Não faça aos outros o que não deseja que lhe façam

https://www.youtube.com/watch?v=kLTgExh3zwE]

É uma frase atribuída a Confúcio… Mas certeza não tenho, pode ser sabedoria popular também.

Porém, nestes tempos em que a comunicação se dá de modo muito impessoal por redes sociais, diversas vezes com proteção dada por anonimato, vale a pena lembrá-la.

E não fazer aos outros o que não se deseja que façam conosco é claro que traria vantagens. Muitas.

Para o ambiente social e de conhecimento, sem dúvida. Imagine-se o potencial de aumento de manifestações, que podem trazer informações, em blogs se as pessoas se sentirem confortáveis e não agredidas.

Para os injuriados também seria bom, pois não precisariam ficar perdendo tempo ou se aborrecendo com as defesas (infelizmente, mesmo quando queremos ignorar, às vezes é bom deixar algum contraponto.)

Mas seria vantajoso também para quem pretende fazer ataques. Quem usa desse recurso, agredir em redes sociais, não consegue muita coisa a não ser ganhar fama de troll. E, muito mais provavelmente do que não, passa também a provar que não é somente destemperado, mas que não tem argumentos. E a partir daí sua credibilidade cai. Se um dia tiver algo sério ou com conteúdo a dizer, quem dará atenção?

Acho que podemos notar que semelhantes ataques são dirigidos a quem se contrapõe a discursos únicos, pensamentos preconceituosos ou reacionarismos em geral. São tentativas de calar pelo constrangimento a quem se propõe a defender uma causa ou a trazer dados sobre uma questão. Nada de bom pode estar associado a isso.

E, dada a conscientização de que métodos agressivos ou injuriosos não são nunca um bom augúrio, minha tendência é de, naturalmente, mais e mais me afastar de discursos que necessitam de ataques, na falta de argumentos, para sua manutenção.

Quer dizer… Que benefício obtém quem ataca gratuitamente ou maliciosamente pela internet? Nenhum.  Convencer o outro é que não vai, antes afasta-o e deixa-o ainda mais convicto daquilo que deve evitar. E assusta a quem ainda não tem uma opinião formada e recorre a blogs ou debates para formá-la. Um ‘tiro no pé’, portanto.

Mas, no fim, algumas coisas ruins são úteis: ao longo dos últimos meses (ou ainda anos) participando em debates, neste blog ou no facebook, ganhei a vívida percepção de onde vêm os discursos de ódio, o destempero e quem apoia autoritarismos. De quem usa o discurso ‘pega ladrão’ (ou seria ‘pega o fascista’?), atribuindo a terceiros aquilo de errado que faz.

O que poderia ser uma decepção transforma-se na consciência de que se está no caminho certo, o que dá ainda mais ânimo para continuar defendendo aquilo que se acredita. (http://goo.gl/aBKctp )

Não devemos nos deixar envolver por ‘flame wars’ sem conteúdo. Isso seria alimentar ‘vampiros de energia’. Responder a pessoas agressivas ou ofensivas em áreas de comentários de blogs ou portais é geralmente perda de tempo, pois quando já há intenção maldosa na outra pessoa, e isso fica tão mais claro quanto mais exaltada e repetitiva a mesma for, é porque não quer debater o contraditório mesmo. (Mas segue importante rebater mentiras, mitos ou desinformações propositais na forma de posts. E isso continuarei fazendo, claro: http://goo.gl/VXZsNm)

E aí faço a analogia com o que acontece no único blog de debates em que participo, este, com a única rede social que participo, o facebook. Formo parte de alguns grupos de discussão muito bons, em que há moderação e não aparecem trolls.

Mas também tenho, como todo mundo, muitos amigos nessa rede social. E não é possível deixar de reparar como algumas pessoas repetem em um ambiente voltado para amizades e interação erros de postura que cometem em blogs ou portais.

Que todo mundo tem direito de propagandear os projetos políticos que apoia, isso é claro. O mural de cada um é para isso mesmo. E, com educação, pode-se fazer também intervenções em posts de amigos.

Mas o que está errado, completamente equivocado mesmo, é disseminar hoaxs, aquelas matérias ou denúncias que são falsas ou injuriosas, mas que são montadas de modo a tentar enganar as pessoas menos informadas num assunto. E em épocas próximas a eleições é previsível que se disseminem cartazes contra políticos.

Liberdade de expressão é para expor críticas e ideias, não mentiras, calúnias ou falsidades. O ato de espalhar por redes sociais hoaxs e todo tipo de acusações infundadas é uma traição à verdade e à ética. E chamar a atenção para isso não se trata em absoluto de censura, mas de trabalhar para a manutenção de uma sociedade com princípios que todos desejamos, entre eles o de respeito mútuo.

E, tal como o mesmo erro em debates de blogs, é contraproducente também: não só pode levar ao questionamento judicial cabível como faz os leitores se posicionarem do lado do injuriado. Por outro lado, caso se note uma postura de ‘censor’ em quem recorre à justiça, isto é, se a intenção percebida é apenas a de se evitar críticas, isso acaba levando má imagem àquele que se excedeu nisso.

