PT que era de Dirceu, Palocci, Genoino… agora é de Gleise, Lindberg, Luis Marinho…

    Que fase!!!!

  6. Engraçados os ciristas E a uniao das esquerdas agora?

    Qdo Haddad ainda nao era candidato, deveríamos votar em Ciro porque nao daria tempo p/ haver a transferência dos votos de Lula e havia o risco de nao haver ninguém de “centro-esquerda” (?!) no segundo turno. Agora que a transferência está acontecendo em grande velocidade e Haddad passou Ciro, ah o PT devia desistir de si mesmo como partido por causa do anti-petismo. Ora, se os ciristas votarem útil em Haddad, Haddad leva no primeiro turno… A Direita nao permitiria que ele governasse? Ué, e permitiria Ciro? De duas uma: ou Ciro é mesmo de esquerda, e a Direita o impediria tb; ou estao assumindo que Ciro é palatável para a Direita, o que é motivo para NAO VOTAR nele…

    1. Permita-me completar fazendo

      Permita-me completar fazendo uma pergunta, apenas retórica, por impossível comprovação,  aos ciristas:  Se Ciro tiversse governado o Brasil por 2 vezes, seu partido o mais querido e admirado e sua aprovação elevada, ele deixaria de se candidatar novamente para dar a vez a um outro ?

  7. A galhofa começa a deixar de

    A galhofa começa a deixar de ser enrustida. Explicitada por FHC, que dispensa apresentação, e Weverton Rocha, candidato ao senado pelo PDT Maranhão. Periga virar epidemia.

  8. Anti…o que?

    O brasileiro pouco politizado já foi anti esquerda, por julgá-la ligada ou submissa à interesses estrangeiros. O mesmo brasileiro já foi anti Lula, por preconceito de origem e formação. Mas, isso tudo mudou em 2013. Uma parte da população implisionou um  espírito de revolta contra todo privilégio, toda forma de vantagem ou corrupção, que se instalou nos governos, partidos, e sindicatos. O frase “mais Brasil e menos Brasília” foi cunhada nesse contexto. Não é anti petismo. Talvez anti federalismo.

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