Até o excesso de zelo em denúncias do que o ‘outro lado’ faz pode trazer resultados inconvenientes. Em um grupo de discussão contra a homofobia aprendi justamente que não se deve divulgar posts marginais (de páginas sem expressão nenhuma), que isso não serve para nada, ao contrário, é até desejo de quem os cria.

Mas devem ser ‘desconstruídos’, sim, e com a merecida divulgação, posts, matérias ou falas de personalidades ou formadores de opinião. Ou aqueles hoaxs que já ganharam alguma notoriedade.

Algo que seria curioso se não fosse triste… Em 2010 recebia muitos e muitos hoaxs, mas quase todos atacando um ‘lado’ só (até iniciei uma discussão a respeito: http://goo.gl/nfG9YE .) Mas este ano, e já tendo outros candidatos, vejo como a ‘coisa’ se alastrou: já recebi hoaxs e demonizações (fazer isso também é anti-ético, mesmo que não seja ilegal) relacionados a pelo menos 6 candidatos de 4 diferentes partidos em quem eu poderia votar (contando apenas do ponto de vista de quem vota no estado de SP.) Péssimo isso e depõe contra quem faz circular esses materiais, no mínimo indica falta de senso crítico.

Mas também sabemos que há os ‘false flags’ : posts ou falsas matérias preparados por um lado para que, ao serem jogados na internet, fiquem parecendo ataques do outro lado, isto é, uma estratégia simultaneamente de autovitimização e de injúria (ou propaganda negativa.) Eu não recebi nenhum “convite” para ‘Marcha da Família’, por exemplo. De tão inexpressivo, por óbvio, que é esse movimento. Mas recebi posts que me pareceram ‘montados’, até em formato de ‘notícia’, para associar políticos ao mesmo. Qual a impressão que ficou? (E existem também os falseamentos de ‘false flags’ : quando um lado maliciosamente atribui comportamento de ‘false flag’ ao outro lado, há quem diga que esse foi o caso na Praça Maidan.)

[video:https://www.youtube.com/watch?v=0uM7nDnGTY0

Mas é sempre surpreendente, no entanto, ver amigos envolvidos “nisso”. Afinal, em blogs ou debates a gente não conhece muitas pessoas nem tem controle sobre que os frequenta, mas amigos são gente que escolhemos! Na vida presencial eu costumo levar na esportiva: “mas você, com sua formação escolar e conhecimento, ainda acredita em spams?”

Não acho razoável ir desmanchando amizades só por uma histeria coletiva. Tenho visto gente fazendo isso, infelizmente. Mas achei de bom senso bloquear, para muita surpresa e tristeza minhas, pois conhecia presencialmente as pessoas, quem se manifestou claramente homofóbico nesse processo. É desalentador saber que algumas verdades só aparecem nessas horas. E não existe causa política que possa ser justificada com meios tão errados.

O que eu tenho feito para não me aborrecer é simplesmente clicar em ‘deixar de seguir’ no facebook. Isso não é nem bloqueio nem desfazimento de amizade, ao contrário! Apenas os posts de outra pessoa deixam de entrar e quando passar essa neurose de eleições, em um momento oportuno, é só clicar em ‘seguir’ novamente.

Mas o que então fica de resultado de tudo isso? Eu acho que se pode chegar à conclusão que espalhar mentiras, na forma que for, não compensa.

Pega mal para quem o faz.

Por um processo de associação de ideias, que é quase subconsciente, pega também mal indiretamente para quem é apoiado nesse processo (partidos e políticos deveriam com alguma constância avisar aos seus fãs e curtidores para não espalharem hoaxs que se revelarão bumerangues.)

Se seu amigo lhe deixar de seguir, ainda que apenas até as eleições, não serão somente os hoaxs e demonizações que ele deixará de receber, mas também toda e qualquer informação coerente ou denúncia que você fizer!

E, se alguém já apoia ou defende uma pessoa ou proposta, ficará ainda mais compelido a defendê-la, dada a tendência das pessoas de protegerem quem é injustiçado. E sempre dá margem para as vítimas se promoverem com o “veja o que estão fazendo comigo!”

Definitivamente, insultar em blogs ou difamar em redes sociais, não é o modo certo de se fazer política.

E, afinal de contas, na manhã do dia 06 de outubro, seus colegas de trabalho ou de escola, amigos presenciais ou de internet, familiares e vizinhos serão os mesmos de sempre a lhe desejar bom dia!

Mais sobre o tema em:

2011 01 17 https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/as-regras-sociais-nos-blogs

2012 09 10 https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/manifesto-de-um-chato

2013 04 10 https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/cada-um-oferece-o-que-tem

2014 01 05 http://www.jornalggn.com.br/blog/gunter-zibell-sp/moc-voce-esta-fazendo-isso-errado

Redação

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